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Fenômenos
de Materialização
por Manoel
Quintão
Livraria Editora da Federação
Espírita Brasileira
1942
Conclusões Gerais
Escrito
deliberadamente para um Congresso internacional, este trabalho haveria de
conter particularidades e minúcias que o alongaram e que, supérfluas e até
pueris se tornam, em sua atual aplicação e destino.
Lá,
entre irmãos estranhos ao nosso ambiente psíquico e despercebidos dos nossos hábitos
e costumes; dos valores em jogo para formar um padrão novo de religiosidade, o
nosso esforço bem poderia ficar encerrado com o último capítulo. Aqui, entre
falangiários de têmpera mais harmonizada, porque filhos natos ou adotivos da
mesma Pátria, educados e evolvidos por fatores variáveis na forma, porém idênticos
no fundo e na finalidade global; aqui, ele, o nosso trabalho, carece do acréscimo
de algumas considerações que o aclarem e justifiquem.
Aceito
e admitido sejamos um povo fadado a transformar o mundo pela difusão maior do
Evangelho cristão à luz do Espiritismo, forçoso é cogitar dos meios mais
práticos e eficientes no desempenho da grandiosa tarefa, tão certo é que, se,
nesse escopo, a melhor parte diretiva pertence aos nossos Guias, nem por isso
nos forramos à contribuição de nossa quota, tanto mais legitimada quanto bem
entendida.
Ora,
sendo os médiuns, no sentido ortodoxo, doutrinário, os instrumentos por assim
dizer vivos da Doutrina, é claro que para eles deve convergir todo o cuidado e
proteção dos que se interessam pela causa da Verdade.
Médiuns
valiosos e valorosos não faltam em nosso pais; conscientes e conscienciosos de
suas faculdades, máxime da aplicação dessas faculdades, poucos temos conhecido
e daí o empirismo, a confusão, a arbitrariedade de métodos e processos, dos
mais heteróclitos aos mais grosseiros, dos mais retumbantes aos menos honestos.
Será
uma triste contingência, uma dolorosa fatalidade radicada à natureza do
Espirito, que se não corrige nem se modifica de jato - natura non facit saltus. (a natureza
não dá saltos). Concordamos.
A
ilação clássica, que os fatos e observações autorizam, é a de que os médiuns
são, em tese, grandes devedores que pediram a prova do "fogo", para
no fogo se depurarem.
Por
isso os vemos a miúde em luta com os maiores tropeços e dificuldades de ordem
moral ou material, feridos no lar, zurzidos na sociedade, por vezes enlodados
no escândalo.
Comédias
ridículas, tragédias pungentes, são frutos legítimos de mediunidades desviadas,
subvertidas, em maior escala do que a muita gente poderá parecer.
As
Sociedades e Grupos espíritas devem, portanto, cogitar primacialmente da
cultura doa seus médiuns, fazendo deles e com eles um estudo especial.
Inculcar
métodos para tal fim seria pueril, de vez que cada núcleo e cada médium tem
peculiaridade própria e definida, em relação com o meio ambiente.
De
resto, toda regra imposta e prefixada representaria uma coação, uma restrição
dessa liberdade que é o mais belo apanágio do Espírito, e
sem a qual não há mérito nem demérito. Entre nós, mesmo entre confrades
esclarecidos, tem medrado a hipótese da criação oficial de regras e preceitos
tendentes a legitimar o exercício da mediunidade.
Outros
procuram instituir escolas de médiuns.
Respeitando-lhes o intuito, não somos de um tal parecer e neste, como em todos
os problemas doutrinários que nos defrontam, achamos que um só processo se
justifica e legitima, qual o do intercâmbio das boas ideias e princípios, a sua
difusão intensiva em larga escala, inteligente, amorosa, persuasiva e clara...
'
Esclarecer, insinuar, convencer por todos os meios
e modos ao nosso alcance, sobretudo pelo exemplo, mas nunca impor nem constranger.
A obra real, a obra única, por assim dizer, do
Espiritismo é a transformação do individuo por si e dentro de si mesmo.
Toda
arregimentação e toda cooperação deve ser espontânea, livre, consciente,
natural; e tudo que o não seja será obra de artificialismo, armada ao fracasso,
obra divisória e contraproducente.
A
Federação Espirita Brasileira, como entidade coletiva, propugna certamente, e
tem na mais alta conta, a formação de bons médiuns, ou, antes, a adoção de processos
que facilitem aos médiuns o aprimoramento e legitima aplicação de suas
faculdades.
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