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Se, de um lado, os nossos adversários
não se cansam de por entraves à nossa santa doutrina, satisfaz-nos imensamente
ver que, por outro lado, nos Estados Unidos e, especialmente, na Inglaterra, o
clero anglicano, além de mandar, aos que a sua religião não mais satisfaz,
estudar o Espiritismo, faz até conferências em seu favor. Demonstração clara de
que acima de seus interesses colocam a religiosidade da humanidade, Que
contraste com o clero daqui!
O mundo caminha: e é na nobre
Inglaterra que a maior evolução em matéria de religião se está operando.
Além do grande campeão Sir Oliver
Lodge, Sir Arthur Conan Doyle colocou-se à testa do movimento espírita,
combatendo pelo espiritismo evangélico.
Eis algumas palavras por ele escritas,
prefaciando a publicação da conferência do rev. F. Fielding-Ould, M. A. vigário
da igreja de Cristo, de Londres: Caro Sr. Fielding. Li a sua excelente conferência
- É do Demônio o Espiritismo? - na
ocasião em que ela foi feita. E agora que a está preparando para ser dada à publicidade,
tenho sumo prazer em manifestar a minha opinião sobre o assunto.
Qualquer um que tenha amor a esta
grande causa e crê, como eu creio, que esta Moderna Revelação é um dos maiores acontecimentos
na história do mundo, tem particularmente de alegrar-se quando a vê advogada
por um pastor.
Certo
estou de que, com os existentes preconceitos, é preciso coragem para fazê-lo,
não concebo, porém, trabalho mais produtivo para quem deseja o adiantamento do
verdadeiro espírito da religião.
Esta nova mensagem do invisível, do
eterno, contém verdades que, sem destruir as velhas crenças, tem que modifica-las
e esclarece-las. Ninguém está melhor aparelhado para fazer este trabalho do que
aqueles que procuram a necessária fórmula e, sem irreverência pelas velhas crenças,
tenham a mente preparada para receber as novas.
Com especialidade a gente séria e
bem educada tem-se afastado pouco a pouco da ortodoxia, porque da maneira pela
qual ela lhe tem sido apresentada, há ofendido o seu senso de justiça e
moralidade, constituindo um verdadeiro pesadelo.
Agora, porém, vêm as vozes do Além
explicando e esclarecendo as interpretações errôneas e abrindo caminho através
das formas e cerimoniais, até atingir as raízes espirituais da religião, que
estavam, tão encobertas, que o seu sentido e até a sua existência foram
esquecidos.
A Nova Revolução trás bastante luz
para nos conduzir por alguns séculos, e marcará o maior movimento ascendente
desde o dia da descida do maior espírito - O Cristo - sobre a Terra.
Algumas pessoas parecem pensar que o
clero faz oposição a este movimento, porém estou certo de que isto não é exatamente
o que se passa. Há, no mínimo, uma forte minoria que compreende sua verdadeira
importância, e não existem melhores livros sobre espiritismo do que aqueles escritos
pelos revs. Arthur Chambers, Tweedale e outros.
Posso bem lembrar que depois de
trinta anos de experiência, comecei a expressar as minhas próprias conclusões
em público, e a primeira e a mais calorosa carta de aprovação recebida, foi a do
falecido arquidiácono Wilberforce, o ilustrado capelão da Casa dos Comuns, que
também experimentou na sua própria vida o consolo do espiritismo.
É a parte religiosa que me atrai. É
humana e prática, e têm, forçosamente, de se infiltrar na nossa vida diária.
Quanto ao lado fenomenal e comprobatório, sobre o qual a mensagem do Além ele
tem sido tão positivamente estabelecido que me parece inútil perda de tempo a
continuação destas pesquisas.
Qualquer quantidade de resultados
negativos ou de médiuns fraudulentos (certamente a mais abjeta e perversa forma
de fraudar do mundo) nunca poderá prejudicar os resultados positivos, obtidos
por uma tão grande cópia de testemunhas.
Se o testemunho definitivo de
Crookes, Wallace, Lodge, Barrett, Myers, William James, Charles Richet,
Lombroso, Gurnoy, Hodgson, Stead e tantos outros, não levar à convicção, qual é
a prova que o poderá fazer...? A colheita a fazer é essencialmente religiosa, reconciliando
a religião com a razão, que, há tanto tempo, estiveram divorciadas a despeito
de serem essenciais uma à outra ... "
16
As Penas Eternas
De um anônimo que se assina "um
amigo da Verdade", recebi uma longa missiva, na qual procura defender o
dogma católico das penas eternas (para os outros).
Diz ele: "Num artigo estampado
no Correio da Manhã, seção F. E. Brasileira, acha-se a seguinte doutrina:
"A alma é feliz ou infeliz depois da morte, segundo o bem ou o mal, que fez
na vida".
No mesmo jornal do dia 22-1-1918 está
outra: “Não há penas eternas: a salvação é universal, mas a culpa jamais ficará
impune, o castigo é puramente moral."
Podemos resumir as duas doutrinas
assim. A alma é feliz eternamente depois da morte e é infeliz temporariamente,
segundo o bem ou o mal que fez na vida.
O mal é a antítese do bem. Se o bem
produz a felicidade eterna, porque o mal que é a antítese do bem não produz a
infelicidade também eterna?"
O meu amigo resumiu mal, isto é, não
compreendeu o alcance da doutrina exarada nas teses dos dois artigos.
O progresso do espírito é infinito e
o articulista não disse, nem podia dizer que o espírito é feliz eternamente por
ter numa existência praticado o bem, pois é possível, que na seguinte encarnação
em que ele tenha que voltar à Terra para continuar o seu progresso moral e científico,
possa de novo transgredir a Lei.
A doutrina é esta: Quando o espírito
atingiu um ponto de progresso em que lhe é impossível a prática do mal começa
então a gozar definitivamente a paz e a tranquilidade da consciência o que constitui
a felicidade relativa ao seu estado moral, felicidade, porém, diferente daquela
que o amigo resume na palavra paraíso.
Nada adianta à tese a citação de opiniões
de Tácito, Homero, Estrabão, Valério, Máximo, Virgílio, etc. Contra a opinião
destes pôde-se citar a de centenares de outros que conheciam a lei da reencarnação,
doutrina afirmada nos Vedas, a mais antiga tradição conhecida; doutrina que destrói
por completo a das penas, eternas.
E se o amigo observa a variedade dos
sofrimentos da humanidade, de certo há de dizer consigo, que este sofrimento
deve ter uma razão de ser pois os que sofrem, na maioria dos casos, não têm, na
sua presente existência, culpas que justifiquem as provações por que passam. E,
se Deus criasse a alma para cada corpo que nasce, todos deveriam, pelo menos,
ter saúde.
É bom que o meu nobre interlocutor
estude sistematicamente o Evangelho e verá que nele Jesus prega a doutrina da reencarnação.
Começando por João Batista dele Jesus diz: "É este o Elias que há de
vir", referindo-se Jesus ao penúltimo versículo do velho Testamento, no
qual o profeta Malaquias diz: "E eu vos enviarei o profeta Elias antes que
venha o grande dia do Senhor".
A Nicodemos, sem que este o
interrogasse a este respeito, Jesus diz "que ninguém verá o reino de Deus
sem nascer de novo".
E quando Nicodemos lhe pergunta
"como pode um homem velho entrar no ventre de sua mãe para nascer outra
vez", Jesus responde: "Não te maravilhes de eu te dizer: importa-vos
nascer outra vez".
Repare bem esta frase, não te
maravilhes Nicodemos que a ti te diga: É a vos (todos) necessário nascer de
novo, sem o que não vereis o reino de Deus. Jesus deixou bem nítida a
necessidade da reencarnação no ânimo de Nicodemos.
Renascendo as criaturas na Terra,
para reparação e expiação das suas faltas passadas, cai por terra toda a sua
lógica, a qual, aliás, é ilógica, visto que para um indivíduo merecer a
eternidade das penas deveria com elas pagar eternidade de faltas, o que é
impossível cometer-se em uma existência.
E dá-se mais: a criatura não pode
ofender ao Criador, pode tão somente ofender um ser igual a ela, e segundo a
doutrina dos espíritos, isto só dentro da lei de Justiça Divina e de acordo com
o que Jesus ensinou: "quem com ferro fere com ferro será ferido". O
pecador serve assim de instrumento voluntário
e responsável da justiça, sem que Deus, no entanto, precise dele para que a
sua justiça se cumpra.
E se o amigo se interessa de fato,
para resolver para si, ao menos, o problema, recomendo-lhe a leitura da novela
"Na sombra e na Luz" editada pela livraria da Federação Espirita,
novela ditada do Além por Victor Hugo e aí verá como se executa a lei da
reparação e reconciliação dos espíritos.
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"O Espiritismo, Suas Consequências e
Condenações"
Sob aquele título mereceu as honras de
mais uma Carta Pastoral a nossa salvadora doutrina, e esta vez é o honrado
bispo de Florianópolis que a editou segundo lemos na "Época", daquele
Estado.
Sua reverendíssima, reedita todo o
velho rosário de citações antidiluvianas da Bíblia e opiniões sem valor, sem
entretanto citar um único fato que provasse que os espíritos não são espíritos,
para deste modo levar a convicção às ovelhas a quem a pastoral é dirigida.
Citou o Evangelho, Kardec e outros autores, esquecendo-se, porém, de que as
citações são todas pulverizadas nos próprios livros citados.
Quem ler Kardec, aquele monumento
edificado pelos espíritos, monumento que ninguém até hoje conseguiu atingir,
encontrará nele justamente o contrário daquilo que sua reverendíssima quis
demonstrar.
Não teria mesmo merecido o nosso
reparo a pastoral do Sr. bispo, se ele não se tivesse excedido nas suas
afirmações, dizendo que “o espiritismo nega até a própria existência de
Deus". Que absurdo!!!
Se sua reverendíssima tivesse
prestado mais atenção ao estudo da nossa doutrina, teria observado que a
primeira palavra no primeiro livro de Allan Kardec, "O Livro dos
Espíritos" é "Deus" e a definição que os espíritos dão do Criador
é muito superior aos ensinos da igreja, que até hoje prega um deus vingativo e
cheio de misérias "humanas". Pelo que, vejamos: Diz Allan Kardec: “Deus".
"Que é Deus?" "- Deus é a inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas".
Diz sua reverendíssima que “concomitantemente
ao dever da pregação sagrada, impõe o dever do cargo do clero o ministério de
pastor das almas, e o de estar na estacada contra o avanço dos adversários da
fé, sem deixar o rebanho - de cujos destinos lhes pedirá contas o Senhor".
Dos males presentes, no ponto de vista religioso e social manda a justiça que
destaquemos a "moderna heresia" - a prática do espiritismo".
Sua reverendíssima fez bem em dizer
ao clero que o Senhor pedirá contas da confiança depositada na igreja há 17 séculos,
e qual é a conta que a igreja dará? Que responda o Sr. bispo.
Se sua reverendíssima citou versículos
do Evangelho na sua pastoral, não teria sido isso devido a pressentir a
"imperiosa necessidade" que a igreja tem de desenterrar aquilo que há
17 séculos sepultou para dar ao povo o catecismo da sua fabricação? Necessidade
produzida pelo espiritismo, por ser ele que leva o estandarte do Evangelho
"em espírito e verdade" à praça pública.
O Sr. bispo fala da caridade da igreja.
Qual é ela? A igreja jamais praticou caridade senão para si mesma.
É preciso não confundir as obras de
caridade instituídas por varões ilustres como sendo obra da igreja.
Eles, espíritos evoluídos, encarnaram
como missionários com o fito de encaminhar a igreja com as ovelhas que pastoreava
para o redil do Bendito Pastor, e foram eles que instituíram as obras de
caridade com donativos de particulares e muitas vezes até com contribuições dos
adversários da fé, nunca porém, com donativos do clero católico que constitui a
igreja.
Estas instituições foram mais tarde
por linhas travessas incorporadas a igreja, sem no entanto o clero concorrer
para o seu sustento. Até pelo contrário, elas têm servido para o sustento do
clero.
Se a doutrina espírita é heresia, hereges
então foram Jerônimo e Agostinho, doutores da igreja, pois ambos qualificaram Orígenes
de sábio e profundamente versado nas sagradas letras. E Jerônimo até disse que
depois dos apóstolos, considerava Orígenes a maior autoridade eclesiástica, e
que só a ignorância tentaria empanar esta verdade.
Ora, Orígenes escreveu no seu livro
"De Principiis" liv. II – “Que as causas da variedade das condições
humanas eram devidas a existências anteriores" e que “as almas voltam aos
corpos para passar por novas purificações em vidas novas". E disse ainda,
"a maneira como cada um de nós põe os pés na terra quando aqui aportamos,
é a consequência fatal como agiu anteriormente no Universo", "Elevando-se
pouco a pouco, os espíritos chegaram a este mundo e à ciência dele. Daí subirão
a melhor mundo e chegarão finalmente a um estado tal que nada mais terão de
ajuntar". É o que Orígenes escreveu no citado livro, cap. 9.
Eis exatamente o que ensinam os espíritos.
É a base da doutrina que nós professamos. O progresso infinito das almas até
atingir a perfeição moral através das reencarnações sucessivas, a salvação
universal; a pluralidade dos mundos habitáveis.
Quem estaria com a verdade: Orígenes,
S. Jerônimo e Agostinho, ou o Sr. bispo de Florianópolis, d. Joaquim?
18
O Espiritismo, Porque Estuda-lo?
Sob o título acima, lemos na revista
"Apostolado das Filhas de Maria no Brasil" uma critica na qual o autor
faz um confronto entre o espiritismo e o catolicismo.
Transcreve o articulista trechos de
uma entrevista com Lourenço Faget, na qual este disse que a base dos trabalhos
do congresso a que ia presidir seriam:
"1° - A sobrevivência da alma
depois da morte e a sua evolução progressiva para a perfeição infinita,
“2° - A possibilidade das comunicações
normais - note que digo normais e não acidentais - entre os vivos e os mortos,
entre os encarnados e os desencarnados."
Sobre isto diz o rev. articulista:
"A doutrina católica ensina, ela também, a sobrevivência da imortalidade,
o que não é inteiramente o mesmo, como demonstraremos". (Não é mesmo o
mesmo, rev., porque sobreviver da imortalidade parece como quem quisesse ir além
do infinito).
"A doutrina católica, ensina,
admite que as almas se possam purificar, depois da morte; nós sabemos que há um
purgatório (1). Mas não permite que se esqueça que há um inferno (?). Além
disso não admite tampouco que as comunicações entre os vivos e mortos possam
ser normais e habituais, ela os considera como sendo excepcionais."
No entanto, é dos fatos espíritas
que a igreja católica tira os maiores proventos, como por exemplo: da aparição
de um espirito à Bernardette em Lourdes e de fatos semelhantes, além de outros
fraudulentamente preparados pelo clero, de que ela vive e se enriquece.
Também não é de admirar que a igreja
faça questão que as manifestações dos espíritos sejam excepcionais, isto é, que
eles só se manifestem para o seu proveito, visto que os espíritos elevados e
todos os que ela considera os seus santos, todos eles a condenam. É daí o pavor
pelas comunicações normais. Mas a despeito do esforço que se faz para sufocar o
espiritismo os espíritos continuarão a sua obra até que os muros da nova Jericó
caiam por terra. A obra é deles e não nossa.
O rev. pretende duvidar que, como
diz Faget, os espíritos, segundo o seu estado moral são atraídos para as
diferentes esferas, dizendo "que o purgatório dos espíritos inferiores
consiste em ficarem rebatidos à tarefa
que cumpriram na Terra". É aí que começa a confusão do rev. e é natural,
como natural seria a minha se eu fosse obrigado a ir dizer missa.
Aí entra a questão da zona lúcida
mas é fácil elucidar o ponto por comparação. Imagine um suíno colocado em um
salão cheio de alfombras. Acha que ele estaria lá tão satisfeito como num lameiro?
Ou um bugre acostumado à tanga, numa festa do Clube dos Diários?
O mesmo se dá com os Espíritos- cada
um, naturalmente, procura o ambiente que se coaduna com o seu estado moral e
sente-se bem ou mal, sempre de acordo com os sentimentos que o animam; têm o céu
ou o inferno dentro de si mesmo.
Quanto à interpretação que o rev.
quer dar à resposta de Platão, "de que na realidade o Senhor não fala com Sócrates;
nem mesmo com Pitágoras, nem mesmo comigo...
No universo espiritual tornamo-nos
uma vibração impessoal, para nos confundir numa nota harmônica e sublime fazer
vibrar a um de nós, é fazer vibrar a todos, tirada, segundo afirma, do livro de
M. Simosimo, dizendo que ela desmantela o andaime espírita pela base e que se
depreende daí que é sempre o mesmo Espírito que se manifesta, é uma conclusão
tão errônea como as outras.
Para nós, é claro o que Platão diz e
significa muito e muito simplesmente, que os espíritos atingem um estado moral
em que amam ao seu próximo como a si mesmos; amando a Deus sobre todas as
coisas é natural que reunidos lá nos mesmos sentimentos, aquilo que faça vibrar
a um faça vibrar a todos; é a identidade de manifestação do amor. O mesmo
poderia o rev. observar se entrasse em uma loja onde houvesse uma porção de
planos; produzindo um som' que faz vibrar uma certa corda de um piano, em todos
os pianos (que, aliás, não tem alma) a mesma corda vibraria também, desde que
fossem afinados pelo mesmo diapasão. Assim, todos os espíritos elevados se
confundem na manifestação que qualquer um deles dá, por estarem todos nas
mesmas condições harmônicas. A palavra de um é a palavra de todos.
Diz ainda o rev. que a dedução que
se pode tirar da doutrina espírita é que os espíritos, à força de se purificar,
acabam por não ser mais eles próprios, por se tornarem impessoais, por se
perderem no grande todo. E para sermos lógicos, a conclusão final será: que um
dia não haverá mais espíritos !.."
O sofisma que o rev. emprega é falho
como todos os precedentes. É, porém, uma conclusão perdoável para as criaturas
que ainda são dominadas pelo egoísmo.
O Cristo, porém, que nunca foi
subjugado por esse vício, ensinou: "Sede um em mim como eu sou um no Pai,
para todos sermos um no Pai". Porventura o Cristo não tinha a sua
personalidade e não a conserva até hoje? E por ser um n ‘Ele, praticando as
mesmas obras que Ele fazia, perde-se a personalidade? Ou não estava Jesus ainda
puro? E quando a criatura atingir um dia a altura moral do Cristo, identificando-se
com ele nos sentimentos, no amor e na caridade, perderá por isso a sua
individualidade? Certo que não.
A conclusão que o rev. devia ter
tirado é outra: Jesus disse que "das ovelhas que o Pai lhe confiou nenhuma
se havia de perder", e, portanto, que pela purificação dos espíritos, dia virá
em que não haverá mais espíritos - homens - vaidosos e egoístas no nosso
planeta e que todos se confundirão no mesmo amor de um para com o outro, e
então virá Jesus tomar posse do seu reino em toda a sua glória.
Também não é certo quando o rev. afirma
que "Nós cristãos ensinamos clara e simplesmente, que as almas são imortais,
que a responsabilidade das suas obras as acompanha e que terão eternamente a
recompensa ou o castigo que lhes é devido".
A igreja prega, sim, as penas
eternas para aqueles que não comungam com ela, mas para os seus adeptos adotou
alvitres diversos. Para estes há as indulgências (bulas) que ainda hoje se
negociam, há as absolvições até a terceira geração e o perdão pela confissão,
etc. O maior
criminoso confessando-se, é absolvido, e tantas vezes quantas se confessa -
isto para a igreja - mas outra é a lei que rege a matéria no além.
O rev. interpretou mal os ensinos da
igreja; se, porém, ela tivesse ensinado o que o rev. diz, e se o clero tivesse
demonstrado o medo das responsabilidades das suas obras no além, outros teriam
sido os Frutos da igreja.
Também é natural que Faget tivesse
dito "que quanto maior fosse a moral do médium, tanto mais acessível
estaria à recepção de comunicações de espíritos elevados, pois isto é dogma da
lei de atração: as ovelhas não se juntam com os lobos, entre os homens há o
ditado, “dize-me com quem andas e eu te direi quem és" . E se isto se dá
na Terra, como poderia, segundo ainda afirma o rev. “um mal padre consagrar tão
realmente e absolver tão validamente como um bom?"
Jesus afirmou: “quem, não é por mim
é contra mim". Ora um mal padre de certo não pode estar com Jesus, isto é,
Jesus com ele. E Jesus ainda ajuntou: "pelas
obras os conhecereis". E falando ao clero da sua época, disse: "Ai de
vós escribas e fariseus hipócritas, pois que percorreis o mar e a Terra para
fazer um prosélito, e depois de o terdes feito, o fazeis filho do Inferno, duas
vezes mais do que vós", e "que as suas palavras eram para todos os
tempos." Logo?. Ao povo ensinou Jesus: "Fazei aquilo que eles vos
dizem, não porém o que fazem."
É no próprio Evangelho que se
encontra a condenação da Igreja, como também a luz que desaltera a sede dos
sedentos das verdades pregadas pelo Cristo, e a confirmação da doutrina espírita.
A Igreja não quer que se estude a
doutrina espírita porque ela tem por base o Evangelho, e a ela (Egreja) não
convém que este seja conhecido, a não ser nos poucos versículos que lhe apraz
dar á publicidade.
É preciso que o povo se conserve na
ignorância da lei moral pregada por Jesus, para que os tesouros do Vaticano não
diminuam, e os cardeais e os bispos possam sustentar a pompa, o luxo, o conforto
e o bem-estar, pouco importando que o desgraçado que dá os últimos cinco mil
réis para batizar seu filho, tenha no dia seguinte um prato de feijão, ou haja
de passar fome.
Esta é a lei principal da santa
madre igreja.
Que lhe faça bom proveito.
19
Propaganda Católica
Sob o titulo acima “O grande mal do
Espiritismo" recebemos um folheto dele propaganda involuntária do Espiritismo,
folheto que teve larga distribuição em todas igrejas.
O autor do folheto começa por dizer que
o espiritismo não tem uma doutrina fixa porque se baseia nas revelações do
outro mundo".
Se o espiritismo não tem uma
doutrina fixa, porque este pavor de que está possuída a Igreja? Que mal lhe pode advir disso?
Se decretar dogmas absurdos e fazer
os crentes aceitá-los sem exame, sem raciocínio, é ter doutrina fixa, é justo
confessar que não temos tal coisa; temos, entretanto, urna doutrina fixa, e
esta é o Evangelho de N. S. Jesus Cristo, explicado, nos pontos a que ele se
refere como sendo as suas palavras espírito e vida, em espirito e verdade,
pelos seus mensageiros.
A fixidez da doutrina católica foi
que gerou o materialismo. Para a igreja, até hoje, o mundo é fixo e o sol gira
em torno dele.
Se tudo progride, fatalmente a noção
da moral tem também de progredir com o correr dos tempos. A prova disso é que
Moysés pregou a um povo bárbaro, povo de escravos recém-libertados, a doutrina
de “olho por olho” e “dente por dente", doutrina ainda hoje adotada pela igreja,
enquanto Jesus veio ensinar: "amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que
vos odeiam e orai pelos que os perseguem e caluniam.” Esta é a doutrina adotada
pelo espiritismo e é por isso que a igreja diz que temos parte com o demônio. Bendito
demônio que a isso nos induz.
Porventura pode o autor, ou melhor,
a igreja, mostrar um único ensino, nos livros de Kardec, de León Denis ou em
outros tantos de ensinos espíritas, que não esteja de acordo com a moral ele
Jesus? Aponte-os, mas não invente.
Não podendo fazê-lo, lança mão da mentira,
como acontece no folheto a que me refiro. Diz a igreja: "Estas revelações em
geral se adaptam ao modo de pensar do médium, conforme o diz Allan Kardec no
livro “O que é o Espiritismo", página 92".
O que se encontra na página 92 e nas
seguintes é um diálogo entre um padre e Kardec, do seguinte teor:
Padre
- Se a igreja, vendo levantar-se uma nova doutrina, cujos princípios, em consciência,
julga dever condenar podeis vós contestar-lhe o direito de discuti-los e
combate-los, premunindo os fiéis contra o que ela considera erros?
A.
K. - De modo algum podemos contestar esse direito, que também reclamamos
para nós mesmos.
Se ela se houvesse encerrado nos limites
da discussão, nada haveria de melhor; lede, porém, a maioria dos discursos
proferidos por seus membros e publicados em nome da religião, e os sermões que
têm sido pregados, e vereis neles a injúria e a calúnia transbordando por toda
parte e os princípios da doutrina sempre indigna e perversamente desfigurados.
Do alto do púlpito os espíritas não
temos sido qualificados de inimigos da sociedade e da ordem publica, não temos
sido anatematizados e rejeitados do grêmio da igreja, chegando-se a avançar que
é melhor ser incrédulo do que crer em Deus e na alma pelos ensinos do espiritismo?
Não lamentam muitos hoje não se
poder atear para os espíritas as fogueiras da inquisição?
Padre
- Todo homem sensato deplora esses
excessos; mas a Igreja não pode ser responsável pelos abusos cometidos por alguns
dos seus membros pouco esclarecidos.
A.
K. - Convenho; mas entrarão na classe dos pouco esclarecidos os principais
da Igreja? Vede a pastoral do bispo de Alger e de alguns outros nossos conhecidos...”
É exatamente o que hoje acontece
aqui.
Mas o que é que a Igreja defende?
(falo do clero). Não é a sua farta subsistência? Não é a sua ociosidade? Não é a sua, durante séculos, privilegiada
posição? Não é o domínio das consciências favorecido pela ignorância do povo?
Quais são as suas obras? Que é que ela faz de graça que de algum modo aproveite
a quem quer que seja?
As obras de Francisco de Assis, de
Vicente de Paulo não são obra da igreja; eles enquanto vivos não foram por ela benquistos.
A Igreja perfilhou as confrarias muito depois da desencarnação dos seus
fundadores.
Demonstre, porém, com fatos concretos, o mal produzido pelos
adeptos da doutrina espírita, já que não temos papa nem clero para faze-lo. Desejamos, mesmo, que se exponha ao juízo do
mundo o nosso mal.
Continuando, diz o autor do folheto:
"Sendo que todos nós somos médiuns,
no dizer de Leon Dénis (‘Depois da Morte’, pág. 222)", chega o autor à
seguinte conclusão tendenciosa: “e sabendo todos que “cada cabeça, cada
sentença" - podemos concluir logicamente: O Espiritismo como doutrina
religiosa e como ciência, é uma confusão."
O Espiritismo nem é confusão como
doutrina religiosa nem como ciência, por não ser ele obra dos homens como o são
os dogmas católicos, sim obra de espíritos superiores, enviados pelo Cristo com
o objetivo de esclarecer a humanidade sobre a vida de além túmulo e apontar-lhe
o caminho ela salvação. E tanto assim é, que jamais uma filosofia tocou tantas
consciências e fez tantas conversões em tão curto espaço de tempo, como a
explanada no "Livro dos Espíritos".
Quanto a todos nós sermos médiuns
segundo afirma Leon Dénis e segundo ensinam os espíritos, é um fato, e a própria
igreja ensina, que cada um tem o seu anjo de guarda, ou guia, segundo o dizer
dos espíritos. O guia fala à consciência do guiado inspirando-o para o bem e
censura por meio dessa mesma consciência os maus atos e maus pensamentos, assim
como os espíritos atrasados, inimigos nossos de existências passadas, nos
tentam e procuram prejudicar-nos desviando-nos do cumprimento do dever. Isto é
doutrina católica, pois ela tanto admite a tentação do demônio como a proteção
dos santos e do anjo da guarda, admitindo ipso
facto a mediunidade universal. E, da mesma forma pode aplicar-se a si mesma
o provérbio “cada cabeça, cada sentença",
pois que com diferença de poucos dias, um cardeal manda excomungar os
protestantes e mover-lhes guerra, enquanto um outro, homem de real valor, sai
do seu caminho para visitar a Convenção Protestante de Detroit, onde disse alto
e bom som "estar certo de que tanto as ovelhas da sua igreja como as de
outra qualquer seita cristã, são filhos de Deus". São, pois, dois príncipes
da mesma infalível igreja que se contradizem.
A simples proibição ás suas ovelhas
da leitura de livros espíritas, bem como do tratamento pelo espiritismo, S. Em.
o cardeal deve estar farto de saber que é um convite para fazer o contrário. E
as estatísticas o demonstrariam se fosse caso de os espíritas fazerem reclamo."
Lê-se ainda no folheto: "O médium,
então, ou é um espírita sincero ou é um explorador da credulidade pública. Se é
um espírita sincero, é perigoso, pois caminha para a loucura; é na melhor hipótese
um doente. (E diante desta classe de doentes a igreja treme?).
Eis o que diz, a respeito, o Dr.
Juliano Moreira: "até hoje não tive
a fortuna de ver um médium principalmente os chamados videntes, que não fosse neuropata."
Assim pensam os Drs. Franco da Rocha,
Homem de Mello, Henrique Roxo, A. Peixoto e um sem número de homens de
valor." (?)
É o velho chavão, já muito
enferrujado. E se a igreja assim pensa, admira que ela tenha tanto medo dos
loucos, ou, na melhor hipótese, dos doentes, que se atrevem a não abdicar da
razão e deixar que ela pense e raciocine por eles, pagando, já se subentende.
Quanto ao que ela atribui como sendo
opinião do Dr. Juliano Moreira, pouco ou nenhum valor tem no caso pois que ele
não se tem dedicado a pesquisas psíquicas e a sua opinião é mais que
contrabalançada pelos seus colegas Drs. Bezerra de Menezes, Paul Gibier, Dias
da Cruz, March, Pinheiro Guedes, Alberto Seabra, Charles Richet, Lombroso,
Conan Doyle, o próprio Laponi (este médico do Vaticano ), e inúmeros outros médicos
e cientistas de real valor, que durante longos anos se dedicaram desinteressadamente
a exaustivos estudos. E quanto ao que pensam os outros médicos citados, que
valor tem as suas opiniões diante dos fatos constatados em todas as partes do
mundo por homens sábios?
Que
valor tem tal opinião diante do fato presenciado pelo senador Dr. Virgílio
Mendonça, Dr. Remígio Filgueiras e outras pessoas, no Pará, em casa do Sr. Eurípedes
Prado, onde assistiram a uma operação praticada por um espírito que, em
presença de todos, se materializou, operou e sumiu-se depois de lancetar um
tumor?
Que valor tem as suas opiniões diante
do fato de um médium receitar remédios, acertando no diagnóstico de uma pessoa
a mil léguas de distancia com apresentação do nome, idade e moradia do doente?
Lê-se ainda no folheto: "O
espiritismo prega a prática da caridade, dá esmolas e remédios. As grandes
virtudes são 3: Fé, Esperança e Caridade, segundo as palavras do próprio
Cristo, nosso Senhor. O espiritismo fomenta a caridade (ora graças), mata por
completo a fé e falsifica a esperança. Conclusão: é uma seita legitimamente
filha do espírito das trevas, do espírito mal, que deslumbra com luz falsa,
para matar."
De fato, o Espiritismo, isto é, os
espíritos não se cansam de aconselhar a prática da caridade que é a tábua de
salvação da criatura e o evangelho de Jesus resume-se nisso mesmo: “O amor a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo"; portanto, se o
espiritismo fomenta a caridade, está, ipso
facto, dentro da lei e disso nenhum mal pode advir.
Diz a igreja que o espiritismo mata
por completo a fé. Também isso não deixa de ser verdade se a igreja se refere à
fé que ela prega, a fé cega, a fé que sem exame aceita os seus mistérios sem
lhes procurar uma explicação. Mata-a mesmo. Mas no seu lugar dá origem à fé
raciocinada, a fé baseada em factos e provas provadas da sobrevivência da
individualidade consciente e da possibilidade de sua comunicação com o mundo
material.
No nosso caso não existe mais a fé
vacilante do católico que pratica os atos prescritos pela igreja, por causa da
dúvida, se por acaso Deus for assim como a igreja pinta.
Quanto à esperança, também tem razão
a igreja. Ela dá aos seus fiéis mais de uma; dá-lhes a do céu, a do purgatório
e a do inferno. Dá-lhes a esperança na comunhão, nas rezas e a promessa da nossa senhora do Carmo de tirar do
purgatório no primeiro sábado depois da morte, a quem adquirir um escapulário.
Na dúvida, porém, de que a nossa senhora
do Carmo cumpra a promessa, aconselha a igreja que se mande dizer missa,
mesmo que o freguês tenha levado o escapulário para o outro mundo.
Para o espírita a esperança se
transforma na certeza de que a lei é uma só para todas as criaturas e que a cada
um é dado segundo as suas obras, e de acordo com o grau de culpabilidade é
julgado pela sua própria consciência no Além; que a salvação é universal,
porque a todas as criaturas é dado expiar e reparar o mal feito e que essa
expiação e reparação se executam por meio da lei da reencarnação.
Quanto à conclusão acima citada,
ainda desta vez, temos de dar razão à igreja, pois, nestes tempos de
mercantilismo, quem segue os conselhos do Cristo, dando de graça o que de graça
recebe, por força há de ter o diabo no corpo, visto que a única religião verdadeira, isto é, os seus propugnadores tudo
vendem a preço marcado, desde o batismo até a encomendação e benzedura do corpo
podre para melhor os vermes o devorarem. E tudo isso por espírito de caridade
às avessas...
Naturalmente, quem se atreve a dar
receitas e remédios de graça e a curar, sem interesse de espécie alguma, pois a
despeito de toda classe de acusações, a igreja ainda não demonstrou que
interesse material nos move a assim proceder, é um astucioso e tem por força
que ter pato com o demônio, visto que a igreja, que é a única do Deus verdadeiro, nada disso pode fazer.
E as palavras de Jesus aos apóstolos
e aos seus sucessores dirigidas: "Ide, curai os enfermos, limpai os
leprosos, ressuscitai os mortos, fazei andar os paralíticos, expeli os espíritos
imundos, dai de graça o que de graça recebeis", é uma tradução falsa do
texto latino. O que aí consta é justamente o contrário. Aí Jesus manda: "negociai
com os sacramentos, vendei as missas e se alguém vos implora uma prece de
graça, excomungai-o.”
A igreja tem por força de seguir os
ensinos do texto latino pois que é em latim que ela reza.
O folheto finaliza com o seguinte:
"Em resumo: o espiritismo é um
mal. O bem que ele possa fazer, pela Caridade, desaparece diante dos males
funestos que espalha por toda parte.
"Contribuir de qualquer modo
para propagar essa moléstia, (é contribuir
para a diminuição da igreja e do seu consequente poder, e, portanto), é cometer
um crime. A imprensa devia ser a primeira a calar qualquer noticia dessas
aparições forjadas pela superstição dos tolos e pela esperteza dos maliciosos.
“Se, como diz o Evangelho, pelo fruto se conhece a árvore e sendo
os frutos do espiritismo: o suicídio, a loucura e a perda da fé (católica} é
dever de consciência (católica) combater o espiritismo."
Se na coerência dos seus ensinos condescendemos
com a igreja dando-lhe razão, não podemos concordar com este final, mesmo
porque a igreja não demonstrou, com um único fato, ao menos, ser o espiritismo
um mal. Acusar sem provas não é honesto. É preciso provar: e por isso proponho
o seguinte alvitre:
Se a igreja tem coragem, obtenha do Dr.
Juliano Moreira, a quem cita no seu folheto, licença para se proceder a um inquérito
com o fim de verificar quantos católicos e espíritas se acham internados no Hospício
de que é diretor, ou, para ser mais favorável a igreja, quantos doentes se
acham ali internados sofrendo de mania religiosa e quantos aí se acham devido
ao espiritismo. Argumentemos com factos.
O "Occult Review" de
novembro, citando a resposta que Sir Arthur Conan Doyle deu a um pastor, que
também cometeu a leviandade de dizer que o espiritismo faz loucos, cita a
seguinte estatística: "Numa investigação a que se procedeu nos asilos de
New England, a parte dos Estados Unidos onde o espiritismo é mais disseminado, verificou-se
que de 14.300 casos de alienação mental existiam 22 clérigos e 4
espíritas".
Como nos USA, segundo o último
censo, existiam aproximadamente 12 milhões de católicos e 13 milhões de protestantes,
portanto, mais ou menos 25% da população total, pode-se razoavelmente, presumir
que entre os 14.500 internados havia - 3.620 "católicos e protestantes
para 4 espíritas.
Se quiséssemos usar da má fé de que
usam os nossos adversários gratuitos, concluiríamos que é muito mais perigoso
ser católico do que espírita. Os mesmos algarismos aplicam-se ao suicídio e a igreja
sabe disso melhor do que nós.
Nós, porém, não pretendemos nem
devemos usar das mesmas armas para responder aos nossos detratores. Se os
clérigos e os seus fieis internados nos hospícios sofrem das faculdades mentais,
não é devido à religião que professam ou representam, e sim, a faltas, crimes,
cometidos em existências passadas, que Deus permite por esse meio serem
resgatados. É a lei de "quem com ferro fere com ferro será ferido"
que se cumpre.
Quanto a ser crime, o
"contribuir para propagar a moléstia do espiritismo", é questão de
opinião e opinião de quem, neste caso, tem interesse material em abafar a
verdade para que o seu erro não seja manifesto.
A imprensa não foi instituída para
calar fatos que se desenrolam, só para ser agradável a quem julga que os fatos
o possam prejudicar, e sim, para esclarecer a humanidade.
Os
fatos espíritas, mesmo com a imprensa calda, produzem-se tão a miúdo nos lares católicos,
sem ser provocados, que por si só bastarão para converter as massas.
Lamentamos o clero católico pois de
sobra conhecemos a sua responsabilidade quando, como agora, procura acirrar ódios
contra que quem lhe procura abrir os olhos para que não caia no abismo que ele
mesmo está cavando. Que Jesus o ampare
são nossos votos sinceros.
De um anônimo recebemos a seguinte
missiva que aqui transcrevemos para ser respondida por quem de direito, visto
ser impossível a nós.
“Rio, 25 de novembro de 1919. Ilmo.
Sr. Fred. Fígner,
Caro Amigo: Poderá V. As. me
explicar a razão pela Crônica Espírita no Correio da Manhã qual é a razão por
que S. Em. o Cardeal Arcoverde faz a campanha somente contra o Protestantismo, Espiritismo,
Abrigo Thereza de Jesus e a Associação Cristã de Moços e deixa em paz o
Positivismo que fez a separação da igreja do Estado no Brasil? Será porque no
exército brasileiro haja muitos positivistas? Como eles são espertos? Um vosso admirador.”
Tem, pois, a palavra, Sua Eminência.
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