terça-feira, 19 de março de 2013

22. 'Fenômenos de Materialização'






22

Fenômenos de Materialização
por     Manoel Quintão
 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
 1942


3.° Caso.

            Certo dia, um pai recorre ao médium Richard (1)  para uma filhinha de oito meses de idade, atacada de gastroenterite.

            (1) Pedro Richard, velho companheiro de Bezerra e o verdadeiro fundador da Assistencia aos Necessitados, da Federação, que generalizou o receituário mediúnico, o maior e melhor filão da propaganda no Brasil.

            O médium para logo diagnosticou - infecção intestinal e receitou medicamentos homeopatas, a começar por Mercúrio e Beladona.

            Apesar da confiança no tratamento e da rigorosa administração dos remédios, a pequena enferma piorou a olhos vistos, pelo que resolveram chamar um facultativo alopata (2).

            (2) Dr. Antônio Costa.

            Este, após o exame, declara remediável o mal e prescreve medicamentos que agravam ainda mais o caso, pelo que, foi ainda chamado terceiro médico, este homeopata (3), o qual declara nada mais poder fazer, por se tratar de um caso perdido.

            (3) Dr. Maia Barreto.

            De fato, 24 horas havia que, podia dizer-se, a doentinha entrara em estado de coma, apresentando sintomas de próxima agonia.

            Em repetidas convulsões, após grandes perdas sanguíneas pela via intestinal, já não mamava, nem abria os olhos.

            Ao sobrevir uma crise mais violenta, a mãe da enferma, pelo temor do desenlace teve uma síncope e foi ante esse quadro que o pai se lembrou da própria faculdade mediúnica e, tomando do lápis, em estado de quase inconsciência, obteve esta comunicação:

            "É preciso ter mais fé em Deus e mais crença em nossa intervenção, que é real. Quando chamaste os médicos (nossos irmãos da Terra) agias ao impulso de uma das mais prementes fraquezas humanas - o sentimento da paternidade. Eu aí estive e sei o que isso é. "Vou aliviar" a doentinha por esta noite e amanhã tu volta ao Richard (o médium que iniciara o tratamento), já que não tens a calma para receberes tu mesmo a minha medicação com a graça de Deus, que também é Pai. Aconselho à tua mulher muita humildade na provação, porque a moléstia dos filhos é também provação para os pais, e a provação bem entendida aproveita sempre. Dá a tua filhinha, já, uma colher de Beladona misturada com Mercurius vívus (1). (assig.) BEZERRA.

               (1) A mesma medicação mediúnica, inicial.   

            Atônito, sem mais algo considerar, esse pai apenas se deteve o tempo necessário à preparação dos medicamentos e, quando voltou ao quarto, colher em punho, a esposa, então já recobrada em si, lhe advertiu a inutilidade do recurso, por isso que a criança já não deglutia, não tomava nem o seio.

            O nosso homem parecia, porém, eletrizado, possuído de vontade estranha e, sem atender a tão justa objeção, chegou aos lábios da criança a colherinha.

            Calcule-se, agora, a surpresa com que a viu - a filhinha, abrir os olhos e de um sorvo, naturalmente, engolir o remédio!

            Depois, virou-se por si mesma no leito - ela que jazia inerte de muitas horas! - e dormiu três horas a fio o mais repousado dos sonos, quando antes não se passavam cinco minutos que não tivesse um espasmo seguido de dolorosos gemidos!

            O espanto, a emoção foram tão grandes que só mais tarde a mãe desolada pode sussurrar esta frase expressiva:

              Mas você está vendo?
           
            Ao que o marido respondia:     

            - Filha, é a realidade do Espiritismo: é a misericórdia de Deus!

            No dia seguinte, ao procurar o médico que desenganara a enferma, médico espiritista, repetimos, foi ele se antecipando:

            - Já sei, vens buscar o atestado...

            - Absolutamente. Venho dizer-lhe que a menina está salva e mostrar-lhe  esta mensagem salvadora.

            Ao inteirar-se da ocorrência, o médico teve bastante consciência e humildade para exclamar:

            - Diante de fatos como este, é forçoso confessar que nada sabemos.

            Essa criança é hoje moça e gozou sempre da melhor saúde.




Pedro Richard

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