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Didaquê
Espírita
compilação e coordenação
Carlos Lomba
Ed.FEB 1948
CAPÍTULO IV
ESPIRITISMO
JOÃO – Cap. XV, v. 26: "Mas quando vier o Paracleto, que eu vos
enviarei da parte do PAI, o Espírito da Verdade, que procede do PAI,
esse dará testemunho de mim".
FASE da real1zacão da promessa de JESUS- O ESPIRITISMO,
a TERCEIRA REVELACÃO ou o
CONSOLADOR prometido,
sob a égide esclarecedora do ESPÍRITO DA VERDADE.
"Assim como o
Cristo dissera que não vinha destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento, o
Espiritismo também não veio destruir a lei cristã, mas cumpri-la. Nada ensina
contrariamente ao que o Cristo ensinara, e desenvolve, completa e elucida em
termos claros para toda a gente o que fora dito por forma alegórica. Vem
realizar nos tempos preditos o que Ele anunciara, e preparar o cumprimento das
coisas futuras. É portanto a Sua obra, presidida por Ele mesmo, conforme
igualmente havia anunciado para a regeneração que se opera e com a qual se
prepara o reinado de DEUS na Terra." - Allan
Kardec.
SÍNTESE DOS PONTOS PRINCIPAIS DA DOUTRINA ESPíRITA
Esta parte doutrinária,
não apresentada sob forma de perguntas e respostas, compete aos pais ou
professores desenvolvê-las com explicações tanto quanto possível singelas,
simples e claras, procurando harmonizar-se com o alcance e a possibilidade
intelectual das crianças. É uma questão de paciência e de habilidade didáticas.
65. DEUS
é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
66. Criou o Universo
que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais, e imateriais.
67. Os seres materiais
constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais o mundo invisível ou espírita, isto é, o mundo dos Espíritos.
68. O mundo espírita é
o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
69. O mundo corporal é
secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por
isso se alterasse a essência do mundo espírita.
Os Espíritos revestem
temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte
lhes restitui a liberdade.
70. Entre as diferentes
espécies de seres corpóreos, DEUS escolheu a espécie humana para
a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento,
dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.
71. A alma é um
Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
72 . Há no homem três
coisas: o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo
princípio vital; a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo;
finalmente o perispírito, isto é - o laço que prende a alma ao corpo, princípio
intermediário entre a matéria e o Espírito.
73 . Tem assim, o homem
duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos
lhes são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
74. O laço ou
perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semi material.
75. A morte é a
destruição do invólucro mais grosseiro - o corpo. O Espírito conserva o segundo
- o perispírito que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado
normal, mas que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como
sucede no fenômeno das aparições.
76. O Espírito não é,
pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É
um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela
vista, pelo ouvido e pelo tato.
77. Os Espíritos
pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em
inteligência, nem em saber, nem em moralidade.
78. Os da primeira
ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua
perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de DEUS; pela pureza de seus
sentimentos e por seu amor ao bem: são Espíritos purificados ou anjos.
79 Os das outras
classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os
das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio,
a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se no mal.
80. Há também, entre os
inferiores, os que não são nem bons nem muito maus, antes enredadores e
perturbadores, do que perversos. A malícia e as inconsequências parecem ser o
que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos.
81. Os Espíritos não
ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram, passando pelos
diferentes graus de hierarquia Espírita. Esta melhora quase sempre se efetua por
meio da encarnação que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A
vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, quando rebeldes, até que hajam atingido a absoluta
perfeição moral.
82. Deixando o corpo, a
alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra; e só voltará para uma nova
existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual
permanece no estado de Espírito errante. Há entre esta doutrina da reencarnação
e a da metempsicose, como a admitem certas seitas, uma diferença característica, que é explicada em ‘O Livro dos Espíritos’.
83. Tendo o Espírito
que passar por muitas encarnações, segue-se que todos temos tido muitas
existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na
Terra, quer em outros mundos.
84. A encarnação dos
Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro ou má fé acreditar-se que
a alma ou o Espírito possa encarnar no corpo de um animal.
85. As diferentes
existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas;
mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços e trabalhos que faça para
chegar à perfeição.
86. As qualidades da
alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a
encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.
87. O Espírito possuía
sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado
do corpo, pelo fenômeno a que vulgarmente se chama morte.
88. Na sua volta ao
mundo dos Espíritos, encontra ele todos aqueles que conhecera na Terra, e todas
as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de
todo o bem e todo o mal que fez.
89. O Espírito
encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta
influência, pela elevação e depuração de sua alma, aproxima-se dos bons
Espíritos, em cuja companhia um dia estará.
90 . Aquele que se
deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação de
apetites grosseiros, aproxima-se dos Espíritos impuros, dando preponderância à
sua natureza animal.
91. Os Espíritos
encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
92. Os não encarnados
ou errantes, alguns ocupam regiões determinadas e circunscritas; ao
passo que outros estão por toda parte no espaço e ao nosso lado,
vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível,
regida por Leis Divinas, a mover-se em torno de nós.
93. Os Espíritos
exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo físico. Atuam sobre a
matéria e sobre o pensamento, constituem uma das potências da Natureza, e são
causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal
explicados, e que não encontram explicação racional, senão no Espiritismo.
94. As relações dos
Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o
bem, sustentam-nos nas provas da vida e ajudam-nos a suportá-las com coragem e
resignação. Os maus nos impelem para o mal; é-lhes uma felicidade ver-nos
sucumbir e assemelhar-nos a eles.
95. As comunicações dos
Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas verificam-se pela
influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso
juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas dão-se
por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase
sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.
96. Os Espíritos se
manifestam espontaneamente ou mediante evocação.
97. Podem evocar-se
todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os das
personagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido;
os de nossos parentes, amigos ou inimigos, e obter-se deles, através de comunicações
escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se
encontram no Além; sobre o que pensam a nosso respeito, assim como revelações
que lhes sejam permitidas fazer-nos.
98. Os Espíritos são
atraídos na razão da simpatia que lhes inspira a natureza moral do meio que os
evoca.
99. Os Espíritos
superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e o
desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem.
100. A presença dos
Espíritos superiores afasta os inferiores. Entre as pessoas más, reunidas, os
Espíritos maus encontram livre acesso e podem obrar, com relativa liberdade,
iludindo e aconselhando os mais frívolos, curiosos, invigilantes, perversos e
viciosos, a quantos, enfim, sejam portadores de maus instintos. Longe de se
obterem bons conselhos ou informações úteis, deles só se devem esperar
futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas
vezes tomam nomes venerados, com o fim de melhor induzirem os desprevenidos e interesseiros a graves erros.
101. Distinguir os bons
dos maus Espíritos é extremamente fácil.
102. Os Espíritos
superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais
alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria
lhes transparece dos conselhos que objetivam sempre o nosso melhoramento e o
bem da Humanidade.
103. A linguagem dos
Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, amiúde trivial e até
grosseira. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes
dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade
dos homens e se divertem à custa dos que os interrogam, lisonjeando lhes a
vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças.
104 . Em resumo: as
comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só são dadas nos Centros
sérios, onde reine íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o Bem.
105. A moral dos
Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica:
FAZER AOS OUTROS O QUE QUERERÍAMOS QUE OS OUTROS NOS FIZESSEM, isto é - fazer
sempre o bem e nunca o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra
universal de proceder, regra mesmo aplicável em suas menores ações.
106. Os Espíritos
superiores insistem e repetem frequentemente os seguintes ensinamentos: que o
egoísmo, o orgulho e a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza
animal, que o homem, que já neste mundo se desliga da matéria, desprezando as
futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual;
que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e meios que DEUS
lhe pôs nas mãos, para experimentá-lo; que o FORTE e o PODEROSO devem amparo e
proteção ao FRACO, porquanto transgride a lei de DEUS aquele que abusa da
força e do poder, para oprimir seu semelhante.
107. Ensinam,
finalmente, que no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita
será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas; que a presença
inevitável e de todos os instantes daqueles para com quem houvermos procedido
mal, constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de
inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos,
desconhecidos na Terra.
Do Blog: O número 108 não consta do original.
Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de
consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem
avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para
a PERFEIÇÃO, que é o seu destino final.
109. Cada ser humano
conduz, dentro de si mesmo, em sua consciência, que é patrimônio da alma - o
Inferno ou o Céu. As reencarnações depuram a alma, expungindo a do inferno das
suas misérias e iniquidades, abrindo-lhe cada vez mais o caminho do Céu pela
dor que redime, que depura, que enobrece, que eleva, purifica e sublima os seus
sentimentos, pois que é ela, a sofrida com paciência, amor, resignação e humildade,
a moeda com que alma, que evolve, paga as suas dívidas passadas e presentes.
110. Tal a Justiça de DEUS,
pois que foi assim que Jesus sentenciou: “Quem com a espada fere, com a espada
será ferido", o que equivale a dizer: sereis medidos com a mesma medida
com que medirdes.
111. Nascer, viver, morrer, renascer, progredir
continuamente - tal é a Lei.
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