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Diante de tais eloquentes,
multiplicados testemunhos, que constituem outros tantos indícios, senão provas
documentais da grande lei que, de vida em vida, vai conduzindo o homem à
realização de seus destinos, será licito concluir por outro modo que não pela realidade das reencarnações?
O negativismo sistemático e o
dogmatismo interesseiro poderão decerto obstinar-se em recusa-la, mas nem por
isso hão de impedir que a verdade abra caminho através de todas as inteligências
emancipadas do preconceito e da rotina, ansiosas de penetrar os augustos mistérios
em que, para o nosso obscurecido entendimento, tem permanecido envolto o
problema da vida e do destino humanos.
À luz do Espiritismo esses mistérios
se vão gradualmente desvendando, substituídos por um conhecimento tanto mais
claro e positivo do que somos, donde vimos e para onde vamos, quanto os
elementos de certeza em que se apoia são fornecidos simultaneamente pela
observação dos fatos e o consenso da razão, e - porque o não havemos também de
acrescentar? - sancionados pelos mais veementes reclamos do nosso próprio espírito.
Assim, no que se refere à
pluralidade de existências, quem haverá que, ao avizinhar-se o termo de uma
jornada mais ou menos longa neste mundo, considerando os desacertos,
leviandades e imprudências que ficaram para trás, não terá exclamado: Ah! Se me
fosse dado recomeçar, aproveitando a experiência que tenho adquirido, como o
faria em melhores condições e quantos erros não evitaria!
Por outro lado, à medida que avançamos
no calvário desta vida e os cuidados, amarguras e desgostos nos assaltam, à
medida que as suas agressivas e, não raro, hediondas realidades, que mais ou
menos nos conspurcam, vão formando um rude contraste com o descuido e a inocência
dos primeiros anos, quantas vezes e a quantos não tem assaltado o desejo
aparentemente- insensato - porque todos, na ignorância da grande lei, são mais
ou menos Nicodemos - de tornar a ser criança! Quem dera voltasse aquele tempo
afortunado!
Pois bem, esse vago anseio de
retorno ao período de singeleza e de inocência, que a infância representa longe
de ser um mero extravio da imaginação, como à primeira vista se afigura,
traduz, do mesmo modo que tantas outras intuições do espírito, uma aspiração
tanto mais legítima quanto, na sucessão dos tempos, alcançará uma dupla
realização: primeiro na indefinida possibilidade de voltar à Terra o número de
vezes necessário à obra de sua perfeita e completa regeneração, assim
repetidamente passando por aquela fase, de verdadeiro repouso para o espírito;
e por último, quando encerrado o ciclo de suas dolorosas expiações terrestres,
ao ser integrado na condição angélica em que, dissipadas todas as máculas de
que se impregnara através daquela tormentosa peregrinação, é restituído ao primitivo
estado de pureza, característico de sua natureza originária.
É este, contudo, um tema que só mais
adiante convirá ser desenvolvido. Detenhamo-nos por agora um pouco em
considerar os sucessivos aspectos da existência para o espírito, neste mundo e
na erraticidade, antes de remontarmos, no passado, à sua origem e, no futuro, à
consumação de seus destinos.
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