Celeste
Reconforto
Redação
Reformador
(FEB) Junho 1978
Todos
sabemos que é nos postos avançados de serviço que mais intensos se tornam os
combates que o Bem e o Mal travam no mundo. Aqui, na Federação Espírita
Brasileira, nenhum trabalhador, desde os primórdios da Instituição, até os dias
atuais, foi jamais poupado de duras provações e difíceis
testemunhos. Entretanto, é forçoso reconhecer que, de todas as formas de
aflição que angustiaram e angustiam os operários de Ismael, a mais dolorosa sempre foi e continua sendo a incompreensão
de valorosos confrades, de irmãos de ideal, de estimados companheiros de lutas
redentoras.
Quantos
sofrimentos, nesse sentido, experimentou o próprio Bezerra de Menezes, na presidência da FEB! O testemunho de Allan Kardec, a esse respeito, é, por
sua vez, impressionante: "Andei em
luta com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e
o ciúme - escreveu ele, ainda encarnado -; libelos infames se publicaram contra
mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me aqueles em quem
eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão aqueles a quem
prestei serviços. A Sociedade de Paris
se constituiu foco de contínuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos
que se declaravam a meu favor e que, de boa fisionomia na minha presença, pelas
costas me golpeavam. ( ... ) Nunca mais me foi dado saber o que é o repouso;
mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e
comprometida a existência." ("Obras Póstumas", FEB, 16ª ed.,
pp. 283/4.)
De
nossa parte, cumpre reconheçamos quão difícil é "sacudir o pó das
sandálias" e superar, no silêncio da prece e do trabalho, aleivosias
imerecidas e gratuitas incriminações.
Por
isso que, de tempos em tempos, os próprios Mentores da Espiritualidade,
condoídos das chagas que as nossas almas ostentam, ofertam-nos,
espontaneamente, verdadeiras cachoeiras de sacrossantos estímulos, através de
mensagens extremamente confortadoras, para reanimar-nos o bom ânimo. Foi o que
aconteceu no dia 20 de outubro de 1977, quando, em reunião do Grupo Ismael, os três médiuns em
serviço receberam, simultaneamente, através da psicografia, páginas
que não somente se afinam pelo mesmo diapasão de sentimentos, mas que
representaram, para as nossas almas, uma chuva de bênçãos renovadoras.
Certos
de que inúmeros outros servidores de Jesus se beneficiarão igualmente com
aqueles ditados sublimes, decidimos reproduzi-los aqui, esclarecendo, desde logo, que não nos julgamos deles merecedores,
e sim, apenas, com eles beneficiados.
Uma
das mensagens nos veio do grande Bittencourt Sampaio e foi recebida pelo médium Giffoni:
"Meus amigos, a advertência que
invariavelmente ouvis, para que vigieis e oreis, não são simples palavras de
retórica para facilitar a compreensão das lutas e vicissitudes a que a vida vos
condiciona e que são instrumentos do vosso aperfeiçoamento moral.
Não, elas não são
simples literatura dos vossos mentores espirituais; são, sim, uma advertência
mais do que necessária, um imperativo da hora presente.
Nossos irmãos
encarnados e desencarnados que ainda necessitam da dor, como instrumento para renunciarem à
condição humana, que os escraviza sem que disso se apercebam, cercam todos
aqueles que levantam a bandeira do Evangelho como o caminho da redenção.
Viveis as mesmas
tentações que impuseram a Jesus, a fim de que Ele renunciasse à pregação que
fazia, anunciando o Reino de Deus, e o levariam ao Gólgota, na tentativa de
impedir a divulgação da Verdade.
Sereis, a cada dia
que passar, mais assediados pelos que não querem ver a Luz; e, para levar
avante vossas tarefas, tereis que manter permanente comunhão com os enviados do
Céu, mas esta comunhão só se obtém através da oração e da vigilância.
Sereis, meus irmãos,
tentados por todas as formas, mas tende confiança.
Jesus é o nosso
Pastor: Ele fala aos nossos corações, se lhe abrirmos as portas. Ele dará, se
ainda isto lhe exigirem, a vida, para salvar-nos. Ele sofrerá junto com quantos
estão no mundo lutando por fazer com que o seu Reino seja permanente nos nossos
corações."
Outra
página, psicografada naquela noite, é uma formosa prece do Espírito Letícia:
"Divino Jesus, Senhor Augusto e
Soberano Mestre!
Aqui estamos, em lágrimas de ternura e
gratidão, ao lado de teus e nossos filhos! Eles enfrentam, Senhor, no grande oceano da vida terrena, os primeiros
sopros fortes do vendaval que avança sobre a Tua Barca, e sentem no coração o
frio da vigília que precede a manhã das batalhas decisivas.
Percebem claramente, ó Mestre, que chega,
veloz e silenciosa, a hora do testemunho, e sabem que não há como afrontar a
realidade maior senão de alma aberta e confiada em Ti.
Dá, porém, Augusto
Condutor de nossas vidas, que eles percebam, mais clara e permanentemente que
nem só cardos e pedras atapetam o chão áspero da senda a que a Tua Bondade os
conduziu.
Que eles recolham, no
escrínio íntimo, as flores perfumosas e sinceras que o nosso afeto lhes oferece
todos os dias e todas as noites.
Que vejam, Mestre
Amado, as nossas mães carinhosas a afagar lhes as frontes cansadas e a
encorajá-los à batalha redentora!
Ó Pastor Sublime, dá
que eles se apercebam de que o nosso coração acompanha cada um dos seus passos,
nossos braços secundam os seus braços, nossos olhos choram as mesmas gotas de
pranto e contemplam, no longínquo Céu, as mesmas estrelas!
São nossos irmãos muito amados - e mais -
são nossos filhos, a quem acalentamos durante muitos séculos, no desdobrar-se
incessante dos tempos, e a quem nem sempre soubemos encaminhar e defender.
Agora, Glorioso
Governador de nossas almas, somos compelidos a acompanha-los no silêncio do
anonimato e na constância do amor, deixando-os, porém, livres e aparentemente
sós, à frente dos vagalhões que vem vindo ao seu encontro.
Confiamos neles, mas sobretudo confiamos em
Ti, que a todos nos amparas e nos guias, para que, ó Redentor Excelso, o nosso
sublime amanhã alvoreça maravilhoso, sobre nós, no firmamento sagrado que cobre
esta Pátria bendita, em que replantaste, para o Novo Milênio, a Árvore Divina
da Tua Boa Nova!"
A
terceira mensagem, de sublimal conteúdo, foi recebida pela médium Maria
Cecília Paiva e veio do amorável Bezerra de Menezes:
"POR MEU AMOR, ASSIM FARÁS!
Hoje certamente já
não existem os circos, onde os cristãos, martirizados, testemunhavam a fé e o
amor.
Não mais existem as
fogueiras da "santa" Inquisição, que consumiam as vítimas indefesas,
arrebanhadas no apostolado da mediunidade ou da fé exaltada em espírito e
verdade.
Desapareceram as
cruzes, os cravos, as coroas de espinhos...
Entretanto, o ódio
acirrado das trevas prossegue sua faina destruidora, atingindo povos e nações,
mas é no reduto daqueles que se consagram à bênção do estudo renovador, à
sustentação da luz, no planeta, à intensificação do Bem e à propagação da
Verdade, que esse ódio atinge a sua escalada maior, culminando muitas vezes no
arrastamento, às sombras, das almas invigilantes.
Todavia, por amor ao
Mestre Divino, farás a tua parte.
Perdoarás quanto for
preciso.
Olvidarás o nome dos
portadores da sombra, esquecendo a calúnia.
Orarás por teus
inimigos.
Vigiarás, de luz
acesa, a tua noite e o teu dia, não por medo destruidor, mas para que não dês
guarida a nenhum rastro vil da miséria oculta, ou do veneno tenebroso.
Por amor do Senhor,
participarás, confiante, de seu banquete celestial.
Convidarás os coxos e os estropiados.
Escreverás mensagens
de fé.
Erguerás, com júbilo dalma, o estandarte do
Anjo Imaculado e, hasteando-o bem alto, proclamarás a tua fé.
Não te deixes abater, mas confia.
Sê forte e sereno n’Aquele
que é a tua força e o teu vigor.
Alimenta a chama sagrada do Amor no núcleo
cristão e estende os olhos para a Terra da Promissão.
Um dia, verás
cintilar, no céu azul, mais intensamente, a formosa Estrela da Paz.
Ouvirás o murmúrio
das vozes, em preces de gratidão, e entoarás, com a alma festiva, o cântico dos
anjos: Paz a todos os homens!..
Por amor ao Senhor
Divino, caminharás. E com Ele vencerás!
Deus seja louvado,
hoje e sempre.”
Bem
sabemos que essas joias do Céu não nos foram entregues por merecimento
especial, mas não podemos deixar de admitir, com o Divino Mestre, (Mateus,
10:10) que "digno é o trabalhador
do seu alimento".
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