Fontes
Eternas
Alma sequiosa, vai beber as águas
vivas do espírito!
Bebe essas águas na própria fonte,
lá onde brotam, puras e cristalinas, dos rochedos da eternidade.
Quatro fontes abriu Deus à
humanidade sedenta de todos os séculos, quatro - mas no interior do rochedo é
uma fonte única.
"Bebereis com alegria das
fontes do Salvador!"
"Quem beber desta água nunca
mais terá sede de outras águas".
"Beberás das águas do
rochedo"...
"O rochedo, porém, é
Cristo".
Como aquelas quatro torrentes que
regavam o paraíso terrestre - assim banha a quadrúplice fonte dos Evangelhos
o vasto jardim do mundo cristão.
Procuram os homens canalizar essas
fontes divinas através da sua literatura religiosa - e fazem bem.
Fazem bem quando ajudam as almas a
beber a água cristalina dessas fontes.
Fazem bem, quando não ocultam às
almas sedentas a origem divina das torrentes captadas em humanos canais.
Fazem mal quando pretendem vedar os
homens de subir até às águas vivas do rochedo de Deus.
Fazem mal imenso quando os canais
condutores segregam óxidos nocivos que intoxicam as almas que bebem das
águas canalizadas.
Alma sequiosa, sobe às montanhas
eternas!
Pede a Mateus, Marcos, Lucas e João
que te guiem à nascente das águas vivas do Salvador.
Abeira os lábios ardentes a essas
águas puríssimas que jorram do seio do Evangelho.
Aqui está a pureza absoluta!
Aqui o intacto frescor da linfa
divina!
Aqui o cristalino licor das palavras
de Jesus!
Não
há livros nem lábios humanos, por mais sábios e santos, que possam suprir o que
de si mesmo disse o Cristo e dele escreveram seus evangelistas.
O Evangelho é como a luz solar, que
atua insensivelmente sobre a alma exposta à sua celeste claridade.
Irradia, com discreto silêncio, luz
e calor, energia e beleza, verdade e vida, paz e amor, alegria e felicidade.
Dentre
as 24 horas do teu quotidiano viver profano, reserva uma hora diária para esse
banho de luz, ao sol do Evangelho.
E esta hora de diatermia espiritual
valerá mais para tua vida verdadeira do que as restantes horas de lufa-lufa
profana.
Esse banho solar dará ao teu
espírito saúde e vigor, força e beleza, serenidade no sofrimento, resistência
na luta, justiça e caridade na vida social, paz interior e profunda felicidade
da alma ...
Sobe, meu amigo, às montanhas
eternas ...
Bebe, na própria fonte, as águas da
Divindade ...
Huberto
Rohden
in “De Alma para
Alma”
(Ed. União
Cultural Editora 1956)
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