Sejamos
úteis como as árvores
Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)
Se cada um de nós aprendesse desde cedo a realizar
rigoroso autoexame, submetendo ao cadinho da crítica severa as ações e os pensamentos
de cada dia objetivando impedir a reprodução do mal, o mundo seria melhor, as relações
entre as criaturas se tornariam mais elevadas pela sinceridade imanente de suas
atitudes e ideias. O egoísmo, causa principal da desgraça humana, cederia
terreno ao altruísmo. Nós todos somos joguetes do egoísmo. Cada um de nós cultiva
o egoísmo a seu modo e estamos mais propensos a descobrir sentimentos egoístas em
nossos semelhantes do que a vê-los em nossos pensamentos e ações.
A auto educação é difícil, mas necessária. O Espiritismo nos
ensina o caminho certo para o futuro. É áspero, íngreme, escorregadio, mas pode
ser vencido. Pelo disciplinamento da personalidade podem ser obtidos resultados
prodigiosos, benéficos e duradouros em seus efeitos. O homem disciplinado sabe o
que quer e quando deve querer. Não é escravo de seus desejos, mas senhor de sua
vontade. Para manter-se invariavelmente num clima de autocontrole, trabalhando pelo
aprimoramento moral e intelectual de sua personalidade, terá de realizar uma ginástica
diária, de todas as horas, de todos os instantes. Quando seu espírito estiver
disciplinado e se mostrar obediente a essa ginástica, estará apto a exercer o
autocontrole em qualquer circunstância da vida.
Se conhecermos realmente a posição que ocupamos no mundo,
compreenderemos a conveniência de ser úteis, desinteressados e solícitos, qual
a árvore. Ela nos dá a sombra, os frutos, o lenho, a resina, as raízes. Alegra-nos,
enfeitando-se de flores; abriga o passaredo buliçoso; acolhe sob sua ramagem o homem
cansado ou temeroso do sol ardente. É generosa, prestativa, tolerante, amiga,
dadivosa e altruísta. Ela simboliza o espírito do Cristianismo primitivo, de
que é interprete fiel o Espiritismo de Kardec. Merece respeito, cuidado e
veneração.
Devemos meditar sobre isso. Para sermos como a árvore,
temos de destruir a erva daninha da ambição malévola, os insetos perniciosos
das ideias egoísticas, as pragas das paixões impuras. No entanto, precisamos
ser, simultaneamente, o agricultor da nossa própria árvore, fertilizando o solo
dos nossos pensamentos, pelo estudo e pela educação moral, a fim de que,
enriquecido o espírito, estejamos em condições de oferecer ao mundo bons
frutos, os melhores frutos da seara do nosso sentimento.
Tudo é possível alcançar pela autoeducação, no esforço
para nos conhecermos intimamente, de modo a nos tornarmos compreensivos,
tolerantes, prestativos e úteis. Os ensinamentos contidos nas obras de Allan
Kardec, Emmanuel, André Luiz, Léon Denis e outros, constituem, por si mesmos,
um importante curso de educação moral, mas de uma educação moral objetiva, que
constitua um método de ação viva em todos os momentos da vida.
Tentemos ser úteis como as árvores.
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