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quarta-feira, 6 de março de 2013

16. 'Fenômenos de Materialização'


16

Fenômenos de Materialização
por     Manoel Quintão
 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
 1942


            Os nossos opugnadores contumazes poderão advertir, a propósito destas citas: ciências do passado, razões e doutrinas bolorentas ...

            Pois se hoje tudo é futurismo...

            Mas, neste caso, elas por elas; raciocinando com a própria evolução científica, é lícito retorquir: e que pensarão dos nossos sábios de hoje os sábios do século XXII?

            Na minha infância, lá no meu arraial da roça, cujos encantos bucólicos ainda se me retraçam na retina, ou, melhor - estão gravados no meu perispírito como iluminura preciosa - lá, era costume dizer-se, quando se queria dar ideia de um fato impossíivel: é mais fácil um burro voar...

            Pois há dias, há meses, um telegrama de Bruxelas, se me não falha a memória, noticiava que certo "turfman", urgido pelo tempo, tendo de fazer correr o seu cavalo em Amsterdam, para ali o transportara de aeroplano!!!

            Se o homem já modificou, já alterou a noção do tempo e do espaço em menos de um século, se um quadrúpede já pode varar o espaço a 150 quilômetros a hora, por que, então, duvidarmos da modificação das zonas lúcidas dos nossos publicistas e cientistas caturras?

            Mas, voltemos à nossa tese:

            Um pouco de História

            O histórico de uma doutrina é assim uma espécie de capital acumulado. Se, pelo capital de uma empresa, aferimos a sua prosperidade, pelo histórico de uma doutrina ajuizamos a opulência dos seus recursos e, portanto, das suas possibilidades de êxito.

            Ora pois: sem embargo de interpretações teóricas, religiosas ou meramente filosóficas, o Magnetismo prático, o Magnetismo empírico, o Magnetismo terapêutico nos apresenta foros da maior ancianidade. Dele se pode dizer que há toda uma documentação preciosa e inconteste.

            Não falaremos da Índia, da misteriosa Índia, onde yoguis  e faquires, sabidamente realizam assombros e prodígios que a civilização, que a mentalidade ocidental ainda hoje mal define e menos compreende, desde a germinação artificial da semente à catalepsia voluntária e espontânea.

            Vamos antes ao Egito com Mariette, sob a dinastia dos Faraós, velha de 5000 anos antes da Era Cristã, e lá encontraremos o célebre papiro de Tebas, que diz assim: Pousa a tua mão sobre o enfermo para acalmar-lhe as dores e dize às dores que se vão!

            Por outro lado, historiadores como Heródoto e Diodoro da Sicília (L. 2. cap. 82) registram as fricções e massagens como hábitos muito familiares naqueles tempos.

            Outros autores são ainda mais categóricos, como por exemplo Prosper Alpini no seu tratado de Medicina egypciorum, publicado em Leyd (1718). Assim é que diz: "as fricções e as massagens médicas, ou misteriosas, eram os remédios secretos de que os Padres se utilizavam para sarar as enfermidades incuráveis".

            Todos sabemos que a mumificação atingiu no Egito um grau de perfeição até agora inalcançado, em que pese aos progressos da química moderna. Pois bem: a mumificação filia-se diretamente à crença do desdobramento do corpo, do que chamamos hoje duplo, corpo astral ou, melhormente, perispírito, e era praticada no intuito de conservar indefinidamente, com o corpo, a vida desse duplo.

            Um exemplo ilustrativo citado por Tácito; quando, em Alexandria, Vespasiano quis consultar Sérapis, para saber se a coroa do Império Romano viria de futuro a pertencer-lhe, ordenou, para isso, a evacuação do Templo e, de repente, quando sua atenção se voltava para o Símbolo, viu atrás de si um magnata egípcio de nome Basilides, que se achava então a uma distância de oitenta mil passos.

            E como Basilides significava - rei - Vespasiano concluiu que cingiria a coroa, o que de fato aconteceu.

            Mais alto ainda que estes testemunhos, falam alguns monumentos que resistiram às injúrias do tempo.

            A mão, que representa tão grande papel na prática do Magnetismo, tornou-se na antiguidade o símbolo das divindades médicas.
             
            A Arqueologia possui ainda coleções nas quais essas mãos cobertas de hieróglifos justificam a alcunha, que lhes deram, de mãos salutares dos deuses.

            No Zodíaco de Denderah, monumento existente na Biblioteca Nacional de Paris, vê-se Isis sustentando na palma da mão esquerda seu filho Hórus, enquanto com a direita parece dar-lhe passes no peito.

            No Egito, como, aliás, depois, por toda parte e ainda hoje, era costume irem os enfermos aos Templos a fim de se curarem com votos e promessas.

            Somente hoje as práticas variam, mas o fundo, a ideia, a intenção, se identificam. Hoje, nos santuários de Lourdes ou de Aparecida, os romeiros se sugestionam ou são sugestionados pela pompa dos rituais, ao passo que na antiguidade, quando o sacerdote era médico e sacerdote, os doentes apenas adormeciam sobre uma pele de carneiro, para que o deus evocado lhes revelasse em sonho o remédio que os havia de curar.

            Nota interessante cabe aqui fazer: quando o doente não adormecia, o sacerdote fazia-o por ele, e aí temos nem mais nem menos que mediunidade sacerdotal!







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