Relíquias
por José
Monteiro Lima
in Reformador (FEB) Março 1946
Sabemos, pelo estudo do magnetismo
animal, que do corpo humano se escapam radiações magnéticas de natureza
especial que vão influir nos objetos mais próximos, impregnando-os de fluido
bom ou mau, segundo o indivíduo que o emitiu.
Deleuze
diz, com efeito, que a maior parte dos sonâmbulos veem um fluido luminoso e
brilhante envolver o seu magnetizador, principalmente na cabeça e nas mãos,
acrescentando que o homem pode acumular à vontade este fluido e dirigi-lo no
sentido de impregnar as diversas substâncias.
Ainda que não haja o desejo de
magnetizar, os objetos de uso pessoal são, naturalmente, os que mais facilmente
podem ser impregnados pelo fluido emitido. Bozzano, num exaustivo estudo sobre
tão importante problema "Enigmas da Psicometria", reconhece que tais
objetos são verdadeiros intermediários entre as pessoas distantes, mercê de uma
"influência" real impregnada no objeto pelo seu antigo possuidor e
perceptível pelos sensitivos.
Ora, as relíquias dos santos são
objetos de uso pessoal, podem, algumas vezes, estar impregnados desse fluido.
Catarina Emmerich, médium vidente-psicômetra, religiosa do convento de
Agnetenberg (Alemanha), por exemplo, segundo o abade Cazales ("Vie d'
Anne-Catherine Emmerich", pág. 15), de posse das relíquias dos santos
podia contar não só as particularidades desconhecidas das suas vidas, como
ainda a história da relíquia que lhe fosse
apresentada e os diversos lugares onde tinha sido colocada.
De certo modo, algumas das curas
conseguidas por intermédio de relíquias, objeto deste estudo, vêm corroborar a
teoria de uma influenciação originária do objeto impregnado, assim como o
auxílio que os próprios espíritos dos chamados santos, com os quais o doente
entrou em relação.
O Rev. Brewer ("Dictionary of
Miracles", pág. 16) conta que Eutícia, mãe de Sta. Lúcia, estando
aflita com um fluxo de sangue que os médicos não tinham podido curar, foi, a
conselho de sua filha, visitar as relíquias de Sta. Ágata em Catânia. Quando
Eutícia e sua filha chegaram ao túmulo de Sta. Agata, Lúcia orou pedindo que a
santa intercedesse por sua mãe, a fim de curá-la da sua enfermidade. Quando
orava, Sta. Ágata apareceu-lhe e disse: "Irmã Lúcia,
porque me pedes uma coisa que tu mesma podes fazer? Pede a Deus, porque sabemos que
Ele nos ama, e uma vez que ouve as minhas preces, ouvirá também as tuas".
Terminada a oração,
Lúcia encontrou sua genitora restabelecida.
Pelos numerosos fatos registrados
nos meios católicos e acatólicos, conclui-se que os objetos de uso pessoal,
impregnados dos fluidos de determinado indivíduo, têm a propriedade de não só
estabelecer relação entre o sensitivo e o antigo dono do objeto, como ainda
podem agir benéfica ou prejudicialmente, segundo a natureza dos fluidos que
acumularam. Com efeito, um objeto que tenha pertencido a um indivíduo que
morrera de determinada doença tem, pelos fluidos que acumulou, a propriedade de
pô-la em imediata relação com o médium, fazendo-o sentir todos os sintomas da
moléstia.
Se se tratar de um médium espírita
que frequente sessões bem orientadas,
naturalmente a causa poderá ser facilmente afastada, o que nem sempre é
possível quando o médium não é espírita. Deduz-se daí que nem só os micróbios
materiais transmitem moléstias, porque fluidos perniciosos, doentios, agindo
embora por intermédio do perispírito, podem, pela continuidade, influir no
corpo físico a ponto de produzir a doença propriamente.
Do mesmo modo, sem que haja
milagres, as relíquias de pessoas que tiveram vida modelar, naturalmente
impregnadas de bons fluidos, podem curar ou ajudar na cura de um doente que
tenha fé.
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