Não é inédito na web mas que é bom de ler e
entender, isso é..
1a O dogma
espírita
por Luciano dos Anjos
in Reformador (FEB) Jan-Fev 1964
Poucos,
pouquíssimos são os que não se surpreendem com determinada expressão empregada
por Allan Kardec em algumas de suas obras e, de certa forma, honestada pelo
Espírito da Verdade.
Trata-se
do termo dogma, usado pelo Codificador quando tece comentários sobre a lei da
reencarnação ou quando, a respeito dela, faz ao Alto algumas perguntas
específicas. Em "O Livro dos Espíritos" ali está o
"repelente" termo na forma da pergunta 171 e, mais adiante, como tema
de todo o capitulo V. Em "O Evangelho segundo o Espiritismo" também o
assunto é abordado no capítulo IV, onde deparamos com o mesmo vocábulo. Da
mesma forma temos a questão comentada por Allan Kardec em "O Que é o
Espiritismo", no "Terceiro Diálogo" do capítulo I. O raciocínio
generalizado é, sem dúvida, no sentido de que existe um profundo contra senso nas
lições do Codificador ou dos seus mentores. O Espiritismo, ao que se saiba, não
teria dogmas nem os admitiria. O Espiritismo tem sido antagonista do dogmatismo
católico e, portanto, não se compreende que proclame os seus próprios dogmas.
Estaríamos, pois - caso a verdade não seja outra, como de fato o é -, diante
dum ingente erro doutrinário ou, ainda, dum comportamento falso da parte dos
espíritas em geral, quando rejeitam os dogmas católicos ou os de quaisquer
outras religiões. Ou, então, como última hipótese, o problema ofereceria ângulos e nuanças ainda não
observados por muitos, mas que, analisados com mais vagar, tornam-se claros e
cristalinamente racionais. Esse problema requereria apenas um equacionamento
adequado, por qualquer motivo não ocorrido aos estudiosos. Toda questão, para
ser bem compreendida, carece de ser, antes que tudo, bem equacionada, ou, como propõe Descartes, dividida
no maior número de partes, de forma a que se torne passível da maior
compreensão e do melhor entendimento.
Regra
geral há uma grande confusão em torno - já não dizemos mais da essência do
problema, - mas das próprias palavras que o exprimem. E confusão que poderíamos
classificar dentro de duas faixas: uma, sobre o significado do vocábulo dogma; e outra, muito maior ainda, entre
este mesmo vocábulo e mais dois outros, muito parecidos e aparentemente
sinônimos, quais sejam, dogmatismo e dogmática. Vejamos, ao lado das
definições, a posição do Espiritismo em face de cada uma dessas palavras, ao
mesmo tempo em que procuraremos paulatinamente desvanecer a confusão que elas
fazem gerar.
Comecemos
pelo termo dogmatismo e com isso
entremos diretamente no campo da mais alta e pura Filosofia. Entende-se por dogmatismo a doutrina dos que pretendem
basear as suas ideias apenas na autoridade, não admitindo qualquer crítica ou
discussão, Estipula ainda o caráter dos processos e dos métodos didáticos que
não toleram a participação ativa do aluno. Ao lado de mais três doutrinas
fundamentais (o ceticismo, o probabilismo e o pragmatismo), o dogmatismo
busca solucionar uma das mais graves e complexas questões da Metafísica: o conhecimento da verdade. Enquanto
o cepticismo nega a possibilidade da certeza e sugere a dúvida universal como a
única atitude do espírito; enquanto o probabilismo diz que nossos juízos são
sempre prováveis apenas e nunca certos; enquanto o pragmatismo afirma que não
cabe à inteligência conhecer a verdade mas sim mostrar a utilidade dela;
enquanto isso, o dogmatismo postula que a verdade existe e que podemos conhecê-la.
Alimenta a confiança de cada um de nós em nossas próprias faculdades
intelectuais e na crença da realidade objetiva dos nossos conhecimentos, bem
como na certeza de que a inteligência humana é capaz de atingir as verdades
alusivas ao homem, ao Universo e a Deus. Em resumo, o dogmatismo é uma teoria do conhecimento que atribui ao homem a
faculdade de atingir, pela razão, a verdade absoluta. Constitui o embasamento
das doutrinas platônicas, peripatéticas, estoicas, neoplatônicas, cartesianas,
leibnitzianistas e espinosistas. É o fundamento das grandes metafísicas. É o
alicerce do edifício de Herbert Spencer.
Existe
porém um dogmatismo considerado verdadeiro,
positivo, baseado nos diversos
critérios da verdade, e um dogmatismo falso, negativo, que só aceita um
critério, com exclusão dos outros. Incluem-se neste caso o fideísmo de Pascal e
Huet, o tradicionalismo de Bonald e Lamennais, o sentimentalismo de Pascal,
Rousseau e Jacobi, e o misticismo nas suas diferentes formas. Importa
salientar, porém, que, depois de Kant, dogmatismo opôs-se não apenas a
cepticismo, mas também a criticismo e
a crítica. Kant identificou na história do pensamento uma tendência a confiar
nas doutrinas sem que se houvessem submetido os seus fundamentos a um exame
prévio, isto é, da própria atividade intelectual da criatura e do apanágio em
que ela legitimamente se aplica. De acordo com Kant, o conhecimento é fruto de formas ou categorias do espírito, confinadas entretanto aos limites da
experiência e sem valor nenhum fora dela, O dogmatismo, todavia, emprega tais categorias fora dos limites da
experiência, atribuindo-lhes validade absoluta e assim se chocando frontalmente
com o criticismo e com o cepticismo, este, por sua vez, negando a possibilidade
de qualquer conhecimento.
Ora,
muito bem. Dadas estas explicações, onde classificar o Espiritismo, em face do
conhecimento da verdade? No capítulo II de "O Livro dos Espíritos",
da questão 17 à questão 20, encontramos alguns esclarecimentos sobre o
"conhecimento dos princípios das coisas". Os Espíritos ensinam que
"Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo" (nº
17), mas que "o véu se levanta" aos olhos do homem "à medida que
ele se depura" (nº 18), bem como que "a Ciência lhe foi dada para seu
adiantamento em todas as coisas", embora não possa "ultrapassar os
limites que Deus estabeleceu" (nº 19). Finalmente ensinam que o homem pode receber comunicações de ordem mais
elevada que a Ciência, além do testemunho dos sentidos, se Deus "o julgar
conveniente" (nº 20).
Este
o resumo metafisico da teoria do conhecimento da verdade vista pelo prisma
kardecista. Temos, pois, que o homem, dentro de determinados limites, pode
conhecer a verdade, na medida em que se depura ou em que Deus o julgue
conveniente. Sem dúvida, não corresponde, esse postulado, à conceituação
céptica, que afirma ser a única atitude legítima do espírito humano a da dúvida
permanente e integral. Não corresponde também ao probabilismo, que afirma serem
os nossos juízos mais ou menos prováveis, todos eles, sem exceção alguma, sem
nunca se tornarem certos. (O probabilismo, por sinal, é contraditório, pois, ao
dizer que tudo é simplesmente provável, afirma e nega ao mesmo tempo uma
certeza.) Não se quadra tampouco ao sentido pragmático, que acha que a verdade
se caracteriza somente pela utilidade ou pela eficácia que possa ter para a
ação. Destarte, restaria apenas o dogmatismo para nele ser acolchetada a noção
espírita do conhecimento da verdade. E é exatamente ali que o vamos justapor. O
Espiritismo é dogmático (metafisicamente falando), cabendo entretanto fazer uma
separação indispensável entre dogmatismo exagerado e dogmatismo moderado. O
primeiro prega a possibilidade duma certeza absoluta em todas as coisas; o segundo prega
uma certa relatividade na aquisição da certeza, devido ao poder limitado da
nossa inteligência e ao caráter provisório dos conhecimentos científicos. O
Espiritismo cabe dentro do segundo. "A escola de Aristóteles e São Tomás -
observa Maritain - ensina que a verdade não é nem impossível, nem fácil, mas
difícil de ser atingida. Assim, ela se opõe radicalmente ao cepticismo e ao
racionalismo. Vê na abundância dos erros cometidos pelos homens, e pelos
filósofos em particular, um sinal de debilidade do nosso espírito, mas um
motivo para se amar ainda mais a inteligência e se apegar mais estreitamente à
verdade e até um meio para se fazer progredir o conhecimento (por refutações e
elucidações que esses erros exigem de nós). Ela compreende, por outro lado, que
a razão é o nosso único meio natural de entrar na posse da verdade, mas sob a
condição de que seja formada e disciplinada: primeiro, antes de tudo, pela
própria realidade, pois não é nosso espírito que mede as coisas, mas as coisas
que medem nosso espírito; em seguida, pelos mestres, porque a Ciência é uma
obra coletiva, não individual, e só pode ser edificada pela continuidade duma
tradição viva; enfim, por Deus, quando decide ensinar aos homens e conceder aos
filósofos a norma negativa de fé (e da teologia) ." ("Élements de Philosophie", pág. 131,
ed. de 1932). Do professor Theobaldo Miranda Santos vale a pena ler também, a
propósito, este trecho do seu "Manual de Filosofia", pág. 282, 4ª edição:
"A ciência absoluta é um ideal que jamais poderá ser alcançado. Donde a
necessidade da dúvida metódica como elemento propulsor do
progresso científico. Mas, entre esta dúvida relativa e
prudente e a dúvida absoluta e universal que tudo
nega e destrói, vai uma distância imensa e intransponível."
Desde
que o Espiritismo é considerado liberal sob todos os pontos de vista, por certo
há de chocar a afirmativa de que ele não
tolera discussão ou crítica visando a alterações fundamentais dos seus
postulados, tal como se caracteriza o dogmatismo filosófico. Dividamos aqui a
questão em duas partes distintas e inteiramente dissociadas: o direito de
discutir tendo em vista a salvação e o direito de discutir em relação aos
fundamentos primários da Doutrina Espírita. Naquele caso temos o liberalismo
pleno, sem que, por usufrui-lo, ninguém deixe de merecer a salvação, que antes
está em função da moral individual de cada um (no caso, a cristã), do que do
conhecimento autêntico desta ou daquela verdade universal. No segundo caso,
porém, temos de nos submeter a um cerceamento desse liberalismo, de maneira a
raciocinarmos dentro dos termos precisos da chamada autoridade dogmática. Isto
porque, a Doutrina Espírita não pode admitir discussões, capazes de lhe
modificar os fundamentos primários, em torno da existência de Deus, da
imortalidade da alma ou da comunicação entre vivos e mortos. É evidente que
aqui de nada valeriam os liberalismos. Quem não quiser aceitar esses
postulados, deixa automaticamente de ser espírita.
Na
transcrição que acima fizemos do ponto de vista de Maritain há, como os
leitores devem ter percebido, uma referência ao racionalismo, capaz de Ievá-los
a descobrir uma contradição entre o dogmatismo sadio do Espiritismo e o
racionalismo lógico que essa mesma Doutrina se compraz em defender. É que
Maritain não se refere a racionalismo na acepção aceita pelo kardecismo. Ali o
termo é empregado no sentido da total negação da autoridade e da rejeição da
revelação sobrenatural. Ora, o racionalismo da escola kardecista consiste tão somente
no emprego prudente da razão, na harmonização da Ciência com a Religião, na
pesquisa do que a razão não entende, na rejeição do que a razão recusa. Nem tão
pouco prega, o Espiritismo, a divinização da razão, apresentando-a como a única
lei das ações humanas, tal como o fizeram os enciclopedistas do século XVIII (exceção
honrosa de J. J. Rousseau), quando elegeram à glória do epinício a Deusa da
Razão. O racionalismo espírita não é evidentemente o de Voltaire; mas se gloria
em ser o de Rousseau. Todos os grandes gênios da época atribulada da
"Enciclopédia" eram racionalistas. Todavia, o autor do "Contrato
Social" divergia profundamente dos seus companheiros de ideais, advogando
um racionalismo teísta e cheio de consolações. Crente de Deus e do conteúdo do
Evangelho (mas abominando a posição falsa da Igreja), ocupou um lugar singular
no concerto das ideias que marcaram a antevéspera da Revolução Francesa. E se
considerarmos que foi Rousseau quem mais influenciou Pestalozzi e que foi este o
grande mestre de Allan Kardec, nada estranharíamos por conseguinte que a Doutrina
dos Espíritos trouxesse também na sua complementação humana, a marca indelével
do racionalismo teísta. O racionalismo espírita é, portanto, o que deparamos
sempre na linguagem do Codificador ou na do próprio Espírito da Verdade, situado nos mais variados termos,
conforme o demonstram as transcrições abaixo:
"O
primeiro exame comprobativo é, pois, sem contradita, o da razão" (pág. 26
d’ O Evangelho segundo o Espiritismo", 51ª edição da FEB); "Não admitais, portanto, senão o que seja,
aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a
ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da
razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso
reprovarem" ("O Livro dos Médiuns", págs. 242/243, 27ª edição da FEB);
" ... rejeitando-se, sem hesitação,
tudo o que peque contra a lógica e o bom-senso, tudo o que desminta o caráter
do Espírito que se supõe ser o que se está manifestando, leva-se o desânimo aos
Espíritos mentirosos, que acabam por se retirar, uma vez fiquem bem convencidos
de que não lograrão iludir. Repetimos: este meio é único, mas é infalível,
porque não há comunicação má que resista a uma crítica rigorosa"
(págs. 275/276, obra e edição citadas);
"É preciso sondar lhe o íntimo, analisar-lhe as palavras, pesá-las
friamente, maduramente e sem prevenção, Qualquer ofensa à lógica, à razão e à
ponderação não pode deixar dúvida sobre a sua procedência, seja qual for o nome
com que se ostente o Espírito" (págs . 276/277, idem, ibidem); "Toda heresia científica notória, todo
princípio que choque o bom-senso, aponta a fraude" (pág.
277, idem, ibidem) ; "Jamais os bons
Espíritos aconselham senão o que seja perfeitamente racional" (pág.
279, idem, ibidem); "Para ele
absolutamente não há mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e
que deseja a luz" ("Obras Póstumas", pág. 201 da 11ª edição
da FEB).
Poderíamos
citar muitas outras passagens, mas isso se torna já desnecessário. Escolhemos
propositalmente algumas que se referem mais precisamente às manifestações dos
Espíritos porque, em última análise, toda a construção filosófica do
Espiritismo está nelas sedimentada. Acrescentemos apenas, para reforçar, dois
exemplos muito interessantes colhidos dentro dos Evangelhos:
“E também faço esta oração: que o vosso amor
aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes
as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o dia do Cristo"
(Fp. 1-9 e lO); “Julgai todas as coisas,
retende o que é bom" (I Ts. IV -21) .
Antes
de passarmos adiante, consignemos uma palavra resumida sobre o criticismo de
Kant, referido em linhas anteriores. Esta nossa preocupação decorre do fato de
termos sido, até hoje, invariavelmente favoráveis a numerosos aspectos do
pensamento filosófico do genial professor de Koenigsberg. Sendo o criticismo
contrário ao dogmatismo e sendo enquadrado o Espiritismo, no campo da
metafísica, em razões dogmáticas, como conciliar nossa posição pessoal e daqueles que porventura
pretendam emprestar algum crédito ao nosso trabalho?
Na
verdade, depois de Kant, muitos pensadores passaram a contestar o valor
absoluto das metafísicas chamadas racionais,
negando as negações que lhes opõem e afirmando as induções morais que a razão
prática permite e exige. Poderíamos estender a questão demoradamente até
esclarecer que o Espiritismo, aceitando e comprovando experimentalmente a
existência do Espírito desligado da matéria, pode dar sobejas formas de solução
a muitos problemas que Kant equacionou em termos confinados a uma série de
limitações inevitáveis, por não conhecer as leis da Terceira Revelação. Por
isso afirmava que a Religião não podia ser provada pela razão pura e que "o conhecimento não pode ultrapassar os
limites da sensibilidade" ("Critica da Razão Pura", pág.
215). Metafisicamente falando, Kant tem, em face do Espiritismo, os mesmos
méritos que Freud tem do ponto de vista psicológico. Ambos não puderam ou não
quiseram ir mais longe do que foram. Depois, é preciso não esquecer que, mesmo
no campo de suas próprias ideias, sem aludir às de Allan Kardec, o kantismo
nunca foi doutrina radical, pois se por um lado salvou a Ciência, por outro
lado acabou salvando também a Religião! Se negava a prova de Deus e da
existência duma alma livre e imortal, também afirmava a existência dum
"ser necessário", como pressuposto de toda a realidade, Destarte, deixemos momentaneamente
Kant e suas profundas teorias de lado e não precipitemos ilações falsas. E,
voltando ao nosso tema central, reafirmemos a característica dogmática
inevitável do Espiritismo, quando estuda o conhecimento metafísico da verdade,
através da relatividade da certeza, da dúvida metódica e do prudente emprego da
razão. Léon Denis pode aqui ser citado para robustecer nossas palavras. A
página 30 da 8ª edição de "O Problema do Ser, do Destino e da Dor",
lemos o seguinte: "Vê-se, pois, que o Espiritualismo moderno não pode, a
exemplo das antigas doutrinas espiritualistas; ser considerado como pura
concepção metafísica. Apresenta-se com caráter mui diverso e correspondente às
exigências de uma geração educada na escola do criticismo e do racionalismo, a
qual os exageros de um misticismo mórbido e agonizante tornaram
desconfiada." Ora, poderíamos também indagar do grande filósofo kardecista,
que exigências haveriam de ser estas, concomitantemente criticistas e
racionalistas, duas teorias diametralmente opostas. Contudo - e isto é o que
quisemos demonstrar linhas acima - o Espiritismo apresenta aspectos que vão
muito além dos limites que essas e outras teorias obrigam, porque pode, afinal - por inaugurar o
conhecimento do Espírito livre da matéria -, constituir-se sozinho num conjunto
imenso de fundamentos capazes de solucionar todos os problemas da Metafísica.
Arrematando
esta primeira parte de nosso trabalho, podemos agora afirmar que, neste
particular, com pequenas variantes (o aspecto racionalista, por exemplo),
estamos todos de comum acordo (católicos, protestantes, hinduístas, islamitas,
cristãos em geral) em face do conhecimento da Verdade, E não são de Jesus, de
resto, as célebres palavras: ''Conhecereis
a Verdade e a Verdade vos libertará?"
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