Trabalho Jesuítico
Alvaro B. da Costa
Reformador
(FEB) Outubro 1947
Quem
quer que conheça um pouquinho de Espiritismo, ainda que somente as primeiras
lições oferecidas pelos Espíritos através de ‘O Livro dos Espíritos’ e de ‘O
Livro dos Médiuns’, obras com que iniciaram o trabalho de nos
enviarem os ensinamentos que deverão fazer parte dos conhecimentos humanos,
certamente não ignorará que o médium é um simples instrumento, que pode atrair
e consequentemente receber comunicações de bons ou maus Espíritos, nossos
irmãos atualmente no Além, conforme a predisposição que o aparelho ofereça para
que se verifique a aproximação desta ou daquela categoria de Espíritos.
Quando
de mim se aproxima um médium, satisfeito, jubiloso, refletindo sob a capa da
modéstia o orgulho que ela esconde, lendo-me, entusiasmado e com ênfase, uma
comunicação que atribui ou mesmo afirma ser de um Espírito respeitável, não me
dou sequer ao trabalho de examiná-la, porque já sei, por antecipação e
experiência, que não encontrarei senão belas frases de astucioso jesuíta, que
se aproveitou da sua invisibilidade e da fraqueza do aparelho para pregar a
discórdia ou a confusão, meio que o clero do espaço julga seguro e eficiente no
combate ao que os seus colegas, cá da Terra, chamam - praga do Espiritismo.
Na
Inglaterra e nos demais países anglo-saxões, o truque preferido por esses
invisíveis, desde há muito, consiste em soprar a discórdia e
a .perturbação nos meios espíritas, pregando, ao lado de frases
impressionantemente evangélicas, ideias contrárias à teoria da reencarnação.
Aqui,
em nosso Brasil, o processo de que se utilizam é semelhante; mudando, porém, a
tecla para o combate contra a teoria do corpo fluídico, já que nada
conseguiriam com a tática usada além-mar.
Ainda
agora, apresentaram-me à leitura uma mensagem anônima, publicada em um dos
nossos jornais espíritas, com grande destaque, quase espalhafatoso, visando
exatamente o fim a que acima me referi, ou, pior ainda, porque não respeita
sequer o direito de uma sociedade pregar, sem imposição, o programa que lhe vem
desde a sua fundação.
Examinemo-la
sucintamente:
O
Espírito comunicante coloca-se no anonimato para contradizer um Espírito reconhecido
por Humberto de Campos como um dos grandes missionários, e trata da questão com
sofismas e processos terrenos: troca o nome de Roustaing, por Rolando, coisa
pouco recomendável para um Espírito que pretende ser um missionário encarregado
desde o século passado em combater o "erro de Roustaing", seu velho
"amigo".
A
linguagem não reflete inteligência lúcida e ponderada, e a própria gramática
não é respeitada, notando-se tropeções deste jaez: "- que a
tanto tempo"; que a muito; etc., etc. No começo da mensagem disse o comunicante ter
encontrado Roustaing "atarefado para completar o edifício cujos alicerces fizera quando encarnado", no entanto, no fim da mesma, diz que Roustaing o encarregou de vir à
Terra destruir o referido edifício: "não avalias os meus sofrimentos - disse-lhe, então Roustaing - peço que cooperes comigo no trabalho de
destruição desses erros por mim semeados, a fim de que o meu pobre Espírito
possa se redimir ...”
Finalmente,
após defender o aparelho de que se serviu, o comunicante prega o combate à
única Casa que há sessenta anos vem espalhando as obras de Kardec pelo mundo,
obras que os companheiros do comunicante fizeram desaparecer de todos os países
da Europa, por processos que tais.
Muito
poderíamos extrair da "mensagem” que nos enviaram a estudo. Cremos, porém,
ter apresentado o suficiente para que o leitor possa julgar, por si mesmo, do
"valor" da formidável comunicação.
Outra
"mensagem" me enviou o mesmo amigo: Esta, porém, não merece
comentada.(!) Guillon Ribeiro, o homem que viveu vinte anos na
Federação, que ensinou seus filhos a amar a Casa a que serviu; Guillon Ribeiro, que durante
anos recebeu cartas afrontosas, em baixo calão, de um certo diretor
espiritual-humano, agora, logo após o seu passamento, abandonou a Federação e
procurou o centro do "tal" para comunicar-se em termos condenatórios
da sua própria obra. (!)
Esta
é por demais ridícula. Não merece sequer citada.
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