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quarta-feira, 13 de abril de 2011

50/50 'Crônicas Espíritas'


50CM



            Dê licença para outro parênteses:
            Há dias recebi de um amigo um livro escrito pela insigne escritora cubana, Belén de Ságarra, intitulado “El Clericalismo em America”.
            Conta D. Belén, o seguinte, à página 152, sob o título “Onde está Idalina?”:
            “Na data de minha chegada à capital paulista em 1911, um sucesso interessava a opinião pública, sendo objeto de vivos comentários. Do “Orfanato Colombo”, instituição congregacionista, tiinha desaparecido uma pobre menina asilada.
            “Este incidente pode ficar oculto, sepultado, como tantos outros na quietude solene dos claustros, porém Idalina, esta era o nome da menina, tinha parentes que gritaram. A imprensa divulgou a notícia e em todos os pontos do país surgiram protestos e a justiça teve de intervir.
            “As diversas declarações dos religiosos não trouxeram luz sobre o assunto. A menina tinha abandonado o estabelecimento católico sem deixar rastro algum. Enquanto isso, a voz pública fazia acusações concretas e para desvirtuar essas acusações apresentaram uma Idalina apócrifa, porém, a farsa foi descoberta.
            “Enquanto isso os clericais se moviam. O juiz encarregado do sumário não achava provas contra os diretores do orfanato. O povo, que pensava de modo diverso, quis celebrar um comício, para pedir esclarecimentos aos padres, mas este foi proibido. E então, na via pública, se produziram atos de violência que custaram a vida a um homem e a prisão de muitos...
            “Os padres ficaram a salvo nos seus interesses e pessoas. Idalina não apareceu.
            “... Os jornais liberais e independentes continuaram por muito tempo a perguntar nas suas colunas “Onde está Idalina?”Nas esquinas das ruas, nos muros dos templos e sobre as paredes dos estabelecimentos católicos das cidades e dos povoados do Estado, apareceram cartazes impressos com os dizeres: “Onde está Idalina?”Era o grito da alma do povo. E ainda os meninos ao aparecer o hábito do padre, do frade ou do monge, gritam ao longe “Onde está Idalina?”
            “Onde está Idalina?... Onde estão as incontáveis Idalinas, perdidas nos escuros fundos da existência monacal?”
            Estas são as obras da Igreja, e é isto que v. rev. não esperava ouvir.
           


As Considerações de um Positivista                   (H)



            É deveras interessante o conceito externado pelo Dr. Bagueira Leal em ’“A Noite”, sobre o Espiritismo.
            O que admira é a facilidade com que homens de certa responsabilidade falam sobre assuntos que desconhecem por completo.
            Ora, o Dr. Bagueira Leal, indubitavelmente, está no caso dos supracitados homens, pois é considerado, pelos seus correligionários, o cardeal do Positivismo. No entanto, sem se dar ao trabalho de investigar, de procurar, como o fizeram tantos outros materialistas, colegas seus, e que ao fim de alguns anos de experiência se tornaram espíritas convictos, proclama, do alto da sua cátedra, que nós, os espíritas, somos uns pobres loucos devido a exaltadas paixões egoístas.
            Se o Dr. Bagueira Leal foi tão infeliz nos seus diagnósticos quando clinicava, como o é neste caso, redundou em felicidade para os doentes a sua resolução de trocar a clínica pelo postulado positivista.
            Há um ditado popular que diz: “o pior cego é aquele que não quer ver”. É o caso de S. S. que não quis olhar no microscópio para não ver os micróbios, e da mesma forma não quer investigar assuntos psíquicos para poder continuar negando a alma, e, ipso facto, negar-se a si mesmo.
            Creio que o Dr. Bagueira Leal aceita a teoria de “que nada se perde na Natureza; tudo se transforma”. Se, pois, nada se perde, poder-se-á perder a coisa mais nobre do ser humano ou mesmo animal – o sentimento? O amor de mãe que é capaz dos maiores sacrifícios desaparecerá com a decomposição da matéria? A crença na imortalidade que há milhares de anos existe, mesmo nos povos mais bárbaros, e hoje cientificamente provada, será uma quimera só porque um desequilibrado – Augusto Comte – o afirmou?
            Não, Dr. Bagueira Leal; contra fatos não há argumentos. Para que S. S. pudesse falar, como falou, preciso seria que procurasse, de visu, assistir durante muitos meses a algumas das sessões descritas em “A Noite”, sem prevenção, observando os fatos e não desprezando o microscópio, só porque Comte não tinha olhos de ver e ouvidos de ouvir.
            Que o escrevinhador destas linhas possa ser tachado de maluco, não admira; há, porém, homens de valor, cientistas de fato, pensadores, filósofos de saber maior do que Augusto Comte, que afirmam os fatos. E que francamente confessam que só a hipótese espírita os pode explicar.
            Aliás, o próprio Cristo ensinou a doutrina da pluralidade das existências, isto é, a reencarnação da mesma alma ou Espíritos em corpos novos e censurou a Nicodemos pela ignorância desta lei, explanada na “Cabala”, doutrina secreta judaica, considerado que era, mestre em Israel.
            Considera o Dr. Bagueira Leal que “a anarquia geral dos sentimentos e dos pensamentos com exacerbação por toda a parte das paixões egoístas e concomitante compreensão do altruísmo, levam o indivíduo a substituir a realidade objetiva pelos produtos da sua imaginação?
            E o Dr. Bagueira, negando a existência do micróbio e da alma, não se condena a si mesmo falando assim? Não será também compreensão do altruísmo da parte de S. S., preferindo, como ele insinuou, os desastres e a morte dos que eram obrigados a atravessar a linha da Central no Méier, a ter ele que subir a escada para atravessar a ponte?
            E as fotografias, os moldes feitos e deixados pelos Espíritos debaixo da mais severa fiscalização, os fenômenos espontâneos, observados por pessoas desinteressadas e mesmo adversas das doutrinas espiritualistas, não terão algum valor? As investigações científicas das causas que determinam os fenômenos não serão antes uma prova de sensatez que um ato de loucura?
            Não será preferível chegar-se à convicção da indestrutibilidade da personalidade humana, a supor o aniquilamento com a morte do corpo?
            O que nos deve consolar é que os sábios como Koch e Pasteur e todos os médicos que concordam com a vacina, são tão malucos como nós, segundo o Dr. Bagueira Leal. E... mal de muitos consolo é.


            

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