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Fenômenos
de Materialização
por Manoel Quintão
Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
1942
Poderíamos
prolongar indefinidamente a cita de casos de mediunidade curadora, capazes, por
sua natureza intrínseca, de subverter e confundir todas as teorias científicas.
Nestes
domínios experimentais, concludentes, os anais do Espiritismo no Brasil
constituem filão inesgotável e opulentíssimo. Estes que aí ficam, tomamo-los ao
acaso, de escantilhão, para justificar a nossa...
Tese
assim proposta e desdobrada:
1º
- Demonstrar que as nações, como entidades coletivas, desempenham missões
definidas e conjugadas ao plano universal, sob as vistas de seus Guias (1).
(1) Assim como a França
tem por Guia presumível Joana d'Arc, o Brasil tem Ismael, segundo afirmam os
Espíritos. Esta verdade foi ainda há pouco ratificada por Emmanuel, luminoso
Guia do médium Francisco Cândido Xavier, em sua preciosa obra intitulada – ‘A
caminho da Luz’. Também o muito nosso Humberto de Campos lhe deu foros de legítima
procedência, ao transmitir o seu ‘Brasil, pátria do Evangelho, coração do Mundo’.
2º
- Acentuar a preponderância da mediunidade como fator maior da propaganda em
nosso país.
3º
- Determinar como, das próprias condições mesológicas, da situação moral, econômica,
política e territorial, decorrem, em refluxo para outros países, as primícias
de uma mentalidade nova.
4º
- Firmar o ascendente do Espiritismo evangélico, religioso portanto, não no
sentido formal, ritualístico, sectário, mas no verdadeiro
sentido do conhecimento das causas, por dedução dos efeitos, ou seja do "amor de
Deus e do próximo" - de que nos falou o Cristo como sendo a síntese de toda a Lei e os
Profetas.
Os
povos, no desdobramento de suas atividades tomadas isoladamente, em pouco se
diferenciam dos indivíduos, que, do berço ao túmulo, nessa trajetória de relâmpago
em relação ao Tempo imanente, lutam pela fatalidade, pensando realizar um
destino, quando, na verdade mal tateiam, na treva, esse destino.
E
se eles, os homens, não colocam a finalidade, o objetivo, desse destino para
além das raias da morte física - seja a dissociação do corpo e, com ela, a
cessação de sua atividade - que valor podemos atribuir ao seu laborioso e
presumido quão incoercível esforço de realização?
Ninguém
dirá que Tutmés ou Ramsés, fazendo por formidáveis anuduvas (tributo em dinheiro ou em trabalho a que eram obrigados os vassalos para
atender à reparação das obras militares dos castelos feudais) erigir as pirâmides que lhes guardassem os despojos, pudessem prever a
decadência do seu povo no curso da evolução planetária.
Cesar,
conquistando as Gálias, jamais poderia presumir a fundação, ali, de uma outra pátria
que não a sua.
Antes
que as quilhas do glorioso Genovês revelassem ao mundo ocidental as plagas
americanas, quem ousaria assinalar o surto de civilização aqui elaborada em
cinco séculos?
Os
que pretendem fazer da Sociologia uma ciência esquecem-se do limitado e sempre
relativo alcance dos valores humanos.
E,
assim como na esfera individual, em que pese a influência do livre arbítrio, há
de o homem contar sempre com o imprevisto, assim também, nas realizações
coletivas surgem fatores inesperados, que modificam e até anulam todos os
desígnios e prognósticos, todos os planos e convenções sociais.
A
este ascendente superior, providencial, que lhe foge de geração a geração,
quando lhe não falha no curso de sua mesma geração, chama o homem, por ignorância
e orgulho - fatalidade!
Mas,
fatalidade é um simples vocábulo e o fato que ele traduz, em si, fora de molde
a fazer refletir os pretensos condutores de povos, se eles, por humanos, não
baixassem ao plano material inquinados da tara comum do orgulho.
Não
vêm que a sua influência não atinge, as mais das vezes, as raias da própria
existência corporal, efêmera, a menos que, consciente ou inconscientemente, a
entrosem e subordinem ao plano universal, seja ao pensamento divino,
tornando-se, neste caso, instrumentos mais ou menos passivos dessa mesma
Providencia, que sistematicamente contestam.
Aos
convencidos da unicidade da existência individual, aos céticos de todas as
escolas e matizes, para quem o aparecimento do homem - ser pensante - na crosta
desta esfera representa um enigma indecifrável, como o próprio universo, ou se
filia a um mecanismo indefinito e abstruso, quanto insolúvel também a esses
assenta-lhes ao justo o papel de reivindicadores do futuro e possuidores do
mundo, que eles pretendem e supõem encaminhar a seu talante.
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