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Ciência Religião Fanatismo
por Mínimus
(Antônio Wantuil
de Freitas)
Ed. FEB
c.1938
As lutas sociais são sempre
ocasionadas pela desigualdade das classes. O povo, educado na mentira da encarnação
única, não pode, com razão, compreender a necessidade e a justiça
das desigualdades sociais.
Como podem amar um Deus, que lhes
dizem ser justo, e que cobra as dívidas de um imaginário
Adão? Como podem amar um Deus que cria almas, destinando-as a corpos informes
ou a existências de contínuas misérias?
Como compreender que esse Deus seja
justo, se após 60 anos, média da vida humana, atira suas criaturas à eternidade
dos suplícios do inferno?
Como compreender que, numa família
de pessoas medianamente boas, nasçam aleijados?
Porque nasci, pobre e vivo sempre
faminto, enquanto o meu vizinho vive entre riquezas e tendo cães melhor
alimentados do que eu?
Essas questões, que as religiões não
sabem e não podem explicar racionalmente, envolvem princípios, que lhes não
convém assimilar. E, porque continuam a interpretá-las como artigos de fé,
baseados, em pleno século XX, no "credo
quia absurdum", (creio
porque é absurdo) são, por isso, a causa originária da
infelicidade dos habitantes da Terra.
O "credo quia absurdum", frase atribuída sem provas a Santo
Agostinho, jamais produziu progresso espiritual na humanidade e sua existência
na atualidade só produz revolta nas massas, revolta natural dos que foram durante
séculos escravizados com os suplícios dos
Torquemadas.
Só o Espiritismo pode responder
satisfatoriamente a essa multidão de incógnitas, criadas pelos interesses dos
homens, responsáveis pelos destinos espirituais do mundo. Só ele
consegue explicar racionalmente, de maneira assimilável a qualquer
inteligência, essa multidão
de mistérios, inventados no correr dos séculos; de acordo com as necessidades
do domínio
em cada época.
Tanto abusaram na criação desses
absurdos, que denominaram mistérios e dogmas, tanto se excederam na exigência
do "credo quia absurdum", que o mundo se tornou materialista? caindo
no caos em que se encontra a velha Europa.
E nós, amigos, que talvez tenhamos
sido companheiros dos opressores da Idade Média,aqui
estamos novamente na Terra, para saldar dívidas velhas e reparar males que
espalhamos.
Lembremo-nos dos primeiros adeptos
do Cristo, da abnegação com que levaram os Evangelhos e os introduziram entre
os adoradores de Júpiter; lembremo-nos dos martírios que padeceram, e
concluiremos que a nossa tarefa é bem mais suave e sigamos as pegadas que eles
nos deixaram, levando ao povo a nossa palavra de amor, de conforto e
sinceridade, pregando os Evangelhos de Jesus à luz da Verdade, à luz da Terceira
Revelação, sem subterfúgios e sem interpretações subalternas.
Renovemos o mundo. Levemos aos 32
pontos do horizonte o facho luminoso dos Evangelhos. As velhas mentiras,
habituadas à escuridão, fugirão espavoridas e o planeta se transformará,
lentamente sim, porém mais rápido do que supomos.
O materialismo cresce, alastra-se,
desenvolve-se nas Escolas Superiores, onde os professores, não acreditando nos
mistérios, tombem para o ateísmo, acompanhados pela mocidade, por essa mocidade
que amanhã os substituirá na cátedra. - Quantos males gerados pelos
mistérios.
Comecemos por preparar essa
mocidade. Argumentemos com ela, provemos a existência de Deus, chamemos a sua
atenção para os milhares de mundos que rolam obedientes a uma lei uniforme e
constante, mostremos-lhe que essa lei deve ter uma causa, deve obedecer a uma força
inteligente, e que á essa força nós lhe chamamos - Deus, como poderíamos chamá-la
de força incógnita ou de força suprema.
Discutamos cientificamente com essa
mocidade promissora. Comparemos a igualdade, a
uniformidade das leis que regem os movimentos dos planetas com os movimentos
perfeitamente iguais aos dos elétrons de um átomo. No átomo, nessa partícula infinitesimal da
matéria, encontraremos planetas girando em torno do núcleo central sem jamais
se encontrarem. Mostremos a essa mocidade que, nesse núcleo, outros prótons e
elétrons giram ainda,
e sem nunca se chocarem.
O movimento desses elétrons
infinitesimais é, pois, uniforme com o dos planetas, e não
só com o dos planetas, mas com o de todos os sóis, que centralizam outros tantos
sistemas. E isso tudo é a própria ciência que no-lo ensina e prova, dizendo-nos
que o sol tem também seu movimento de translação em direção da estrela Vega, em
torno de um ponto da esfera celeste, ainda desconhecido, denominado Apex.
Esse ponto, pouco conhecido pela
ciência de hoje, corresponde ao ponto central do núcleo do átomo, núcleo este
há poucos anos por ela desconhecido.
E, finalmente, mostremos que Kardec anunciou
a unidade da matéria há 80 anos, época
em que ninguém aceitava a hipótese de Prout, (1), e a ciência de hoje, apesar de chamar de corpos
simples aos 86 elementos conhecidos, já agora, quase no meio do século, concorda
que os elétrons são perfeitamente iguais, tanto assim que ela procura destruir um
desses elétrons para transformar o mercúrio em ouro. E isso nos parece
realizável, porque já conseguiram produzir o hidrogênio, pelo bombardeamento de
alguns corpos simples.
(1) Referimo-nos a Prout, químico
inglês, pouco conhecido; e não ao afamado sábio francês, Proust, seu contemporâneo.
Ora, se os elétrons são iguais, a
matéria de que são formados deve ser una.
*
Para demonstrarmos que todos os
astros partiram de uma mesma fonte, a que chamamos - Deus, podemos argumentar com a própria ciência oficial ou não. É
ela quem nos afirma
que o Sol contém os metais e os metalóides que existem aqui no nosso
planetazinho, corpos
esses que também existem nos demais astros, como nos mostra a composição
química dos bólidos que, a miúde, caem na Terra.
É bem verdade que alguns desses
elementos não foram ainda descobertos na Terra, mas também não é menos verdade,
e a própria ciência afirma, que os corpos simples devem ser noventa e tantos,
mas que só foram descobertos até hoje 90. Quem nos dirá que os que nos faltam
conhecer não sejam os que ela encontrou no Sol?
Outros alegam que sentem no interior
uma qualquer coisa que lhes fala existir - Deus,
mas que o raciocínio lhes diz ser impossível que esse Deus esteja em toda
parte.
Está provado pela ciência que o
vácuo não existe e, entre as experiências comprovantes de
ele não existir, temos a de que, no vácuo das máquinas pneumáticas, o calor de
um corpo se
transmite a outro, devendo portanto haver um veículo para que essa transmissão
se efetue. A esse veículo, inodoro, incolor, imponderável e invisível, chamaram
- Éter.
Ora, conhecendo todos nós a
existência das ondas hertzianas, que levam o som do "estúdio" a milhares
de léguas, conhecendo a radiotelefotografia e a radiotelevisão, como poderemos
achar absurdo que, existindo o éter em todas as partes do Universo, seja impossível
a um Ser Supremo estar em contato com toda a sua obra?
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