A Porta Estreita!
Mateus 7,13-14
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.” Jesus
Inicialmente, a palavra de Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Depois, Emmanuel, por Chico Xavier, em “Livro da Esperança”, duas jóias a enriquecer esta postagem:
“A porta da perdição é larga, porque as más paixões são numerosas, e o caminho do mal é frequentado pela maioria. A da salvação é estreita, porque o homem que quer transpô-la deve fazer grandes esforços sobre si mesmo para vencer suas más tendências, e poucos a isso se resignam; é o complemento da máxima: Há muitos chamados e poucos escolhidos.
Tal é o estado atual da humanidade terrestre porque a Terra, sendo um mundo de expiação, o mal nela predomina; quando ela estiver transformada, o caminho do bem será o mais frequentado. Essas palavras, pois, devem entender-se em seu sentido relativo e não no sentido absoluto. Se tal devesse ser o estado normal da Humanidade, Deus teria voluntariamente votado à perdição a imensa maioria de suas criaturas; suposição inadmissível desde que se reconhece que Deus é todo justiça e todo bondade.
Mas de que ações más esta humanidade teria podido se tornar culpada para merecer uma sorte tão triste, em seu presente e em seu futuro, se ela estava inteiramente relegada na Terra, e se a alma não tivesse tido outras existências? Por que tantos entraves semeados em seu caminho? Por que essa porta tão estreita, que é dada ao menor número transpor, se a sorte da alma está fixada para sempre depois da morte? É assim que, com a unicidade da existência, se está incessantemente em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se amplia; a luz se faz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro são solidários com o passado; então, somente, se pode compreender toda a profundeza; toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.”
E agora, Emmanuel:
“Frequentemente, somos confrontados por aqueles que admiram o amor aos semelhantes e que, sem coragem para cortar as raízes do apego a si próprios, se afeiçoam às atividades do meio-bem, continuando envolvidos no movimento do mal.
Emprestam valioso concurso a quem administra, mas requisitam favores e privilégios, suscitando dificuldades.
Financiam tarefas beneficentes, distendendo reais benefícios, no entanto, cobram tributos de gratidão, multiplicando problemas.
Entram em lares sofredores, fazendo-se necessários pelo carinho que demonstram, mas solicitam concessões que ferem, quais rijos golpes.
Oferecem cooperação preciosa, em socorrendo as aflições alheias, no entanto, exigem atenção especiais, criando constrangimentos. Alimentam necessitados e poem-lhes cargas nos ombros.
Acolhem crianças menos felizes, reservando-lhes o jugo da servidão no abrigo familiar.
Elogiam companheiros para que esses mesmos companheiros lhes erijam um trono.
Protegem amigos diligenciando convertê-los em joguetes e escravos.
Não desconhecemos que todo cultivador espera resultados da lavoura a que se dedica e nem ignoramos que semear e colher conforme a plantação, constituem operações matemáticas no mecanismo da Lei.
Examinamos aqui tão somente a estranha atitude daqueles que não negam a eficácia da abnegação, entregando-se, porém, ao desvairado egoísmo de quem costuma distribuir cinco moedas, no auxílio aos outros, com a intenção de obter cinco mil.
Efetivamente, o mínimo bem vale por luz divina, mas se levado a efeito sem propósitos secundários, como no caso da humilde viúva do Evangelho que se destacou, nos ensinamentos do Cristo, por haver cedido de si mesma a singela importância de dois vinténs sem qualquer condição.
Precatemo-nos desse modo, contra o sistema do meio-bem, por onde o mal se insinua, envenenando a fonte das boas obras. Estrada construída pela metade patrocina acidentes. Víboras penetram em casa, varando brechas.
O bem pede doação total para que se realize no mundo o bem de todos.
É por isso que a Doutrina Espírita nos esclarece que o bem deve ser praticado com absoluto desinteresse e infatigável devotamento, sem que nos seja lícito, em se tratando de nossa pessoa, reclamar bem algum. ”
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