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“Amor
à Verdade”
por
Alpheu Gomes O. Campos
Marques
Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927
Na mesma ordem de ideias, trouxe-nos
o seguinte subsidio outro dos nossos Preceptores:
“De todos os tempos, quer pelos fenômenos
anímicos, a que chamam “aparições de Santos”, quer por intermédio dos missionários,
o Pai, sempre amoroso a seus filhos, não se cansa de atraí-los para o caminho
salvador.
“Outrora, eram os profetas os
encarregados de esclarecer os povos. Todos cumpriam fielmente o seu mandato; porém,
o atraso da humanidade foi permitindo que as más paixões deturpassem os
ensinos, que, assim desvirtuados, maiores males causaram ao
homem.
“O próprio Cristianismo, que seria o
traço de união entre Deus e as suas criaturas, viu substituir se lhe, por
ambição indissimulável de infelizes, aquilo que mais precioso pregava - o amor
do próximo; e degenerou vem sangrentas lutas que, dispersando os fiéis, deles
ainda se servem para alimentar as chamas ominosas e destruidoras do ódio e da
prevenção. Os frutos do Cristianismo seriam totalmente colhidos, se o homem, a
seu arbítrio, não o transmudasse em profissão, e se o pouco ainda assim colhido
não abafasse os remanescentes da verdade, derrancando por completo o conceito
de Deus, então transfeito em castigador mais temeroso e perverso que o maior
desnaturado da terra.
“Implantado o terror, eis o que
sucedeu: os simples fanatizaram-se,
renunciando, até não se sabe quando, a própria razão; e os de melhor
entendimento, sem poderem compreender tanta monstruosidade, tornaram-se incrédulos,
materialistas ferrenhos, que
ainda hoje, fazem mal a si mesmos e à humanidade .
”Entre quantos receberam o
Cristianismo assim falseado, importa apontados como sendo os mais perigosos e
funestos aqueles que, vivendo dele qual erva parasita, oferecem, através de
todos os biocos, o mesmo espetáculo dos fariseus daquela época.
“Pois bem, a luta vem de tempos
imemoriais, sem que os homens se esclareçam, tornando menos leve o seu jugo.
“O Pai, sempre e só amor para os
filhos, sejam eles desobedientes e ingratos, envia-lhes, de quando em quando,
novas luzes. Destarte, permitiu, hoje, que os fatos até então notados, porém
desconhecidos, fossem amplamente divulgados, para que recebesse cada qual a
prova da sobrevivência, e assim, melhor orientado, compreendesse o seu destino.
Não sofreu o advento espirita a mesma sorte do seu precursor - o Cristianismo; não
buscou alçar-se em potência politica; porém, até certo ponto, vem seguindo rota
igual à de todas as religiões.
Muitos, ao provar os frutos dulcíssimos
da revelação nova, meditaram; norteados, encaminharam-se; outros desprezaram-na;
não poucos a desceram também ao nível dos interesses e economias; o maior número,
mesmo dos missionários, não a entendeu. Aliás,
todo espírita é um missionário, e o Espiritismo não pode servir tão só para o
progresso individual, pois o egoísmo não é abençoado por Deus. O espírita
recebe provas da imortalidade. Pela reencarnação, capacita-se da justiça
divina, que, em sua sabedoria, concede sucessivas oportunidades para a
reparação dos erros cometidos. Se não se dispuser
a andar, nada fará nem por si, nem pelo próximo.
“Necessidade é que a doutrina
espírita não siga na esteira de tantas outras que, por maldade das gentes, não
lograram provar, pelo raciocínio, a existência de Deus e o eterno
aperfeiçoamento da alma. Preciso se torna um grande trabalho no seio dos próprios
adeptos, para que, descobertos os que fazem mau uso das faculdades, e
esclarecidos os que creem mas não compreendem, possa ela em breve ser conhecida
em seu incomparável esplendor, que iluminará o mundo,
“Entre os múltiplos ensinos que não
esquecemos de transmitir, sobressai a PRECE.
“Compara tu, que és médium
sensitivo, os efeitos dela, quando a impulsionas, sentindo e elevando-te, com o
que acontece as vezes em que, por qualquer motivo, sucede orares um tanto
despreocupado, sem o impulso conveniente. O que diferem os resultados!
Entretanto, como sentimos nós a aproximação da prece! Que de alegria,
ouvindo-a! Como nos damos pressa de encaminhá-la ao Pai!
“Mas nem sempre tanta ventura nos
cabe... Quanta gente afirma que ora, que creem Deus e nada, em absoluto sente; nada, ao orar, recebe! É o
caso que, enquanto os lábios murmuram palavras, o pensamento não se alteia; e a
prece que parte só dos lábios, perde-se como as palavras no deserto. É preciso
que ela borbulhe do coração.
“Quando se ora conhecendo o valor da
prece, nenhum outro pensamento deve existir senão amor. Se por outrem se pede,
amor não menor deve conduzir a Deus o pedido, que nunca será em pura perda.
“Pois bem, meus filhos, eu quero vos
dizer todas estas coisas, para que possais delas tirar o justo proveito; porém,
só o conseguireis, ensinando ao vosso irmão o caminho para Deus - A PRECE!
“Espíritas: sabei orar e vigiar;
lembre-vos sempre que, quando Jesus orava no Jardim das Oliveiras e recomendava
a seus discípulos que vigiassem, é porque bem sabia ele que o espirito das
trevas, o que somente no mal se compraz, estava á espreita de um instrumento
para as provas por que ele, o Mestre, havia de passar.
“Vigiai de continuo; e quando
enviardes vossa rogativa ao Pai, fazei-o sempre raciocinando e sentindo;
pedindo e dando ao mesmo tempo; dando o exemplo aos infelizes que a vosso lado
não faltam jamais; amando até os vossos perseguidores, agentes do vosso
progresso e credores, portanto, de vossa gratidão. Sim, fazendo-vos sofrer,
fizeram-vos progredir.
“Atentos, pois, meus filhos e meus
irmãos, para que apressemos nossa felicidade, e esta será proporcional ao que
houvermos feito pelo nosso próximo.
“Fé, coragem e, sobretudo,
humildade.
“Paz de Maria fique com os meus
filhos.
“Para os que desejam trilhar à
grande via do Progresso, galgando, palmo a palmo, as regiões espirituaes, -
pensamos - de seguro roteiro há de comunicação".
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