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segunda-feira, 4 de março de 2013

'Roteiro de Leitura'



Você que se encontra frente a frente a incontáveis livros ditos espíritas 
veja o que o Hermínio C. Miranda sugere prá você organizar seu roteiro de leituras: 



 Roteiro de leitura
por Hermínio C. Miranda
Reformador Dezembro 1969


            Um jovem e inteligente leitor desta coluna, escreve-me para solicitar uma orientação de leitura. Realmente, aí está uma boa pergunta: Por onde deverá começar suas explorações a pessoa que se interessar pelo estudo do Espiritismo? A resposta é simples, direta e inequívoca: pelo "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec .. É a peça fundamental da Doutrina Espírita, resumo ordenado e sistematizado do conhecimento necessário ao entendimento dos problemas que aborda. Que não se iluda, porém, o leitor desprevenido, com a aparente simplicidade da obra, que está mais na linguagem do que no contexto - é trabalho de grande profundidade e extensão. Nele foram tratados de forma comprovadamente didática - perguntas e respostas - todas as grandes questões que têm atormentado a inteligência especulativa do homem: a existência de Deus e da alma, sobrevivência do espírito, comunicabilidade entre Espíritos (desencarnados) e homens, reencarnação, mecanismo das leis morais e outras.          

            "O Livro dos Espíritos" resultou do trabalho conjugado de seres encarnados e desencarnados. É obra de colaboração, de entendimento, de diálogo entre as duas faces da vida. Allan Kardec organizou o esquema e preparou as perguntas que paulatinamente foi submetendo à consideração dos seus amigos espirituais, através de médiuns de sua confiança. Os fundamentos doutrinários e filosóficos contidos no livro não são criação de Kardec - decorrem dos ensinamentos que os Espíritos foram ditando pacientemente. Por ser obra dos seres desencarnados, deu-lhe Kardec o titulo de "O Livro dos Espíritos".

            Foi publicado pela primeira vez em Abril de 1857, em Paris.

            Outras obras se seguiram a essa que - repetimos - é básica e essencial, ponto de apoio que irá assegurar ao leitor o prosseguimento do seu aprendizado, sem enveredar pelos atalhos e pelas fantasias. No preparo dos quatro livros subsequentes, é claro que Kardec não prescindiu da ajuda e colaboração de seus amigos desencarnados: são entretanto obras de autoria humana e não mais ditadas pelos Espíritos. Provavelmente, a intenção destas foi a de transmitir apenas o conhecimento básico e deixar que daí em diante os homens prosseguissem com seus próprios recursos.

            Era preciso, ainda, estudar a mediunidade, essa estranha e maravilhosa faculdade do espírito encarnado. E veio, então, "O Livro dos Médiuns" (1861). A seguir, "O Evangelho segundo o Espirtismo" (1864), "O Céu e o Inferno" (1865) e, finalmente, "A Gênese" (1868).

            Juntos, constituem o a que nós, espíritas, costumamos chamar "Codificação" ou "pentateuco" kardequiano.        

            É claro, porém, que a literatura espírita não termina em Kardec - ao contrário, começa nele. Ele próprio deixou isso bem explícito, ao caracterizar o Espiritismo como doutrina essencialmente evolutiva, e, portanto, suscetível de aperfeiçoamento, de ampliação, de desenvolvimento. Essa característica é particularmente destacada no aspecto cientifico - experimental da doutrina que, como todo conhecimento do gênero, se desenvolve dentro do ritmo do avanço tecnológico.

            Portanto, em resumo - primeiro estágio da leitura: "O Livro dos Espíritos"; segundo, os quatro livros que integram a codificação de Allan Kardec.

            Depois desse cursinho de Espiritismo, o próprio gosto do leitor irá encontrando o seu caminho na considerável bibliografia espírita. Se é dado a especulações filosóficas, terá grande proveito nas obras de Léon Denis, tão bem escritas e traduzidas. Se gosta mais dos aspectos científicos, dará prioridade a Gustave Geley, Gabriel Delanne, Epes Sargent, Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof. Se deseja estudos mais recentes e atualizados, não deixe de ler o recentíssímo "Além do Inconsciente" do médico brasileiro Dr. Jaime Cervíño , Se prefere literatura mais leve, gênero histórico romanceado, encontrará muita coisa do seu agrado na
obra mediúnica ditada a Chico Xavier pelo nobre espírito de Emmanuel;- que viveu na Palestina, como cidadão romano, ao tempo do Cristo. Será também com prazer que terá uma visão global da história universal em "A Caminho da Luz", também de Emmanuel. Nessa pequena grande obra, o Espírito conta a odisseia humana desde que a Terra acolheu os primeiros sinais de vida e os primeiros emigrantes do espaço, vindos de um distante corpo celeste.
(Ext. do "Diário de Notícias", de 15/2/69.)




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