Pagamento de dívidas
A Redação Reformador (FEB) 16 Fevereiro 1924
Conserta-te com o adversário.
Perdoa, perdoa sempre. Se há reincidência
na ofensa, continua a perdoar indefinidamente, seja qual for o número dos
agravos. (Mateus, XVIII, 21, 22.)
Em todas as almas deve soar o verbo
divino: perdoa para seres perdoado.
Devedor, pagarás a dívida até ao último
ceitil.
As igrejas, adstritas à sua dogmática,
às formas cultuais, envolvidas nos interesses mundanos, tornaram-se incapazes
de compreender e praticar a lição evangélica.
No catolicismo, as solenidades
teatrais do pretendido culto externo, tão pomposas quanto inúteis, excederam as
do judaísmo e do paganismo e alargou-se o domínio das superstições que, em
enxames, o invadiram, criadas e alimentadas pela ignorância e pelo sacerdócio.
As antigas instituições religiosas, predominantes durante largo período de tempo, abriram falência. Vão perdendo, dia a dia, a direção das consciências.
Conseguirão reabilitar-se?
Como se acham constituídas, não
poderão realizar esse desideratum (desejo). Preferem a morte à reforma?
Confiamos na promessa do Senhor: “Não
ficareis órfãos.”
Pedimos permissão para repetir,
ainda uma vez, nesta coluna, as palavras do insigne apóstolo do Espiritismo:
“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados
pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros
de Deus e os agentes de sua Vontade, têm por missão instruir e esclarecer os
homens, abrindo uma nova era para a regeneração da humanidade.” (1)
(1) ALLAN KARDEC- “O Livro dos Espíritos” (Trad. de Guillon Ribeiro.) Prolegômenos, p. XLII.
Aberta a nova era, graças à Misericórdia divina, os Espíritos reveladores nos fizeram volver ao Evangelho desconhecido, desprezado e abandonado pelas seitas religiosas, intituladas cristãs.
Examinai as passagens invocadas na
primeira parte deste artigo. Fazei um confronto entre o antigo e o novo ensino.
Para a purificação das almas, necessária
a ascensão na escala espiritual, de nada valem a oferenda de coisas materiais e
a prática de certos atos exteriores, denominados sacramentos.
O mandamento supremo é o do amor,
que resume toda a lei e os profetas.
Não há condenação irremissível.
Claro é o significado da parábola em
estudo.
Ainda depois de condenado, o devedor
pode resgatar a dívida, e tem de o fazer, em obediência à lei do progresso.
As igrejas unicarnacionistas, presas
ao dogma do inferno eterno, negam, em oposição ao ensino evangélico, esse
pagamento, realizado na erraticidade e em sucessivas encarnações, expiatórias e
reparadoras.
O divino Pastor não perderá nenhuma
ovelha. As desgarradas serão reconduzidas ao aprisco.
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