sábado, 15 de junho de 2013

5. 'Rimas do Além Túmulo'


5
‘Rimas do Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
 Guerra Junqueiro

Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929

Casa Editora Guajarina

Dedicatória

Ó vós que recebeis o livro pequenino
com o sorrir nos lábios, coração aberto,
recebei-o, afagai-o, ele é peregrino
que vai de lar em lar, num caminhar incerto...
A destra alevantando, em gesto suplicante,
olhos a marejar de lágrimas sentidas,
ele espera encontrar, aqui ou mais adiante,
as almas caridosas que curem-lhe as feridas.
Quem o há de enxotar, com ímpia crueldade?
Quem lhe recusará um caridoso pão?
Será crime apoiar-se às Luzes da Verdade,
um pobre ignorado, um trêmulo ancião?
Deixai que ele caminhe, o pobre foragido,
trilhando ínvias estradas, montes escarpados;
dos seus lábios sem cor, desprende-se um gemido:
é uma súplica a Deus em prol dos desgraçados!
Que aspira, então, o triste caminheiro?
Vagando, sem cessar, que espera ele, afinal?
Deseja, simplesmente, roga ao mundo inteiro,
p’ras RIMAS DE ALÉM TÚMULO, angra fraternal!
Ele trás dentro d’alma um fogo abrasador,
um desejo sincero: ver a Humanidade,
unida pelos laços de eternal amor,
fugir espavorida às trevas da maldade.
E vós, que sois piedosos, vos que compreendeis
as máximas do Cristo, em - espírito e verdade,
do triste caminheiro eu peço que aceiteis
um ósculo de paz, com toda a suavidade.
No meio dos espinhos, ele já depara
algumas lindas flores, a distribuir
de lar em lar, de Seara em Seara:
são lírios perfumosos - luzes do porvir!
Ele vai prosseguir, adeus, ficai na calma;
nada pode deter seus passos de gigante:
ansioso, caminha em busca de uma palma
que fica mais além, um pouco mais distante...
Através dessas RIMAS, pobres, vos implora:
oh! tende Caridade, em nome de Jesus!
O óbulo que dais, ao mísero que chora,
subindo aos pés de Deus - se funde em alva Luz!


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