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Didaquê
Espírita
compilação e coordenação
Carlos Lomba
Ed.FEB 1948
CAPÍTULO V
b/d
MORAL ESPÍRITA
141. Com que fim prodigalizou DEUS instintos de conservação a
todos os seres?
- Foi com o fim de
poderem, indistintamente, concorrer para as Suas vistas providenciais e porque
a vida é necessária ao aperfeiçoamento de todos, na Terra.
142. Tem todos os homens igualmente o direito de usar os bens da Terra?
- Sem dúvida, pois esse
direito é consequência da necessidade de viver. DEUS não pode impor um
dever sem dar primeiramente os meios para cumpri-lo.
143. Que devemos pensar do homem que busca nos excessos de toda classe
um requinte para seus prazeres?
- Quem assim faz,
torna-se inferior ao bruto, pois não sabe restringir-se à satisfação das suas
necessidades reais. Quanto maiores forem os seus excessos, tanto mais império
permite que a natureza animal tenha sobre a espiritual.
144. Que se deve pensar de quem amontoa bens materiais para conseguir o
supérfluo, em prejuízo dos que carecem do necessário?
- Esse egoísta
desconhece a lei de DEUS e terá que responder pelas privações que fez sofrer.
145. É censurável o desejo que o homem tem de conseguir o seu bem-estar?
- Não, pois é um desejo
natural; o abuso é que constitui o mal.
146. Se a morte deve conduzir-nos a melhor vida, qual a razão por que o
homem lhe tem um horror instintivo?
- DEUS pôs no homem o
instinto de conservação para que o sustivesse nas provas, e sem isso ele
descuidaria da vida. O instinto de conservação faz que o homem prolongue a vida
até cumprir a sua missão.
147. Que se deve pensar da destruição que excede os limites da
necessidade, tal a que se faz pela caça e outros meios, cujo único fim é destruir
sem utilidade ?
- Toda destruição que
excede os limites da necessidade é uma violação da lei divina. Torna-se ainda
mais condenável a destruição que é feita com crueldade.
148. Qual o fim das grandes calamidades?
- É para que a
Humanidade se adiante com mais rapidez, pois resultando dessas calamidades a
regeneração moral dos seres, eles adquirem em cada nova existência um grau mais
elevado de progresso.
149. E será justo que nessas calamidades sucumba o homem bom ao mesmo
tempo que o mau, sem distinção alguma?
- Tanto faz morrer por
uma calamidade como por outra coisa comum, desde que a hora é chegada. A única
diferença que há, neste caso, é a de morrer maior número de pessoas; mas,
poderíeis acaso saber se o que é hoje um homem de bem não teria sido o culpado
de ontem?
150 . Qual a causa que induz o homem à guerra?
- É o predomínio das
paixões ou da natureza animal sobre a espiritual. Só entre os povos bárbaros é
que não se conhece outro direito que não
seja o do mais forte.
151. A guerra desaparecerá algum dia da face da Terra?
- Sim, quando os homens
compreenderem o que é justiça e praticarem a lei de DEUS. Então todos os povos se considerarão irmãos e
reinará, no mundo, o legítimo sentimento da fraternidade.
152. Que se deve pensar dos que suscitam a guerra em seu próprio benefício?
- Esses são verdadeiros
culpados e grandes criminosos, e como tais terão que suportar muitas
existências penosas, expiando os crimes que mandaram cometer para satisfação de
suas orgulhosas ambições.
153 . É culpado o homem que pratica assassínios na guerra?
- Não, se ele for
coagido a isso; entretanto, torna-se culpado desde que pratique crueldades em
satisfação dos seus maus desejos .
154 . O homicídio é crime?
- Sim, e muito grande,
pois quem tira a vida a outrem corta uma existência de expiação ou de missão,
concedida por DEUS, e é nisto que consiste o mal, de penosa reparação.
155 . Pode considerar-se o duelo como sendo manifestação de legítima
defesa?
- Não; o duelo é um
crime e um costume digno somente de povos bárbaros.
156. Como se deve considerar o a que em duelo chamam ponto de honra?
- Orgulho e vaidade:
dois grandes males da Humanidade.
157. Não haverá, porém, casos em que, por achar-se a honra realmente
ofendida, pode ser considerado como covardia não se aceitar o duelo?
- Isso depende dos usos
e costumes, pois cada país e cada século têm um modo diverso de encarar as
coisas. Quando os homens forem melhores e estiverem mais adiantados em moral,
compreenderão, nobremente, que o verdadeiro ponto de honra está acima das
paixões terrenas e que as coisas não se alteram pelo fato abominável de
fazer-se uma morte. Em perdoar uma ofensa há muito mais valor do que em
revidá-la. Há muito mais grandeza e verdadeira honra naquele que se confessa
culpado, como há, também, maior dignidade e nobreza naquele que, tendo razão,
sabe perdoar, ou, mesmo, sabe desprezar os insultos que o não podem alcançar.
158 . A pena de morte desaparecerá algum dia da legislação humana?
- Sem dúvida, e em sua
supressão assinalará a Humanidade um grande progresso.
159. Que se deve pensar da pena de morte imposta em nome de DEUS?
- Os que assim obram
estão muito longe de compreender a DEUS e cometem um crime monstruoso.
160. A vida social é uma lei natural?
- Sem dúvida, pois que
todos os homens devem concorrer para o progresso, ajudando-se
mutuamente.
161. O progresso moral segue o intelectual?
- É a sua consequência,
porém nem sempre o segue imediatamente.
162. Como é que o progresso intelectual pode conduzir ao moral 'I
- Desde que o homem
compreenda o bem e o mal, pode então escolher. O desenvolvimento
do livre arbítrio segue o da inteligência e aumenta a responsabilidade
das nossas ações.
163 . Pode o homem deter a marcha do progresso?
- Não, mas pode
estorvá-lo às vezes, assim incidindo em grave falta.
164. Não parece, às vezes, que o homem retrocede em vez de adiantar pelo
menos sob o ponto de vista moral?
- O homem progride,
pois cada dia ele compreende melhor o mal e a todo o instante reforma as suas
leis. É essa compreensão que lhe mostra a necessidade do bem e das reformas.
165. Todos os homens são iguais perante DEUS?
- Sim, pois todos têm
um mesmo princípio e um mesmo destino. As leis divinas são iguais para todos.
166. Porque DEUS não deu as mesmas aptidões a todos os homens?
- DEUS deu iguais aptidões
a todos os Espíritos, porém cada um deles tem vivido mais ou menos tempo. A
diferença provém, pois, do grau de experiência e da vontade resultante do livre
arbítrio de cada um. Por isso os mais adiantados tem maiores aptidões do que os
outros.
167. Será possível estabelecer a igualdade absoluta das riquezas?
- Não; a diversidade
das faculdades e dos caracteres opõe-se a isso.
168. Que se deve pensar daqueles que creem ser esse o remédio aos males
da sociedade?
- Esses não compreendem
que logo depois tal igualdade seria destruída pela força das circunstâncias.
Combata-se o egoísmo social e não se busquem quimeras.
169. O homem e a mulher são iguais perante DEUS e têm os mesmos
direitos?
- Sem dúvida, pois DEUS
deu a ambos inteligência para distinguir o bem do mal e a faculdade de
progredir.
170. Qual a razão da inferioridade moral da mulher em certos povos?
- O império injusto e
cruel que o homem exerce sobre ela, e que resulta das instituições sociais ou
do abuso dos fortes sobre os fracos.
171. Com que fim a mulher, em geral, é mais débil fisicamente que o
homem?
- É para que ela possa
exercer outra espécie de trabalhos. Bem compreendida a posição da mulher na
sociedade, devemos admitir que ela só é inferior ao homem no limite das
possibilidades físicas; a ele se iguala intelectualmente e o excede no terreno
moral, pelo seu instinto recatado e superior sensibilidade. Ao homem, porém, e
de um modo geral, compete os trabalhos rudes e intelectuais, e às mulheres, os
trabalhos leves e delicados.
172 . A debilidade física da mulher não a coloca, naturalmente, sob a
dependência do homem?
- Sim, mas se a
Natureza dotou o homem com mais força é para que ele proteja a mulher como mais
fraca, e não para que a escravize.
173. As funções a que está destinada a mulher, para com seus filhos, tem
tanta importância como as que estão reservadas ao homem?
- São muito mais
importantes, pois a mulher é quem dá aos filhos as primeiras noções da vida.
174. Uma legislação, para ser justa, deve consagrar igualdade de
direitos à mulher e ao homem?
- De direitos, sim; de
funções, não. É preciso que cada qual tenha as ocupações que lhe são próprias e
segundo as suas aptidões. A emancipação da mulher assinala o progresso social;
a sua escravização denuncia atraso.
175. Donde nasce o desejo de perpetuar com monumentos fúnebres a memória
dos seres que abandonaram a Terra?
- Último ato de
orgulho...
176. Mas não se deve atribuir mais frequentemente a suntuosidade dos
monumentos fúnebres aos parentes do finado, antes que ao próprio finado?
- Nesse caso é o
orgulho dos parentes que se querem glorificar a si mesmos. Nem sempre, é certo,
se fazem tais demonstrações por consideração ao morto; elas também se dão por
amor-próprio e alarde das riquezas das pessoas que ficam. Poderão esses belos
monumentos salvar do olvido aqueles que foram inúteis na Terra?
177. Deve-se, então, de um modo absoluto reprovar a pompa dos funerais?
- Não, pois isso se
torna justo e exemplar desde que é feito em memória de um homem de bem.
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