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quinta-feira, 25 de abril de 2013

01. 'O Espírito Consolador' (extratos)


o1 (págs. 110-111)                      Extratos de
 ‘O Espírito Consolador’
ou ‘Os Nossos Destinos’
por  P. V. Marchal
in ‘O Espírito Consolador’- 1914
versão da 2ª edição francesa
 da Typographia da Emprêsa Litteraria e Typographica
Porto, Portugal



            “Para nós, uma criança que sofre é um Espírito encarnado a expiar faltas cometidas em anterior existência. Uma criança que vem ao mundo, ainda que por efeito de um crime, é um Espírito criado desde muito tempo, que tenta o desempenho de nova tarefa e sofre nova prova. Uma criança que morre é um Espirito cujo envoltório se destrói e que procurará outro, seja aqui, seja algures, depois de ter sido para seus pais motivo da conquista de novos motivo da conquista de novos méritos, pelas aflições que lhes causou.

            Que diremos das “crianças prodígios”, cujo aparecimento o nosso mundo, de tempos a tempos, testemunha? Pascal, aos doze anos, descobre a maior parte da geometria plana e, sem jamais haver recebido a menor lição de cálculo, revela o gênio de Euclides. O pegureiro Mangiamelo faz de cabeça cálculos que confundiriam qualquer diplomado da Escola Politécnica. Mozart, contando apenas quatro anos, executa ao piano uma sonata e, com oito, compõe uma ópera. Thereza Milanollo, quando ainda na infância, tocava violino de modo a assombrar as capitais da Europa. Rembrandt, primeiro que soubesse ler, desenhava como  grande mestre. E, ao lado dessas crianças miraculosas, quantas outras cujas aptidões, cujas réplicas dão que pensar e forçam os que as conhecem a predizer-lhes grandiosos destinos!

            São fatos e fatos que se não podem explicar senão pela preexistência da alma. Trazem os homens, ao nascerem, o capital intelectual, artístico ou moral que constituíram no decurso de suas vidas anteriores. Daí o fenômeno das “ideias inatas”, que tanto há preocupado os filósofos; daí as aptidões precoces e os gostos pronunciados, que determinam a “vocação”; daí as disposições místicas, que, tomadas em conjunto, constituem o “senso da santidade”.”


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