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terça-feira, 5 de abril de 2011

44/50 'Crônicas Espíritas'


44CM 


“O Espiritismo, suas Conseqüências e Condenações”

Sob este título, mereceu as honras de mais uma Carta Pastoral a nossa salvadora doutrina, e desta vez foi o honrado bispo de Florianópolis quem a editou, segundo lemos na “Época”, daquele Estado.
            Sua revdm. reedita todo o velho rosário de citações antediluvianas da Bíblia e opiniões sem valor, sem entretanto citar um único fato que provasse que os Espíritos não são Espíritos, para deste modo levar a convicção às ovelhas a quem a pastoral é dirigida. Citou o Evangelho, Kardec e outros autores, esquecendo-se, porém, de que as citações são todas pulverizadas nos próprios livros citados.
            Quem ler Kardec, aquele monumento edificado pelos Espíritos, monumento que ninguém até hoje conseguiu atingir, encontrará nele justamente o contrário daquilo que sua revdm. quis demonstrar.
            Não teria mesmo merecido o nosso reparo a pastoral do Sr. Bispo, se ele não tivesse excedido nas suas afirmações, dizendo que “o Espiritismo nega até a própria existência de Deus”. Que absurdo!!!
            Se sua revdm. tivesse prestado mais atenção ao estudo da nossa doutrina, teria observado que a primeira palavra no primeiro livro de Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos” é “Deus”; e a definição que os Espíritos dão ao Criador é muito superior aos ensinos da Igreja, que até hoje prega um deus vingativo e cheio de misérias “humanas”. Pelo que, vejamos: diz Allan Kardec: “Deus”. “Que é Deus?” “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
            Diz sua revdm. que “concomitantemente ao dever da pregação sagrada, impõe o dever do cargo do clero o ministério de pastor das almas, e o de estar na estacada contra o avanço dos adversários da fé, sem deixar o rebanho – de cujos destinos lhes pedirá contas o Senhor”.
            “Dos males presentes, no ponto de vista religioso e social manda a justiça que destaquemos a “moderna heresia” – a prática do Espiritismo”.
            Sua revdm. fez bem em dizer ao clero que o Senhor pedirá contas da confiança depositada na Igreja há 17 séculos, e qual é a conta que a Igreja dará? Que responda o Sr. Bispo.
            Se sua revdm. citou versículos do Evangelho na sua pastoral, não teria sido isso devido a pressentir a “imperiosa necessidade” que a Igreja tem de desenterrar aquilo que há 17 séculos sepultou para dar ao povo o catecismo da sua fabricação? Necessidade produzida pelo Espiritismo, por ser ele que leva o estandarte do Evangelho “em espírito e verdade” à praça pública.
            O Sr. Bispo fala da caridade da Igreja. Qual é ela? A Igreja jamais praticou caridade senão para si mesma.
            É preciso não confundir as obras da caridade instituídas por varões ilustres como sendo obra da Igreja. Eles, Espíritos evoluídos, encarnaram como missionários com o fito de encaminhar a Igreja com as ovelhas que pastoreava para o redil de Bendito Pastor, e foram eles que instituíram as obras de caridade e muitas outras vezes até com contribuições dos adversários da fé, nunca, porém, com os donativos do clero católico que constituiu a Igreja.
            Estas instituições foram mais tarde por linhas travessas incorporadas à Igreja, sem no entanto o clero concorrer para o seu sustento. Até pelo contrário, elas têm servido para o sustento do clero.
            Se a Doutrina Espírita é heresia, hereges então foram Jerônimo e Agostinho, doutores da Igreja, pois ambos qualificaram Orígenes de sábio e profundamente versado nas Sagradas Letras. E Jerônimo até disse que, depois dos apóstolos, considerava Orígenes a maior autoridade eclesiástica, e que só a ignorância tentaria empanar a verdade.
            Ora, Orígenes escreveu no seu livro ‘De Principiis’, liv. II – ‘Que as causas da variedade das condições humanas eram devidas à existências anteriores’ e que ‘as almas voltam aos corpos para passar por novas purificações em vidas novas’. E disse ainda, ‘a maneira como cada um de nós põe os pés na Terra, quando aqui aportamos, é a consequência fatal como agiu anteriormente no Universo’. ‘Elevando-se pouco a pouco, os Espíritos chegaram a este mundo e à ciência dele. Daí subirão a melhor mundo e chegarão finalmente a um estado tal que nada mais terão de ajuntar’. É o que Orígenes escreveu no citado livro, cap. 9.
            Eis exatamente o que ensinam os Espíritos. É a base da Doutrina que nós professamos. O progresso infinito das almas até atingir a perfeição moral através das reencarnações sucessivas; a salvação universal; a pluralidade dos mundos habitáveis.
            Quem estaria com a verdade: Orígenes, São Jerônimo e Santo Agostinho, ou o Sr Bispo de Florianópolis, D. Joaquim?



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