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Fenômenos
de Materialização
por Manoel Quintão
Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
1942
3.° Caso.
Certo
dia, um pai recorre ao médium Richard (1) para uma filhinha de oito meses de idade,
atacada de gastroenterite.
(1) Pedro Richard, velho companheiro de
Bezerra e o verdadeiro fundador da Assistencia aos Necessitados, da Federação,
que generalizou o receituário mediúnico, o maior e melhor filão da propaganda
no Brasil.
O
médium para logo diagnosticou - infecção intestinal e receitou medicamentos
homeopatas, a começar por Mercúrio e Beladona.
Apesar
da confiança no tratamento e da rigorosa administração dos remédios, a pequena
enferma piorou a olhos vistos, pelo que resolveram chamar um facultativo
alopata (2).
(2) Dr. Antônio Costa.
Este,
após o exame, declara remediável o mal e prescreve medicamentos que agravam
ainda mais o caso, pelo que, foi ainda chamado terceiro médico, este homeopata
(3), o qual declara nada mais poder fazer, por se tratar de um caso perdido.
(3) Dr.
Maia Barreto.
De
fato, 24 horas havia que, podia dizer-se, a doentinha entrara em estado de
coma, apresentando sintomas de próxima agonia.
Em
repetidas convulsões, após grandes perdas sanguíneas pela via intestinal, já
não mamava, nem abria os olhos.
Ao
sobrevir uma crise mais violenta, a mãe da enferma, pelo temor do desenlace
teve uma síncope e foi ante esse quadro que o pai se lembrou da própria
faculdade mediúnica e, tomando do lápis, em estado de quase inconsciência,
obteve esta comunicação:
"É preciso ter mais fé em Deus e mais crença
em nossa intervenção, que é real. Quando chamaste os médicos (nossos irmãos da Terra)
agias ao impulso de uma das mais prementes fraquezas humanas - o sentimento da
paternidade. Eu aí estive e sei o que isso é. "Vou aliviar" a
doentinha por esta noite e amanhã tu volta ao Richard (o médium que iniciara o tratamento), já que não tens a calma para receberes tu mesmo a minha
medicação com a graça de Deus, que também é Pai. Aconselho à tua mulher muita
humildade na provação, porque a moléstia dos filhos é também provação para os
pais, e a provação bem entendida aproveita sempre. Dá a tua filhinha, já, uma colher de
Beladona misturada com Mercurius vívus (1). (assig.) BEZERRA.
(1) A mesma medicação mediúnica,
inicial.
Atônito,
sem mais algo considerar, esse pai apenas se deteve o tempo necessário à
preparação dos medicamentos e, quando voltou ao quarto, colher em punho, a esposa,
então já recobrada em si, lhe advertiu a inutilidade do recurso, por isso que a
criança já não deglutia, não tomava nem o seio.
O
nosso homem parecia, porém, eletrizado, possuído de vontade estranha e, sem
atender a tão justa objeção, chegou aos lábios da criança a colherinha.
Calcule-se,
agora, a surpresa com que a viu - a filhinha, abrir os olhos e de um sorvo,
naturalmente, engolir o remédio!
Depois,
virou-se por si mesma no leito - ela que jazia inerte de muitas horas! - e
dormiu três horas a fio o mais repousado dos sonos, quando antes não se
passavam cinco minutos que não tivesse um espasmo seguido de dolorosos gemidos!
O
espanto, a emoção foram tão grandes que só mais tarde a mãe desolada pode
sussurrar esta frase expressiva:
Mas
você está vendo?
Ao
que o marido respondia:
- Filha, é a realidade do Espiritismo: é a
misericórdia de Deus!
No
dia seguinte, ao procurar o médico que desenganara a enferma, médico
espiritista, repetimos, foi ele se antecipando:
-
Já sei, vens buscar o atestado...
-
Absolutamente. Venho dizer-lhe que a menina está salva e mostrar-lhe esta mensagem salvadora.
Ao
inteirar-se da ocorrência, o médico teve bastante consciência e humildade para
exclamar:
- Diante de fatos como este, é forçoso
confessar que nada sabemos.
Essa
criança é hoje moça e gozou sempre da melhor saúde.
Pedro Richard
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