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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Pagamento de dívidas

                                         

Pagamento de dívidas

 A Redação                  Reformador (FEB) 16 Fevereiro 1924

 
            As oferendas levadas ao altar faziam parte do culto religioso dos israelitas. Numerosas e minuciosas prescrições as regulavam, especialmente as do Levítico. Aludindo a essa prática Jesus nos deu este ensino:

             “e tu estás fazendo a tua oferta diante do altar, e te lembrar aí que teu irmão tem contra ti alguma coisa, deixa ali a tua oferenda diante do altar e vai te reconciliar primeiro com teu irmão...” Mateus V. 23,24.

             Em seguida o Senhor generaliza a lição, sob a costumada forma alegórica:

             “Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás posto a caminho com ele (cito dum es in via cum eo) para que não suceda que ele adversário te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá até pagares o último ceitil.” (Mateus V, 25, 24; Lucas, XII, 58, 59.)

           Reconcilia-te com o teu irmão.

            Conserta-te com o adversário.

            Perdoa, perdoa sempre. Se há reincidência na ofensa, continua a perdoar indefinidamente, seja qual for o número dos agravos. (Mateus, XVIII, 21, 22.)

            Em todas as almas deve soar o verbo divino: perdoa para seres perdoado.

            Devedor, pagarás a dívida até ao último ceitil.

            As igrejas, adstritas à sua dogmática, às formas cultuais, envolvidas nos interesses mundanos, tornaram-se incapazes de compreender e praticar a lição evangélica.

             Preferiram as obIatas. (o que, na igreja, se dá a Deus ou aos santos para as despesas do culto ou como remuneração de alguns serviços do sacerdote, esp. em funerais) – Fonte: Wikipedia)

             Poderiam os fiéis, esquecidos do ensino messiânico, leva-las ao altar e sair armados em guerra contra seus semelhantes. Ilustram este asserto estrondosos exemplos históricos antigos e modernos.

            No catolicismo, as solenidades teatrais do pretendido culto externo, tão pomposas quanto inúteis, excederam as do judaísmo e do paganismo e alargou-se o domínio das superstições que, em enxames, o invadiram, criadas e alimentadas pela ignorância e pelo sacerdócio.

 *

             As antigas instituições religiosas, predominantes durante largo período de tempo, abriram falência. Vão perdendo, dia a dia, a direção das consciências.

            Conseguirão reabilitar-se?

            Como se acham constituídas, não poderão realizar esse desideratum (desejo). Preferem a morte à reforma?

            Confiamos na promessa do Senhor: “Não ficareis órfãos.”

            Pedimos permissão para repetir, ainda uma vez, nesta coluna, as palavras do insigne apóstolo do Espiritismo:

            “Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua Vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da humanidade.” (1)

               (1) ALLAN KARDEC- “O Livro dos Espíritos” (Trad. de Guillon Ribeiro.) Prolegômenos, p. XLII.

               Aberta a nova era, graças à Misericórdia divina, os Espíritos reveladores nos fizeram volver ao Evangelho desconhecido, desprezado e abandonado pelas seitas religiosas, intituladas cristãs.

            Examinai as passagens invocadas na primeira parte deste artigo. Fazei um confronto entre o antigo e o novo ensino.

            Para a purificação das almas, necessária a ascensão na escala espiritual, de nada valem a oferenda de coisas materiais e a prática de certos atos exteriores, denominados sacramentos.

            O mandamento supremo é o do amor, que resume toda a lei e os profetas.

            Não há condenação irremissível.  

            Claro é o significado da parábola em estudo.

            Ainda depois de condenado, o devedor pode resgatar a dívida, e tem de o fazer, em obediência à lei do progresso.

            As igrejas unicarnacionistas, presas ao dogma do inferno eterno, negam, em oposição ao ensino evangélico, esse pagamento, realizado na erraticidade e em sucessivas encarnações, expiatórias e reparadoras.

            O divino Pastor não perderá nenhuma ovelha. As desgarradas serão reconduzidas ao aprisco.


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