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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Relíquias



Relíquias
                                                                                              por José Monteiro Lima
in Reformador (FEB) Março  1946


            Sabemos, pelo estudo do magnetismo animal, que do corpo humano se escapam radiações magnéticas de natureza especial que vão influir nos objetos mais próximos, impregnando-os de fluido bom ou mau, segundo o indivíduo que o emitiu.
Deleuze diz, com efeito, que a maior parte dos sonâmbulos veem um fluido luminoso e brilhante envolver o seu magnetizador, principalmente na cabeça e nas mãos, acrescentando que o homem pode acumular à vontade este fluido e dirigi-lo no sentido de impregnar as diversas substâncias.

            Ainda que não haja o desejo de magnetizar, os objetos de uso pessoal são, naturalmente, os que mais facilmente podem ser impregnados pelo fluido emitido. Bozzano, num exaustivo estudo sobre tão importante problema "Enigmas da Psicometria", reconhece que tais objetos são verdadeiros intermediários entre as pessoas distantes, mercê de uma "influência" real impregnada no objeto pelo seu antigo possuidor e perceptível pelos sensitivos.

            Ora, as relíquias dos santos são objetos de uso pessoal, podem, algumas vezes, estar impregnados desse fluido. Catarina Emmerich, médium vidente-psicômetra, religiosa do convento de Agnetenberg (Alemanha), por exemplo, segundo o abade Cazales ("Vie d' Anne-Catherine Emmerich", pág. 15), de posse das relíquias dos santos podia contar não só as particularidades desconhecidas das suas vidas, como ainda a história da relíquia que  lhe fosse apresentada e os diversos lugares onde tinha sido colocada.

            De certo modo, algumas das curas conseguidas por intermédio de relíquias, objeto deste estudo, vêm corroborar a teoria de uma influenciação originária do objeto impregnado, assim como o auxílio que os próprios espíritos dos chamados santos, com os quais o doente entrou em relação.

            O Rev. Brewer ("Dictionary of Miracles", pág. 16) conta que Eutícia, mãe de Sta. Lúcia, estando aflita com um fluxo de sangue que os médicos não tinham podido curar, foi, a conselho de sua filha, visitar as relíquias de Sta. Ágata em Catânia. Quando Eutícia e sua filha chegaram ao túmulo de Sta. Agata, Lúcia orou pedindo que a santa intercedesse por sua mãe, a fim de curá-la da sua enfermidade. Quando orava, Sta. Ágata apareceu-lhe e disse: "Irmã Lúcia, porque me pedes uma coisa que tu mesma podes fazer? Pede a Deus, porque sabemos que Ele nos ama, e uma vez que ouve as minhas preces, ouvirá também as tuas". Terminada a oração, Lúcia encontrou sua genitora restabelecida.

            Pelos numerosos fatos registrados nos meios católicos e acatólicos, conclui-se que os objetos de uso pessoal, impregnados dos fluidos de determinado indivíduo, têm a propriedade de não só estabelecer relação entre o sensitivo e o antigo dono do objeto, como ainda podem agir benéfica ou prejudicialmente, segundo a natureza dos fluidos que acumularam. Com efeito, um objeto que tenha pertencido a um indivíduo que morrera de determinada doença tem, pelos fluidos que acumulou, a propriedade de pô-la em imediata relação com o médium, fazendo-o sentir todos os sintomas da moléstia.

            Se se tratar de um médium espírita que frequente  sessões bem orientadas, naturalmente a causa poderá ser facilmente afastada, o que nem sempre é possível quando o médium não é espírita. Deduz-se daí que nem só os micróbios materiais transmitem moléstias, porque fluidos perniciosos, doentios, agindo embora por intermédio do perispírito, podem, pela continuidade, influir no corpo físico a ponto de produzir a doença propriamente.    

            Do mesmo modo, sem que haja milagres, as relíquias de pessoas que tiveram vida modelar, naturalmente impregnadas de bons fluidos, podem curar ou ajudar na cura de um doente que tenha fé. 



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