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Ciência Religião Fanatismo
por MINIMUS (A.
Wantuil de Freitas)
Ed. FEB
c.1938
Palestra 4 c/c
RELIGIÃO E
FANATISMO
O céu que oferecemos é conquistado
pelo esforço da criatura, despojando-se das imperfeições que adquiriu. Ele
existe na Terra, como em todos os mundos, visto habitar em nós mesmos. À
proporção que progredimos, aumentamos o nosso céu, ampliamos a nossa felicidade
e nos tornamos dignos de alçar voo para outros astros mais adiantados,
verdadeiros céus relativamente à Terra.
Os antigos julgavam ser o nosso
planeta o centro do Universo e a abobada que o circunda chamavam céu, ou seja
côncavo, conforme a significação primitiva da palavra. Não lhes sendo possível
colocar o Onipotente no centro da sua obra, como seria natural e lógico,
disseram-no no último céu, no mais distante, a que deram o nome de Empíreo,
deslocando, desse
modo, o Arquiteto para a periferia.
Com o progresso da ciência - humana,
essas teorias caíram no ridículo e, hoje, seus adeptos
não mais sabem onde fica o céu, e só o encontrarão, quando deixarem de estudar
os Evangelhos
pela letra.
Refusamos esse céu onde a criatura
se vê afastada dos filhos que foram para o inferno e
duvidamos que qualquer mãe o desejasse por prêmio, enquanto seus filhos se
queimassem nas fogueiras de Belzebu.
O nosso céu é bem mais racional,
cristão e divino. Preferi-mo-lo, apesar das lutas que teremos
para conquistá-lo, ao céu que se adquire pelo fanatismo, ao paraíso da
imobilidade e da contemplação eterna, cuja simples suposição constitui uma
ofensa à justiça, à sabedoria e à bondade de Deus.
Refutamos o céu e o inferno das
velhas religiões, mas anunciamos que o sofrimento é
consequência da imperfeição; é o efeito, é o castigo merecido, inevitável e
depurador. Esse sofrimento, essa provação, esse castigo pode deixar de existir,
se o homem libertar-se da causa, que são as imperfeições.
Cansado de padecer e de viver no
inferno da dor, a criatura procurará conquistar o céu, voltando-se
para Jesus Cristo e seguindo-o, por isso que a dor é o esmeril das lapidações
do Espírito.
*
O Cristianismo foi sempre combatido
pelos cientistas, porque o clero o anunciava com milagres,
mas não os sabia explicar senão com a palavra - mistério. Esses milagres, que
nada mais são que fenômenos naturais, são hoje provados documentadamente pelo
Espiritismo, Religião-Ciência, que vem reafirmar a pura Doutrina Cristã, evidenciando
insofismavelmente a imortalidade da alma com experiências tangíveis, já
confirmadas por centenas de cientistas alheios ao nosso meio.
Sorrimo-nos, quando nos chamam
instrumentos do diabo; assim também procederam com
Franklin, o gênio que descobriu o para raios.
Eles receberam como heresia essa
descoberta, julgando-a ofensiva ao Criador, e, nesse combate,
tiveram, como sempre, ao seu lado, as academias da ciência oficial, que taxaram o
inventor de visionário.
Nos dias que correm, em que os
verdadeiros cientistas têm liberdade de proclamar suas ideias,
eles só têm aos seu lado os politicóides, os negocistas e os fanáticos, que se
não envergonham das "Nossas Senhoras", que se multiplicam sob nomes
os mais extravagantes e dos "Bom Jesus", que se localizam em certas
zonas, como canalizadores de rendas.
Antigamente entravam nas guerras
auxiliando os reis, seus aliados, partilhando, no final, os lucros da
conquista; hoje os governos não os querem, porque já lhes não reconhecem poder
sugestionador sobre as massas.
Ao aliarem-se aos poderosos da
Terra, desrespeitaram os ensinos do Mestre, perdendo, desta
maneira, a popularidade de que sempre gozaram, até a sua oficialização por
Constantino.
Abandonaram os fracos e os oprimidos
para se juntarem aos fortes e aos opressores.
Aí temos a consequência: - o ateísmo
de todas as camadas sociais.
Começaram a usar a tiara no ano 314,
a ter papas de doze anos de idade, a assassina-los
no fim de alguns dias de eleitos, a negociar o báculo pontifical, e acabaram no
estado presente, em que não há mais nenhum respeito aos Evangelhos. Só a
poderosa família Conte deu
nove papas a Roma, todos descendentes de Inocêncio III.
E, agora, sentindo a aproximação da
queda, alegam aos governos dos poucos países, em que
lhes resta alguma autoridade moral, a necessidade de combater a
"praga" do Espiritismo, confessando que ela se alastra por todas as
camadas sociais, sem perceberem que essa notícia
é a plena confissão que fazem do valor da nossa doutrina, que se não poderia
propagar, tão celeremente, se não tivesse lógica e moral, raciocínio e base.
Das tremulações das pernas de uma
rã, nasceu a luz material; das pancadinhas da perna de uma mesa, veio-nos a luz
espiritual.
Ambas foram recebidas com desprezo,
não obstante acabaram iluminando os que delas se riram. Hoje não nos preocupa a
rã e a mesa mas as luzes que delas sobrevieram.
E, agradecendo a Deus a felicidade
que nos trouxe essa Luz do Consolador, imploramos-lhe que a derrame
abundantemente, com as suas bênçãos, sobre a cabeça dos nossos perseguidores e
nos permita a graça de continuar falando à razão e à consciência humanas e de
concorrermos para a felicidade e harmonia da Terra, pregando aos homens a Justiça,
o Amor e a Caridade.
ESTATÍSTICA
Há no Brasil seguramente uns 80
jornais espíritas e uma infinidade de outros que mantêm em suas colunas secções
de Espiritismo.
Entre esses últimos, deparam-se nos
grandes diários que publicam, gratuitamente, o noticiário do movimento espírita
do Brasil.
De todos os jornais espíritas da
Terra de Santa-Cruz, o mais antigo e respeitado é o "Reformador",
órgão da Federação Espírita Brasileira, cuja redação fica à Avenida Passos, 30,
no Rio de Janeiro.
Dos muitos periódicos que vêm
pregando a doutrina, é justo que salientemos: O Clarim, A Aurora, Revista
Espírita do Brasil, Mundo Espírita, Novo-Horizonte, Revista Internacional de
Espiritismo, O Revelador, Jornal-Espírita, Avante, A Verdade, Folha- Espirita,
Verdade e Luz, Alpha, A Revelação, Obreiros do Bem, O Espírita-Mineiro, O
Consolador, A Seara, 23-de-Setembro, O Legionário, O Sol, A Alvorada, O Pharol,
A N ova- Era, O Nosso-Guia, Alvorada d'uma Nova Era, A Voz, O Semeador, Raio de
Luz, Bezerra de Menezes, Lux, Macaé-Espírita, A Cruzada, A Luz, S.
Paulo-Espírita, A Palavra, Evolução, A Reincarnação, A Aliança, Alma e Coração,
A Voz dos Espíritos, A Voz do Consolador, O Caminho, etc.
É de notar que, enquanto os jornais
católicos e protestantes têm tiragens que raramente atingem a 3 ou 4 mil
números, os espíritas chegam a acusar tiragens de 45.000 exemplares.
Quanto aos livros, raramente as
obras católicas e protestantes vão além de mil exemplares por publicação
entretanto as espíritas ascendem a 130.000, e suas vendas a cifras inverossímeis,
Só uma das livrarias espíritas do País registrou, no seu último balanço, a
saída de oitenta mil volumes em 1937.
Por esses ligeiros dados, comprovada
está a difusão ampla do Espiritismo no Brasil, onde, sem computarmos os
milhares que funcionam em residências familiares, se contam para mais de três
mil centros, todos devidamente registrados de acordo com as exigências das leis
vigorantes no País.
Fim
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