Incompreensão e Lutas
Ismael
Gomes Braga
Reformador
(FEB) Abril 1947
Os
pioneiros das ideias novas têm que ser incompreendidos e atacados pelo espírito
de rotina do mundo, porque a inércia reage sempre furiosamente a todos os
impulsos por lhe mudar a situação. Só por isso os espíritas estariam fadados a
sofrer ataques e injustiças, como sofreram os profetas e os discípulos de
Jesus, como precursores que foram de grandes ideias novas. Mais uma razão ainda
existe para o espírita ser vítima do meio materialista em que vive: além de
portador de uma ideia nova, traz ele uma moral incomodativa, exigente,
escrupulosa, oposta às grandes vantagens do mundo oportunista e bem acomodado à
vida. Reclama mais ação, mais desprendimento, mais amor ao próximo, mais pureza
de princípios.
Verdade
que a ninguém obrigamos que aceite os princípios severos da Doutrina, mas a simples divulgação de tais princípios desperta
nas consciências uma sensibilidade mais delicada, acorda o remorso, e tudo isso
incomoda muito!
O
homem queria viver feliz e descuidado, mirando-se narcisamente nas águas da sua
suposta grandeza, ouvindo louvores aos seus méritos imaginários; mas vem uma
voz clamar-lhe que ele é Espírito em prova, está numa penitenciária e não deve
cultivar ilusões; que examine melhor sua própria consciência... Essa voz que
lhe tira a paz, desfaz pretensões, revive realidades, desacredita os louvores é
a Doutrina dos Espíritos. Impossível combater os Autores invisíveis de tais
ensinos, mas muito fácil atacar seus portadores humanos e estes são os
importunos espíritas.
Mas
os espíritas não são atacados somente pelos que se dizem inimigos do
Espiritismo, são-no também pelos que desejariam acomodar a Doutrina às suas
conveniências pessoais e enganar a si mesmos e ao mundo. Lutam esses pobres
sofredores por uma adaptação impossível de realizar-se: continuar a mesma vida
materialista, mas rotulá-la de espírita, crerem e fazerem crer que são
espíritas e estão bem com o seu futuro sem prejuízo do presente e do passado.
Na
impossibilidade de realizar essa contradição, irritam-se e acusam as
instituições espíritas de não se acomodarem às suas conveniências pessoais, de
não lhes darem a paz de consciência que eles desejariam encontrar. Das
instituições passam aos servidores da causa e procuram tristemente arrasar a
tudo e a todos que não estejam de acordo com o seu ponto de vista falso.
Tornam-se
demolidores de tudo e nada constroem, pois que lhes falta a serenidade da alma
para construir. Essa combatividade, porém, não impede o movimento espírita de
caminhar com firmeza rumo ao porvir.
Tais
pessoas são o terreno espinhoso a que se refere Jesus, segundo Mateus 1:7 e 22,
mas seria muito pior para elas se não houvessem recebido mesmo mal a semente. A
luta lhes fica na alma e em futuras encarnações, mudada a situação social, a
semente virá a dar frutos.
Continuemos,
pois, quanto esteja em nosso alcance, lançando a boa semente e o Senhor da
Seara saberá encontrar os meios de fazê-la germinar e frutificar no tempo
oportuno, Para isso, dispõe Ele dos meios adequados dentro da eternidade da
vida.
Tenhamos
paciência e amor e tudo venceremos em favor da Doutrina sublime que nos descortina horizontes infinitos e eternos.
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