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“O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
Introdução à Segunda parte
POSTULADO
ENGANADOR
O
caráter maravilhoso com que o Espiritismo está sendo divulgado em todo mundo,
não mais permite a negação infundada dos seus apaixonados contraditores.
Seria mesmo estultícia negar o que se pode verificar a qualquer momento, tanto
mais que os fenômenos espíritas se reproduzem e intensificam todos os dias, de
modo ostensivo, como que para demonstrarem a falsidade dos seus opositores, que
bem andariam se tomassem a sério o estudo de tão excelsa Doutrina.
Entretanto, o espírito de sistema que, como sói acontecer, com todas as
verdades novas que lhe vem desenraizar erros Inveterados, não cede senão aos
poucos e forçado pelas circunstâncias de momento, já facultou ao Espiritismo, o
título de ciência, pretendendo assim, prendê-lo nesse limitado círculo de
ideias.
Nós, porém, que vimos mourejando de sol a sol para que o trigo se multiplique
na Seara, não nos contentamos com a exígua concessão; agradecemos aos nossos
adversários, mas queremos mais, queremos o que nos é devido, o que nos pertence.
Não
há, absolutamente, dúvida que o Espiritismo abrange a esfera da Ciência e opera
no círculo científico, que é o dos "fenômenos demonstráveis"
Mas,
resumir as Manifestações Espíritas a uma ciência semelhante as que se ostentam
na Terra, é o cúmulo da maior insensatez.
Se
esses fenômenos transpõem os limites do túmulo, se destroem o postulado da
Morte e demonstram a sobrevivência humana, é claro que estão intimamente
ligados à Vida na Eternidade, não podendo, portanto, deixar de nos conduzir a
um iluminado Teísmo, que abrange, não somente a Ciência, mas também a Religião.
Se é verdade que a Ciência se arrima em fatos, a Religião, a seu turno, tem por
fundamento inabalável os fatos que despertam a ideia do seu caráter divino.
Religião sem fatos é mera filosofia, cujas ideias desaparecem ao sopro
esclarecido da razão.
A
Religião verdadeira apresenta-se primeiramente na forma positiva dos fenômenos
que a personificam, para depois tirar desses fatos as ideias, as mais subidas
deduções constitutivas da Moral.
Ora,
ninguém pode negar que as Manifestações Espíritas, em sua sublime codificação
revestem o verdadeiro caráter religioso, de Moral inigualável.
Desde as mais vulgares mensagens da "mesinha" aos excelentes e
emocionantes ditados que primam por uma linguagem elevadíssima, todas as
manifestações dão a ideia nítida da imortalidade, da Vida Futura, de Deus.
Afirmar o contrário é confessar ignorância do assunto que se quer julgar sem
estudo, sem conhecimento.
A religião não é uma crença abstrata, é um todo concreto, um conjunto
harmonioso de deduções lógicas, racionais, dos fatos que lhe serviram de
apresentação.
O
Espiritismo reveste o caráter da verdadeira Religião, porque as suas ideias, a
sua filosofia, estabelecem perfeita harmonia com os seus fatos.
A afirmação de que o Espiritismo não passa de mera ciência de observação é um
postulado enganador para desviar as almas da verdade.
É mais um estratagema dos inimigos da luz para lançar a confusão nos espíritos
e retardar o triunfo definitivo do Espírito sobre a matéria, da virtude contra
o dogma, do reinado de Deus contra o reinado dos homens.
(Artigo
do ‘Clarim’, de Matão).
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“O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO
I
Decorridos trinta e poucos dias depois de conclusa a resposta ao folheto do Sr.
Antonio Ernesto da Silva, fui visitado por um ministro protestante; o mesmo que
sempre aparece por estes bairros no desempenho da sua missão de pregador.
Algumas vezes já, tem vindo à minha residência, convidar minha família para
assistir aos seus sermões.
Na última visita que me fez, trouxe-me de presente um folhetinho, dizendo-me
ser o mesmo poderosa alavanca para demolir o Espiritismo.
Após a retirada daquele amigo e gentil visitante, passei a examinar o
folhetinho de dezessete páginas. Li-o em dez minutos. Não traz o nome do autor:
É um filho sem pai, somente trás o nome da casa publicadora, da Califórnia.
Achei-o... ótimo!
É um trabalho que muito auxilia o Espiritismo pelas explicações que dá, porque,
na realidade, as suas explicações destroem as dúvidas e as protestantescas
afirmações anteriores, publicadas por outros autores contra a doutrina dos
Espíritos. Os crentes protestantes que analisarem atentamente o referido
folheto, compreenderão a verdade do lado do espiritismo e o erro do lado do
protestantismo.
No modo de entender dos refletidos e despeados de preconceitos, o folheto longe
de ser uma "alavanca demolidora do espiritismo", é, ao contrário e de
fato, do protestantismo. Pouco
importa, pois, seja um anônimo, vindo da Califórnia ou da Conchinchina, visto
que seu autor é um médium inspirado para falar a verdade, sem o querer!
Contra o espiritismo, na aparência, só contêm as citações do Êxodo, Levítico e
Deuteronômio, que já conhecemos e temos respondido neste estudo; mas, seus
argumentos são ótimos para realçar e corroborar as verdades que ninguém pode
negar.
Não vou refutar o folheto, nem contradizê-lo; apenas vou fazer pequenos
comentários para demonstrar o grande auxílio que os protestantes estão
prestando ao espiritismo, quanto à sua propagação entre os denominados crentes
evangélicos.
Na primeira página. lê-se a explicação belíssima e bem feita de que, no
espiritismo como em outra ciência qualquer, há, ao lado da verdadeira, outra
falsa; há o erro ao lado da verdade, e por isso mesmo, há muito espiritismo
falso e charlatão procurando imitar e confundir-se com o espiritismo legitimo e
científico; e diz, ainda, que a prova da existência do espiritismo verdadeiro
(que é uma realidade) existe o falso; "visto que não se
pode fazer moeda falsa senão imitando as legítimas... " Que hoje,
milhões de pessoas se ocupam com o espiritismo estudando os fenômenos
magnéticos, encontrando na ciência do magnetismo um poderoso auxiliar para a
desvendamento dos mistérios que noutros tempos não conheciam, e que havia então
muitas dificuldades para distinguir a verdade da impostura; que, graças ao
magnetismo humano, já não existem mais essas dificuldades e que o tempo das
dúvidas já passou, e por isso mesmo, os cientistas trabalham e o espiritismo
progride a passos de gigante, atraindo grande número de estudantes e
investigadores.
Prenuncia ainda, que, nas observações que se colhem, ao que se vê na
atualidade, é de esperar que o espiritismo dará passos ainda mais atrevidos,
produzindo maiores prodígios, que causarão admiração a todas as nações do
mundo...
............................
Em vista disso tudo, que é de fato a realidade, o folheto escrito pelo
protestante da Califórnia, em vez de derrubar a doutrina espírita, a afirma e
defende. Não haveria o que refutar!..
"Mas... tudo, (diz o autor) tudo isso não é estranho; é de esperar,
porque, Satanás teria de fazer prodígios tais que procuraria
todos os meios de enganar a humanidade... Satanás bem
sabe o que está fazendo... "
..........................
Sempre Satanás... Satanás...
Todas as conquistas da ciência para progresso e bem-estar da humanidade é obra
de Satanás!
Esse Sr. D. Satanás é um indivíduo muito estúpido! Que ele trabalhe para si,
aliciando almas para o seu inferno de bobagem, vá - está no seu direito, cada
um procura seus interesses e ele que exerça a sua profissão, que ninguém o
embaraçará; ele achará almas trouxas que queiram ir para o seu inferno... se as
achar mas, que ele trabalhe para Deus ensinando a religião de acordo com a
ciência; convencendo os incrédulos, arrancando a humanidade do caminho do
vício, transformando os caracteres, acalmando os ânimos exaltados,
reconciliando a humanidade com o seu Criador, explicando a doutrina do
Cristo em espírito e em verdade, é dar provas de grande imbecil, que
trabalha para os outros (1).
(1) "Nova Revelação", de Conan Doyle, cap. I, pág. 60. (Tradução de
G. Ribeiro da 6ª edição inglesa.)
Satanás é, pois, um bobo... Em vez de trabalhar para si, trabalha em benefício
dos outros, encaminhando as almas para a bem-aventurança!
O folhetinho apresenta quatro afirmações contra o espiritismo, a saber:
1º) O espiritismo e a mediunidade já existiam muitos séculos antes de Moisés.
Isso não é prova contra! De fato, o espiritismo sendo a verdade eterna, existia
já muito antes que o caos se transformasse em globo terráqueo:
2º)
As comunicações dos espíritos são abomináveis a Deus, e proibidas por ele e são somente os demônios os que se
comunicam.
Isso também nada prova porque, se Deus as proibisse, não haveria comunicações;
se as há é porque Deus permite... Se Deus permite, não é Ele quem as
proíbe (1).
(1) Vd. Artigo do Dr. Viana: Argumento Falho, cit. na 1ª Parte.
3º)
Só se têm entregado às práticas espíritas os homens maus e que as pessoas
tementes a Deus, as procuram evitar por serem de procedência satânica.
Pessoas que temem a Deus não O amam. Deus sendo o amor, sendo a caridade, não
deve ser temido pelos verdadeiros cristãos; pois que não há temer de quem se
ama.
Um deus que inspira medo, será o deus terrível, irado e vingativo, será um
Molock, e não o Deus-amor, o Deus-caridade, o Deus infinitamente bom e justo,
que distribui justiça segundo o merecimento de cada um. Os espíritas amam a
Deus e lhe obedecem por amor, não por temor de castigo.
A quarta e última afirmação é a seguinte:
4º)
O fato de pessoas, chamando-se cristãs, entregarem-se a tais práticas, mesmo possuindo as Sagradas Escrituras, é
um sinal manifesto e certo da aproximação dos juízos divinos.
A resposta a esta afirmação já foi dada no capítulo XIV deste trabalho, na 1ª
Parte, no comentário ao discurso de Pedro no dia de Pentecostes, e
acrescentarei ainda a transcrição do versículo 19 de Atos, Capitulo II:
"E farei aparecer prodígios nas alturas no céu e sinais embaixo, na terra;
sangue, fogo e vapor de fumo".
Os prodígios de que se admiram os protestantes são, como diz na quarta
afirmação, sinais dos juízos divinos; combinam com as palavras de Pedro e Joel:
"Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu espirito sobre toda a
carne". (Atos, II: 17).
Nos últimos dias...
Estes sinais certos, manifestos, observados pelos protestantes, são o
cumprimento destas palavras... Os protestantes os reconhecem e não podem
nega-los; confessam-nos, estão na Bíblia, mas... tudo é obra de Satanás!
Ninguém sabe como entender os protestantes: negam o que afirmam e tornam a
afirmar o que negaram; e o satanás que os confunde está sempre com eles para os
confundir ainda mais.
"Quem está confuso, confunda-se ainda". (Apocalipse, XXII: 11).
***
A prova da confusão dos senhores teólogos protestantes é a seguinte...
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“O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO
II
O caso de Samuel, o qual apareceu a Saul pela operação aparente da feiticeira
de Endor, longe de corroborar as teorias espiritistas as derruba, porque esta
aparição foi claramente ordenada por Deus e determinada por Deus mesmo, e não
foi o resultado de nenhuma invocação, nem muito menos do poder de Samuel.
E a prova de que Samuel foi enviado por Deus, temos no fato que deu uma
mensagem direta a Saul da parte do Senhor, como se vê no versículo 19 de I
Samuel,
XXVIII. Assim, pois, era Samuel
comissionado de Deus e de Deus somente, com o expresso mandato de dar a Saul
esta mensagem.
(Folheto
da Califórnia, páginas 10 e 11).
Eis aí uma palpável contradição com as afirmações anteriores. Se as comunicações
espíritas são exclusivamente de demônios, como, pois; esta de Samuel não o é?
Efetivamente, foi Samuel que Deus enviou para falar a Saul.
Se não eram os mortos que se comunicavam e sim demônios, os senhores
protestantes estão confusos, porque Samuel era morto e todo o Israel o tinha
chorado, estava sepultado em Ramath (I Samuel ou Reis, Capítulo XXV: 1 e
XXVIII: 3).
Até o presente, sempre li escritos de protestantes citando o caso da médium de
Endor, mas sempre afirmando ser o diabo que enganou, dizendo-se Samuel, (1) e
isto é um flagrante contra senso com o que diz na tese que encabeça este
capítulo.
O autor do folheto compreendeu que na realidade, foi Samuel que se comunicou
por intermédio da pitonisa e foi Deus mesmo que o enviou para dar a Saul a
mensagem, porém, que não foi o resultado de nenhuma evocação.
Eis as palavras do texto:
Houve, pois, a evocação de Samuel e era mesmo Samuel a quem Saul conhecia, com
quem tinha tido relações e lhe era, portanto, um Espírito familiar, porque não
era um estranho. Era ele um ancião que estava vestido com uma capa, (versículo
14) da mesma forma que Saul sempre o via, pois que era o profeta que Saul
sempre consultava nas ocasiões de apertos. (Versículo 17).
O que me cumpre é frisar este fato: O protestante já não nega mais a
comunicação das almas que viveram na Terra, pois que Deus permitiu a
comunicação de Samuel mediante a mediunidade da pitonisa de Endor. Por
conseguinte, não são exclusivamente os enviados de satanás que se comunicam com
os homens deste pleno terreno.
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“O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
Milhares de exemplares do tal folheto foram distribuídos profusamente no Rio de
Janeiro e em São Paulo. É um auxiliar da propaganda espírita que os senhores da
Califórnia nos mandaram, e oxalá que mandem imprimir e reimprimir mais alguns
milhares, para maior propaganda, a fim de ir despertando todos os crentes
protestantes para meditarem mais e investigarem a Escritura, a fim de
destacarem da letra que mata o espirito que vivifica, isto é, desentranhar
da letra da Bíblia o seu sentido oculto, espiritual, que só pode ser
compreendido por quem foi batizado com o batismo de Jesus (1).
(1) S. Mateus, III: 11; "Cristianismo e Espiritismo”, L. Denis - Notas.
As comunicações dos Espíritos do Senhor são patentes nas Escrituras Sagradas,
como provei nos capítulos anteriores, na 1ª Parte desta carta aberta. Não
existe somente o caso da comunicação de Samuel para confirmação das revelações
do Senhor por meio dos médiuns bíblicos. O Espiritismo Senhor por meio dos
médiuns bíblicos. O Espiritismo dos espíritas é o mesmo Espiritismo do Cristo.
O Evangelho de São João é um documento de alto valor espiritual. É naquele
Evangelho que encontramos as mais belas explicações que o Cristo fez da
doutrina espírita.
Vemos a continuação do Espiritismo entre os apóstolos, conforme se, lê nos
Atos, conforme referi em capítulos anteriores.
Quem ler com atenção os capítulos X e XI dos Atos dos Apóstolos, se convencerá
de que os discípulos do Cristo recebiam ordens dos Espíritos, como nos casos de
Pedro, Paulo, Felipe e outros.
É grande engano dos senhores protestantes o suporem que os espíritas fazem
evocações de mortos e chamam Espíritos. Nenhum espírita legítimo faz evocação
de mortos. Somente fazem o que fazia Cornélio: orar. Assim como Deus enviou um
Espírito a Cornélio, o centurião, também pode enviar e envia aos espiritas
convictos, crentes e fervorosos, para dar-lhes explicações das palavras do
Cristo, aconselhar para o bem, chamando a atenção para corrigi-los de algum
vício dos que se encontram mencionados em I aos Coríntios, VI: 9-10.
27c
“O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
É necessário, é indispensável uma sincera oração, nascida do íntimo com
absoluta certeza de que Deus a ouve, é necessário um recolhimento perfeito e
completo; uma concentração que separe o pensamento de tudo que seja material e
somente se preocupe, naquele momento, das coisas espirituais; que o coração e o
pensamento estejam intimamente desprendidos dos cuidados
terrestres, a ponto de nem sentir nem perceber a existência do próprio corpo;
não ver nem ouvir o que se passa em redor, para que o Senhor envie um anjo a
encher o crente de alegria e satisfação.
É de fato, motivo de grande alegria um cristão receber uma visita celeste,
visita de um enviado de Jesus. Alegria tão grande como aquela que experimentou
Cornélio, que, logo após a retirada do mensageiro de Deus, chamou um soldado e
dois criados e lhes contou o ocorrido. (Atos, X: 7-8). Cornélio sentia-se tão
feliz, tão agradecido ao seu Deus, e, querendo repartir sua alegria e
felicidade com parentes e amigos, que, como ele residiam em Cesaréia (1), saiu, foi procurá-los e lhes
contou como fora visitado por um enviado celeste, que lhe ordenou mandasse
chamar Pedro para lhes explicar os mistérios do reino dos céus; e convidou aos
parentes e amigos para juntos esperarem o apóstolo Simão Pedro. (Atos, X: 24).
(1) Cidade da Palestina, antes "Stratonis Arce", no
Mediterrâneo, próxima das fronteiras da Galileia e de Samaria. Havia na
antiguidade várias cidades com o nome de Cesaréia, na Europa e na Ásia.
O Centurião Cornélio tornou-se um grande espírita, que de fato já o era pela fé
e pela crença, e dessa hora em diante ainda mais, porque teve a confirmação de
que sua oração foi ouvida e as esmolas que fazia tinham subido para
memória diante de Deus. (Atos, X:4).
Todo aquele que permanece, de fato, e não somente de palavras; todo aquele que
a exemplo de Cornélio praticar a caridade e orar como ele orava, quer seja
católico, protestante ou espírita, é atendido em sua prece e vem, não um só
enviado de Jesus, mas inumerável multidão, que ninguém poderá contar, vem um
exército saudar o servo que reconhece o Criador e o ama, especialmente quando
se encontra em perigo e ameaçado pelos perseguidores malvados. A prova se
encontra nas seguintes palavras do texto sagrado:
“Nenhum
mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda, porque aos seus anjos
dará ordens a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles
te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.” (Salmos,
XCI: 10-12).
Estas palavras não foram ditas somente a benefício dos protestantes, como
únicos privilegiados por Deus, para gozar do seu auxílio, mas, a todos que, sem
exceção, cumprirem seus deveres como cristãos, isto é, que praticarem o bem em todos
os seus ramos de caridade e amor do próximo, e não fizerem aos outros o que não
quereriam que os outros lhes fizessem.
Eu sou uma testemunha da fidelidade das promessas do Salmo, XCI: 10-11-12,
porque; em Rio das Pedras se levantou quase toda a população contra mim. Um
exército de inimigos do Espiritismo, comandado pelo vigário, tentou por
diversas vezes e meios destruir-me; porém, todas as autoridades e poderes
públicos governativos do Estado de São Paulo defenderam-me em todo o ponto de vista.
Foi um fato que causou grande admiração ao povo, que esperava ver-me derrotado
e massacrado! Nada me aconteceu porque eu, cheio de fé nas palavras do Salmo
XCI, confirmadas pelos Espíritos superiores, que sempre me animavam
prometendo-me não deixarem perecer sequer um fio de cabelo da minha cabeça,
tinha a firme convicção de que estava uma milícia celeste trabalhando no
invisível para frustrar os planos dos meus gratuitos adversários, tal como
realmente sucedeu. O Espiritismo triunfou com geral desapontamento dos que
esperavam o contrário!
O vigário da paróquia, em seus sermões e no confessionário incutiu no ânimo do
povo que eu era um homem pernicioso, um inimigo de Deus, que devia ser expulso
da cidade ou linchado na praça pública, por estar pervertendo o povo com o
Espiritismo. E assim subornou os católicos, conseguindo assinaturas para uma
denúncia tremenda, denúncia que caiu logo no inquérito feito, sendo publicado o
relatório da autoridade, relatório que constituiu a minha defesa e a derrota
vergonhosa do infeliz sacerdote e o opróbrio humilhante dos subscritores da
denúncia! Se eu não tivesse um exército invisível trabalhando em minha defesa,
o sacerdote sairia triunfante. Se o Espiritismo em Rio das Pedras não fosse a
obra de Deus, não seria defendido e eu seria linchado, como era da vontade do
vigário.
O leitor que quiser conhecer os pormenores deste extraordinário acontecimento,
procure ler a nossa obra intitulada: "O Crime do Rio das Pedras -
O Espiritismo e o Padre" e aí encontrará a história completa e
documentada do fato que teve por teatro a cidade de Rio das Pedras, comarca de
Piracicaba.
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