Resposta
da Caridade
“Quis demorar-me contigo, quando me procuraste pedindo luz.
Perdoa-me se não pude mergulhar o pensamento, de imediato, em tuas cogitações.
Falavas dos mundos superiores e indagavas pelo destino; exaltavas a Ciência e citavas a História.
Discutias os problemas sociais com tanta beleza que, em verdade, aspirei a sentar-me ao teu lado para ouvir-te todas as confidências.
Entretanto, por mais que me detivesse em tua palavra, trazia no coração os gritos reiterados de quantos me chamavam, impacientes...
Não sei se chegaste a ver as mulheres enfermas e as crianças esfarrapadas que choravam, junto de nós, invejando os cães de luxo que passavam de carro...
Decidia-me a comentar os temas que me propunhas, quando notei a dama bem posta, repreendendo o homem cansado que esmolava na rua, e corri a vê-lo. Envergonhado, o infeliz debatia-se em pranto. Amparei-o como pude e segui-lhe o passo, encontrando-lhe a companheira a gemer num montão de lixo, aguardando a morte. O menor dos seis pequeninos que a rodeavam, cravara nela o olhar ansioso, esperando o leite que secara no peito. A pobre mãe fitava-me, agoniada, como a pedir-me lhe reavivasse os seios desfalescentes... Nisso, vi-lhe o esposo desesperado intentando morrer... Entreguei-os aos vizinhos, tão desditosos quanto eles mesmos, e depois de acalmá-los, no bálsamo da oração, volto a ver-te.
E agora, a ti que me buscaste as mãos rogando conhecimento, estendo igualmente as minhas, a suplicar-te migalha de auxílio para aqueles que esmorecem de fome e pranto.
Vem comigo e não te dês a longas indagações! Ajudando os que sofrem, seguiremos o Cristo que dizemos amar e, decerto, a luz te abençoará em silêncio, porque Ele próprio, como outrora, te repetirá no júbilo do serviço: “ Aquele que me segue não anda em trevas”.
Meimei por Chico Xavier CEC, Uberaba (MG) em 2-12-1961
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