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Didaquê
Espírita
compilação e coordenação
Carlos Lomba
Ed.FEB 1948
CAPÍTULO V
a/d
MORAL ESPÍRITA
112. Que definição se pode dar da moral?
- É a sabedoria que nos
faz distinguir o bem do mal, e viver-se uma vida limpa e pura. A moral bem cultivada é o estado da mais
perfeita saúde da alma.
113. Corno encontrar-se, entre os homens, o mais sublime modelo de
perfeição moral,?
- A inexcedível
perfeição moral entre os homens, na Terra, foi Jesus. Imitá-Lo, é dever dos
cristãos.
114 . O homem tem por si mesmo os meios de distinguir o bem do mal?
- Sem dúvida que sim.
Nunca poderá enganar-se se tiver sempre em lembrança este ensino de Jesus: “Nunca façais aos outros o que não quiserdes
que se vos faça, e fazei-lhes tudo quanto quereríeis que vos fizessem.”
115. Quais os maiores inimigos do homem?
- O homem, pelo seu
orgulho, vaidade, ambição, egoísmo, inveja, sensualismo e ignorância, é o
verdugo de si mesmo.
116. Quando somos mais culpados de uma falta?
- Quando sabemos melhor
o que fazemos. O mal, do mesmo modo que o bem, obra de tal forma que nem sempre
se pode apreciar a extensão dos seus efeitos. Não é possível beneficiar ou prejudicar
alguém, sem que geralmente se beneficie ou se prejudique a várias outras
pessoas ao mesmo tempo.
117. Necessita DEUS ocupar-se de cada um dos nossos
atos para nos recompensar ou castigar?
- Não. DEUS
tem leis imutáveis que regulam todas as nossas ações de uma só vez.
118. Aquele que não faz o mal, mas que coparticipa dele pelo pensamento,
é também culpado?
- É como se o houvesse
feito e por isso participa das suas consequências.
119. O desejo do mal é tão repreensível como o próprio mal?
- Conforme: há virtude-
em resistir voluntariamente ao mal, cujo desejo se sente, e sobretudo quando há
possibilidade de realizá-lo . É, porém, condenável o desejo do mal quando se
deixa de executá-lo unicamente por falta de ocasião.
120. É bastante deixarmos de fazer o mal para assegurarmos a nossa
felicidade futura?
- Para assegurar a
felicidade futura é necessário fazer-se todo o bem que for possível, pois o
homem é responsável não só pelo mal que houver feito, mas igualmente pelo bem
que, podendo fazer, não o fez!"
121. Haverá pessoas que não possam fazer o bem?
- Todos podem fazer o
bem, e somente ao egoísta falta ocasião para o praticar. Fazer o bem não é somente
dar dinheiro, mas nos fazermos úteis de qualquer forma e em quaisquer
condições, visando a lei do amor e da caridade.
122. Haverá diferentes graus no mérito do bem?
- O mérito está no
sacrifício e deixa de existir quando o bem nada custa ou é feito sem trabalho.
Tem mais mérito o pobre que dá metade do seu pão, do que o rico que dá o
supérfluo. Jesus assim o demonstrou
quando se referiu à esmola da viúva.
123. Toda a Lei Divina está contida na máxima do amor ao próximo,
ensinada por JESUS?
- Sim. Ela encerra
todos os deveres dos homens, entre si mesmos.
124. O trabalho é uma lei de DEUS?
- Indubitavelmente,
pois que é ele uma necessidade para as nossas almas, em particular, e para as
coletividades, em geral.
125. Devemos considerar como trabalho somente as ocupações materiais?
- Toda ocupação útil é
trabalho. O Espírito também trabalha.
126. Para que foi imposto ao homem o trabalho?
- O trabalho é o meio
de aperfeiçoar e iluminar a inteligência, e com ele o homem assegura seu
progresso, bem-estar e felicidade. Se não fora o trabalho, jamais sairíamos da
nossa infância intelectual.
127. Nos mundos mais adiantados o homem está submetido à mesma
necessidade do trabalho?
- Nada permanece
inativo e inútil, pois a ociosidade seria um suplício, antes que um benefício.
128. Quem possui fortuna suficiente para assegurar a sua existência, na
Terra, está livre do trabalho?
- Do trabalho material,
sim, porém não da obrigação de se fazer útil, segundo os seus recursos, ou de
aperfeiçoar sua inteligência e a dos outros. Tudo isso oferece trabalho e tanto
maior é esse dever quanto mais recursos e tempo se tiver.
129. Que devemos pensar dos que abusam da sua autoridade para impor aos
seus infreriores um trabalho excessivo?
- É uma ação má,
condenável, pois que infringe a lei de DEUS.
130. O homem tem direito ao descanso, na sua velhice?
- Sim, pois que cada um
está apenas obrigado até onde chegam as suas forças.
131. Que recurso tem o ancião que precisa trabalhar para viver e não
pode fazê-lo?
- O forte deve sempre
trabalhar para o que estiver fraco, e, na falta da família, a sociedade deve
socorrê-lo. Esta é a lei da caridade.
132. O matrimônio, isto é, a união permanente de dois seres é contrária
à lei natural?
- O matrimônio
representa um grande progresso da sociedade.
133. Qual é mais conforme com a lei natural, a monogamia ou a poligamia?
- A monogamia, sem
dúvida, porque o matrimônio deve ser fundado no mais puro e nobre afeto entre
os seres que se unem. Na poligamia não há afeto real, mas a predominância da
amoralidade, a serviço dos mais inferiores instintos do homem, razão por que
ela tende a desaparecer pouco a pouco da face da Terra.
134. O celibato voluntário é meritório?
- Não; os que vivem
assim, por egoísmo ou força de convenções, não praticam a vida normal e fogem
às exigências da moralidade.
135. A vida de mortificações ascéticas tem algum mérito?
- Não, pois que não
aproveita a ninguém; se aproveitar a quem a pratica e se impedir de fazer o bem
a outrem, ela é ainda uma das formas do egoísmo...
136. Quando a reclusão e as privações penosas têm por objetivo uma
expiação, há nelas algum mérito?
- A melhor expiação é
resgatar o mal com todo o bem que se puder fazer.
137. Há privações voluntárias que sejam meritórias?
- Sim, as dos prazeres
materiais, porque nos desprendem da matéria e elevam nossa alma.
138. Que devemos pensar da mutilação do corpo do homem e dos animais?
- Tudo quanto for
inútil não terá mérito. Para dominar a
matéria terrestre, basta praticar a lei divina, que é a Caridade.
139. É fundada na razão a abstenção de certos alimentos, prescrita a
diversos povos?
- Não, porque tudo o
que não for em prejuízo da saúde, está permitido por DEUS.
140. É meritória a abstenção do alimento animal ou de qualquer outra
espécie, quando a fazemos por expiação?
- Sim, quando nos
privamos deles em benefício de outrem.
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