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quarta-feira, 27 de março de 2013

27. "Fenômenos de Materialização"



27
Fenômenos de Materialização
por   Manoel Quintão
 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
 1942


Conclusões Gerais

            Escrito deliberadamente para um Congresso internacional, este trabalho haveria de conter particularidades e minúcias que o alongaram e que, supérfluas e até pueris se tornam, em sua atual aplicação e destino.

            Lá, entre irmãos estranhos ao nosso ambiente psíquico e despercebidos dos nossos hábitos e costumes; dos valores em jogo para formar um padrão novo de religiosidade, o nosso esforço bem poderia ficar encerrado com o último capítulo. Aqui, entre falangiários de têmpera mais harmonizada, porque filhos natos ou adotivos da mesma Pátria, educados e evolvidos por fatores variáveis na forma, porém idênticos no fundo e na finalidade global; aqui, ele, o nosso trabalho, carece do acréscimo de algumas considerações que o aclarem e justifiquem.

            Aceito e admitido sejamos um povo fadado a transformar o mundo pela difusão maior do Evangelho cristão à luz do Espiritismo, forçoso é cogitar dos meios mais práticos e eficientes no desempenho da grandiosa tarefa, tão certo é que, se, nesse escopo, a melhor parte diretiva pertence aos nossos Guias, nem por isso nos forramos à contribuição de nossa quota, tanto mais legitimada quanto bem entendida.

            Ora, sendo os médiuns, no sentido ortodoxo, doutrinário, os instrumentos por assim dizer vivos da Doutrina, é claro que para eles deve convergir todo o cuidado e proteção dos que se interessam pela causa da Verdade.

            Médiuns valiosos e valorosos não faltam em nosso pais; conscientes e conscienciosos de suas faculdades, máxime da aplicação dessas faculdades, poucos temos conhecido e daí o empirismo, a confusão, a arbitrariedade de métodos e processos, dos mais heteróclitos aos mais grosseiros, dos mais retumbantes aos menos honestos.

            Será uma triste contingência, uma dolorosa fatalidade radicada à natureza do Espirito, que se não corrige nem se modifica de jato - natura non facit saltus. (a natureza não dá saltos). Concordamos.              

            A ilação clássica, que os fatos e observações autorizam, é a de que os médiuns são, em tese, grandes devedores que pediram a prova do "fogo", para no fogo se depurarem.

            Por isso os vemos a miúde em luta com os maiores tropeços e dificuldades de ordem moral ou material, feridos no lar, zurzidos na sociedade, por vezes enlodados no escândalo.

            Comédias ridículas, tragédias pungentes, são frutos legítimos de mediunidades desviadas, subvertidas, em maior escala do que a muita gente poderá parecer. 

            As Sociedades e Grupos espíritas devem, portanto, cogitar primacialmente da cultura doa seus médiuns, fazendo deles e com eles um estudo especial.

            Inculcar métodos para tal fim seria pueril, de vez que cada núcleo e cada médium tem peculiaridade própria e definida, em relação com o meio ambiente.

            De resto, toda regra imposta e prefixada representaria uma coação, uma restrição dessa liberdade que é o mais belo apanágio do Espírito, e sem a qual não há mérito nem demérito. Entre nós, mesmo entre confrades esclarecidos, tem medrado a hipótese da criação oficial de regras e preceitos tendentes a legitimar o exercício da mediunidade.

            Outros procuram instituir escolas de médiuns. Respeitando-lhes o intuito, não somos de um tal parecer e neste, como em todos os problemas doutrinários que nos defrontam, achamos que um só processo se justifica e legitima, qual o do intercâmbio das boas ideias e princípios, a sua difusão intensiva em larga escala, inteligente, amorosa, persuasiva e clara... '

            Esclarecer, insinuar, convencer por todos os meios e modos ao nosso alcance, sobretudo pelo exemplo, mas nunca impor nem constranger.

             A obra real, a obra única, por assim dizer, do Espiritismo é a transformação do individuo por si e dentro de si mesmo.

            Toda arregimentação e toda cooperação deve ser espontânea, livre, consciente, natural; e tudo que o não seja será obra de artificialismo, armada ao fracasso, obra divisória e contraproducente.

            A Federação Espirita Brasileira, como entidade coletiva, propugna certamente, e tem na mais alta conta, a formação de bons médiuns, ou, antes, a adoção de processos que facilitem aos médiuns o aprimoramento e legitima aplicação de suas faculdades. 


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