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Didaquê
Espírita
compilação e coordenação
Carlos Lomba
Ed.FEB 1948
CAPÍTULO VII
OS ESPÍRITOS
b/b
282. O Espírito recorda-se das suas passadas existências?
- Sim, se ele o deseja;
do mesmo modo que um viajante procura recordar-se das peripécias da sua viagem.
283. O invólucro material é um obstáculo à livre manifestação das
faculdades do Espírito?
- Sim, do mesmo modo
que um vidro opaco se opõem à livre emissão da luz.
284. Depois da morte, os Espíritos conservam o amor da pátria?
- Para os Espíritos
elevados a pátria é o Universo. Na Terra, a pátria, para eles, está onde se
achem as pessoas que lhes são simpáticas.
285. Os Espíritos são sensíveis à recordação daqueles a quem amaram na
Terra?
- Muito, e essa
recordação aumenta sua felicidade, se já são felizes; ou lhes serve de alívio,
se são desgraçados.
286. Serão eles sensíveis às honras que se fazem aos seus despojos
mortais?
- Em geral não, porque
compreendem a futilidade de todas essas coisas, mas há alguns que conservam em
parte as preocupações materiais.
287. O Espírito que se considerasse bastante feliz em certo meio poderia
estacionar-se indefinidamente nesse estado?
- Indefinidamente não,
pois o progresso é uma necessidade que cedo ou tarde é sentida pelo Espírito.
Todos devem progredir, eis o destino.
288. Os Espíritos participam de nossas desgraças e se afligem com os
males que nos atingem?
Os Espíritos bons
participam de nossas alegrias e se afligem quando não suportamos com resignação
o a que chamamos males, pois vêm que assim não tiraremos resultado, por agirmos
qual enfermo que recusa o remédio que o deve curar.
289. Quais dos nossos males afligem mais os Espíritos bons serão os
físicos ou os morais?
- Os morais. Eles se
afligem pelo nosso egoísmo e dureza de coração, pois é daí que se origina todo
o mal.
290. Que se deve entender por anjo de guarda?
- Um Espírito de ordem
elevada que nos assiste durante nossa permanência na Terra, e que nos aconselha
por intermédio da nossa consciência.
291. Os Espíritos podem aliviar o mal de alguém e atrair a prosperidade?
- As leis divinas são
imutáveis e todos têm de se submeter a elas; mas, não obstante, os Espíritos
podem ajudar-nos a ter paciência e resignação para suportarmos os males que nos
devem conduzir ao bom caminho, bem como transmitir-nos intuições que nos sejam
benéficas.
292. Os Espíritos têm alguma outra ocupação a não ser a de se melhorarem
individualmente?
- Sim, pois a vida
espírita é movimento e ação constantes e nada tem de penosa para os bons
Espíritos.
293. Em que consiste a felicidade dos Espíritos bons?
- Em não ter ódios,
inveja, ambição ou quaisquer das paixões que fazem desgraçados os homens. O
amor que os une é para eles origem de suprema felicidade, e são felizes pelo
bem que praticam.
294. Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?
- Em invejarem tudo o
que lhes falta para serem felizes, e não quererem trabalhar para que venturosos
se tornem. Também se martirizam no ódio, no desespero e na ansiedade em que se
debatem.
295. Quais os maiores
sofrimentos que os Espíritos podem experimentar?
- Não se podem
descrever todos os sofrimentos morais correlativos a certos crimes; entretanto,
o maior castigo que eles podem sofrer é a CRENÇA DE ESTAREM ETERNAMENTE
CONDENADOS.
296. Donde procede a doutrina do fogo eterno?
- Imagem, como muitas
outras, tomada pela realidade, e que já não atemoriza ninguém, pois que
atualmente já se sabe ser ele a dor que nos desperta para o cumprimento dos
nossos deveres.
297. Os Espíritos inferiores compreendem, a felicidade do justo?
- Sim, e isso é que faz
o seu suplício.
298. Pode ser eterna a duração dos sofrimentos?
- Não, porque Deus não
criou seres consagrados eternamente ao mal. Tarde ou cedo sentirão eles o
irresistível desejo de saírem do seu estado de inferioridade e serem felizes.
299. O Espírito separado do corpo pode comunicar-se conosco?
- Sim, pode e fá-lo
muitas vezes.
300. Por que meio o faz?
- Servindo-se dos
médiuns.
301. Que vem a ser um médium?
- É uma pessoa apta a
receber as comunicações dos Espíritos, seja pela escrita, pela audição, pela vidência
ou por qualquer outro meio.
302. Todos podem ser médiuns?
- Sim; em geral, todos
podem cultivar a mediunidade, exercitando-se pacientemente durante um tempo
mais ou menos longo.
303. A mediunidade é útil àquele que a possui?
- Sim; e não somente a
ele, mas a todos em quem os ensinamentos dos Espíritos podem inspirar
pensamentos salutares, sentimentos louváveis.
304. Todos os Espíritos se podem comunicar?
- Sim, quando a LEI o
permite.
305. Porque concede a LEI essa permissão aos Espíritos maus?
- Para servirem de
ensino aos homens, mostrando-lhes a que triste estado os maus se acham
reduzidos no outro mundo; e para que, por nossas instruções e nossas preces,
eles adquiram bons sentimentos e se regenerem.
306. Como reconhecemos que um Espírito é bom?
- Por suas
comunicações, que não podem deixar de ser morais; por sua linguagem, que nunca
será frívola e lisonjeira, seja para si próprio, seja para aqueles a quem se
dirige.
307. Como devemos tratar os Espíritos maus, atrasados e imperfeitos?
- Devemos moraliza-los,
instruí-los e orar por eles.
308 Quais são as principais mediunidades?
- São: a tiptológica, a
sematológíca, a psicográfica, a auditiva, a vidente, a sonambúlica, a intuitiva
e a de materializações.
309. Explicai esses termos.
- O médium tiptólogo
recebe as comunicações dos Espíritos por pancadas, mais ou menos fortes, nos
objetos materiais que o cercam; o sematólogo, por sinais com antecedência
combinados, como o movimento de móveis em sentido determinado; o psicógrafo,
por escrito; o auditivo, ouvindo-lhes a voz; o vidente, vendo seus
perispíritos, que então tomam a forma que tiveram na vida terrena; o sonâmbulo,
emprestando-lhes o seu corpo, do qual o Espírito se apossa momentaneamente,
servindo-se dele como se fosse o seu próprio; e o de materializações
prodigalizando-lhes seus fluidos animalizados para que, combinando-os com os
que se encontram no espaço, o Espírito apresente uma forma visível e tangível
para todos.
310. Quais são os melhores médiuns?
- Os que recebem
comunicações de grande elevação moral.
311. Qual deve ser a conduta dos médiuns?
- Como a sua faculdade
lhes pode ser retirada, nunca devem abusar dela, seja para a satisfação de vã
curiosidade ou para outro qualquer fim sem utilidade proveitosa à instrução e
ao progresso de todos.
312. A mediunidade será uma novidade?
- Não; ela foi
praticada em todos os tempos; porém, em consequência do abuso que disso faziam,
Moisés proibiu a sua prática aos Israelitas, realmente, então, incapazes de
compreendê-la na sua finalidade divina.
313. Citai algumas provas da antiguidade dos médiuns.
- Sócrates era
inspirado por um Espírito familiar. Saul evocou o Espírito de Samuel.
314. Há vantagem em praticar o Espiritismo?
- Sim, contanto que se
não fanatize e nem se perverta a sua finalidade.
315. Como se deve praticá-lo?
- Desenvolvendo-se as
mediunidades, assistindo regularmente às sessões de evocações, moralizando os
Espíritos inferiores ou ajudando os sofredores, e, finalmente, seguindo os
conselhos dos Espíritos guias.
316. Como se pode desvirtuar o Espiritismo e acarretar consequências
perigosas?
1º. Fazendo evocações para divertir-se;
2º. recebendo comunicações pueris;
3º. evocando Espíritos contra pagamento dos que desejam ouvi-los.
317. Há perigo para alguém em receber comunicações, estando só?
- Sim; perigo real. Os
médiuns que sistematicamente as recebem, nessas condições, ficam quase sempre
obsidiados no fim de pouco tempo.
318. Pode-se assistir a reuniões espíritas com toda classe de gente?
- Não; somente com
pessoas sérias, que se reúnam para o bem.
319. Deve-se procurar ser médium?
- Sim; para ser-se útil
aos homens, aos Espíritos e a si próprio.
320. É permitido ao médium recusar seus serviços?
- A mediunidade é um
dom provindo de DEUS e o médium não deve recusar seu concurso a uma obra útil.
321 . Que condições devem concorrer para uma boa sessão de evocação?
- O recolhimento, a
prece, a paz de consciência e o desejo de fazer o bem.
322. Os Espíritos podem ter influência sobre nós, quando nos achamos
fora das reuniões espíritas?
- Sim; e essa
influência, apesar de nem sempre desconfiarmos dela, não deixa de ser real e
muito importante.
323. Todos estão sujeitos a essa influência?
- Sim; mesmo os que não
conhecem o Espiritismo.
324. Como se exerce ela?
- Os Espíritos obram
sobre o nosso pensamento, sem que nos apercebamos disso; eles atuam, muitas
vezes, materialmente sobre nós, pelo emprego do fluido, como faz o
magnetizador.
325. Essa influência é sempre boa?
- Depende do sentimento
do Espírito: se ele é bom, sua influência é salutar; se é mau, a influência é
perniciosa. Convém pois chamar a si os bons Espíritos e afastar os maus.
326. Como DEUS, que é bom, permite que os maus Espíritos nos venham
induzir ao mal ou fazer-nos sofrer?
- Para nos
experimentar. Porque permite que o homem mau aconselhe os outros a praticarem
um crime? O caso é idêntico. Além disso, os Espíritos maus não podem fazer o
mal que desejam, sobretudo se a nós chamamos os bons.
327. Estarão os bons Espíritos dispostos a proteger-nos?
- Sim; se os chamarmos.
DEUS
deu a cada um de nós um protetor, guia, ou anjo de guarda.
328. Basta a oração para afastar os Espíritos perversos? .
- Certamente, não; é
preciso fazer-se sempre o bem, e nunca o mal.
329. Que é uma obsessão?
- A união de um
Espírito mau a uma pessoa, com o fim de atormentá-la e fazê-la praticar atos
ridículos ou maus. Nessas condições, pode mesmo tal pessoa ficar como se fosse
atacada de demência.
330. Os médiuns estão expostos à obsessão?
- Sim; quando se
envaidecem ou passam a aceitar, sem exame sério, tudo quanto os Espíritos
dizem.
331. Como podemos fazer cessar a obsessão?
1º. pela prece;
2º. pela moralização dos Espíritos maus;
3º. pelo abandono de todas as mediunidades que possuamos, trabalhando-se
a própria moralização.
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