Você que se encontra frente a frente a incontáveis livros ditos espíritas
veja o que o Hermínio C. Miranda sugere prá você organizar seu roteiro de leituras:
Roteiro
de leitura
por Hermínio C. Miranda
Reformador
Dezembro 1969
Um jovem e
inteligente leitor desta coluna, escreve-me para solicitar uma orientação de
leitura. Realmente, aí está uma boa pergunta: Por onde deverá começar suas
explorações a pessoa que se interessar pelo estudo do Espiritismo? A resposta é
simples, direta e inequívoca: pelo "O Livro dos Espíritos", de Allan
Kardec .. É a peça fundamental da Doutrina Espírita, resumo ordenado e sistematizado
do conhecimento necessário ao entendimento dos problemas que aborda. Que não se
iluda, porém, o leitor desprevenido, com a aparente simplicidade da obra, que está mais na linguagem do que no contexto -
é trabalho de grande profundidade e extensão. Nele foram tratados de forma
comprovadamente didática - perguntas e respostas - todas as grandes questões
que têm atormentado a inteligência especulativa do homem: a existência de Deus
e da alma, sobrevivência do espírito, comunicabilidade entre Espíritos
(desencarnados) e homens, reencarnação, mecanismo das leis morais e outras.
"O Livro dos
Espíritos" resultou do trabalho conjugado de seres encarnados e
desencarnados. É obra de colaboração, de entendimento, de diálogo entre as duas
faces da vida. Allan Kardec organizou o esquema e preparou as perguntas que paulatinamente
foi submetendo à consideração dos seus amigos espirituais, através de médiuns
de sua confiança. Os fundamentos doutrinários e filosóficos contidos no livro
não são criação de Kardec - decorrem dos ensinamentos que os Espíritos foram ditando pacientemente.
Por ser obra dos seres desencarnados, deu-lhe Kardec o titulo de "O Livro dos
Espíritos".
Foi publicado pela
primeira vez em Abril de 1857, em Paris.
Outras obras se
seguiram a essa que - repetimos - é básica e essencial, ponto de apoio que irá
assegurar ao leitor o prosseguimento do seu aprendizado, sem enveredar pelos
atalhos e pelas fantasias. No preparo dos quatro livros subsequentes, é claro
que Kardec não prescindiu da ajuda e colaboração de seus amigos desencarnados:
são entretanto obras de autoria humana e não mais ditadas pelos Espíritos. Provavelmente,
a intenção destas foi a de transmitir apenas o conhecimento básico e deixar que
daí em diante os homens prosseguissem com seus próprios recursos.
Era preciso, ainda,
estudar a mediunidade, essa estranha e maravilhosa faculdade do espírito encarnado.
E veio, então, "O Livro dos Médiuns" (1861). A seguir, "O
Evangelho segundo o Espirtismo" (1864), "O Céu e o Inferno"
(1865) e, finalmente, "A Gênese" (1868).
Juntos, constituem o
a que nós, espíritas, costumamos chamar "Codificação" ou
"pentateuco" kardequiano.
É claro, porém, que a
literatura espírita não termina em Kardec - ao contrário, começa nele. Ele
próprio deixou isso bem explícito, ao caracterizar o Espiritismo como doutrina
essencialmente evolutiva, e, portanto, suscetível de aperfeiçoamento, de
ampliação, de desenvolvimento. Essa característica é particularmente destacada
no aspecto cientifico - experimental da doutrina que, como todo conhecimento do
gênero, se desenvolve dentro do ritmo do avanço tecnológico.
Portanto, em resumo -
primeiro estágio da leitura: "O Livro dos Espíritos"; segundo, os quatro
livros que integram a codificação de Allan Kardec.
Depois desse cursinho
de Espiritismo, o próprio gosto do leitor irá encontrando o seu caminho na
considerável bibliografia espírita. Se é dado a especulações filosóficas, terá
grande proveito nas obras de Léon Denis, tão bem escritas e traduzidas. Se
gosta mais dos aspectos científicos, dará prioridade a Gustave Geley, Gabriel
Delanne, Epes Sargent, Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof. Se deseja estudos
mais recentes e atualizados, não deixe de ler o recentíssímo "Além do
Inconsciente" do médico brasileiro Dr. Jaime Cervíño , Se prefere literatura
mais leve, gênero histórico romanceado, encontrará muita coisa do seu agrado na
obra mediúnica ditada a Chico Xavier pelo nobre espírito de Emmanuel;-
que viveu na Palestina, como cidadão romano, ao tempo do Cristo. Será também com
prazer que terá uma visão global da história universal em "A Caminho da
Luz", também de Emmanuel. Nessa pequena grande obra, o Espírito conta a
odisseia humana desde que a Terra acolheu os primeiros sinais de vida e os
primeiros emigrantes do espaço, vindos de um distante corpo celeste.
(Ext. do
"Diário de Notícias", de 15/2/69.)
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