7 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO V
No espaço não só se brinca, como também se briga ...
Não pretendo discutir este assunto, pois se eu pretendesse explicar numa carta
estes fatos, precisaria escrever uma ciência inteira desde o princípio, porém,
isso já está explicado nas obras fundamentais do Espiritismo. Quem quiser
saber, leia o Livro dos Médiuns, que encontrará a explicação.
Lembrarei ao ministro que ele acredita na tal briga de Satanás com
Deus, na batalha que houve no céu!!! (1).
(1) Apocalipse, XII: 7.
Direi, entretanto, que na Terra há de tudo: homens sérios e homens velhacos,
verdadeiros e mentirosos, bons e maus; há prudentes e levianos, sábios e
ignorantes; há delicados e grosseiros, zombeteiros e brincalhões, assim como
também briguentos e perseguidores. Quando desencarnam, vão para lá, levando as
boas ou más qualidades. Os brincalhões, os malvados e outros, enquanto não
se arrependerem - continuarão como eram na Terra.
A única herança que o homem possui é a que pode transportar além do túmulo; e a
bagagem que levar constituirá o seu céu ou o seu inferno - continua a praticar
as mesmas coisas - sofre as consequências, como diz a Escritura: Serão julgados
e pagarão conforme as suas obras - (S. Mateus XXV, 31-46) (1).
(1) Vd. Apocalipse XX: 11, 15; II: 23; Mateus XVI: 27; Romanos II: 6 etc.
Se não foi Tomás de Aquino, poderia ter sido qualquer outro Espírito
Inquisidor, que tinha igual nome, que queria dar cabo da vida dos aviadores
portugueses. Isso não está fora das normas do possível. Frei Bartolomeu de
Gusmão pode ser o gênio protetor dos aviadores, que é o mesmo anjo da guarda,
na existência do qual o Senhor Pastor também crê (2).
(2) Ele mesmo devia ser Santos Dumont, depois de ter sido Frei
Bartolomeu.
...Mas... para os protestantes, estão no inferno, tanto Frei Bartolomeu como
Tomás de Aquino! Para eles, tudo quanto cheira a católico romano, está no
inferno e vai para o inferno, (3) assim como também a todos os espíritas eles
já condenaram às penas eternas: vão todos para o inferno, inclusive eu, que sou
espírita ha dezoito anos.
(3) O Espiritismo. P. Gibier, pág. 84 (extr. discurso dos
brâmanes); Que é o Espiritismo, pág. 110; Bhagavad Gita, parte XII; IV; VII -
Ensinos espiritualistas XXXII, etc.
Deus criou o céu somente para pastores protestantes e todos os convertidos ao
evangelho de Lutero (1).
(1) Ver obras citadas acima.
Tudo o que está fora do protestantismo, está perdido, está arruinado, condenado
sem remissão. Deus só cuida dos protestantes... o céu está povoado somente de
protestantes!
8 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO VI
O Senhor Ernesto de Oliveira
Muito meu conhecido. Foi meu hóspede muitas vezes em Itatiba, há quarenta anos,
quando ainda eu estudava o protestantismo. Ele com o seu jornal vespertino de
Curitiba, fez o mesmo que fizeram outrora os fariseus a Jesus, nos casos da
mulher adúltera e da moeda de Cesar: Tentar!
Isso ainda não é tudo; os fariseus diziam de Jesus: Tem demônio. O mesmo que
dizem os protestantes dos espiritas. O Sr. Ernesto de Oliveira inventou essa
história para o fim de ridiculizar o Espiritismo. Os médicos do espaço não
atestam óbitos. Isso só pode dar-se em centros de charlatães e embusteiros,
nunca em trabalhos dirigidos por homens de probidade. Se for verdade o que
publicou o referido jornal, o Sr. Ernesto foi infeliz: Quis matar a sede e
bebeu água de enxurrada, no primeiro charco que encontrou ao acaso!
Mas, examinemos com mais paciência este fato: Satanás, como dizem, é o pai da
mentira, é astucioso, arranja ardis, arma ciladas para apanhar o homem e
envolvê-lo em suas malhas. Ora, foi justamente o que aconteceu ao Sr. Ernesto
de Oliveira: O Espirito que o acompanhava era um desses; foi, quando viveu na
Terra, um ardiloso; armava ciladas, intrigava, fazia traições ao seu próximo,
empregando mentiras e embustes, e, no espaço, como Espírito, inspirou o Senhor
Ernesto dando-lhe intuições e pensamentos para armar uma cilada. E foi o que
ele fez: serviu de instrumento para um Espirito astucioso e mau, e... na tal
sessão espirita onde fora o consultante com cara compungida, o mesmo Espirito
que o inspirou fez, mui propositadamente a cura de um doente inexistente, e
passou atestado de um morto fantástico, para confirmar a mentira do
Espiritismo, a fim de que o Sr. Ernesto continue sempre como um profeta da
mentira; um astucioso e traidor dos seus semelhantes. É isso mesmo que quer o
tal Satã, muito aclamado pelos senhores Pastores protestantes. Satanás foi
guindado a esse poder pelos próprios Senhores Pastores, que lhe servem de
instrumentos passivos e dóceis...
Os fariseus também, inspirados por Satã, armavam ciladas contra Jesus,
empregando idênticas astucias.
O Espírito da Verdade enviado por Jesus não inspira ninguém para trair o
próximo e usar de astucias para engana-lo e ridiculariza-lo . Somente o tal
Satã é que pode inspirar profetas para o embuste e a falsidade. O Espiritismo
cristão, que compreende que Jesus é a caridade e só esta é a condição única
para a salvação eterna (S. Mateus, XXV: 31-46), procura destronar Satã do
pedestal onde o colocaram os dogmas romanos e protestantes.
Enquanto conservarem e defenderem a doutrina de Satã, este
continuará a lhes inspirar a traição contra os seus semelhantes, faltando-lhes
com a caridade.
9 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO VII
O Espiritismo não cura coisa nenhuma
O Sr. Pastor parece que não compreende o Evangelho. Jesus disse a seus
discípulos: '''Ide por toda a parte, expeli os maus Espíritos, curai os
enfermos" (Lucas, X: 9). "Porão as mãos sobre os enfermos e os
sararão (Marcos, XVI, 18). Jesus mandou curar, pondo as mãos
sobre os enfermos. É isso que fazem os espiritas: põem as mãos sobre os
enfermos e os curam, com passes magnéticos, com eflúvios da mediunidade, (dom
de curar). Não curou Pedro o paralítico à porta do templo? Paulo não curava os
enfermos? (Atos, XIV: 8-9-10). Atos, V: 15-16. Não é a Escritura que nos diz
que até os aventais, os lenços e a roupa dos apóstolos em contato com os
enfermos os fazia sarar? (1)
(1) Atos, XIX: 11-12.
Não diz Tiago no capítulo V: 15, que a oração da fé salvará o doente e o Senhor
o levantará? O Pastor é um incrédulo do próprio Evangelho. Ele não tem fé, nem
dom de curar e supõe que ninguém o tenha! São Paulo não diz que é dado por Deus
o dom de curar por Espírito? (I Coríntios, XII: 9). Jesus Cristo não curou a
mulher que sofria fluxo de sangue? O cego de Betsaida, o paralítico da piscina,
(João V: 1-17), o cego de nascimento e outras numerosas curas de possessos
e lunáticos que Jesus operou na Galileia, Decápole, Jerusalém, Judeia e além do
Jordão, como narram os Evangelhos? (Marcos, VII 22-25 - Mateus, IX: 1-6 e XVII:
14-19 - Lucas, XIII; 10-17). Não disse Jesus: "Eu faço estas cousas, vós também
podeis fazê-las e as fareis maiores que estas?" (S. João, V: 20; S.
Marcos, XVI: 17-18; S. Mateus, X: 8).
Os pastores têm olhos mas não veem cura nenhuma, porque não creem! Jesus também
disse em particular aos seus discípulos: "Bem-aventurados
os olhos que veem o que vós vedes. Digo-vos que muitos profetas e reis
desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvirem o que vós ouvides e não
ouviram". (S. Lucas, X: 23).
Os espíritas não curam para ganhar: dão de graça o que de graça recebem. Não
anunciam com alarde as suas curas importantes, porque não necessitam de reclames,
como faz a ciência oficial, interesseira. Atendem a todos que os procuram sem
intuitos quaisquer de lucro monetário.
O Pastor disse ainda a respeito das curas pelo Espiritismo:
Retire-se das curas a sugestão e a clientela ficará na mesma.
Ora, isso é lógico. Retire-se a fé e faça-se entrar em seu lugar a
incredulidade, nada se poderá obter; nem cura, nem outra qualquer coisa. Jesus
dizia sempre: "A tua fé te curou. Seja feito conforme a tua fé". (S.
Mateus, XV; 28, cap. IX, 22 e VIII, 2; S. Marcos IX, 23; S. Lucas V: 20 cap.
VII: 2-10) (1).
(1) Vd. também S, Marcos, VII: 25-30.
Assim como os discípulos curavam, os espíritas, relativamente com a mesma fé,
com a mesma convicção, curam também. Os ministros não creem, por isso mesmo não
curam coisa alguma (Vd. S. Mateus, XIII: 58).
Os ministros, tais como o Sr. Ernesto de Oliveira, servindo-se da astucia de
Satã, vão pedir remédio para curar defunto que está enterrado há 15 anos!
Enganam-se a si mesmos: Ridicularizam- se, aos olhos das pessoas sensatas...
10 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO VIII
Se o espírito do Dr. Fulano de tal, que aqui foi um bom médico
se aperfeiçoou no espaço, porque não trás remédio para a lepra, para o cancro e
a tuberculose? (1)
(1) S.
Lucas, XI: 29; S, Mateus, 38.
É o caso de perguntar ao Pastor: por que criou Deus essas moléstias a nós
incuráveis?! Perguntas de fariseus, a que Jesus não respondia (vd. Marcos, XI:
33).
Essa pergunta, ou como quer que seja, essa afronta, Jesus também ouviu sem murmurar,
dos escribas e fariseus ignorantes da sua missão divina: "Tu que destróis
o templo e em três dias o reedificas, desce dessa cruz... Salvou aos outros e a
si mesmo não pode salvar-se. Desce dessa cruz e então acreditaremos em
ti". (Mateus XXVII: 40-43).
O Espírito do Dr. Fulano não pode fazer o que Deus não permite e Deus não pede
licença aos pastores protestantes para permitir que Ele mande fazer ou não uma
coisa que a inteligência humana deve procurar pelos seus métodos científicos e
pelo próprio esforço. Se fora assim, não seria necessário ir à academia para
aprender. Cada um teria sempre, ás suas ordens, o Espírito de um professor que
lhe anunciaria previamente os pontos que lhe houvessem de cair por sorte nos
exames... Sairia aprovado sem conhecer a ciência!
Os Espíritos não são empregados de ninguém para satisfazer a curiosidade de
quem quer que seja. Eles são os ministradores de Deus, enviados em favor
daqueles que têm de receber a herança da salvação. (Hebreus, I: 14).
Eis mais um argumento do Ver. Pastor:
Dizem que os homicídios revoltantes, cometidos no Paraná em 1894, eram
procedidos de uma sessão espirita.
Dizem, mas não provam. Essa é uma das tantas calúnias e falsidades que os
inimigos inventam à vontade e escrevem como verdades, Julgam tudo e se baseiam
no fundamento de um ouvi dizer... Eu também poderia referir e provar
crimes revoltantes de pregadores e crentes protestantes, mas não o faço porque
Jesus mandou que se não deve retribuir mal por mal. (S, Mateus, V:
37-45).
11 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO IX
Não é coisa difícil justificar algum absurdo,
quando de destaca
um versículo da Bíblia.
O absurdo é impossível de ser justificado
quando se compara
versículo com versículo.
O profeta Malaquias anunciando a reencarnação de Elias, disse:
"Eis aí vos enviarei eu o profeta Elias; antes que venha o grande e
horrível dia do Senhor". (Malaquias IV: 5).
Ter-se-ia cumprido a profecia de Malaquias? Isto é, voltou Elias á Terra?
Vejamos: Um Espírito disse a Zacarias as seguintes palavras:
"E o mesmo irá adiante dele no Espírito e virtude de Elias para reunir os
corações dos pais aos filhos ... " (Lucas, I: 17). Aí está bem claramente
ensinada, digo, confirmada a próxima reencarnação do profeta que foi Elias na
anterior existência terrena (1). João Batista era, pois, Elias que, voltando à
Terra, tomaria um nome diferente.
(1) Vd. II Reis ou IV Reis (Figueiredo) I: 8 e seguintes.
(1) Os corpos e os nomes pouco
importam, o Espírito era o mesmo. Jesus Cristo disse que a carne para nada aproveita,
(é matéria perecível) o Espirito é o que vivifica. Que importam as cores dos
ternos de roupa que vestiu durante a existência terrena?
(1) I Reis ou III Reis - XVII: 1: 24.
O Senhor pastor pode ter vestido muitos ternos de cores diferentes, e continuou
sendo o mesmo Senhor Antônio Ernesto, sem ter mudado a personalidade.
A personalidade de Elias desapareceu, mas a sua individualidade é sempre a
mesma. A personalidade é a roupa da individualidade.
Jesus Cristo confirmou a reencarnação de Elias?
É o que vamos verificar.
O leitor veja I Reis (Almeida) ou III Reis (Figueiredo) cap. XVII: 1 a 24; e
procure em S. Lucas, IV: 25-26; e também II ou IV Reis, I: 8 e S. Mateus, III:
4; Malaquias, IV: 5; Lucas, I: 17; Mateus, XVII: 10-13; e XI: 14-15
Estes versículos nos apresentas Elias como um profeta a quem Deus havia dotado
de grande poder. A viúva de Sarepta reconheceu nele esse poder (v. 24). Jesus
Cristo fez referências, confirmando o poder de Deus que estava, com Elias.
Elias andava vestido de pelos e com os lombos cingidos com um cinto de
couro, Mateus, falando de João Batista diz (v. citados), "E este João
tinha o seu vestido de pelos de Camelo e um cinto de couro em torno de seus
lombos ... " Malaquias anuncia a reencarnação de Elias. O Espírito Gabriel
avisa Zacarias com palavras idênticas às de Malaquias, a próxima reencarnação
do profeta, visto ter já chegado o tempo, e as palavras do Mestre em
quem não há mudança nem sombra de variação, confirmam categoricamente a
reencarnação de Elias na pessoa do filho de Zacarias:
"Porém, todos os profetas e a lei até João, profetizaram, e se
quereis dar crédito, ele mesmo é o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos
para ouvir, ouça" (Mateus, XI: 13-15). As palavras do divino Mestre não
servem de confusão: elas lançam uma luz claríssima para a compreensão desse
fato e para maior clareza, a fim de que não houvesse no futuro interpretação
errada, confirmou, acrescentando ainda as seguintes palavras: "Digo-vos,
porém, que Elias já veio e eles não o conheceram, antes
fizeram dele quanto quiseram. Assim também o filho do homem há de padecer
às suas mãos.
Então conheceram os discípulos que de João Batista é que lhes ele falara"
(S. Mateus, XVII 11-13-14-15).
Quem fala mais verdade: - Jesus ou o protestantismo?
Seus
discípulos compreenderam que de João Batista é que lhes ele
falara. Jesus disse: Elias já veio e não o conheceram. O protestantismo diz: É
mentira, Elias não veio, João Batista não era Elias! , Jesus não obrigou
seus discípulos a crer: Ele disse: - Se quereis
dar crédito, e: quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.' Os
pastores não creem, têm ouvidos e olhos, mas não querem ouvir nem ver, - Ninguém
os obriga.
A predição de Malaquias foi feita 307 anos antes do nascimento de Jesus. Seis
anos antes da era dominical, um Espírito anuncia ao Sacerdote Zacarias que lhe
ia nascer um filho, trazendo, o Espírito e a mediunidade de Elias. Finalmente,
no ano 31 da nossa era, Jesus fazendo referências a João Batista, disse:
"Se quereis dar crédito; é este o Elias que havia de vir."
Mais adiante o Mestre respondendo às perguntas dos discípulos, Pedro, Tiago e
João, sobre se Elias devia vir primeiro, disse-lhes: "Digo-vos que Elias
já veio e não o conheceram, mas fizeram dele quanto quiseram; então entenderam os
discípulos que de João Batista é que lhes ele falara". E este João Batista
é o mesmo filho do sacerdote Zacarias, a quem o anjo anunciou a reencarnação do
Espirito daquele que tinha sido Elias. Daí se conclui:
1º) Malaquias, pela comunicação espírita, anunciou a reencarnação de Elias. 2ª) Um Espírito do Senhor apresentou-se visível a Zacarias e lhe avisou que ia
cumprir-se a profecia acima.
3º) Jesus Cristo confirma o cumprimento da profecia, dizendo: "João
Batista é o mesmo Elias que havia de vir".
4º) Os discípulos Pedro, Tiago e João, compreenderam que de João Batista é que
Jesus lhes falara, o mesmo que Malaquias anunciou 307 anos antes.
A) a predição de Malaquias - B) o anúncio do anjo - C) a confirmação de Jesus,
- D) a compreensão dos discípulos, - E)
a analogia do vestuário de Elias com o de João Batista, não estão em um
só versículo destacado. Não é um absurdo: foi comparado versículo com
versículo, e com versículos, entendam bem; porque o senhor Pastor
está errado e não compreende as escrituras, (Mateus XX II: 29). (Veja Malaquias
IV: 5-6; - Lucas, I: 16-17; Mateus, XI 13-15 e XVII: 11-13. I ou III Reis,
XVII: 1-24; Lucas, IV: 25-26; II ou IV Reis, I: 8; Mateus, III: 4).
Agora, analisemos o resto e vejamos onde está o absurdo.
12 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO X (1)
...Provas? Aí vão duas: Elias não podia reencarnar-se em João Batista
pelo simples fato de não ter morrido: Elias foi arrebatado ao céu em um carro
de fogo.
(II Reis (Almeida) IV Reis (Figueiredo) cap. 11, versículo
11).
(1)
O leitor poderá também consultar a revista "Verdade e Luz" nº 3, de
3-3-1922, artigo sobre J. Batista.
Elias foi ao céu sem morrer. Ele, naturalmente levou para o céu sua carne.. seu
sangue, seus ossos, os produtos ou resíduos da digestão contidos no tubo
intestinal, a sua roupa, (porque ele não podia ter ido nu) e portanto, se em
sua roupa tivesse qualquer inseto que algumas vezes viaja conosco sem o
sabermos, tudo isso Elias levaria consigo para o céu.
Agora comparemos com isto o versículo 50 do Capítulo XV, primeira aos
Coríntios, e vejamos a conclusão:
"Porém
digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem
a corrupção herda a incorrupção" (1 Coríntios XV, 50) .
Pode harmonizar-se este versículo com o do Livro de Reis acima citado,
destacado pelo Sr. Pastor?! Como é que Elias pode estar no reino de Deus com
coisas corruptíveis: carne, sangue, ossos, etc.?!
São Paulo não soube o que escreveu!?
Qual! São Paulo estava louco, pois ele era espírita! Os espíritas são todos
loucos... Por isso mesmo os inimigos de Jesus perseguiam a Paulo, porque ele
escreveu coisas que contrariam os escritos do Velho Testamento!!!
Que é o que lá come e bebe Elias? Pois a ciência nos diz que o organismo humano
tem necessidade absoluta de oxigênio respirável para a renovação do sangue e de
alimentos para a renovação dos tecidos, a fim de manter a vida; faltando esses
e outros elementos indispensáveis, a vida orgânica se extingue infalível e
irremediavelmente.
O corpo não pode atravessar a zona da órbita terrestre, qualquer que ele seja:
desagrega-se (1).
(1)
Vd. Modos e condições da vida, na "Enciclopédia e Dicionário
Internacional". Volume XX, página 11969.
Segundo a cronologia bíblica, há 2818 anos que Elias não se alimenta, e como é
que ele está lá vivendo'?
Pobre Elias! Viverá passando fome e andando em carro de fogo! Coitado! Quantas
voltas terá dado no céu durante dois mil e oitocentos e dezoito anos! (1).
(1) Acrescente-se mais 15, temos 2833 anos.
Continuemos a nossa análise:
Em uma sessão de espiritismo, que realizou Jesus com seus três médiuns: Pedro,
Tiago e João, apareceram sem evocação nenhuma dois Espíritos: Um, era Moisés,
outro era Elias. (Mateus, XVII: 1-8). Um deles, Moisés, era morto,
(Deuteronômio XXXIV: 5) outro, Elias, era vivo e estava no céu em corpo e alma
(II ou IV Reis, II, 11). Ambos vieram do céu e se apresentaram falando com
Jesus. (Mateus, XVII: 3). Moisés era Espírito. Elias era também carne. Moisés
ali se apresentou em Espírito, porque o seu corpo estava sepultado,
(Deuteronômio, XXXIV: 6). Elias como se apresentou?
Se em Espírito, onde deixou o corpo? Se o trouxe consigo, como é que
desapareceu? Não foi preciso mais o carro de fogo para vir busca-lo? Mateus,
narrando o fato, diz que os médiuns tiveram grande medo. Os
pastores também têm medo das sessões de espiritismo. Pedro, Tiago e João
tiveram medo porque não conheciam ainda essas manifestações de além túmulo. Os
pastores têm medo porque não conhecem, são incrédulos e por isso não querem
conhecer. Se Moisés e Elias se apresentassem aos pastores, eles correriam de
medo.... desconfiariam, supondo ser Satã transfigurado em anjo
de luz!
NOTA: Eliseu disse aos homens que
buscavam o corpo de Elias, que não o procurassem, porque não o achariam. O
corpo foi levitado para muito longe de maneira que ninguém o acharia. Depois de
certa altura (14 léguas (*) J. M. Lacerda) - e fora da órbita terrestre, os
corpos se desagregam: falta a gravidade, cujo peso é grande e
indispensável.
(*) Emilio Achiles Monteverde diz ser 15 a 16 léguas a distância
da superfície da esfera à última camada de ar. V. Flammarion e outros.
***
Vamos agora harmonizar a ciência com a religião para que desapareçam as
aparentes contradições existentes nas Escrituras.
12b “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
Resumindo do melhor modo que nos for possível, vamos explicar em poucas
palavras esse fato, que os incrédulos, que seguem a ciência puramente humana,
desprezam por absurdo e insubsistente.
Leiamos primeiramente o capítulo XV da primeira Epístola aos Coríntios,
versículos 35 a 54:
Prestemos bem atenção no versículo 51: "Na verdade nem todos
dormiremos, mas seremos transformados". Raciocinemos, também, um pouco
sobre o versículo 17 do capítulo IV da primeira aos Tessalonissenses: "Depois,
nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados com ele nas nuvens, a encontrar
o Senhor nos ares ...
Ora,
não será mais lógico, mais claro, dizer-se que o corpo de Elias foi transformado?
(1)
(1) A lei da física proíbe a passagem de qualquer corpo fora da
órbita da Terra sem se desagregar. Podendo avaliar-se a superfície média
do corpo humano em 1 m. 2, 75 ou 15: 500 centímetros quadrados, segue-se que uma
pessoa de mediana estatura suporta uma coluna atmosférica do peso de
18.000 quilogramas, tal é a pressão enorme que suportamos sem ser
esmagados, o que é devido a contrapressão exercida pelos líquidos e o ar
que o corpo humano contém, e a exercer-se a pressão atmosférica em todos os
sentidos sobre o corpo.
Como o Cristo se despiu do seu invólucro material, transfigurando-se, Elias
também se despiu do seu invólucro carnal. O rosto de Jesus resplandeceu como o
sol e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz. Do mesmo modo,
relativamente, aconteceu com Elias quando saiu da Terra.
Os discípulos de Jesus presenciaram a transformação do Mestre, Eliseu também
presenciou a transformação de Elias. Eliseu, como médium que era, viu tanta
luz, supôs ver um carro de fogo. Assim como o corpo de Jesus se
desmaterializava e desaparecia quantas vezes ele o queria, (Lucas, IV: 29-30;
João, VIII: 59 e X: 39; Lucas XXXIV 15-31) também Elias, o Tesbita, podia ter-se
desmaterializado e assim deixado na esfera da Terra o seu corpo (1).
(1) Vd. Um caso de desmaterialização (A. Aksakof), - Fatos Espiritas (W.
Crookes), O Trabalho dos Mortos (Nogueira de Faria), No País das Sombras. (
D'Esperance).
Os elementos materiais (substâncias químicas combinadas de fluídos
mediúnicos e fluídos espirituais) de que se compunha o seu corpo,
evaporaram e desapareceram, assim como também desapareceram, provavelmente, as
substâncias de que se compunha o corpo do Cristo (1).
(1) Epístola de S. Paulo aos Romanos, VIII, 3.
Não diga o Pastor que eu estou inventando: isto é do Evangelho, que deve ser
compreendido em espírito e verdade, comparando versículos com versículos. O
corpo do Mestre era materializado e desmaterializável, desaparecia diante da
multidão e reaparecia de novo. (Lucas, IV: 29-30 e XXIV: 15-31; João VIII: 59 e
X: 39). Ele aparecia e desaparecia; seu corpo se evaporava sem deixar
vestígios (1).
(1) O corpo de Moisés também, parece que não foi achado - Veja Deuteronômio,
XXXIV; 6; Judas 9.
(2) Vd. Danlel, V: 5; "O Trabalho dos Mortos", 3ª
Parte (Materializações) Gravura 34: A mão materializada, apertando o pé do Sr.
M. Tavares. - Materializações e desmaterializações de Katia King - Vd. W.
Crookes e Alexandre Aksakof, J. B. Roustaing 1º voI. cap. I, I Epístola aos Coríntios XV, 40 -45, Hebreus, VII, 3.
Jesus mesmo dizia aos seus discípulos: "Eu mesmo dou o meu corpo para
depois tornar a tomá-lo; ninguém mo tira, mas eu mesmo o ponho e retomo quando
quero". (S. João, X: 17-18). William Crookes teve diante de si,
muitas vezes, materializado o Espirito de Annie Morgan, ou Katie
King, vendo ao mesmo tempo o médium senhorita Cook. Katie King e Florence Cook eram
duas individualidades distintas: Os traços fisionômicos, a cor da cabeleira, a
altura, a cor da pele, etc., eram completamente diferentes. O sábio
investigador passeou de braços, conversando com aquela criatura que era bem um
corpo vivo e perfeito. Ele auscultou o coração de Katie, contou- lhe as
pulsações. Ouviu bater, no peito daquela moça ressuscitada, um coração
perfeitamente são! Diz o sábio, que achou mais regulares as pulsações do
coração de Katie do que as do coração de MIle. Cook. Veja "Fatos Espiritas,
páginas 73-74. Também nas sessões do sábio russo Alexandre Aksakof, Katie
King já se havia materializado na presença de vários sábios, pelos
fluidos mediúnicos da mesma Sra. Florence Cook, algum tempo antes das
experiências científicas do sábio químico W. Crookes. Na obra do Snr. Alexandre
Aksakof, "Um caso de desmaterialização", encontram-se documentos
autênticos de diversas materializações e desmaterializações de Katie ou Annie
Morgan, bem como a sua fotografia: donzela formosa e simpática, cheia de
vida e fisionomia inteligente.
O Sr. Dr. Nogueira de. Faria no seu livro "O Trabalho dos Mortos",
apresenta várias fotografias de Espíritos materializados. A materialização
perfeitíssima da Senhorita Raquel Figner (gravura 45) é um admirável trabalho
mediúnico de materialização e desmaterialização. É uma ressurgida,
a Raquelzinha Figner, filha do Snr. Frederico Fígner e de D.
Ester Figner, na sessão de 4 de Maio de 1921, no Estado do Pará.
Também se encontram materializações de Iolanda, descritas na obra: "No
País das sombras" de D'Esperance.
12c “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
Voltemos ao caso do corpo de Elias (1).
Vide
as últimas palavras de Renan, “Vida e Obra de jesus”, pag. 78, ed. portuguesa.
Analisemos ainda outro fato para lançar alguma luz sobre a Escritura, luz que
pode auxiliar ao crente sincero, que tenha a sua fé vacilante por encontrar
contradições e absurdos contra a razão e contra a ciência; luz que convence e
faz basear a fé no raciocínio, que faz compreender a verdade. Leiamos o capítulo
I do II Livro de Reis (2).
(2) Fundação do P. Figueiredo,
IV Livro Reis.
Prestemos atenção à narrativa do escritor. Ele nos conta que Elias fez descer
fogo do céu e destruiu 102 homens!
Cento e dois homens foram assassinados pela vontade de Elias, com fogo do
céu!!!
Voltemos um pouco atrás e ponderemos atentamente, comparando versículo com
versículo, para tirarmos depois a conclusão.
Façamos a leitura do Capítulo XVIII do I Livro de Reis, ou III (trad. de
Figueiredo), do versículo 22 em diante, conta-nos o historiador que Elias fez
uma oração a Deus, pedindo-lhe que manifestasse o seu poder para provar aos
sacerdotes de Baal que o Senhor era o único Deus que podia fazer o que Baal não
podia. Os 450 sacerdotes idólatras já estavam com seus corpos retalhados a
faca e a lanceta, como costumavam sangrar-se para agradar a Baal. Baal não
atendeu aos clamores dos seus sacerdotes, nem se incomodou com o sacrifício da
efusão do sangue deles. O Senhor, porém, atendeu prontamente à prece de
Elias: O fogo do céu queimou a lenha, o holocausto, a pedra, o
pó e lambeu até a água que estava ao redor da lenha.
Diante da prova dada por Elias, da existência de um Deus único que o atendeu,
desmoralizou-se Baal, que era um ídolo, que não era Deus. Os sacerdotes
idólatras curvaram-se com o rosto em terra e se converteram, dizendo: "Só
o Senhor é Deus". Até aqui Elias cumpriu o seu dever de profeta zeloso pela glória de Deus. Muito
bem! Conseguiu converter não só os sacerdotes de Baal, mas todo aquele povo.
Que fez Elias depois? Seu dever não era agradecer ao Senhor por haver
chamado à verdade, por seu intermédio, aqueles pobres ignorantes? Certo que
sim. Não foi, porém, o que ele fez: procedeu como se fora um carrasco sem
coração. Veja o versículo 40. - Elias disse aos que o acompanhavam: "Lançai
mão dos profetas de Baal; que nenhum deles escape. E lançaram mão deles: Elias
os fez descer ao ribeiro de Kison, e ali os matou. (I Reis XVIII:
40)." (1)
(1) Ernesto Renan diz em uma das suas notas marginais, que o feroz Abdallah,
paxá de São João do Acre esteve quase a morrer de susto por ter em sonho, visto
Elias em pé, sobre a sua montanha. Nas pinturas das igrejas cristãs, ainda hoje
aparece cercado de cabeças cortadas. Os muçulmanos têm medo dele. ("Vida
de Jesus", pág. 79).
Elias é, pois, responsável por crime de homicídio! Aqui o vemos matar
quatrocentos e cinquenta homens; adiante o vemos matar cento e dois. Quinhentos
e cinquenta e duas mortes que praticou e também fez compartilhar do crime
muitos companheiros que agiram a seu mando. Outro fato que devemos admirar é
aquele que nos apresenta Deus atendendo às ordens de Elias para cometer um
grande crime contra o Decálogo: Não matarás (Êxodo, XX: 3;
Deut., V. 17). Segundo a interpretação protestante, Elias devia ir para o
inferno em corpo e alma, a julgar pelas palavras de Jesus em São Mateus, (X:
21-22!!!).
Não foi Deus quem mandou fogo do céu para matar aqueles homens. A interpretação
literal da Escritura confunde os que não procuram a verdade.
Blasfemos e ímpios são os que não examinam tudo para abraçar o que é bom, como
disse Paulo.
Deus não mandou fogo do céu. O que destruiu os corpos dos 102 militares foi a
faísca elétrica que o próprio Elias preparou com a sua potente e extraordinária
mediunidade. Deus deu-lhe essa faculdade para o bem, ele usou-a para o bem,
restituindo a vida ao filho de uma viúva, (I Reis XVII: 19-22 (1) mas, usou-a também para o mal.
Ele restituiu uma só vida, mas ceifou depois centenas de vidas!
(1) Ou III Reis (Figueiredo).
Esta matéria fornece assunto para volumes, mas eu me proponho simplesmente dar
ligeiras explicações para só chamar a atenção dos estudiosos bem intencionados,
que procuram a verdade.
Vamos comparar, agora, versículos com versículos da Bíblia e estudemos outros
pormenores:
Jesus disse a Paulo: "Mete a tua espada na bainha, porque, todos os que
lançam mão da espada, à espada morrerão." (Mateus, XVI: 52; João, XVIII:
10-11, Apocalipse, XIII: 10; Mateus, XXV: 31-46); "Os mortos serão
julgados segundo as suas obras". (Apocalipse, XX: 12). "Com a medida
que medirdes para os outros, hão de igualmente medir para vós. (Mateus, VII: 2
e XXV: 31-46).
Para elucidação do caso de Elias, comparemos com os versículos acima estes
outros que se seguem:
"Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito
e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em
todos os seus contornos, da idade de dois anos e menos, segundo o tempo
que diligentemente inquirira dos magos". (Mateus, II: 16), "E mandou
degolar João no cárcere". (Mateus, XIV: 8-10-11; Marcos, VI: 14-29; Lucas,
III: 19-20 e IX: 9).
Há fatos narrados na Bíblia, que, se forem interpretados ao pé da letra, não se
sabe que juízo formar da bondade e justiça infinita do Criador.
Qual a melhor regra da lógica para a hermenêutica escriturística? Ou a Bíblia
fala a verdade, ou não fala. Os padres não sabem explicar esta aparente
incongruência. As seitas protestantes se embrulham neste labirinto.
Os que estudam sem ideias preconcebidas, os que investigam a verdade
desapaixonadamente, concordarão com o Espiritismo na doutrina da reencarnação,
que é, por assim dizer, a chave para a solução desses problemas; destrói
as dificuldades e lança luz sobre questões que as igrejas dogmáticas não podem
resolver.
***
Elias forjando o raio matou os corpos dos 102 militares. Cometeu um grande
crime contra o Decálogo; assumiu grande responsabilidade, tanto que, logo
depois, pagou na mesma moeda: Seu corpo foi destruído pela faísca elétrica (1).
(1) Nada se perde e nada se cria na natureza, mas tudo se transforma.
Lavoisier. (Chimica de Martins Teixeira - Lei da Conservação da Matéria -
Destruído pela eletricidade, desmaterializado, transformado ou decomposto,
seus elementos ficaram na natureza ...
Passando por essa transformação, seu Espírito já despido do fardo de carne e
sangue, achou- se no espaço... Multidão de bons Espíritos veio busca-lo.
Nessa ocasião Eliseu, médium vidente, viu tanta luz que julgou ver carros e
cavaleiros de fogo; pois ele não podia pensar de outra maneira.
Passado algum tempo, o Espírito de Elias encontrou lá as almas dos seus
companheiros de matança, os Espíritos daqueles que o ajudaram a matar os
sacerdotes de Baal, e (para se cumprirem as Escrituras, atestando assim a sua
veracidade, e neutralizar as contradições) receberam do Altíssimo a sentença da
Escritura: Morreram também à espada. Os companheiros de Elias na matança dos
sacerdotes, se reencarnaram antes dele e cumpriram a sentença na pessoa
das crianças que foram assassinadas por mandado de Herodes.
Elias reencarnado foi morto à espada, na prisão, também por mandado de
Herodes (2).
(2) Outro Herodes, o Antipas, porque o primeiro o Grande, era morto.
(Mateus, II: 19).
Cumpriu-se a sentença na pessoa de João Batista!
Cumpre-se a Escritura!
Patenteia-se a justiça de Deus!
Confirmam-se as palavras de Jesus:
"Cada um pagará segundo as suas obras. Quem com espada matar, à espada será
igualmente matado."
(1) dos padres e dos pastores!
Raciocinem os senhores pastores e estudem as obras fundamentais da doutrina
espírita, para assim deixarem de blasfemar e profanar o nome de Deus, não dando
crédito às palavras de Jesus Cristo - (Mateus, XI: 14 e XVII, 12-13).
***
Analisei o caso de Elias e não destaquei versículo, mas comparei infinidade
deles, tanto do Velho como do Novo Testamento; versículo com versículo,
conforme a vontade do Sr. pastor. E provei à saciedade a reencarnação de Elias.
Estará ele satisfeito?
Duvido!
Aos senhores pastores, amarrados como estão aos dogmas da unidade da existência
terrena e unidade de planeta habitado, eternidade de penas, etc., não há
argumentos nem demonstrações que os convençam!
O Sr. Pastor ofereceu duas provas da falsidade da reencarnação de Elias e não
provou coisa alguma, porque os seus argumentos foram reduzidos a
zero.
Que o digam os homens sensatos, se os houver entre os seus correligionários.
13 “O Protestantismo e o Espiritismo”
por Benedito A. da Fonseca
Edição da Federação Espírita Brasileira 1941
CAPÍTULO XI
A Bíblia não responde pelas ideias erradas,
dominantes no tempo em que foram escritos os seus livros.
Muito bem, Sr. Pastor! V. Rva. disse agora uma verdade! Nem Deus nem Jesus
respondem pelas ideias erradas dos escritores da Bíblia, visto nelas se
encontrarem ensinos contraditórios.
Quando a Bíblia diz que Deus se arrependeu de haver criado o homem - (Gênesis,
VI: 6), o escritor da Bíblia emprestou a Deus um sentimento que Ele não possui;
sentimento puramente humano. Quando a Bíblia fala em ira de Deus, sabe-se que
Deus não podia irar-se, porque Deus é o amor; Deus é a caridade. Quando a
Bíblia diz que Jesus virá tomando vingança (II Tessalonissenses, I: 8-9), o
escritor traduziu os sentimentos humanos predominantes na época. Quando a
Bíblia ensina ideias de materialismo e incredulidade (Eclesiastes, IX: 2-10);
quando recomenda o assassinato (Levítico, XX: 27); quando diz que Deus envia o
espírito de erro para enganar e perder suas criaturas (II Tessalonissenses, II:
11) não se deve entender que isso seja a revelação divina e sim as ideias
predominantes no pensamento dos seus escritores. Quando a Bíblia, num ponto diz
que Satanás é o príncipe das trevas e no outro diz que é anjo de luz, não se
deve crer que foi Deus quem o disse e sim que Satanás é uma alegoria para
representar o mal, assim como outrora Saturno o era para representar o tempo,
porque as trevas não cabem na luz e nem a luz nas trevas. Quando a Bíblia diz
que Satanás foi expulso do céu e vive no abismo (Apocalipse, XII: 7-9) e diz
que o mesmo Satanás anda junto com os filhos de Deus e junto vai também ao céu
apresentar-se diante de Deus (Jó I: 6 e II: 1), deve-se procurar o sentido
espiritual, oculto sob o véu da alegoria, a fim de não cair no ridículo! Quando
a Bíblia diz que as desgraças que aconteciam nos seus tempos eram castigo de
Deus, não se deve concluir que de fato Deus tinha castigado a alguém. Muitos
fatos narrados no Velho Testamento não são senão o reflexo do modo de pensar da
humanidade daquele tempo. O fato é que Deus não castiga ninguém. Os homens eram
muito malvados, faziam tudo quanto era mal e sofriam as consequências; o que
eles pensavam ser castigo ou vingança de Deus era o resultado infalível dos
seus desatinos, da sua ignorância e desvarios. Os homens eram maus e
vingativos, supunham que Deus pensava e agia como eles. Criaram um deus de
acordo com a sua malvadez e ferocidade, e esse deus cruel, criado por eles, é
ainda hoje sustentado pelos sacerdotes católicos e protestantes, pois ainda
hoje sustentam a existência de penas eternas, sem remissão. Quando Josué diz
que fez parar o sol, não se conclui que ele só deixasse de girar em torno da
terra no tempo de Galileu: bem se sabe que o escritor escreveu as suas
próprias ideias, ou ideias de um outro livro qualquer, a que chamavam "O
Recto", escrito talvez por um indivíduo ignorante; de uma antiguidade
anterior a Josué. (Josué, X: 12-13).
Como acima disse, o Sr. Pastor, neste ponto falou a verdade, quando disse que a
Bíblia não é responsável pelas ideias predominantes naquela época... mas foi a
isso obrigado por não ter outro argumento para combater o que dizem os
versículos de Mateus, XVI: 13-14; Lucas, XI: 7-9; Marcos VI: 14-15-16.
Mas, examinemos um pouco esses versículos: Herodes pensava que Jesus era o
Batista ressuscitado e não reencarnado. Achamos a explicação muito clara, de
que a ressurreição em que acreditavam era a reencarnação. Herodes, assim como
os seus contemporâneos, conhecia a Jesus e sabia que ele era filho do
carpinteiro José e de Maria, seus conhecidos. Isso todo mundo o sabia.
Como, pois, explicar essa ressurreição? Que ele tinha saído do cemitério, ou do
ventre de Maria? Nesse caso, a ressurreição se efetua do ventre da mulher e não
da sepultura. Se eles sabiam que Jesus tinha nascido e crescido ali e que aos
doze anos tinha discutido com os teólogos e todo mundo dizia que ele era filho
do carpinteiro; como poderia ser Jeremias, João ou Isaías ressuscitado? Então,
seria reencarnado; pois, se Herodes acreditasse na reunião da alma com o corpo
apodrecido, seria João Batista com um corpo sem cabeça, ou com uma cabeça
diferente daquela que o soldado levou num prato e entregou à filha dele, pois
Herodes disse: "Esse é João que mandei matar". João não era assim tão
parecido com Jesus; a sua fisionomia era diferente e o vestuário também.
A reencarnação era doutrina crida e professada pelo povo contemporâneo de
Jesus. Se não fosse uma verdade, Jesus te Ia ía combatido, dizendo que isso era
impossível; mas Jesus não dá uma palavra contra, antes a sancionou quando
disse: - Elias já veio e não o conheceram: - João Batista é o mesmo
Elias que havia de vir - e é ela que põe em harmonia as aparentes
contradições existentes no sagrado texto (1)".
(1) Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? - perguntaram os
discípulos. " . .. Não foi por pecado que ele fizesse, nem seus pais...
" respondeu-lhes o Mestre. Era crença geral, já naquela época, a
preexistência do Espirito e sua reencarnação; nem Jesus Cristo a repeliu,
quando foi interrogado: "Nem ele nem seus pais pecaram".
Como poderia alguém pecar, se não tivesse tido uma existência anterior?
- O que não existe, não age!
Sacerdotes do evangelho de Lutero! Em vão quereis destruir as doutrinas de
Jesus, ensinando doutrinas e mandamentos que vêm dos homens!
Nenhum comentário:
Postar um comentário