Em Torno
da Humildade
Espírito Fernando
por Marcelo Nazareth
Inspiração divina, fomentadora do progresso, amplia os horizontes do espírito que lhe adentra as paisagens, reconhecendo-se tal como é, sem os vitrôs do personalismo, para que a Luz da Consciência brilhe, sem trepidações.
Ampara-lhe as engrenagens morais, permitindo-lhe superar obstáculos, por não se colocar acima do que pode, mas por levar-lhe a realizar o que deve.
Confundida com o orgulho mascarado pela culpa, recrudescente de atavismos religiosos, que deveriam ser olvidados, plenifica o ser pela alegria de servir, envolvendo-o no prazer transcendente, longe dos complexos do ego.
Penetra a criatura de paz e de serenidade, admitindo as conquistas efetuadas, as dificuldades da marcha, nunca porém esquecendo a eira que a aguarda, no rumo da perfeição.
Estimula as realizações nobres, não temendo jamais o assédio da crítica malsinante, das injúrias doentias, ou o assédio franco do mal, certa de que a sua condição disciplinadora não permite ao seu tutelado a vulnerabilidade da infância moral.
Exprime a caridade, através da paciência e da tranqüilidade, da resignação e da obediência, da afabilidade e da doçura, bem como na energia educativa de seu irmão, o Amor.
Foi ela quem permitiu a Francesco Bernadone, o Pequeno de Assis, a ampliação de sua obra de amor, por integrá-lo ao bem, fazendo-o irmão do Sol e da Lua, não se dissociando da criação, amando o Criador e o próximo, como naturalmente a si mesmo.
É a centelha viva do bem que, como o filete d’água rumo ao mar, reconhece em si a destinação excelsa, não turvando a visão ante a glória do porvir, antes traçando diretrizes de segurança e promovendo a caminhada para a realização do gravame.
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Nunca te descures da humildade. Deixa-te penetrar por ela nas ondas da prece, nas palavras de cada hora, nos gestos de cada minuto.
Faz dela constante em tua vida, não te preocupando mais com os cometimentos da existência terrena, antes ocupando-te com as tarefas nobilitantes que te batem à porta, a cada dia.
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Paulo, o intimorato batalhador do Evangelho nascente, asseverou que não era mais ele quem vivia, mas o Cristo - Aquele que lhe permeava todas as expressões do ser, não por desfiguração de seu caráter, mas por enxergar-se não mais como homem do mundo, sim por criatura de Deus, instrumento da Lei do Amor, tomando a humildade por porta de acesso à condição de medianeiro.
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