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segunda-feira, 9 de maio de 2011

04/10 Cristianismo - Os primeiros 400 anos


c150    Bardesana
            ou Bardesanes, ou Bardesano d’Edessa
            Fervoroso cristão, viveu em Edessa, no século II. Sua doutrina se aproximava do gnosticismo. Pregador do valentianismo, foi o criador da literatura cristã em língua síria.
            Autor de 150 hinos simultaneamente filosóficos, poéticos e cristãos.
            Não confundir com Bardesano da Babilônia ou com o historiador Bardesano, siríaco da Armênia. O registro fica a crédito de Luciano dos Anjos (15).

138      Adriano  morre.  Assume   seu   filho  adotivo,  Antonino Pio,  cujo  governo  se caracterizou pelos feitos de concórdia e de paz, na melhor distribuição de justiça e de tolerância.
             Emmanuel (4) porém, relata:
       “De Nero aos Antoninos (Pio excluído), as perseguições aos cristãos haviam recrudescido.             Triunfantemente assentada sobre as sete colinas, Roma prosseguia ditando o destino dos povos, à força das armas, alimentando a guerra contra os princípios do Nazareno, mas o Evangelho caminhava sempre, por todo o Império, construindo o espírito da Era Nova.”
            O cristianismo, por sua vez, já contava com mosteiros onde recém convertidos tornavam-se reclusos na tentativa de escapar aos perigos daquela sociedade pagã. Porém, em alguns desses mosteiros, a ambição e o egoísmo humanos já permitiam que tomassem suas primeiras formas a estruturação da Igreja, solapando as verdades e a vontade do Cristo que deixou legado pelos pobres e oprimidos, e a expectativa que o messianismo fosse exemplificado a partir de seus próprios pastores.

c150    Policarpo de Esmírnia
         Discípulo de João Evangelista, sofreu enormes martírios durante o governo do mais humano dos imperadores, Antonino, o Pio (138-161).
            Depois de sua prisão, Policarpo foi chamado pelo chefe da polícia para se retratar.
            “-Na verdade’, disse o chefe de polícia, ‘que mal há em dizer Senhor César e em oferecer-lhe incenso e o resto e assim ser salvo?”
            Policarpo replicou:
            “-Durante 86 anos servi a Cristo e Ele não me enganou. Como vou agora blasfemar contra o meu Pai e Salvador?”
            Com uma pergunta respondida com outra pergunta, Policarpo foi queimado. Relatou Gough (11).

c160    Marcion de Síria
            ou Marcion do Ponto, ou Marcião
         Filósofo gnóstico, fundador do marcionismo, no século II. Nasceu em Sinope, na Bitínia (Ásia Menor), por voltas do ano 85.
            Era provavelmente filho de um bispo ortodoxo. Excomungado em 144. Morreu por volta do ano 160.
            “Em Marcion toda a passagem mundana do Salvador não passa de uma pura aparição”. “Em vão se esperaria a salvação por Jeová, se o Deus supremo, bom e invisível, até aí estranho ao mundo, não mandasse seu filho Jesus, isto é, a própria doçura, sob a forma aparente de um homem, para combater a influencia do demiurgo e espalhar a lei da caridade.”
            “Foi o que Marcion se propôs a mudar. Fez um evangelho em que Jesus não era um judeu, ou, melhor, não era um homem...” aclara Luciano dos Anjos (15).
         Zêus (8) citando a Henri Delafosse (Le Quatrième Évangile, 1925) informa que, segundo esse estudioso, o Quarto Evangelho seria uma edição católica de um livro marcionita.
            Walker (14) o classifica de abastado armador e que transferiu-se para Roma em 139. Marcião atacava toda forma de legalismo e judaísmo, afirmando que Paulo era o único apóstolo que tinha realmente entendido o Evangelho. Adotou as epístolas de Paulo (omitindo as pastorais) e o evangelho de Lucas.
            Walker (14) confirma a excomunhão por volta de 144. Seus seguidores formaram igreja em separado que resistiu até o século 5. Nada se sabe sobre o final da vida do próprio Marcião, finaliza Walker (14).

            Apeles
            ou Apele
             Continuador, no século II, de Marcion de Síria, de quem foi discípulo. Leiamos o apêndice assinado por Zêus (8):
            “Segundo Apeles, Jesus realmente não nasceu da Virgem Maria; todavia, não se manifestou sem um corpo real. Dizia, então, que Jesus, servindo-se do material das estrelas e ‘das mais altas substâncias da Natureza’, compôs um corpo e nele habitou durante todo o tempo que passou neste mundo.” Destaque de Luciano dos Anjos (15).        

161      Morre  Pio,  assim  chamado  por  sua  fidelidade  aos antigos  cultos romanos. Ascende Marco Aurélio, piedoso mas respeitador das leis, permitindo o uso de todas as leis que molestassem os cristãos.
            Marco Aurélio  (161-180), filho adotivo de Antonino, provou ser implacavelmente intolerante e as perseguições que promoveu foram piores por serem dirigidas por um espírito treinado e eficiente, afirma Gough(11).

170      Cerinto
            Citado por Zêus (8): 
            A primeira referência de que se tem conhecimento encontra-se na obra “Adversus Hoereses”, escrita pelo ano 170, por Santo Irineu.
            Este, referindo-se a S. Policarpo, escreve assim: ‘E há alguns que o ouviram dizer que João, o discípulo do Senhor, tendo ido a um balneário de Éfeso, ao ver Cerinto ali dentro, lançou-se para fora do balneário, sem banhar-se, dizendo: “Vamos fugir, pois que é de temer-se que o edifício caia, enquanto Cerinto, o inimigo da verdade, ali dentro estiver.”  Cerinto, prossegue Zêus (8) recordando palavras de Sto. Irineu, parece ter sido contemporâneo de um João da Ásia, que hoje não se sabe ao certo se foi João, o Apóstolo ou João, o Presbítero.
            Sobre a doutrina de Cerinto, Zêus (8) apresenta registros de Irineu:
            “Um certo Cerinto ensinou na Ásia que o Verbo não foi feito pelo Deus Supremo, mas por um determinado poder inteiramente separado e distinto daquela autoridade que está acima do universo, desconhecedor daquele Deus que é sobre todas as coisas. Ele opinou que Jesus não nascera de uma virgem (porque isto lhe parecia impossível), e sim que foi o filho de José e Maria, nascido como todos os outros homens, se bem que ele superasse toda a Humanidade em justiça, em prudência e em sabedoria; e que, no ato do batismo de Jesus, descera sobre este, daquela autoridade que está acima de todas as coisas, o Cristo em forma de uma pomba. Então, Jesus anunciou o Pai desconhecido e operou milagres; mas, no fim, o Cristo separou-se de Jesus, e este sofreu e ressuscitou, enquanto o Cristo permaneceu impassível, posto que era um ser espiritual.” (Adversus Hoereses, I, XXVI, 1.)
            Segue Zêus (8): Em síntese, segundo Cerinto, há Jesus e há o Cristo ou Filho único de Deus, e só Jesus, o homem, que nasceu, padeceu, morreu e ressuscitou.     

175      Taciano
            Apologista cristão gnóstico, nasceu na Síria, entre 110 e 120 e morreu aproximadamente em 175. Autor de Diátessaron ou Diatessaron, uma reunião dos textos evangélicos postos em harmonia, trabalho baseado em manuscritos antigos, hoje perdidos.
            “Marco Aurélio e o Fim do Mundo Antigo”, de Ernesto Renan, Lello & Irmão, Porto Portugal, 1925: ‘A exegese racionalista dos tempos modernos tem raízes na escola de Apeles e Taciano’. ‘Não tem Jesus, no Diatessaron, qualquer genealogia terrestre’. ‘Chegou a sustentar que a carne do Cristo era só aparência’., diz Luciano dos Anjos (15).

c170    Montanismo
            Movimento de origem claramente cristã, liderado por Montano, sugerindo a prática do celibato, jejum, abstinência da carne; quase que como um protesto contra o crescente mundanismo que invadia a Igreja em geral.
         Este movimento atingiu importantes proporções em 160-170-200. Gradualmente banido da igreja ocidental sobreviveu no oriente (Cartago) até o tempo de Agostinho, escreveu Walker (14).

177      Ano de perseguições e tormentos para os cristãos de Lião (Lugdunum em Latim) e em Viena, cidades localizadas na França de hoje.
            Emmanuel (4) nos relaciona alguns desses mártires: Vétio Epágato, que renunciou à nobre posição para converter-se em advogado dos cristãos; Santo, diácono de Viena, homem de extremada coragem;  Blandina, escrava cuja fé confundira seus carrascos; Potino, chefe da Igreja em Lião, ultrajado e espancado nas ruas, sem  palavra de revolta, aos 90 anos de idade;  Átalo de Párgamo, admirável herói entre os mártires gauleses, morto, atado à cadeira incandescente e degolado, em companhia de Alexandre, devotado médico cristão e mais: Maturo, Alcibíades, Pôntico, Pontimiana, entre tantos outros.

            “Mas a pior perseguição que estava reservada a igreja aconteceu na Gália, em 177, quando Blandina, moça escrava e os seus companheiros foram executados em Lião com um sadismo que deve ter poucos paralelos na história humana. Os restos das vítimas, a quem fora recusado enterro, foram jogados no Rio Ródano”, registrou Gough (11).

180      Final de mandato para Marco Aurélio, talvez vítima da peste. É nomeado imperador Cômodo, o último da dinastia dos Antoninos.

192      Cômodo  é assassinado. Sem  herdeiros,  coube  à  guarda  pretoriana  nomear  o sucessor. Os nomes se alternaram: Clódio Albino (vencido nas Gálias), Caio Pescênio Niger  (tríplice derrotado e, após, decapitado) e finalmente, o africano Sétimo Severo que, assim,  elimina seus competidores e assume o poder.

            “A comemoração da vitória do novo imperador, de origem africana, misturava-se ao distante rugido das feras enjauladas para o espetáculo do suplício dos cristãos”, registrou Emmanuel (4).

c190    Irineu
            Nascido na Ásia Menor (c125 -c202 d.C.), foi bispo de Lião, na Gália e autor de ‘Contra as Heresias’, tratado em que condenou os, esclarece Indro (10).

            Walker (14) também identificou a Irineu dizendo:
            Foi o primeiro líder teológico que alcançou distinção na incipiente igreja católica. Educado em Esmirna onde conheceu e ouviu Policarpo. Nasceu entre 115 e 142.
            Da Ásia Menor transferiu-se para Lião, onde se tornou presbítero. A grande perseguição havida nessa cidade, em 177, ocorreu quando ele estava em Roma. Quando de seu retorno, foi escolhido bispo de Lião, sucedendo ao mártir Potino. Ocupou esse cargo até sua morte, mais ou menos em 200. Por volta de 185 escreveu sua obra principal - ‘Contra as Heresias’ - com a intenção principal de refutar as várias escolas gnósticas.

2º Século         Manes
            Fundador do Maniqueísmo, na Pérsia, no século II ou III, informou Luciano dos Anjos (15).
            Complementa Ismael (8):
            ‘Manes tinha idéias docéticas. Sofreu muitas perseguições, conseguindo, contudo, espalhar-se pelo Oriente e pelo Ocidente, declinando apenas no século XII, face violenta oposição da Igreja. Os maniqueus acreditavam na reencarnação, que julgavam indispensável ao progresso do espírito humano. O maniqueista Fausto, entre outros, descreve o corpo do Mestre como não sendo humano, mas, sim, formado de elementos celestiais.

            Agora, a palavra da Enciclopédia Folha (9):
            Maniqueísmo
        Conjunto de preceitos pregados por Manes (c.216 a.C.-276 a.C.), um persa influenciado pelo mitraismo, cristianismo e gnosticismo.
            Ensinou o princípio da dualidade do conflito entre o Bem e Mal, simbolizados como Luz  e Escuridão, Deus e Diabo. Ele aconselhava o ascetismo para um grupo seleto que seguia os ensinamentos dos profetas judeus, de Jesus Cristo, de Buda e dele mesmo. Os zoroastristas levaram-no ao exílio na Índia, torturaram-no e crucificaram-no. Seus seguidores foram condenados por Diocleciano, o que não evitou que sua influencia se expandisse até Roma e África, no século 4º. A seita sobreviveu no Turquestão chinês até o século 10º, e influenciou várias heresias no cristianismo medieval.

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