Jesus
e a paciência
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Outubro 1958
Recordemos
a paciência do Cristo para exercer em nosso caminho a verdadeira serenidade.
Retornando,
depois do túmulo, aos companheiros assustadiços, não perde tempo com qualquer
observação aflitiva ou desnecessária.
Não
rememora os sucessos tristes que lhe precederam a flagelação no madeiro
afrontoso.
Não
se reporta à leviandade do discípulo invigilante que o entregara à prisão,
osculando lhe a face.
Não
comenta as vacilações de Pedro na extrema hora.
Não
solicita os nomes de quantos acordaram em Judas a aflição da cobiça e a fome de
poder.
Não
faz qualquer alusão aos beneficiados sem memória, que lhe desconheceram o
apostolado, ante a morte na cruz.
Não
recorda os impropérios que lhe foram atirados em rosto.
Não
se refere aos caluniadores que escarneceram do seu sacrifício.
Não
reclama reconsiderações da justiça.
Não
busca identificar quem lhe impusera às mãos uma cana à guisa de cetro.
Não
se lembra da turba que lhe ofertara vinagre à boca sedenta e pancadas à fronte
que os espinhos dilaceravam.
Ressurgindo
da sombra, afirma apenas, valoroso e sem mágoa:
-
“Eis que estarei convosco até ao fim dos séculos...”
E
prosseguiu trabalhando...
Esse
foi o gesto do Cristo de Deus que transitou na Terra, sem dívidas e sem
máculas.
Relembremos,
assim, nosso próprio dever, à frente das pedradas que nos firam a rota, a fim
de que a paciência nos ensine a esperar a passagem das horas, porquanto cada
dia nos traz, a cada um, diferente lição.
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