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domingo, 1 de maio de 2011

A 'Salvação'




A Salvação 
segundo Bittencourt Sampaio

Bittencout Sampaio
por Frederico Jr. em “Do Calvário ao Apocalipse” (FEB)
            
            Em Lucas, cap. 18, v. 10-12, se diz: Subiram dois homens a fazer oração no templo: um fariseu e outro publicano. - O fariseu, relata o evangelista - impávido e orgulhoso, orava lá no seu interior, dizendo, graças vos dou, Senhor, porque não sou como os demais homens e como o é também este publicano, um ladrão, um caluniador e, mais do que tudo isso, porque ao César paga o dízimo!

            Cumprindo esses deveres, julgava-se ele a salvo de toda e qualquer increpação do mundo e com direito à salvação, quando soasse o momento de sua passagem desse mundo, em que ainda vos achais, para a verdadeira vida, em que me encontro agora. E, pensando tudo isso, fitava o publicano!

            Este, no entanto, sem fazer referências ao fariseu, ou a quem quer que fosse, porque a verdadeira oração absorve todo o espírito, dizia lá consigo: - “, meu Senhor, propício a mim, que sou pecador!”

            Fazei, pois, o confronto, ó homens para quem escrevo! Eis a salvação falada por Paulo! Vede como vós, criaturas cheias de pecados e de erros, poderíeis distribuir o salário entre o fariseu e o publicano!

            Se toda a doutrina de Jesus tem por base a humildade; se Ele próprio, aparecendo ao mundo veio, desde o berço, dando-nos o exemplo de que só há uma opulência, só existe uma riqueza - a riqueza moral; se toda a sua doutrina traduz o amor de que Ele nos deu tantas provas à sua passagem pela Terra, de verdadeiros cofres de ouro tirando palavras de conforto para todos os oprimidos, para todos os desgraçados; - se a doutrina de Jesus tem por base a caridade, da qual foi Ele o mais esforçado arauto, buscando a dor nos seus redutos, a lágrima furtiva, recôndita na pupila dos infelizes; se Ele foi a Caridade, às mães restituindo os seus anjinhos, como o fez à Viúva de Naim, valendo-a na suprema agonia de ver partir da Terra o filho estremecido, penetrando na gruta de Lásaro e, pela fé que tinham Marta e Maria, despedaçando o lajeado de um sepulcro e mostrando à face do mundo o seu poder divino, a força incoercível de que jamais espírito algum baixado a Terra dispusera; se Ele era a Luz, se era o Sol das nossa almas, que ainda hoje, no firmamento do amor, brilha e refulge, embora conserves os ouvidos cerrados à voz de Jezabel, serás salva!

            E serás salva, porque disse o Senhor que não se perderia uma só das suas ovelhinhas, que nenhuma ficaria desgarrada nesse medonho torvelinho de paixões, onde se desencadeiam tormentas, imensos parcéis formando, e onde o espírito, transviado por meras fantasias, que logo se esvaecem, poderia bipartir-se entre a aspiração de ser eterno e a vontade de ser imortal, aspiração e vontade que as paixões que o subjugam lhe despertam.



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