Os Apóstolos Parte II
por Roberto Macedo
Síntese
Apóstolos ou enviados, aqui em ordem alfabética:
A. Mateus
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B.Mateus
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C.Lucas
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D.Atos
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1. André
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1. André
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1. André
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1. André
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2. Bartolomeu
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2. Bartolomeu
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2. Bartolomeu
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2. Bartolomeu
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3. Filipe
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3. Filipe
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3. Filipe
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3. Filipe
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4. João
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4. Jacob (Tiago, filho de Alfeu)
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4. João
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4. João
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5. Judas Iscariote
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5. João
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5. Judas (Judas Tadeu)
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5. Judas (Tadeu)
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6. Mateus Publicano
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6. Judas Iscariote
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6. Judas Iscariote
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6. Mateus
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7. Pedro
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7. Mateus
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7. Mateus
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7. Matias (substituto de Iscariote)
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8. Simão Cananeu
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8. Simão (Pedro )
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8. Pedro
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8. Pedro
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9. Tadeu
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9. Simão Cananeu
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9. Simão, o Zelador
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9. Simão, o Zelador
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10.Tiago, filho de Zebedeu
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10. Tadeu
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10.Tiago
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10. Tiago (maior)
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11.Tiago, filho de Alfeu
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11. Tiago
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11. Tiago, filho de Alfeu
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11. Tiago, filho de Alfeu
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12.Tomé
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12. Tomé
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12. Tomé
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12. Tomé
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A. Coligidos no Evangelho segundo Mateus (1:2 a 4)
B. Coligidos no Evangelho segundo Mateus, 3:16 a 19,
com aparente acréscimo de Jacob, mera variante de nomenclatura, não discordância.
C. Coligidos no Evangelho segundo Lucas, 4:14 a 16, com variações de matiz na uniformidade estrutural.
No Evangelho segundo João, menos adstrito ao formalismo, falta relacionamento dos doze apóstolos.
Do texto, emergem esparsamente André, Pedro, Filipe, Judas Iscariote, Tomé (Dídimo)
e o autor, citado em circunlóquio, todos como ‘discípulos’, inclusive Natanael.
D. Em Atos dos Apóstolos, fonte definitivamente identificadora, onde já surge substituição do Iscariote (1:3,26).
Unânime designação permite facilmente identificar André Bartolomeu (ver “Especificações e Referências”, 2), Filipe, Judas Iscariote, Tomé; João e seu irmão Tiago (maior) poderiam ser “Boanerges”; Mateus foi antes Levi (ver “Especificações e Referências”, 6); Pedro, Simão Pedro ou ainda Simão Barjona, pouco se vulgarizou como Cefas; Simão ora sobrevive como Cananeu, ora como Zelador, o que não colide; Judas Tadeu simplifica-se em Tadeu; Tiago (menor) filho de Alfeu é Jacob; Tomé subsiste como tal, não como Dídimo; Matias, substituto de Judas Iscariote, insere-se na lista em função suplementar, recomponente do número por Jesus fixado (“...eu vos escolho em número de doze...” João 6:71).
Especificações e Referências
Mediante pesquisa primacial no Novo Testamento, coadjuvada por escassos tributários bibliográficos, eis a especificação dos doze discípulos diretos ou apóstolos, com as respectivas referências de fonte evangélica:
1. André, assim mencionado em Mateus 4:18; 10:2; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13. Irmão de Pedro (Mateus, 4;18; Lucas, 6:14; João 1:40). Como Pedro ou Simão Barjona era filho de Jona, também o seria André, a menos que ocorra uma das hipóteses: parente ou irmão por parte de mãe. Investigações de filiação materna carecem de apoio, pois nem sempre textos bíblicos retiram a mulher da penumbra, conservando anônimas a sogra de Pedro, a mãe dos filhos de Zebedeu, a mãe dos Macabeus, etc. Pescador: Integrante do grupo inicialmente convocado, isto é, um dos primeiros, dentre os doze.
2.Bartolomeu, assim mencionado em Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; Atos dos Apóstolos, 1:13.
Se Bartolomeu quer dizer filho de Ptolomeu (Bar - Ptolomeu), temos pelo menos presumível filiação. Variantes de Ptolomeu: Tolmai, Tolmé (Tholmé), Tolomé, do que resultaria a contração Bar-Tolomé. Não se comprova nitidamente que o apóstolo se chamasse Natanael Bartolomeu. O nome de Natanael aparece em João sem indicações (1:45 a 51) e como “discípulo”, originário “de Canã da Galiléia”(21:2 0). O nome de Bartolomeu, positivado como do apóstolo, surge poucas vezes explícito no Evangelho; faltam notícias de convocação e outrossim não consta ele do grupo inicial: André, Filipe (ver número 3, a seguir), João, Pedro, Tiago maior.
3. Filipe, assim mencionado em Mateus, 10:3; Marcos, 3;18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos, 1;13. Integrante do grupo inicial, conforme transparece do texto de João, em acessório desacordo com Mateus, que em lugar de Filipe enumera Tiago, filho de Zebedeu (Tiago maior). Testemunhas ambos, tanto João como Mateus, da vida pública de Jesus, só Mateus parecia fazer cabedal de personativos. João a si próprio se designa por “discípulo amado” e sistematicamente omite seu irmão Tiago maior. Talvez uma circunstância o levasse a não olvidar Filipe: a convocação deste foi quase imediata, porém não concomitante “No dia seguinte, quis Jesus ir à Galiléia e encontrou Filipe.” (João 1;43). Não se exclui Tiago maior e acrescenta-se Filipe, logo “no dia seguinte”. Conciliados depoimentos, restará o grupo inicial com André, João, Pedro, Tiago maior e Filipe.
Nos textos evangélicos se assinala mais assíduo contato de Jesus com João, Pedro e Tiago maior, razão pela qual interpretações humanas vislumbram nos três uma espécie de estado-maior. “Comissão diretora”, “junta íntima”, opinam respectivamente. Strauss e Renan (ver adiante número 6 - Mateus, número 10 - Tiago maior). Obviamente não se confundirá o apóstolo Filipe com seus homônimos, o tetrarca (Lucas 3;1) e o diácono (Atos, 6:5; 8;5 a 13:26 a 40; 21:8,9).
4. João, assim mencionado em Mateus, 4:21, 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:14; Atos, 1:13. A si próprio se define como discípulo “ao qual amava Jesus” (João, 13:23; 20:2,26; 21:7,20), perífrase admissível, se generalizada. De vanglória não se acuse a quem nestes termos enfatizou a imparcialidade do Cristo; - “... como tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”. (João, 13:1). Irmão de Tiago maior, portanto, filho de Zebedeu, conforme Mateus (4:21; 10:3) e Marcos (3:17), acrescentando este haver-lhes dado Jesus o nome de Boanerges, “filho do trovão”. Na prática, João Evangelista. Integrante do grupo inicialmente convocado, indicou-o Jesus para cuidar de Maria, após o episódio do Calvário (João 19:27). Pescador. Anotou em grego suas principais reminiscências, testemunho subjetivo, não meramente sumariado. É o Evangelho segundo João, cujo prólogo se considera como epístola aos cristãos em geral. Escreveu outras epístolas (louvou e conselho de
vigilância) e “ao caríssimo Gaio” louvor ao destinatário e advertência a Diotrefes, “que gosta de ter... a primazia”. Desterrado provisoriamente na ilha de Patmos pelo imperador Domiciano, admite-se haver composto nesse período o Apocalipse, livro de visões místicas (Apokalypsis”, revelação).
5. Judas Iscariote, assim mencionado em Mateus, 10:4; Marcos, 3:19; Lucas, 6:16; João 12:4; Atos dos Apóstolos, 1:16 como Judas simplesmente. Filho de Simão Iscariote (João, 13;2), da cidade de “Carith” (variantes “Kerioth”, “Kareiât”, talvez “Kiriathaim”, “Kreiat”), citada em Jeremias e em Amós (respectivamente 48:24, 41 e 2;2). Tesoureiro ou caixa da comunidade apostólica, cujos escassos proventos se destinavam a esmolas. Transportava o saco alongado (bolsa), que habitualmente israelitas atavam à cinta, para recolher pecúnia (João, 12:6; 13:29). Como “amigo” no momento culminante qualificou-o Jesus (Mateus, 26;50 ), que a todos envolveu no manto de perdão (Lucas, 23:34), por não saberem o que faziam.
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