Pequena
Estória da Unidade
I Certa vez, um homem esteve (que nos importa onde, quando e por quanto tempo?) em um nível de consciência limitada, onde tudo se lhe apresentava fragmentado e brumoso, no Universo e em seu mundo íntimo. Os dois planos se confundiam em uma só arenosa estrada, cheia de altibaixos.
Naquele nevoeiro divisava, com dificuldade, os fenômenos, as coisas e as gentes... Tudo era contrastado...
II Depois, ele peregrinou (que nos importa onde, quando e por quanto tempo?) por outro aspecto de consciência um pouco mais espaçosa e percebeu que a Verdade caprichosamente se mostrava aqui e ali... escondia alguns elos da Grande Corrente e descobria outros... Os elos visíveis foram examinados, sem que o homem lhes pudesse tocar a íntima estrutura.
III Mais tarde (que nos importa onde, quando e por quanto tempo?) deambulou o ser por outro estado de consciência; sentia ele que se perderia, lançando-se à tarefa de separar inutilmente os fenômenos, as coisas e as gentes, para compreendê-los, pois, a divisão acarretaria fatal dispersão do Todo... Entendeu o encadeamento perfeito das coisas que se lhe mostravam antes incompreensíveis e difusas. Surgiram os elos até então ocultos, ligando-se aos fragmentados. A Vida era sinfonia sem princípio e sem fim. O homem, no entanto, teve desespero filosófico por sentir-se fora dos elos...
IV Finalmente, caminhou para mais sublime percepção: experimentou despersonalizar-se como a gota d’água caída no imenso mar; passou a sentir-se aqueles fenômenos, aquelas coisas e aquelas gentes. As gentes, coisas e fenômenos eram ele...
por Newton Boechat
Pág. 21 “Ide e Pregai” (3ª Ed. FEB)
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