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sábado, 2 de abril de 2011

Léon Denis e seu tempo


Léon    Denis
e seu tempo


1846
            1º de Janeiro – Nascimento de Léon Denis, numa pequena aldeia de nome Foug, no cantão Toul-Nord, região da Lorena, Departamento de Meurthe-Moselle, próximo à fronteira com a Alemanha de hoje.
            Seu pai, Joseph Denis, nunca se interessou pelo Espiritismo. Sua mãe – Anne-Lucie, adotou a fé espírita quando esta lhe foi apresentada pelo filho ainda jovem. Ambos eram de origem muito humilde.
            Léon Denis era um homem de estatura mediana e tinha ombros largos. 
Nele, tudo dava impressão de força e solidez.

1857
             Léon Denis muda-se para Tours. Adolescente, aos 16 anos, já trabalhava pesado em indústria cerâmica da localidade.
            ‘ Obrigado a ganhar, durante o dia, meu pão e o de meus velhos pais, disse ele, consagrei muitas noites ao estudo, a fim de completar meus conhecimentos e daí data o enfraquecimento de minha vista’.
Léon Denis em ‘Revue Spirite’ de fevereiro de 1924

            Léon Denis ‘não teve outros mestres, além dos conselheiros invisíveis que, sem dúvida, já o haviam divisado.’
             ‘Eu já havia passado pelas alternativas da crença católica e do ceticismo materialista, mas não encontrara, em nenhuma parte, a chave do mistério da vida’.
Léon Denis em ‘Revue Spirite’ de Janeiro de 1923

1858
            Aos 18 anos, Léon Denis teve seu primeiro contato com “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, lançado no ano anterior (18 de Abril de 1857).
            ‘A moda, então, eram as mesas falantes. O entusiasmo era geral e, nenhuma festa, nenhuma reunião íntima terminava sem alguma experiência desse gênero.’
Léon Denis in ‘Depois da Morte’ página 223.

            A cidade de Tours foi uma das primeiras, na França, a conhecer o Espiritismo.

1867
            Léon Denis encontra Allan Kardec pela primeira vez. Foi numa palestra em Tours...
            ‘Éramos bem uns 300 ouvintes, em pé e apertados uns aos outros, apinhados sob as árvores, pisando nos canteiros de nosso hospedeiro’.
            À época, a França havia retomado um governo imperial (Napoleão III), e eram proibidas concentrações de mais de 20 pessoas, daí a reunião ter sido feita num jardim, ao ar livre, na casa de um espírita local (de Tours).
            Léon Denis haveria de encontrar-se com Kardec mais 2 vezes.

1870-71
            A guerra com a Prússia e outros estados alemães encontra Léon Denis com 25 anos. Dispensado do alistamento (pela sua deficiência na visão) é, passado uns meses, convocado. A guerra chegou bem próximo a Tours...

            “A Guerra Franco-Prussiana ou Guerra Franco-Germânica (19 de Julho de 1870—10 de Maio de 1871) foi um conflito ocorrido entre França e Prússia no final do século XIX. Durante o conflito, a Prússia recebeu apoio da Confederação da Alemanha do Norte, da qual fazia parte, e dos estados do Baden, Württemberg e Bavária. A vitória incontestável dos alemães marcou o último capítulo da unificação alemã sob o comando de Guilherme I da Prússia. Também marcou a queda de Napoleão III e do sistema monárquico na França, com o fim do Segundo Império e sua substituição pela Terceira República Francesa. Também como resultado da guerra ocorreu a anexação da maior parte do território da Alsácia-Lorena pela Prússia, território que ficou em união com a Alemanha até o fim da Primeira Guerra Mundial.”
Fonte: Wikipedia

1872
            Casa Pillet – Este o nome da casa comercial onde Léon Denis trabalharia desde aproximadamente os 18 anos. Este emprego daria a Léon Denis a oportunidade de viajar pela Europa e pelo norte da África.
            Inicia-se como orador. Inicia-se também na psicografia. Sua vidência manifesta-se...

             Sorella é um gênio bom que lhe escreve...

            ‘Consolai os que sofrem; socorrei os que têm fome. Nessas condições, podereis entrar no Reino dos Céus’. dizia ela. Mais adiante, Léon Denis tomaria conhecimento que essa irmã (sorella, em italiano) era Joana D’arc...

            Também lhe aparece um espírito, sob a aparência de um velho. Calvo, grande barba branca, olhos profundos.. Léon Denis descobriria, também mais tarde, tratar-se de Jerônimo de Praga, discípulo de Jan Huss, pregressa encarnação de Allan Kardec.

1873
            Em 31 de julho lhe é revelada a presença constante de Joana D’Arc como sua mentora e amiga  por muitas encarnações.
            Em 20 de agosto ela lhe escrevia:
            ‘Foste escolhido para cumprir uma missão útil aos homens... Segue sem temor. Vai sempre adiante. Nós te ajudaremos.’
            ‘Trabalho, coragem, esperança! Eis qual deve ser tua divisa.’

            Suas inesquecíveis palestras tiveram início...

1876    Ano de uma grande viagem pela França, Itália (Milão, Veneza, Sicília e Roma), Argélia, Tunísia e à ilha de Malta.

1880    Dizia-se de Léon Denis: ‘Sua palavra é sempre honesta e criteriosa; os assuntos que trata são sempre elevados. O coração está pleno de vida e alma forte. Só temos uma restrição a fazer de Léon Denis: ele é muito modesto.’

            Datam de 1880 seus primeiros ensaios literários ainda longe do tema ‘Espiritismo’.

1881    31 de Marco
            Foi de Léon Denis o discurso em homenagem (anual) junto ao túmulo de Kardec (falecido em 1869) no cemitério de Père Lachaise, em Paris.

1882    2 de Novembro
            Manifesta-se Jerônimo de Praga assinando, pela primeira vez, uma comunicação:

            ‘...Não estarás nunca sozinho. Os meios te serão dados, a tempo, para cumprires tua obra.’
            ‘...Vai, meu filho, no caminho aberto à tua frente; marcharei atrás de ti para te sustentar.

            O tempo havia chegado...
            Escolheu um lema:
            Sursum Corda! (Sempre mais para o alto!)

1885    É publicado o livro ‘O Porquê da Vida’ em apenas 70 páginas. Em seu prefácio lê-se:

            ‘É para vós, oh! meus irmãos e irmãs em Humanidade, para vós todos que o fardo da vida curvou, a vós que as ásperas lutas, os cuidados e as provações castigaram, que eu dedico essas páginas.’

1889
            Em Setembro iniciam-se as primeiras assembléias mundiais do Espiritismo. A fama de Léon Denis como orador e escritor já era grande.
            Neste Congresso reuniram-se diversas escolas espiritualistas: ‘Kardecistas’, os ‘adeptos de Swedenborg’, os ‘Teosofistas’, os ‘Cabalistas’ e os ‘Rosacruzes’. Dividiram-se em Comissões: ‘Espiritualismo em geral’, ‘Filosofia e questões sociais’, ‘Ocultismo’ e a de ‘Propaganda’. Léon Denis presidiria esta última.
            Em um trecho de seu discurso lemos:

            ‘Que pereçam nossos nomes, nossas personalidades, nossas memórias, até mesmo nossa honra, se preciso for, contando que a Verdade triunfe e se eleve acima das armadilhas, iluminando com suas luzes até os que a negam e insultam’.

            ‘Esse primeiro Congresso não ficou isento de desentendimentos muitos fortes a respeito de certos pontos da Doutrina Espírita’, registra Luce.

            Nesse Congresso, os apartes e intervenções de Léon Denis superaram o número de 30.

1890
            No final do ano de 1890, é lançada a grande obra de Léon Denis: ‘Depois da Morte’ com o subtítulo: ‘Exposição da Filosofia dos Espíritos, suas bases científicas e experimentais e conseqüências morais.’

            Disse Léon Denis, antecipando fundamentos do livro:

            ‘Será uma obra de 300 páginas, feita num espírito de ecletismo e de conciliação de todas as escolas, mas conservando como base o ensino do Fundador da Doutrina com seus princípios tão lógicos e tão sábios.’

            Sobre o ‘Depois da Morte’ também foi dito:

            ‘No dilúvio das produções inferiores ou grosseiras, que invade as livrarias e as bibliotecas, a obra do Sr. Denis é uma flor desgarrada, que flutua na maré infecta’.

1891-99
            Período de grandes conferências por toda a França e por países vizinhos. Foram 25 conferências em 1897 e 19 em 1899. As de 1899 versaram sempre sobre o tema ‘O Espiritismo no Mundo e a Idéia de Deus’.
            Seguia como empregado na Casa Pillet. A produção de seus livros prossegue célere.

1895
            Ano de lançamento do ‘Problema da Vida e do Destino’ e de ‘Ideia de Deus’.

1896
            Lançamento de ‘O milagre de Joana D’Arc’.

1898
            Mês de Agosto: É a vez do público conhecer um novo livro: ‘Cristianismo e Espiritismo’.

1900   
            Em 16 de Setembro iniciava-se o mais um Congresso Internacional em Paris. Léon Denis é indicado Presidente deste Congresso.

1903
            19 de Novembro – Desencarne de sua mãe...     Seu pai – Joseph – havia morrido em 1886.

            Chega às livrarias ‘O Mundo invisível e a Guerra’.

            Jerônimo de Praga seguia orientando Léon Denis...

            Sobre suas comunicações, afirma Luce:
           
            ‘Não gostava de falar na obscuridade e suas palavras são sempre para reclamar da luz. Sua palavra era vibrante e sua gesticulação ampla; exprimia-se por frases eloquentes. Forneceu ao nosso Grupo ensinamentos filosóficos, elucidou pontos obscuros, explicou as aparentes contradições de nossa Doutrina. Formulou leis de relacionamento entre encarnados e desencarnados.’

1905   
            Junho - Congresso Espírita em Liége (Bélgica). Léon Denis comparece como presidente de honra.
            Afirma Léon Denis num discurso:

            ‘Creio poder dizer que o Espiritismo foi chamado para se tornar o grande libertador do pensamento, há tantos séculos escravizado.’

            Afirmou também quando neófitos reclamavam sobre a aparente lentidão com que se propagava a Doutrina: ‘Ficamos impacientes porque nossa vida é curta.’

1908   
            Fim da maratona de conferências. Foram mais de 300 durante 35 anos! Contava Léon Denis com 62 anos de idade.

1910   
            De 14 a 18 de Maio ocorre o Congresso Espírita Universal em Bruxelas (Bélgica).

1911
            Lançamento de 'O Grande Enigma': O Deus e o Universo.

            Relembra Luce:
            ‘Nascidas de Deus, todas as almas são irmãs.
            Da paternidade divina decorre a fraternidade humana. É neste sentido que se explica a afirmativa que o Apóstolo atribui ao Cristo: ‘Vois sois Deuses’.’

 1912
            Lançamento do livro: 'Joana D’Arc, médium'. Em realidade, uma compilação de inúmeros artigos e conferências de Leon Denis sobre o tema.

            Descreveu Denis sobre Joana D’Arc perante o Tribunal do Santo Ofício:

            ‘De um lado, tudo quanto o espírito do mal pode destilar de negra hipocrisia, astúcia, perfídia e ambição servil. Setenta e um padres e doutores, fariseus de coração insensível, todos membros da igreja, porém, para os quais a religião é apenas uma máscara para encobrir ardentes paixões: a cupidez, o espírito de intriga e o fanatismo radical.
            Do outro lado, sozinha, sem apoio, sem conselheiro e sem defensor, uma menina de 19 anos, inocente, a pureza encarnada, uma alma heróica num corpo de virgem, um coração sublime e terno, pronto a todos os sacrifícios para salvar seu país, cumprir com fidelidade sua missão e dar o exemplo da virtude, dentro do dever’.

1429     Joana D’Arc
            c.1412 -31. Heroína francesa, por vezes chamada ‘donzela de Orleáns’. Filha de prósperos camponeses, a partir de 13 anos ouvia vozes misteriosas 
que identificava como os santos Miguel, Margarida e Catarina.
            As vozes insistiam para que ela ajudasse as forças francesas que, em 1429, estavam empenhadas em defender Orléans das tropas inglesas. Depois de convencer um comandante local, recebeu o comando de uma tropa e levou adiante sua missão de libertar Orléans e coroar o delfim como Carlos VII, na catedral de Reims. Isso representou a virada da Guerra dos Cem Anos.A inveja dos conselheiros rivais e as dúvidas sobre suas habilidades militares reduziram a influência de Joana D’Arc. Ferida e derrotada em Paris, foi capturada pelos borgonheses em 1430, vendida aos ingleses e julgada como feiticeira. Foi queimada em  Rouen, em maio de 1431, como herege. O veredicto de culpa foi revertido pela igreja em 1455.                                                                                  Enciclopedia FOLHA 1996

1913
            2º Congresso Espírita Universal, em Genebra, na Suiça. Léon Denis comparte a Presidência deste congresso com Gabriel Delanne e Charles Piquet.

1914 – 1918
            1ª Guerra Mundial
            A Primeira Guerra Mundial foi um conflito  ocorrido entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918. A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano), e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.

1918 –
            Seguiram-se outros livros, a saber: 'Espíritos e Médiuns’, ‘O Além e a sobrevivência do ser’, o ‘Gênio Celta e o Mundo Invisível’.

1925   
            Congresso em Paris no período de 6 a 13 de Setembro. Leon Denis comparece, rejuvenescido graças ao tratamento recebido de seus guias espirituais. Sua visão... extinguia-se.    

1927   
            Escreve Léon Denis  seu último artigo para a Revue Spirite, publicado 3 meses após seu desencarne.

1927
            12 de Abril     Desencarna Léon Denis em Tours. Tinha ele 81 anos de idade.
           
             Fonte: “Léon Denis – o Apóstolo do Espiritismo” de  Gaston Luce, publicado inicialmente em 1928 (Ed. CELD  - 1ª Ed Agosto de 1989) 
               

            São frases de Léon Denis:

a          ‘Não sonhamos fundar um novo Evangelho, certos de que o de Jesus nos basta.’ (página 183)

b          ‘Somos uma Ciência e uma Fé. Como fé, pertencemos ao Cristianismo, mas não a esse Cristianismo desfigurado, encolhido e amesquinhado pelo fanatismo, pelo misticismo próprio dos corações sofridos e pelas pobres almas, porém, à religião de Jesus, àquela que adora e que ora, em Espírito e Verdade.’ (página 183)

c          ‘Mas os espíritas negam o inferno? Não, não o negamos, nós o explicamos...’ (página 185)

 d          ‘Tudo se resgata neste e no outro mundo; nada poderá impedir que a Justiça siga seu curso.’ (página 186)

 e          ‘Foram precisos 400 anos para o pensamento do Cristo perfurar a dura couraça do materialismo e do paganismo.
            Foram precisos 500 anos para a vida de Joana D’Arc sair da sombra acumulada sobre sua memória e mostrar, ao pleno dia, todos os grandes exemplos, todos os nobres ensinamentos de que está repleta a sua vida.
            Será preciso também ao Espiritismo muito tempo para se expandir e apresentar seus frutos.’(página 189)

 f          ‘Não basta crer e saber. É preciso viver sua crença, isto é, colocar na prática cotidiana da vida os princípios superiores que adotamos.’ (página 253)

 g          ‘ O homem é um aprendiz, a dor é seu mestre e nada nos eleva tanto quanto o sofrimento.’ (página 262)

h          Não te direi: procura a dor, porém, quando ela te procurar, inevitável, em teu caminho, acolhe-a, como amiga. Aprende a conhecê-la, a apreciar a beleza austera, a descobrir seus secretos ensinamentos; aprende a sofrer.’ (página 262)





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