O Pai e os Filhos
baseado em texto de
Pedro de Camargo,
o Vinícius
Reformador (FEB) pág. 404 ano 1932
Pai: Que queres filho? Procura-me com tanta insistência.
Filho: Quero riquezas, meu Pai. Desejo possuir bens, muitos bens, ouro e prata. Aspiro a ser muito rico.
Pai: Dar-te-ei o que pretendes, filho; porém, previno-te que de novo me buscarás, porquanto não te sentirás satisfeito.
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Pai: Aqui estou, filho, que desejas de mim, uma vez que me buscas com tanto interesse?
Outro Filho: Quero saúde, força, vigor físico, resistência. Invejo os Hércules, os “Super-Homens”.
Pai: Terás o que solicitas de mim, filho. Não obstante, advirto-te: de novo me procurarás, porque não te sentirás satisfeito.
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Pai: Eis-me aqui, filho. Porque estás assim aflito e me chamas com tamanha impaciência?
Um Outro Filho: Pai, tenho desejo é de governar, é ter serviçais, dominar nações imperando discricionariamente sobre povos e raças. Tenho por modelos Napoleão e Júlio César.
Pai: Será deferida a tua petição, filho. Contudo, permite que te observe: de novo me demandarás, porque não te sentirás satisfeito.
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Pai: Porque bates assim sofregamente nos tabernáculos eternos? Sossega, acalma-te e fala.
Mais outro Filho: Pai, sou ávido de glórias, a fama me fascina, a notoriedade me arrebata. Nenhuma alegria terei, enquanto não lograr este meu intento. Quero receber sobre a fronte a coroa de louros que ostentaram os sábios, os grandes poetas, os escritores célebres. Anseio ser como Camões, Cícero, Hipócrates.
Pai: Serás atendido, alcançando o que tanto ambicionas. Todavia, aviso-te que de novo voltarás à minha procura, por isso não te sentirás satisfeito.
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Pai: Aqui estou, filho. Pede o que desejas, diz o que pretendes de mim.
Ainda Outro Filho, finalmente: Pai, quero amar e ser amado. Sinto um incontido anseio de expandir o meu coração. Vejo-me constrangido numa atmosfera asfixiante. Meu sonho é amar amplamente, incomensuravelmente. Meu maior desejo é sentir palpitar em mim a vida de todos os seres. Quero o amor sem restrições, ilimitado, infinito. Quero amar com toda a capacidade de meu coração, assim como os pulmões sadios respiram na floresta, nos montes, nos campos e nos bosques! Meu ideal, Pai, é o Filho de Maria, o Profeta de Nazaré, aquele que morreu na cruz por amor da humanidade.
Pai: Sê bendito, meu filho. Terás o que tão sabiamente aspiras. Não me procurarás mais, porque sentirás em ti a plenitude da vida: de ora em diante serás uno comigo.
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