Morte Espiritual
escreve Martins Peralva
in Reformador (FEB) Fevereiro 1955
"Não temais os que matam o corpo, e depois não têm mais que possam
fazer." JESUS.
O corpo físico é vaso precioso que nos compete
preservar com todos os recursos ao nosso alcance.
O Espírito é centelha divina, inteligente e imortal
com responsabilidades definidas no campo evolutivo.
Se um comanda, outro obedece.
Um é o piloto, o outro a embarcação; um o jardineiro,
o outro a ferramenta; um o maquinista, o outro a máquina pesada que avança,
quilômetro a quilômetro, cortando vales, transpondo fronteiras, reduzindo distâncias.
Por conseguinte, se observamos, até certo ponto
reconhecidos, o papel desempenhado pela embarcação, pela ferramenta e pela
máquina no progresso geral, maior deve ser a nossa gratidão àqueles que, sabiamente,
contornaram rochedos em pleno oceano, deram boa direção à enxada no trato com o
solo ou regularam habilmente a máquina de ferro.
Face a tais considerações, o ensino do Mestre
adquire significado altamente expressivo.
Ficamos sabendo que se o corpo é como a enxada,
instrumento respeitável que pede apenas boa direção, o Espírito que nos habita
temporariamente a organização somática é, como o jardineiro, o artífice da beleza
e do engrandecimento, do progresso e da iluminação.
A morte do corpo, isto é, o choque biológico da
desencarnação, mesmo em circunstâncias dolorosas, por injunções cármicas,
importa menos dentro da conceituação de Justiça e Eternidade que nos felicita o
entendimento, do que a "morte" do Espírito.
Morte física é acontecimento normal que possibilita
a libertação do Espírito, segundo a sua evolução.
Morte moral é desgraça provocada pela própria
invigilância do homem, a qual atinge duramente a alma, refletindo-se no futuro
por mais ou menos tempo.
Pela morte física, o Espírito separa-se da matéria
perecível para a ela retomar, sob nova forma, às vezes até dentro de curto
espaço de tempo; pela morte imantamo-nos a seres e criações inferiores,
escravizando-nos a desvarios, más inclinações e sofrimentos inenarráveis que,
muitas vezes, perduram séculos.
É por isso, indubitavelmente, que o Mestre exorta:
“E digo-vos,
amigos meus: Não temais OS que matam o corpo, e depois não têm mais que possam
fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de
matar, tem poder para lançar no inferno; sim, eu vos digo, a esse temei."
(Lucas, 12: 4-5.)
Sabemos que em planos inferiores adjacentes à
crosta planetária, imperam a desarmonia e a perturbação, a prepotência e o
ódio, o rancor e a perversidade numa prefiguração, bem semelhante do inferno
das interpretações teológicas.
Em nossa vida de relações ostensivas quando
encarnados, geralmente iniciamos pela invigilância, pela hostilidade ou
indiferença em face do mesmo problema da sobrevivência a estabelecer veículos
de sintonização com essas esferas, fazendo "amizades" com irmãos
menos felizes, firmando pactos tenebrosos, precipitando-nos, assim, pouco e
pouco, em terríveis precipícios no Reino das Sombras.
Começamos então a morrer em duplo sentido, entregando-nos
gradativamente às obsessões e possessões vigorosas.
As forças vitais começam a extinguir-se
transformando nosso organismo em delicioso pasto à vampirização dessas
entidades distanciadas do esclarecimento evangélico...
A vontade própria, por sua vez, vai-se relaxando,
lamentavelmente, sob a ação magnética das entidades infelizes às quais ligamos
a nossa mente...
O esgotamento e a debilidade consequentes à
enfermidade fisio psíquica prenunciam a morte corporal, seguida, imediatamente,
da "outra morte", a espiritual, determinando nossa localização, por
efeito de inexoráveis leis vibratórias, em região que o evangelista-médico
denominou "inferno".
Examinemos, portanto, a sentença evangélica
adquirindo a convicção de que não devemos temer o irmão ignorante que nos pode
roubar a vida física. Temamos, antes, o "que depois de matar, tem poder para lançar no inferno".
O estudo meditado das obras de André Luiz, desde
"Nosso Lar" a "Entre a Terra e o Céu", faz-nos compreender
melhor o pensamento do Senhor, expresso no Evangelho, inclusive com relação a
outras passagens aparentemente obscuras do Grande Livro.
Estudo e meditação conjugados, junto a companheiros
esclarecidos, são tesouros para a alma de boa vontade que deseja elevar-se para
Jesus, evitando complicações com a Lei.
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