02 (págs.
115-116) Extratos de
‘O Espírito Consolador’
ou ‘Os
Nossos Destinos’
por P. V. Marchal
in ‘O Espírito Consolador’- 1914
versão da 2ª edição francesa
da Typographia da Emprêsa Litteraria e Typographica
Porto, Portugal
“...Se
somente a nossa existência atual há de decidir da nossa sorte futura, se por única perspectiva temos, ou, o inferno eterno, ou o
paraíso eterno, que será das tribos selvagens?
Poder-se-á supor que um feroz canibal, apenas
porque receba na fronte algumas gotas d'água, depois de ter vivido de carne
humana, alcançará de um salto a bem aventurança de que naturalmente gozam um Fenelon
ou um São Vicente de Paula? Qual será a sorte dos milhares de infiéis que
viveram e morreram sem conhecer o Deus verdadeiro, sem ter ouvido falar do seu
Vigário infalível?
Respondem-nos que serão condenados e que não nos cabe sondar
os desígnios de Deus. Mas foi Deus quem nos outorgou a razão e esta razão nos
clama que Deus não pode ser injusto, Aí está porque repudiamos a teologia cruel
da Idade Média, para escutar o Espirito Consolador que nos diz: “A cada um
segundo suas obras.”. Aquelas tribos selvagens ascenderão um dia ao nível dos
povos civilizados; aquelas nações pagãs ou bárbaras se tornarão cristãs em
existência posterior; todos, enfim, chegaremos, cedo ou tarde, à beatitude, de
acordo com a generosidade dos nossos esforços e o ardor da nossa boa vontade.”
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