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Meu Deus! O que é o homem atrasado no turbilhão da tua criação? Infima molécula que se agita em cumprimento de uma lei. Mas, Senhor, se o homem é quase nada, o Espírito é alguma coisa: ele partiu de Ti; é grande pelo fim que lhe destinas e é co-herdeiro do Teu infinito amor e da Tua misericórdia sem limite. Pai, meu espírito sabe que um dia será uno em Jesus, como Jesus é uno em Ti. Permite que o Teu Bendito Filho estenda as suas asas sobre nós e nos unifique num só grupo, amando-nos uns aos outros como verdadeiros irmãos. Faze, Senhor, com que possamos constituir-nos numa única família, tendo por chefe o Teu Dileto Filho. Dá que sejamos agasalhados no regaço amorosissimo da Nossa Mãe Santíssima e que, alentados por esse amor puríssimo, possamos, de larvas que somos, transforma-nos em borboletas irisadas e singrar os espaços infinitos, em demanda da luz.
Ouve, Pai de misericórdia e de amor, a voz do desgraçado que tão baixo jaz!
Congraça-nos, Senhor!
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Conquanto pouco diga propriamente sobre o Grupo “Ismael”, a republicação do que deixamos transcrito se impunha, porque, como todos reconhecerão, constitui importantíssimo histórico, qual talvez nenhum outro exista, dos primeiros passos do Espiritismo no Brasil e especialmente nesta Capital, de onde se irradiou para todo o resto do pais, dos obstáculos que Ismael teve de vencer para desfraldar a sua bandeira de orientador da marcha da Nova Revelação na Terra do Cruzeiro e do papel de alto relevo que, como apóstolo dessa Revelação em sua expressão superior, coube ao grande espírito de Bezerra de Menezes, que o desempenhou de sorte ser sagrado chefe do Espiritismo em nossa pátria, pelo consenso geral dos espíritas que lhe secundavam os ingentes esforços no sentido de unir a família espírita em torno daquela bandeira, esforços de que resultou erguer-se a Federação, com as características que ainda conserva, e assumir definitivamente a tarefa ou missão em cujo desempenho continua e que cada vez mais se amplia e avulta.
Impunha-se também a reprodução aqui dessas vibrantes páginas do valoroso ‘’Discípulo de Max’’, Pedro Richard, escritas há quatro decenios, porque, de um lado, são ainda de plena atualidade as conceituosas apreciações que elas contém sobre a profunda desunião da família espírita brasileira, sobre a desorientada dispersão de forças que lavra, entre nós, no campo do Espiritismo, e porque, de outro lado, renovam de modo ardoroso e impressivo, para o momento que atravessamos, os insistentes apelos que fazem os mensageiros do Senhor e a Federação, por eles inspirada, em prol da união, do congraçamento, em torno do estandarte do glorioso Anjo Ismael, de todos quantos, compenetrados de que ser espírita é ser cristão, sabem e sentem que somente amando-nos uns aos outros, fraternizando pelo espírito do seu Evangelho, é que darão às sua consciências e ao Cristo o testemunho de quererem segui-lo e realizar, sob as inspirações do seu amor, a obra para que foram convidados e na qual se comprometeram a trabalhar, a verdadeira obra espírita, que é a da cristianização das almas.
Todavia, reportando-nos ao que consta do histórico que se acaba de ler e recorrendo a outras fontes não menos dignas de fé, possível se nos torna reconstituir os acontecimentos que deram nascimento ao Grupo de que tratamos, compondo a narrativa a que passamos.
Confiada a Ismael a direção do Espiritismo no Brasil, formou-se, como o diz Richard, sob a sua égide e por inspiração sua, o Grupo ‘’Confucio’’, composto de um pequeno punhado de trabalhadores. Esse grupo fez o que pode, mas teve duração efêmera, por um conjunto de circunstâncias, que não vem a pelo rememorar.
Mais tarde, em 1873, aquele mesmo Espírito, reunindo novos elementos, fundou a Sociedade “Deus, Cristo e Caridade’’, Sociedade cuja denominação era uma síntese da Doutrina Espírita. Destinava-se a desenvolver ação mais ampla, qual não fora possível àquele Grupo.
Para constituírem a Sociedade, congregou Ismael todos os trabalhadores de boa vontade que lhe acudiram ao chamamento.
‘’Inúmeros foram, diz ainda Pedro Richard, no histórico acima, os ‘’prodígios’’ que ela operou. A misericórdia divina se fazia sentir incessantemente. A luz, a jorros deslumbrava os assistentes. Todos quantos tinham a dita de assistir a um trabalho da Sociedade se impunham a si mesmos a obrigação moral de inabalável conversão.
“Os acontecimentos que ai se deram, é ainda Richard que o diz, produziram ruído em torno dos espíritas e provocaram a ira dos representantes do mal. Então, a marcha vertiginosa que levava a Sociedade atraiu a atenção dos inimigos de Jesus, que cerraram fileiras e juraram destruir aquele templo.
Foram de tal ordem os ataques dirigidos contra o reduto, que o vendaval dos erros acabou por destrui-lo .
‘’As fraquezas humanas, o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a presunção foram as portas por onde entraram os inimigos do bem.
“Alí, onde a humanidade devia ter um altar, o orgulho armou a sua tenda! O egoísmo se crismou de caridade e de fraternidade a dissenção.
“Desvairados levantaram um templo à ciência e constituíram uma academia, cujos membros não mais se distinguiriam pelas virtudes de cada um, mas pelo cabedal cientifico.
‘’Passou assim a humilde ‘’Deus, Cristo e Caridade’’ a denominar-se Sociedade Acadêmica ‘’Deus, Cristo e Caridade’’, cavando dessa forma o túmulo em que se lançaria, como de fato se lançou’’.
Nem todos, porém, que compunham a primitiva Sociedade, se deixaram dominar pelos sentimentos que determinaram a criação da sua sucessora. Um núcleo pequeno, procurando corresponder ao desejo do seu patrono, constituiu outra agremiação, que denominou Sociedade Espírita ‘’Fraternidade’’, à qual transmitiu o Espírito do Mestre, Allan Kardec, os belíssimos e magistrais ditados que se encontram reunidos num folheto que a Federação editou e tem reeditado várias vezes, sob o titulo de – ‘’Ditados Espíritas”.
Para aí transferiu Ismael o seu estandarte, tendo sido a nova denominação escolhida intencionalmente, para dar a ver aos espíritas a necessidade e a obrigação de formarem uma verdadeira e única família, cujos membros se mostrassem fortemente unidos pelos laços de fraternidade, de maneira a ser una com Jesus, como Ele é uno com o Pai.
Instalada a ‘’Fraternidade’’, foi-lhe dado por Guia o luminoso Espírito que na terra se chamara Urias, encarnação da bravura, da lealdade e de retidão para com o seu Deus e o seu rei.
Logo, porém, a treva se pos em ação e, valendo-se como sempre do orgulho existente no homem, invadiu a nova cidadela e fe-la baquear. Ao cabo de algum tempo a Sociedade reformava seus Estatutos, passando a chamar-se Sociedade Psicológica “ Fraternidade’’. Lavrou assim a sua sentença de morte e, efetivamente, pouco depois deixava de existir.
Mas, a semente que Ismael plantara não podia fenecer, nem o estandarte que ele desfraldara poderia enrolar-se para não mais flutuar ao sopro das brisas do céu. Sob o panejamento desse estandarte luminoso, onde continuava a fulgurar o lema - ‘’ Deus, Cristo e Caridade’’, um pugilo de dissidentes da orientação que ela tomara afastou-se da Psicologia e fundou o núcleo que mais tarde veio a denominar-se grupo ‘’Ismael’’, como ainda agora se chama.
Chamou-se a princípio “Grupo dos Humildes’’, mais conhecido, entretanto, pelo nome de ‘’Grupo do Sayão’’, por ter sido em casa desse intrépido lutador da causa do Evangelho que se celebrou, a 15 de julho de 1888, a reunião de que decorreu a sua fundação, depois de outra efetuada a 6 de julho daquele ano, em que baldadas ficaram as tentativas, para as quais fora ela convocada, de reconstituição da ‘’Deus, Cristo e Caridade’’, com o programa que Ismael de início lhe traçara.
Conforme consta do precioso volume ‘’Trabalhos Espíritas’’ , magnífico repositório de luminosas comunicações dadas por espíritos da maior elevação, quais, para citar apenas alguns, Ismael, Allan Kardec, Urias, Romualdo, Gabriel, Judas, Mateus, Lucas, Pedro, etc., foram os seguintes, os fundadores do novo núcleo: Isabel Maria de Araújo Sampaio, João Gonçalves do Nascimento, Manoel Antonio dos Santos Silva, Francisco Leite Bittencourt Sampaio, Antonio Luiz Sayão e Frederico Pereira da Silva Junior, médium de poderosas faculdades, por quem o Grupo recebeu a maior parte daquelas comunicações, bem como as que se encontram nas ‘’Elucidações Evangélicas’’, também publicadas por Antonio Sayão.
Este último, promotor da reunião de que tratamos, depois de expor aos seus companheiros as dificuldades que havia para se obterem resultados dos trabalhos nos grupos existentes, lançou a idéia de se fazerem reuniões para o fim de prepararem-se médiuns pelos quais se recebessem lições proveitosas, ‘’mais do que essas em que sempre se repete o que já foi dito e consta dos livros’’.
Obtida de Ismael, num belíssimo ditado, aprovação plena para esse programa, entrou o ‘’Grupo dos Humildes’’ em funcionamento regular, dirigido materialmente pelo mesmo Sayão e espiritualmente por aquele glorioso Anjo.
Não tardou que também contra ele assestasse a treva suas baterias. Constituído, porém, de combatentes que se tinham aguerrido anteriormente em lutas pelo Evangelho, o reduto resistiu com galhardia, embora fosse tempestuosa a primeira fase da sua existência e lágrimas amaríssimas derramasse o seu diretor humano e grandes dores experimentassem seus componentes, aos quais já se haviam incorporado mais os seguintes: Antonio Neto, Luiz Antonio dos Santos, Zeferino Gonçalves de Campos, Albano Corrêa do Couto, José Silva e Luiz Hipólito Nogueira da Gama.
A não ser que as resenhas de outras sessões mais tenham deixado de figurar por circunstâncias quaisquer no volume a que nos hemos referido – ‘’Trabalhos Espíritas’’ – o que, entretanto, não nos parece haja acontecido, essa primeira fase de existência do Grupo durou cerca de um ano, tendo ele realizado 59 sessões.
Nota: Aqui, e apenas aqui, o blogueiro grifou os nomes para estudos posteriores.
Nota: Aqui, e apenas aqui, o blogueiro grifou os nomes para estudos posteriores.
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