quarta-feira, 1 de maio de 2013

12. Didaquê Espírita




12

Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO VII


OS ESPÍRITOS      b/b


282. O Espírito recorda-se das suas passadas existências?

            - Sim, se ele o deseja; do mesmo modo que um viajante procura recordar-se das peripécias da sua viagem.

283. O invólucro material é um obstáculo à livre manifestação das faculdades do Espírito?

            - Sim, do mesmo modo que um vidro opaco se opõem à livre emissão da luz.

284. Depois da morte, os Espíritos conservam o amor da pátria?

            - Para os Espíritos elevados a pátria é o Universo. Na Terra, a pátria, para eles, está onde se achem as pessoas que lhes são simpáticas.

285. Os Espíritos são sensíveis à recordação daqueles a quem amaram na Terra?

            - Muito, e essa recordação aumenta sua felicidade, se já são felizes; ou lhes serve de alívio, se são desgraçados.

286. Serão eles sensíveis às honras que se fazem aos seus despojos mortais?

            - Em geral não, porque compreendem a futilidade de todas essas coisas, mas há alguns que conservam em parte as preocupações materiais.

287. O Espírito que se considerasse bastante feliz em certo meio poderia estacionar-se indefinidamente nesse estado?

            - Indefinidamente não, pois o progresso é uma necessidade que cedo ou tarde é sentida pelo Espírito. Todos devem progredir, eis o destino.

288. Os Espíritos participam de nossas desgraças e se afligem com os males que nos atingem?

            Os Espíritos bons participam de nossas alegrias e se afligem quando não suportamos com resignação o a que chamamos males, pois vêm que assim não tiraremos resultado, por agirmos qual enfermo que recusa o remédio que o deve curar.

289. Quais dos nossos males afligem mais os Espíritos bons serão os físicos ou os morais?

            - Os morais. Eles se afligem pelo nosso egoísmo e dureza de coração, pois é daí que se origina todo o mal.

290. Que se deve entender por anjo de guarda?

            - Um Espírito de ordem elevada que nos assiste durante nossa permanência na Terra, e que nos aconselha por intermédio da nossa consciência.

291. Os Espíritos podem aliviar o mal de alguém e atrair a prosperidade?

            - As leis divinas são imutáveis e todos têm de se submeter a elas; mas, não obstante, os Espíritos podem ajudar-nos a ter paciência e resignação para suportarmos os males que nos devem conduzir ao bom caminho, bem como transmitir-nos intuições que nos sejam benéficas.

292. Os Espíritos têm alguma outra ocupação a não ser a de se melhorarem individualmente?

            - Sim, pois a vida espírita é movimento e ação constantes e nada tem de penosa para os bons Espíritos.

293. Em que consiste a felicidade dos Espíritos bons?

            - Em não ter ódios, inveja, ambição ou quaisquer das paixões que fazem desgraçados os homens. O amor que os une é para eles origem de suprema felicidade, e são felizes pelo bem que praticam.

294. Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?

            - Em invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes, e não quererem trabalhar para que venturosos se tornem. Também se martirizam no ódio, no desespero e na ansiedade em que se debatem.

            295. Quais os maiores sofrimentos que os Espíritos podem experimentar?

            - Não se podem descrever todos os sofrimentos morais correlativos a certos crimes; entretanto, o maior castigo que eles podem sofrer é a CRENÇA DE ESTAREM ETERNAMENTE CONDENADOS.

296. Donde procede a doutrina do fogo eterno?

            - Imagem, como muitas outras, tomada pela realidade, e que já não atemoriza ninguém, pois que atualmente já se sabe ser ele a dor que nos desperta para o cumprimento dos nossos deveres.

297. Os Espíritos inferiores compreendem, a felicidade do justo? 

            - Sim, e isso é que faz o seu suplício.

298. Pode ser eterna a duração dos sofrimentos?

            - Não, porque Deus não criou seres consagrados eternamente ao mal. Tarde ou cedo sentirão eles o irresistível desejo de saírem do seu estado de inferioridade e serem felizes.

299. O Espírito separado do corpo pode comunicar-se conosco?

            - Sim, pode e fá-lo muitas vezes.

300. Por que meio o faz?

            - Servindo-se dos médiuns.

301. Que vem a ser um médium?

            - É uma pessoa apta a receber as comunicações dos Espíritos, seja pela escrita, pela audição, pela vidência ou por qualquer outro meio.

302. Todos podem ser médiuns?

            - Sim; em geral, todos podem cultivar a mediunidade, exercitando-se pacientemente durante um tempo mais ou menos longo.

303. A mediunidade é útil àquele que a possui?

            - Sim; e não somente a ele, mas a todos em quem os ensinamentos dos Espíritos podem inspirar pensamentos salutares, sentimentos louváveis.
           
304. Todos os Espíritos se podem comunicar?

            - Sim, quando a LEI o permite.

305. Porque concede a LEI essa permissão aos Espíritos maus?

            - Para servirem de ensino aos homens, mostrando-lhes a que triste estado os maus se acham reduzidos no outro mundo; e para que, por nossas instruções e nossas preces, eles adquiram bons sentimentos e se regenerem.

306. Como reconhecemos que um Espírito é bom?

            - Por suas comunicações, que não podem deixar de ser morais; por sua linguagem, que nunca será frívola e lisonjeira, seja para si próprio, seja para aqueles a quem se dirige.

307. Como devemos tratar os Espíritos maus, atrasados e imperfeitos?

            - Devemos moraliza-los, instruí-los e orar por eles.

308 Quais são as principais mediunidades?

            - São: a tiptológica, a sematológíca, a psicográfica, a auditiva, a vidente, a sonambúlica, a intuitiva e a de materializações.

309. Explicai esses termos.

            - O médium tiptólogo recebe as comunicações dos Espíritos por pancadas, mais ou menos fortes, nos objetos materiais que o cercam; o sematólogo, por sinais com antecedência combinados, como o movimento de móveis em sentido determinado; o psicógrafo, por escrito; o auditivo, ouvindo-lhes a voz; o vidente, vendo seus perispíritos, que então tomam a forma que tiveram na vida terrena; o sonâmbulo, emprestando-lhes o seu corpo, do qual o Espírito se apossa momentaneamente, servindo-se dele como se fosse o seu próprio; e o de materializações prodigalizando-lhes seus fluidos animalizados para que, combinando-os com os que se encontram no espaço, o Espírito apresente uma forma visível e tangível para todos.

310. Quais são os melhores médiuns?

            - Os que recebem comunicações de grande elevação moral.

311. Qual deve ser a conduta dos médiuns?

            - Como a sua faculdade lhes pode ser retirada, nunca devem abusar dela, seja para a satisfação de vã curiosidade ou para outro qualquer fim sem utilidade proveitosa à instrução e ao progresso de todos.

312. A mediunidade será uma novidade?

            - Não; ela foi praticada em todos os tempos; porém, em consequência do abuso que disso faziam, Moisés proibiu a sua prática aos Israelitas, realmente, então, incapazes de compreendê-la na sua finalidade divina.

313. Citai algumas provas da antiguidade dos médiuns.

            - Sócrates era inspirado por um Espírito familiar. Saul evocou o Espírito de Samuel. 

314. Há vantagem em praticar o Espiritismo?

            - Sim, contanto que se não fanatize e nem se perverta a sua finalidade.

315. Como se deve praticá-lo?

            - Desenvolvendo-se as mediunidades, assistindo regularmente às sessões de evocações, moralizando os Espíritos inferiores ou ajudando os sofredores, e, finalmente, seguindo os conselhos dos Espíritos guias.

316. Como se pode desvirtuar o Espiritismo e acarretar consequências perigosas?

1º. Fazendo evocações para divertir-se;
2º. recebendo comunicações pueris;
3º. evocando Espíritos contra pagamento dos que desejam ouvi-los.

317. Há perigo para alguém em receber comunicações, estando só?

            - Sim; perigo real. Os médiuns que sistematicamente as recebem, nessas condições, ficam quase sempre obsidiados no fim de pouco tempo.

318. Pode-se assistir a reuniões espíritas com toda classe de gente?

            - Não; somente com pessoas sérias, que se reúnam para o bem.

319. Deve-se procurar ser médium?

            - Sim; para ser-se útil aos homens, aos Espíritos e a si próprio.

320. É permitido ao médium recusar seus serviços?

            - A mediunidade é um dom provindo de DEUS e o médium não deve recusar seu concurso a uma obra útil.

321 . Que condições devem concorrer para uma boa sessão de evocação?

            - O recolhimento, a prece, a paz de consciência e o desejo de fazer o bem.

322. Os Espíritos podem ter influência sobre nós, quando nos achamos fora das reuniões espíritas?

            - Sim; e essa influência, apesar de nem sempre desconfiarmos dela, não deixa de ser real e muito importante.

323. Todos estão sujeitos a essa influência?

            - Sim; mesmo os que não conhecem o Espiritismo.

324. Como se exerce ela?

            - Os Espíritos obram sobre o nosso pensamento, sem que nos apercebamos disso; eles atuam, muitas vezes, materialmente sobre nós, pelo emprego do fluido, como faz o magnetizador.

325. Essa influência é sempre boa?

            - Depende do sentimento do Espírito: se ele é bom, sua influência é salutar; se é mau, a influência é perniciosa. Convém pois chamar a si os bons Espíritos e afastar os maus.

326. Como DEUS, que é bom, permite que os maus Espíritos nos venham induzir ao mal ou fazer-nos sofrer?

            - Para nos experimentar. Porque permite que o homem mau aconselhe os outros a praticarem um crime? O caso é idêntico. Além disso, os Espíritos maus não podem fazer o mal que desejam, sobretudo se a nós chamamos os bons.

327. Estarão os bons Espíritos dispostos a proteger-nos?

            - Sim; se os chamarmos. DEUS deu a cada um de nós um protetor, guia, ou anjo de guarda.

328. Basta a oração para afastar os Espíritos perversos? .

            - Certamente, não; é preciso fazer-se sempre o bem, e nunca o mal.

329. Que é uma obsessão?

            - A união de um Espírito mau a uma pessoa, com o fim de atormentá-la e fazê-la praticar atos ridículos ou maus. Nessas condições, pode mesmo tal pessoa ficar como se fosse atacada de demência.

330. Os médiuns estão expostos à obsessão?

            - Sim; quando se envaidecem ou passam a aceitar, sem exame sério, tudo quanto os Espíritos dizem.

331. Como podemos fazer cessar a obsessão?
1º. pela prece;
2º. pela moralização dos Espíritos maus;
3º. pelo abandono de todas as mediunidades que possuamos, trabalhando-se a própria moralização.



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