João Batista
14,1 Por aquela época, o tetrarca Herodes* ouviu
falar de Jesus.
14,2 E, disse aos
seus cortesãos: “É João Batista que ressuscitou. É, por isso, que Ele faz
tantos milagres.”
14,3 Com efeito, Herodes havia mandado prender
e acorrentar João, e o tinha mandado meter na prisão, por causa de Herodíades,
esposa de seu irmão Felipe.
14,4 João
lhe tinha dito: Não é permitido tomá-la por mulher!
14,5 De boa mente o mandaria matar, temia,
porém, o povo, que considerava João um profeta.
14,6 Mas, na festa de aniversário de nascimento
de Herodes, a filha de Herodíades** dançou no meio dos
convidados e agradou a Herodes.
14,7 Por
isso, ele prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que lhe pedisse.
14,8 Por instigação de sua mãe, ela respondeu:
- Dá-me aqui, neste prato, a cabeça de João Batista.
14,9 O rei entristeceu-se, mas, como havia
jurado diante dos convidados, ordenou que lhe dessem
14,10 e
mandou decapitar João na sua prisão.
14,11 A
cabeça foi trazida num prato à moça, que a entregou à sua mãe.
14,12
Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo e o
enterraram.
Depois, foram dar a notícia a Jesus.
*O filho de Herodes Magno, chamado Ântipas.
**Salomé
Para Mt (14,1-12) -Morre
João Batista, encontramos a palavra de Antônio
Luiz Sayão, em “Elucidações Evangélicas”:
“Ditas e repetidas como sendo o que a voz pública afirmava com
relação a Jesus, estas palavras: É Elias;
é João Batista, que ressuscitou dentre os mortos; é Elias que voltou; é um dos antigos profetas, que ressurgiu,
bem como estas outras, que o rumor público levara Herodes a proferir: Pois que mandei cortar a cabeça a João
Batista, quem é este? - Este homem é
João Batista a quem mandei cortar a cabeça - João Batista ressuscitou dentre os mortos, confirmam a
existência, entre os Hebreus, da crença popular na reencarnação.
Efetivamente, os homens não poderiam ter a Jesus como sendo ou
Elias, ou João Batista, ou algum dos antigos profetas, que voltara a viver na Terra, senão admitindo que a alma, ou Espírito,
quer de Elias, quer de João, quer de um dos antigos profetas, reencarnara
naquele corpo que, conforme então acreditavam, era obra humana de José e de
Maria, os quais, como sabemos, passavam por ser o pai e a mãe do Salvador.”
Para
Mt
(14,1-12) -João Batista, vamos recorrer também a Luiz
Sérgio, por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus”:
“Vários outros assuntos foram
tratados na Universidade, para o nosso próprio aproveitamento, todavia, não
posso deixar de passar para vocês o que aprendi sobre João Batista. Ele, o
precursor de Jesus, fora o primeiro a anunciar o reino do Cristo e o primeiro a
sofrer. À nossa frente aparecia a figura de João, prisioneiro na fortaleza de
Herodes Antipas. O trabalho de João tivera lugar no território leste do Jordão,
que se achava sob o domínio de Antipas. Herodes escutava as pregações de João e
o admirava muito. Chegava mesmo a temê-lo, por ver nele a justiça e a honradez.
João o elucidava sobre o perigo da sua união com Herodíades, esposa de seu
irmão Filipe. Por algum tempo Herodes procurou esquecer a cunhada, porém,
mulher astuta que era, enlaçou-o mais firmemente em suas redes e tramou a
vingança contra João, induzindo Herodes a prendê-lo. Apesar dos amigos que
sempre o visitavam na prisão, levando notícias do Mestre, João - o querido
precursor de Jesus - sofria com a inatividade, vendo passar semana após semana.
Os discípulos de João não se conformavam. Sendo Jesus o Messias, por que nada
fazia Ele pela liberdade de João Batista ? Esta pergunta persistia na mente dos
discípulos de João. Como poderia Ele permitir que seu precursor ficasse preso e
talvez perdesse a própria vida? Enquanto João permanecia encarcerado, parecia
que Cristo contentava-se em reunir Seus discípulos em volta de Si, curar e
ensinar o povo. Ao mesmo tempo, Herodes e a vil amante consolidavam sua união,
e o clamor do pobre e sofredor bramia no céu da Galiléia. Os seguidores de João
não compreendiam a atitude de Jesus e foram falar com Ele. O Mestre nada lhes
disse e continuou a curar com o toque de Suas mãos e a ensinar o Evangelho ao
povo. Os discípulos de João foram chamados a Jesus que lhes disse:
“Bem aventurado é aquele que não se
escandalizar em mim”.
Os
discípulos levaram a mensagem e foi o suficiente.
João recordou-se da predição
concernente ao Messias. Isaías 61,1-2:
O
Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a curar os
quebrantados de coração; a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de
prisão aos presos e a apregoar no ano aceitável ao Senhor.
Foi então que João se recordou de
quando, como Elias, “...um grande e forte
vento fendia os montes, quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o
Senhor não estava no vento; e depois
do vento o terremoto, e também o Senhor não estava no terremoto, e depois do
terremoto o fogo, porém o Senhor não estava no fogo, e depois do fogo o Senhor
falou ao profeta por uma voz mansa: que fazes aqui, Elias? (I Reis 19,11-13)
Jesus fez a Sua obra sem armas
nem submissão de tronos ou reinos, mas falando ao coração dos homens por uma
vida de amor ao próximo. João compreendeu o que Jesus quis dizer: Era uma
branda repreensão a João, significando que devemos seguir Jesus, sem temer as
injúrias e os açoites. Muitos julgam que somente porque amam o Senhor estão
isentos dos sofrimentos. João Batista tinha de expiar sua falta, pois como
Elias deixou-se levar pela ira. Depois desse episódio com os discípulos do
Batista, Cristo enaltecia o Seu precursor, falando dele sempre com carinho. E
nós sabemos que, como João, ele não fez cair fogo do céu ou ressuscitou mortos,
como fizera Elias (João 10,41). João Batista veio para anunciar a vinda do
Messias, por isso sua vida foi de solidão; viveu no deserto e não lhe foi dado
ver os frutos de seus labores nem teve o privilégio de trabalhar com Jesus ou
assistir às curas que o Mestre realizava.
Eu nem piscava, sempre admirei João
Batista e ele, no teatro vivo, com sua estranha veste, me comovia demais,
principalmente quando Herodes, divertindo-se e bebendo ao lado dos convidados,
mandou que a filha Salomé, viesse à sala do banquete para dançar. No viço da
juventude, com sua estonteante beleza, Salomé cativou os nobres convidados.
Naquela época, as senhoras da corte não tinham o hábito de comparecer àquelas
festividades, e foi prestada a Herodes essa homenagem, quando Salomé, filha de
Herodes Filipe e princesa de Israel, dançou para entreter os convidados. O rei,
perturbado pelo vinho, desejou apresentar qualquer exibição que o exaltasse
diante dos grandes do reino. Prometeu, então, dar a Salomé fosse o que fosse,
até metade do seu reino. Salomé correu até sua mãe, e esta sem vacilar pediu a
cabeça de João Batista. Salomé assustou-se, desconhecia a sede de vingança de
Herodíades, mas esta, diabólica, a convenceu e o pedido foi feito: “ Dá-me aqui
no prato a cabeça de João Batista”. Herodes ficou aturdido. Cessou a ruidosa
festa e um fúnebre silêncio tomou conta do ambiente. No entanto, sua palavra
estava empenhada, e não queria parecer inconstante ou inseguro. Esperou que
alguns dos seus convidados defendessem João, porém aqueles homens se calaram e
logo a cabeça do precursor de Jesus enfeitava a salva de prata. Herodíades, em
júbilo, saudou a morte de João Batista.”
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