Reflexões
sobre o corpo fluídico de Jesus
e a física moderna
e a física moderna
por Sérgio Thiesen (sergiothiesen@gmail.com)
“As ideias religiosas,
longe de perderem alguma coisa, se engrandecem,
caminhando de par com a
Ciência”. (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, cap. III, pág.73, ed.
FEB).
“O Eleito é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas
que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito,
que é Jesus Cristo.
(“O Consolador”, de Emmanuel,
por Francisco Cândido Xavier, 5ª Ed. FEB, pág. 155)
“O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus
o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante
à do pecado, condenou o pecado na carne.” (Paulo,
Romanos, 8:3)
Estamos a
157 anos da publicação de “O Livro dos Espíritos”, a obra mais importante da
grande revolução do pensamento, em prol da humanidade, que o Espírito Verdade,
Jesus, o Cristo de Deus nos legou, desde a Boa Nova, os Evangelhos de Mateus,
Marcos, Lucas e João.
Como não
poderia deixar de ser, Allan Kardec e os espíritos da Codificação, tinham na Ciência
da época, os conceitos e termos, as palavras e explicações dos fenômenos
conhecidos da Natureza, para utilizarem nas mensagens e reflexões, notas e
comentários que fariam parte da novel Doutrina.
Quando surgiu no mundo a Doutrina Espírita,
em abril de 1857, os homens estavam recebendo dos planos superiores da vida
universal a mais sólida e definitiva fonte de ensinamentos fundamentais sobre
sua realidade, sua essência, seu destino. O
monumental acervo do conhecimento superior para a evolução definitiva dos
espíritos havia sido plantado no cenário parisiense para espraiar-se pelo orbe
inteiro nos séculos seguintes.
Allan Kardec era educador, pesquisador e amante
da Ciência e viveu em meio a matemáticos, astrônomos, botânicos e físicos que
fizeram a Ciência de seu tempo.
Os Espíritos que participaram da Codificação
trouxeram revelações que se configuraram nos postulados espíritas, a base da
Doutrina. E usaram os termos, as analogias, as comparações e o conhecimento da
Humanidade de então para poder levá-la a um outro nível de compreensão do mundo
e das coisas e facilitar-lhe a evolução.
Em 1868, com a publicação de “A Gênese”,
completava-se o Pentateuco Kardequiano. A partir daí, o Espiritismo se
consolidou como Doutrina e espalhou-se pelo mundo, notadamente na própria
Europa e a seguir no Brasil e nas Américas.
Os Espíritos continuaram seu trabalho de
revelação progressiva em que descortinaram novas ideias sobre a realidade
espiritual, a complementarem aquelas da Codificação, especialmente através da mediunidade
de Francisco Cândido Xavier, no Brasil. E o Espiritismo atravessou o século XX e
distende suas luzes a todos os continentes, neste novo milênio, com vistas ao
porvir.
E foi neste mesmo período de tempo que a
Ciência mais progrediu, mais avançou, na busca incessante do homem de conhecer
a Natureza, perscrutando-a com instrumentos cada vez mais sensíveis, revelando
suas características e descrevendo as leis que regem os mais diversos
fenômenos, estabelecendo novas fronteiras de conhecimento, além dos
referenciais até então conhecidos, além do espaço cartesiano e do tempo
convencional.
As leis clássicas da Física não podiam
explicar certos resultados experimentais da chamada radiação de corpo negro e,
em 14 de dezembro de 1900, Max Planck publica um artigo sobre a quantização da
energia, que equaciona o problema, a chamada catástrofe do ultravioleta e abre
uma verdadeira revolução na Física, a mãe das Ciências; nasce a Mecânica
Quântica e com ela a Física Moderna. A Física Clássica passou a ser um caso
particular da Física Moderna, para explicar os fenômenos com dimensões tais que
impressionam os sentidos humanos, enquanto que aqueles de dimensões pequeninas,
infinitesimais, que são a base de todo o Universo, só podem ser entendidos a
partir da ideia da quantização. E a compreensão do Universo que temos hoje se
assenta numa realidade quântica. E a matéria que impressiona os nossos sentidos
é apenas uma parte do que hoje se conhece do mundo em que vivemos.
No decorrer do século XX, Albert Einstein introduziu,
de maneira notável, algo completamente novo no campo do conhecimento, a sua
Teoria da Relatividade Geral e Especial, que viria a se tornar, junto da
Mecânica Quântica de Planck, o outro grande pilar da Nova Física.
A teoria atômica de Dalton já era conhecida.
O átomo que se pensava indivisível, era, portanto, o tijolo fundamental a
estruturar a matéria universal. Mas a estrutura interna do átomo começou a ser
desvendada no final do século XIX com a descoberta do elétron e continuou no
início do século XX com o trabalho de Rutherford e Chadwick e a evidência do
próton e do nêutron.
O século XX foi também marcado
sucessivamente, década após década, pela descoberta das chamadas partículas
elementares, em que os prótons e nêutrons foram ‘quebrados’ e as suas
estruturas internas reveladas. Na sua composição surgiram os quarks “up” e
“down” e os glúons. Segundo o Modelo Padrão da Física, os quarks ocorrem em seis tipos na
natureza: "top", "bottom", "charm",
"strange", "up" e "down". Os dois últimos formam
os prótons e nêutrons, enquanto os quatro primeiros são formados em hádrons
instáveis em aceleradores de partículas. De tal maneira que a matéria do Universo é hoje e
definitivamente entendida como formada por quarks (que por sua vez compõem os
bárions e mésons) e os léptons (como os elétrons e neutrinos).
A antimatéria, que também é matéria, é outra importantíssima
descoberta do último século. Ela introduziu a noção prevista matematicamente e comprovada
de que as partículas elementares (constituintes da matéria) possuem seu análogo
de carga inversa, como por exemplo o pósitron, o antineutrino, o antipróton. O
conceito de antimatéria surgiu da união entre a mecânica quântica e a
relatividade especial por Paul Dirac, e sua teoria sobre o elétron e sua
contraparte antimaterial, o pósitron. Em 1928, ele desenvolveu a chamada Equação de Dirac, que descreve o
comportamento relativístico do elétron. Esta teoria o levou a prever a
existência do pósitron, a antipartícula do elétron, que foi observado experimentalmente
em 1932 por Carl David Anderson. Recebeu Dirac, em 1933, junto com Erwin
Schrödinger, o Nobel de Física .
A matéria escura (dark matter) do
Universo é outra noção especial e de recente verificação da Física Teórica. Há
evidências crescentes de que uma grande parte da matéria que compõe o Universo
não é aquela que as estrelas e as galáxias conhecidas poderiam justificar,
somando-se todo o Universo detectável por todos os instrumentos conhecidos,
incluindo os mais modernos telescópios e as sondas mais sofisticadas que
viajaram a incomensuráveis distâncias da Terra.
A partir de 50 anos de observações dos
movimentos de galáxias e da expansão do Universo, a maioria dos astrônomos
acredita que 90% da matéria que constitui o Universo são de objetos ou
partículas que não podem ser detectados pelos inúmeros instrumentos que vêm
observando, a partir da Terra e do Espaço, o Cosmo.
Matéria escura é, pois, matéria. Esta
matéria é chamada escura porque não irradia, não oferece nada que seja
detectado no espectro eletromagnético, como tudo o mais que já é conhecido. Ou
pelo menos, não irradia na dimensão que habitamos quando encarnados,
acrescentaríamos.
Físicos e astrônomos tentam explicar esta matéria
escura. Poderia tratar-se de material comum como estrelas ultra fracas, grandes
ou pequenos buracos negros, gás frio ou poeira cósmica espalhada pelo Universo.
Mas podem ser partículas “exóticas” que não sabemos como observar ou mundos e
estruturas materiais tão sutis e de composição não definidas.
Tão importante é a matéria escura para o
entendimento do tamanho, forma e destino, do Universo, que a procura por ela
irá dominar a Astronomia pelas próximas décadas. Importa notar que, na medida em que a Ciência
progride, poderá, através do estudo dos elementos constitutivos materiais do
Universo, beirar a realidade do mundo espiritual e por este outro caminho, enfim,
alcançar o Espírito imortal e definitivamente incorporar esta Verdade essencial
e ingressar na maioridade do conhecimento, libertando-se moralmente, a partir
de mudanças em seus valores fundamentais.
Na pergunta número 27, os Espíritos
introduzem a ideia de fluido universal, incluindo-o, junto com a matéria propriamente
dita e o Espírito, como um dos elementos constitutivos. A matéria, sob ponto de
vista macroscópico, é dividida em sólidos e fluidos. A palavra fluido hoje só é
utilizada para substâncias, como os gases, os líquidos e o plasma, que é um gás
altamente ionizado e importantíssimo constituinte das estrelas. Fluidos são
substâncias que podem escoar. Portanto os Espíritos estavam se referindo a
outra coisa, possivelmente energia ou campo que são noções hoje bem definidas.
Energia e campo permeiam todo o Universo conhecido.
A sugestão de que seria algo distinto
decorre da ideia, expressa na mesma resposta, comparando o fluido elétrico e o
magnético como modificações do fluido universal. Não se usa mais o termo fluido
elétrico desde que se verificou que este não é contínuo e sim granular, sendo a
carga elétrica o grânulo fundamental. Esse quantum de carga é tão
pequeno que não se manifesta em experiências do cotidiano, assim como não
percebemos que o ar que respiramos é composto de átomos. Mas isso só foi
conhecido depois de Kardec, que se utilizava das noções de Franklin e de seus
contemporâneos. Na mesma resposta é dito que o fluido universal ou primitivo é
o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca
adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.
Nesse ponto é importante verificarmos que a
teoria eletromagnética moderna é que explica essa união dos elementos que
constituem a matéria. Esta teoria aborda o campo, a energia e a força elétrica,
que descrevem corretamente: a) as forças que ligam os elétrons de um átomo ao
seu núcleo; b) as forças que unem os átomos para formar as moléculas, e c) as
forças que ligam os átomos e as moléculas entre si para formarem os sólidos e
os líquidos.
Ou seja: a matéria que conhecemos é mantida
assim estruturada pela união dos seus constituintes numa configuração estável
pelas forças elétricas. E o universo conhecido para além da fronteira
planetária – as estrelas, as galáxias, os conglomerados galácticos, o meio
interestelar e intergaláctico – é permeado deste campo eletromagnético, tanto
na faixa das frequências que compõem o espectro visível, como de micro-ondas,
raios gama, raios cósmicos, etc.
Mas, além das forças eletromagnética e da
gravidade, o Universo e a Natureza são sustentados por outras duas forças: a de
interação fraca (quando da conversão de nêutrons em prótons com emissão de um
elétron e um antineutrino, também chamado decaimento beta) e a que vamos comentar
a seguir.
No núcleo dos átomos encontramos aquela
força atrativa muito intensa que mantém os prótons e os nêutrons unidos e que é
chamada de força nuclear ou interação forte.
Caso essa força não existisse, o núcleo romper-se-ia
imediatamente, por causa da forte repulsão elétrica existente entre os prótons.
Como todo o Universo material é composto de núcleos, ele não seria como
é se esta força não existisse.
Por exemplo, a constituição básica das
estrelas que povoam o Cosmo é de hidrogênio, que é o elemento mais primordial e
fundamental. No centro das estrelas, onde a temperatura é altíssima, ocorre o
processo de fusão termonuclear entre núcleos de hidrogênio (prótons) formando
núcleos de hélio (prótons e nêutrons) graças à presença de interações nucleares
fortes. E é esse processo o responsável pela energia das estrelas e pela
irradiação de energia eletromagnética, a luz que cintila no firmamento, aqui
chegando depois de cruzar distâncias imensas. Assim, sem esse tipo de interação
forte as estrelas não existiriam... Até agora, conhece-se apenas parcialmente a
natureza desta força, a qual se constitui no problema central das atuais
pesquisas no campo da Física Nuclear.
Portanto, a resposta em que os Espíritos
abordam aquela característica do fluido universal de manter a matéria sem se
dividir faz-nos supor a íntima relação entre a força (ou energia, ou campo)
eletromagnética e a forte (nuclear) com esse mesmo fluido. São os
próprios Espíritos que afirmam ser o fluido universal de natureza material (grifo
nosso) sutil e etérea.
E para que possamos continuar estabelecendo
estas relações de conhecimento, sobre esta última afirmativa cabe ressaltar que
a relação entre matéria e energia é hoje bem compreendida através da teoria da
relatividade de Einstein, que foi desenvolvida várias décadas depois da Codificação
e que postula a matéria como energia condensada.
Ainda sobre fluido universal convém colocar
a importante questão da teoria da Grande Unificação, quando se busca reunir
todos os quatro tipos de força ou interações (eletromagnética, forte, fraca e gravitacional),
já descritas na natureza como originadas de uma Única Força ou Interação
Fundamental.
Existiria, pois, uma única grande força ou
campo que deve ser aquilo que eles, os Espíritos, desejavam adiantar como
sendo, rotulada com o melhor termo da época (no vocabulário humano), o fluido
universal. Convém lembrar que quem usou outro termo para aquilo que os
Espíritos queriam dizer foi a Ciência, por estudos feitos depois de Kardec. Não
há aí qualquer necessidade de adaptação da terminologia daquela época à dos
nossos dias, até porque o termo fluido faz parte da história da Ciência e é bem
conhecido também dos cientistas e leigos.
Na pergunta de número 35, Kardec questiona
se o espaço universal é infinito ou limitado e os Espíritos respondem que este
é infinito... “Isto te confunde a razão, bem o sei (...)”, acrescentam. Do
telescópio de Monte Palomar, de cinco metros, podem ser observadas cerca de um
bilhão de galáxias, algumas situadas tão longe, no espaço, que a luz que delas contemplamos
é a que a expediram em nossa direção antes que a Terra existisse. Um bilhão de
galáxias! Se um raio de luz começasse a percorrer a nossa modesta Via-Láctea, deslocando-se
com a velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, levaria cem milênios para
atravessá-la. Existem aglomerados galácticos com mais de cem galáxias! E só a
nossa possui mais de um trilhão de sóis... Foi neste último século que ficou
evidente que vivemos num Universo povoado por um número gigantesco de galáxias,
espalhadas pela vastidão do espaço cósmico. Nossa Via-Láctea é apenas uma entre
bilhões de outras. Nosso planeta não ocupa uma posição especial no sistema
solar, nosso Sol não ocupa uma posição especial em nossa galáxia e esta não
ocupa uma posição especial no Universo. O que temos de especial é a sagrada oportunidade
de nos maravilharmos com a beleza e profunda harmonia do Cosmo.
A Cosmologia e a Astrofísica são os ramos da
Ciência que não existiam no século de Kardec e que vêm permitindo o esclarecimento
destes relevantes aspectos do conhecimento sobre a criação do Universo, sua
extensão e características básicas.
Numa série de descobertas notáveis na década
de 20, o astrônomo americano Edwin Hubble não só mostrou que o Universo é
povoado por inúmeras galáxias como a nossa Via-Láctea, como também descobriu
algo de importância crucial em Cosmologia, a expansão do Universo. A
plasticidade do espaço-tempo, alicerce fundamental da relatividade geral, é maravilhosamente
expressa na expansão do universo. Carregados pela geometria em expansão, os
bilhões de galáxias decoram, com sua infinita riqueza de luz e forma, a
imensidão e infinitude crescente do espaço.
O Universo é uma entidade dinâmica, realizando
a dança do devir, da transformação. Em todas as escalas, dos componentes mais
minúsculos da matéria até o Universo como um todo, movimento e transformação
emergem como símbolo da nova visão do mundo, substituindo a visão rígida da Física
Clássica.
A pergunta seguinte é sobre se existe o vácuo
absoluto (ou a inexistência de matéria) em alguma parte do Universo e a resposta
é negativa. Já se sabe que o espaço interestelar e intergaláctico é preenchido
por partículas, como o neutrino, e campos que são detectáveis atualmente ou
previstos teoricamente.
Na pergunta 41 Kardec interroga se um mundo
completamente formado pode desaparecer e a matéria que o compõe disseminar-se
de novo pelo espaço. “Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos”.
A Astrofísica considera que os mundos (estrelas) são formados, nascem, envelhecem,
contraem-se, “morrem”, explodem e renascem, numa incessante recriação. E sob as
vistas paternais de Deus e sob o controle amoroso e decisivo dos Arcanjos
Divinos, diríamos nós.
O Espiritismo é uma Ciência, que trata de
uma ordem diferente de fenômenos, os fenômenos espirituais e de suas
implicações morais.
Antes de tratar dos temas mais importantes
sobre o Espírito imortal e chegar aos postulados espíritas, em “O Livro dos
Espíritos”, Allan Kardec formulou várias questões sobre os elementos constitutivos
do Universo e algumas de suas características. Fazendo uma análise comparativa
entre as respostas dadas pelos Espíritos e os avanços da Ciência, especialmente
da Física, concluímos que estes anteciparam a Kardec várias verdades que só
mais tarde, no decorrer do século seguinte, seriam verificadas pelo
desenvolvimento da Ciência humana. Em geral, os Espíritos deixam ao homem os
avanços do conhecimento científico pelo seu esforço e mérito. Mas as revelações
nos chegam de Cima, a partir da ação dos Espíritos superiores, para que
possamos conhecer a realidade, com alguma antecipação, com vistas à marcha mais
acelerada do progresso. Isto que ocorreu com temas afeitos à Ciência oficial, que
se tem dedicado aos aspectos essencialmente materiais da vida e do Universo
deverá, passado mais algum tempo, repetir-se quanto às questões espirituais.
O ser humano também alcançará seu
entendimento sobre a realidade do Espírito, e suas consequências, pelo esforço
da própria Ciência, conquistando a crença definitiva desta realidade, revelada
antes pela Doutrina Espírita, e estendendo a luz desse conhecimento ainda mais
além. Assim como as leis que regem o que conhecemos do Universo até o presente,
foram bem estabelecidas ou desvendadas gradativamente pelos cientistas, aquelas
que governam a realidade espiritual haverão de ser devidamente esclarecidas.
Esta realidade é regida por leis análogas às nossas e por outras especiais
porque exclusivas do mundo espiritual.
Como os elementos constitutivos são
distintos, o despertar é recente para estas ideias, a instrumentalidade
completamente nova, conhecer estas leis requererá dedicação e tempo. Mas não
nos esqueçamos que grandes massas de criaturas poderão avançar no rumo do
Espírito e do progresso moral quando a própria Ciência incorporar suas novas
descobertas.
Seria, porém, rematada ingenuidade supor que
a Ciência humana terrestre chegará rapidamente à solução definitiva dos seus
problemas substanciais, porquanto precisará realizar antes disso e para isso,
duas conquistas: primeiro, terá que reconhecer, por seus próprios meios, suas averiguações,
seus cálculos e suas induções (e intuições), senão a certeza, pelo menos a
probabilidade da existência do Espírito e das dimensões espirituais da Vida; e,
segundo, construir novas aparelhagens e sobretudo novos métodos de investigação
para penetrar nesses novos domínios. Neste último caso, as dificuldades a
vencer serão imensas. Não se trata, portanto, tão-somente de aperfeiçoar
maquinismos e instrumentos técnicos, mas sim, consciências, através do
desenvolvimento racional de faculdades psicofísicas capazes de serem utilizadas
para a produção útil de fenômenos investigáveis.
Enquanto, porém, não houver, na Terra, condições
morais que justifiquem tão elevado tipo de cooperação aberta e indiscriminada,
o Governo Espiritual do Planeta não facilitará condições nem circunstâncias que
favoreçam o êxito maior de tentames desta espécie, além dos limites da educação
e do incentivo ao espírito perquiridor dos homens. É fácil de compreender que o
intercâmbio livre e permanente com planos e forças superiores da vida não pode
ser facultado a seres predadores, de baixo senso ético e ainda espiritualmente irresponsáveis.
Por essa razão, a aceitação e a vivência dos
princípios morais do Evangelho de Jesus são condições fundamentais a serem
cumpridas, a fim de que as Inteligências Superiores outorguem ao Homem Terrestre
o diploma de maioridade espiritual que lhe permita o ingresso efetivo no mundo
de relações com a Comunidade Cósmica a que pertence.
A identificação vibratória com a natureza
das sensações materiais constitui obstáculo intransponível à penetração consciente
e proveitosa em outras dimensões que, para os seres assim faltos de maior
sensibilidade, continuam como se não existissem, embora os influenciem
decisivamente.
Diante das perplexidades da Ciência e da
pressão cada vez maior dos fatos novos, que não cessam de fustigar a inteligência
humana e de rumá-la para novas pesquisas e conclusões mais elevadas, cabe aos
espíritas a sublime tarefa de oferecer aos pesquisadores e estudiosos humanos a
contribuição substancial do Espiritismo, de modo a ajudar os cientistas
sinceros a orientar-se com segurança na direção das verdadeiras soluções. Mas
os espíritas só conseguirão fazer isso, com verdadeiro proveito, se se
dedicarem seriamente ao estudo das realidades e dos progressos da Ciência,
cotejando tudo, ponto por ponto, com as pesquisas, os conhecimentos e as
revelações do Espiritismo, de modo a oferecer contribuições sérias aos
pesquisadores e aos homens de pensamento que laboram fora de nossos muros.
Naturalmente, o trabalho maior dos
espíritas-cristãos será sempre o da sua própria melhoria de sentimentos e de
bem-fazer. O equilíbrio de atitudes cabe, porém, em toda parte, e não seria
justo nos ausentássemos, a título de cultivar a humildade e as virtudes do
coração, do esforço comum em prol do progresso humano. Afinal, as novas
dimensões do conhecimento, que se abrem no mundo, são as grandes dimensões do
Espírito imortal.
Numa
indescritível profusão de luzes, cores e sons, esplende infinito e majestoso o
império sideral dos universos divinos. Movem-se vertiginosamente pelos espaços
sem fim, incontáveis multidões de nebulosas e galáxias, carregando consigo
inumeráveis aglomerados de milhares de milhões de estrelas, anãs ou gigantes,
novas ou pulsantes, brancas, amarelas, azuis e vermelhas, com seus planetas e
satélites, cometas e meteoros, numa sinfonia de belezas que ultrapassa todos os
nossos poderes de imaginação.
E
tudo se movimenta, se agita, em velocidades inimagináveis, harmoniosas ou
turbilhonantes, em voragens e explosões, em transformações e renascimentos, num
frenesi inestancável em que tudo se equilibra sob o comando invisível da ordem
suprema que a tudo preside: o Espírito de Deus.
O universo observável, que em Cosmologia é a região do espaço limitada por
uma esfera, cujo centro é o observador, contém aproximadamente de 30 a 70
bilhões de trilhões de estrelas, organizadas em mais de 80 bilhões de galáxias,
que formam elas mesmas aglomerados e super-aglomerados. Ainda assim é, tão
somente, a ideia que fazemos hoje da Criação Universal.
A palavra "natureza" provém da palavra latina natura, que
significa "qualidade essencial, disposição inata, o curso das coisas e o
próprio universo". Natura é a tradução para o latim da
palavra grega physis (φύσις), que em
seu significado original fazia referência à forma inata onde crescem
espontaneamente plantas e animais. O conceito de natureza como um todo — o
universo físico — é um conceito mais recente que adquiriu um uso cada vez mais
amplo com o desenvolvimento do método científico moderno nos últimos séculos.
Tudo o que se sabe sobre o Universo, conhecido como matéria, em que a sua
mais notável expressão são as estrelas e galáxias, é tão somente a parte
constituída de matéria ordinária. Mas, o que chamamos de matéria escura e
energia escura são o principal componente da Criação e a Ciência terrena não
tem ainda noção alguma do que vem a ser essa colossal substância, que permanece
insondável pelas limitações, mesmo dos mais refinados instrumentos já desenvolvidos
pelo homem. E ainda, pelos mais notáveis voos, das mentes brilhantes dos
grandes missionários no campo do conhecimento. Juntas perfazem 96% da
composição do Universo e tudo o mais que conhecemos, a matéria comum ou
bariônica, apenas os 4% restantes. Os astrofísicos e cosmólogos que se debruçam
sobre essas perspectivas, esquadrinhando as possibilidades quanto às suas
definições e natureza, serão os Nobéis das próximas décadas e terão para a
Humanidade o mesmo valor de quando Galileu Galilei ergueu para o céu as
primeiras lunetas artesanais e abriu os novos domínios do conhecimento aos
homens, há quase cinco séculos.
A partir do advento da Doutrina Espírita, passamos a entender a Natureza como sendo
estruturada por duas realidades distintas, que se interpenetram e se completam,
a do mundo material e a do mundo espiritual. Quando nos referimos a essa
dualidade, pensamos com mais facilidade em termos do nosso planeta e nas
características da distribuição da vida nos dois planos. Mas o que é válido para
o orbe terreno é realidade no Universo como um todo. Mundos materiais, mundos
fluídicos, mais ou menos quintessenciados, com suas partes materiais e
espirituais, elementos habitados por espíritos, as moradas infinitas a que
Jesus se referiu, compondo as humanidades.
Assim como a matéria que compõe o mundo
espiritual daqui não é conhecida e percebida pelos instrumentos humanos, tanto
quanto os espíritos que nele vivem, a não ser pelos médiuns, o mesmo parece
ocorrer com os outros mundos, por certo habitados por espíritos e constituídos
de matéria sutil, que não impressionam nossos sentidos grosseiros.
Se a matéria e energia escura são, ao que se sabe, o principal elemento da
constituição universal, da Criação, e nos recordando da pergunta 27 de “O Livro
dos Espíritos”, em que os Espíritos disseram que o os dois elementos gerais do
Universo são espírito e matéria, além do fluido cósmico universal, fica, como
possibilidade que a grande parte que ainda está por ser definida, corresponda,
aos mundos e realidades fluídico-espirituais, constituindo-se de matéria não
ordinária, não bariônica. A matéria bariônica se refere a todo o
material composto principalmente de prótons, nêutrons e elétrons.
A cadeira em que sentamos, é formada por matéria bariônica. Nosso corpo é
formado por matéria bariônica, assim como o computador, celular, carro, as
estrelas e os planetas. A maneira como entendemos a natureza da matéria,
hoje, é baseada em poucos tipos de partículas e elas podem ser divididas
em três classes: quarks, léptons e os intermediadores. No entanto, em 1933, o
cientista suíço, Fritz Zwick, ao observar e calcular a energia de uma
galáxia, percebeu que a energia acumulada era muito maior do que a quantidade
de matéria bariônica visível. Quando se observa um carro em movimento, é
possível calcular a energia desse carro. Quando uma galáxia está em
movimento, é possível, também, calcular sua energia, que depende da
quantidade de massa que a galáxia possui. Zwick chegou a dois números
diferentes e percebeu que a massa visível era muito menor do que a massa
invisível. Essa matéria invisível veio a se chamar matéria escura.
Mas, se a massa é invisível, como é possível saber
que ela existe? Quando olhamos para um
sistema, sabe-se que ele tem que ter mais massa do que enxergamos, se não o
movimento desses sistemas seria, fisicamente, impossível. Conseguimos
explicar como a matéria bariônica funciona. Sobre a matéria escura, não
sabemos nada! Sua composição, tampouco como ela se encaixa no universo como
um todo. Muito provavelmente, ela teve muita influência na formação das
galáxias, inclusive na formação da Terra. A astrofísica estuda as dimensões
macro. A física de partículas, por outro lado, estuda as dimensões micro. A
matéria escura é um dos poucos assuntos em física, que consegue estabelecer
conexões entre o micro e o macro, o que a torna um assunto fundamental para a
Ciência.
Energia escura, no entanto, não é a mesma coisa que matéria escura.
Energia escura foi uma teoria feita para explicar a expansão acelerada do
Universo. Para fazer uma analogia com a expansão do Universo, a comparamos
com uma bola de aniversário que está sempre enchendo. A superfície dessa bola
representa a expansão do universo. Para isso, se gasta energia. Essa energia
é definida como energia escura. O termo ‘escuro’ entra, novamente, para
definir algo que não se consegue explicar. A matéria escura é uma componente
da teoria utilizada para explicar o movimento de galáxias, estrelas e outros
fenômenos, tais como lentes gravitacionais, enquanto a energia escura é um
segundo componente ainda desconhecido utilizado para descrever a expansão do
universo.
Apesar de misteriosas, em princípio, a compreensão do que seria a matéria
e energia escuras não alteraria, em nada, o cotidiano das pessoas. Mas,
por outro lado, a maioria das descobertas feitas pela ciência, não foram
estudadas para aplicação imediata. O clássico exemplo da descoberta da
eletricidade, em princípio apenas uma curiosidade de alguns cientistas.
Quando Einstein escreveu a Teoria da Relatividade, sua intenção era entender
como a natureza funciona, ele queria explicá-la de uma maneira única e
inovadora. Depois de muitos anos, graças a essa descoberta, temos um mundo
circundado por satélites, que fazem o sistema de GPS dos navegadores de
carros tão populares e úteis no nosso dia-a-dia. Sem o avanço dos fundamentos
da compreensão da natureza, proporcionado pela Teoria da Relatividade, não
haveria o desenvolvimento de aplicações importantes para o nosso cotidiano.
No 4 de julho de 2012, diante de um auditório lotado, cientistas do
Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), perto de Genebra, anunciaram
ter detectado uma nova partícula subatômica com características compatíveis
com as previsões para o bóson de Higgs. Apelidado ‘partícula de Deus’, ele
era a peça que faltava para completar o quebra-cabeça do Modelo Padrão da
Física - teoria formulada nos anos 60 para explicar o comportamento do
Universo em escala quântica e previa a existência de 32 partículas
fundamentais, das quais 31 já haviam sido geradas e detectadas em
experiências. Sua constatação, uma das mais importantes da história da
Ciência, desde a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, é um marco
histórico na nossa compreensão da natureza. O Modelo Padrão está ‘completo’ e
é um privilégio acompanhar esse feito, coroando esforços de todos aqueles que
se dedicaram, nas etapas anteriores, desvendando esses, até então, mistérios
da Criação.
Segundo o modelo padrão, o bóson de Higgs seria responsável por dotar de
massa, todas as demais partículas. Isso teria ocorrido no primeiro
trilionésimo de segundo após o Big Bang, a grande explosão que teria dado
origem ao Universo, teoria mais aceita para explicar o início de tudo. A teoria
do Universo Eterno é uma outra, que não exclui essa grande explosão de,
aproximadamente, 13,7 bilhões de anos atrás e mais compatível, obviamente com
a eternidade da Criação. O Grande
Colisor de Hádrons, da sigla LHC, em inglês, serve como uma máquina do tempo
capaz de nos remeter aos primeiros instantes após a grande explosão. Ele é o
exercício intelectual mais bem acabado produzido pelo homem e ajuda a
explicar o porquê das coisas serem o que são, desde o ser humano até as
estrelas.
Químicos e
físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da
verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como
consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão
compelidos a desaparecer.
Os laboratórios
são templos em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus, e, ainda
mesmo quando a cerebração se perverte, transitoriamente subornada pela
hegemonia política, pelos interesses imediatistas, geradores de disputas
fratricidas, o progresso da Ciência, como conquista divina, permanece na
exaltação do bem, rumo a glorioso porvir. O futuro pertence ao Espírito! E,
quando menos esperarmos, também pelos caminhos da Ciência, nos depararemos
com a realidade do Espírito imortal e viveremos todos como irmãos, na glória
das maiores transformações pessoais, que virão, ao altar do coração e na
consciência, resgatando a luz paternal e divina, em nossa peregrinação
libertadora para os Cimos da Vida.
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Segunda parte
Filho de pais espíritas, cresci aprendendo
no dia a dia sobre a Doutrina Espírita pois diversos temas de seus conteúdos surgiam
naturalmente em nossa convivência. Francisco e Ruth Thiesen se conheceram ainda
jovens, na Sociedade Espírita Paz e Amor, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Eram
atuantes no movimento espírita, em meio a atividades nos centros que
frequentavam, nas federativas estaduais e na Federação Espírita Brasileira,
onde meu pai foi presidente por 15 anos. Ouvia falar dos mais diversos títulos
de livros espíritas pois as estantes de casa eram repletas deles e foi durante
a minha juventude que soube da obra Os Quatros Evangelhos, de Jean Baptiste Roustaing.
Já não me recordo de quando escutei por vez primeira sobre o corpo fluídico de
Jesus, mas esse tema me pareceu natural, simples e lógico. A par dos livros
espíritas que fui conhecendo desde então, tendo-os todos em casa para leitura
ou consulta, a obra em questão pude lê-la muito cedo e voltar a ela com
frequência, tendo-a como a mais importante referência sobre os Evangelhos, a
par da extraordinária que pertence à Codificação. Na biblioteca de meus pais
havia os livros espíritas bem conhecidos mas inúmeros outros pouco lidos ou
divulgados entre os espíritas de um modo geral, muitas vezes nos idiomas de
origem. Habituado à leitura e à pesquisa pude conhecer os demais autores que tratavam
do corpo fluídico que contribuíram para que os espíritas conhecessem melhor a
condição singular da presença notável de Jesus na Terra. “Vida de Jesus” de Antônio
Lima;
"Jesus Perante a Cristandade", de Bittencourt Sampaio, pelo médium do Grupo
Ismael Frederico Júnior;
de
Antônio Luís Sayão, "Elucidações Evangélicas”; "Elos
Doutrinários", do erudito mestre Ismael Gomes Braga; "O Cristo de
Deus", do saudoso Manuel Quintão; "A Personalidade de Jesus",
produzido pelo talento invulgar de Leopoldo Cirne; "Jesus, nem Deus
nem Homem", de autoria de Guillon Ribeiro, por sinal o tradutor das
últimas edições de "Os Quatro Evangelhos".
Uma experiência valiosíssima e que me serviu de base para
uma série de compreensões úteis sobre o Espiritismo prático foram as reuniões
de materializações de espíritos que participei por uma década em casa de D.
Zillah Chaves, na Rua das Palmeiras, no Rio de Janeiro. Eram encontros
quinzenais em que diversos espíritos se corporificavam sucessivamente e
interagiam conosco, os integrantes da equipe encarnada, através da ectoplasmia
de D. Yolanda Gomes dos Santos.
Convivi com espíritos como Padre Zabeu Kauffman, José
Grosso, Athanásio, Frei Onofre, Dr. Pedro Ernesto Batista (médico cirurgião e
ex-prefeito do Rio de Janeiro), Dolores, Tio Paulo, Niels Bohr (o físico
notável, prêmio Nobel de Física de 1922, da chamada escola de Copenhagen da
Física Moderna), Dr. Túlio de Sabóia Chaves (médico homeopata, ex-presidente do
Instituto Hahnemanniano do Brasil, ex-presidente da Sociedade Brasileira de
Filosofia) dentre muitos outros. Essa experiência me trouxe não apenas o
privilégio de privar com esses espíritos de quem me tornei amigo mas a
familiaridade com o processo da tangibilidade ou corporificação. Eram a mais
palpável comprovação da imortalidade, bem como exemplos perfeitos de agêneres
ectoplasmáticos, mesmo que de curta duração, com riqueza de detalhes dos
próprios espíritos como de suas vestimentas, muitas vezes típicas, de suas
culturas ‘de origem’ configurando as materializações luminosas ou as aparições
tangíveis de que nos fala Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”.
Dolores, por exemplo, materializava-se com sua vestimenta
de espanhola, da Andaluzia, completa, com seu xale sevilhano que pendia de sua
cabeça aos ombros. Ao corporificar-se no ambiente, inundava-o de um perfume
extraordinário, como uma marca registrada sua, junto a uma brisa fresca suave
e, tomando de um par de castanholas, bailava por alguns minutos, acompanhando a
música típica de sua região, de um disco de vinil. Tio Paulo, se apresentava
como escravo africano, idade provecta, fala revestida de ternura e mãos
calejadas, de quem havia trabalhado com a enxada anos a fio. Um dos objetivos
daquelas reuniões regulares era o de facultar aos espíritos um fonte
ectoplasmática para a realização de tratamento espiritual de encarnados e
desencarnados enfermos, com aquele verdadeiro tesouro fluídico de reparação
perispiritual e orgânica que os espíritos benfeitores movimentavam.
Vale lembrar que esses exemplos que testemunhei e tantos
de mesma fenomenologia não são materializações em si. Não há criação de matéria,
simples assim. Criação de pequenas quantidades de matéria requereria
quantidades descomunais de energia, o que não é desse domínio ou alcance. Ela
já existe, no duplo etérico dos médiuns de ectoplasmia ou de efeitos físicos,
que a disponibiliza transitoriamente para os desencarnados revestirem seus
períspiritos e se mostrarem aos encarnados. Após essas aparições tangíveis o
ectoplasma retorna à origem, na intimidade do corpo físico do médium, no seu
duplo, resgatando sua integridade fluídica. Ele é tipicamente um fluido porque
pode escoar. Por definição, segundo a física, fluidos são substâncias que podem
escoar, a exemplo dos líquidos e gases.
Processo análogo de ectoplasmia se deu quando da presença
de Jesus, visível e tangível, sempre que necessário, para o cumprimento de sua
missão entre nós, há dois mil anos. Ectoplasma humano da fonte mais pura que a
humanidade podia dispor. Do duplo etérico do corpo somático, de Maria de
Nazaré. Além daquele, os de origem vegetal, dos vinhedos e trigais das regiões úberes
da Galileia.
Se Jesus-Cristo é o Eleito, o único
visto neste orbe, como quereríamos que não fossem também únicos os preparativos
que lhe tornassem possível a tangibilização entre nós, “algo” que intermediasse
o imenso hiato existente entre a sua grandeza e as nossas misérias? Só com um
corpo sideral, fluídico, de carne apenas semelhante (não confundir com
idêntica) à humana poderia ele ter-se apresentado neste planeta sem contrariar
as leis naturais, hoje melhor conhecidas.
É inegável, como vimos, os
avanços que tivemos nas últimas décadas, no âmbito da Ciência em geral e da
Física em particular. Mãe das Ciências, é a Física que nos permite estudar a
Natureza e o Universo em linguagem precisa, a linguagem matemática.
No estudo das diferentes
ordens ou graus de perfeição dos Espíritos, apresentada didaticamente aos
homens em “O Livro dos Espíritos”, vamos encontrar os de Primeira Ordem, os que
atingiram a perfeição absoluta, dentre os quais se incluem os chamados anjos,
arcanjos e querubins, os puros espíritos. “Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta.
Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido” – disseram os
Espíritos. Na sequência do processo de revelação progressiva, a
Espiritualidade, através do “Evangelho de Roustaing” nos trouxe a ideia dos
espíritos cristicos, diferenciando-os em relação aos demais, identificando-os
no extremo da hierarquia dos espíritos, o que nos parece de suma importância
para que entendêssemos as diferenças entre Jesus e os demais espíritos puros,
nas suas designações comuns no vocabulário humano. Era necessário distingui-lo
de todos os demais e chamar a atenção para a Sua singularíssima condição e a
Sua missão.
Nesse sentido, no livro “Universo
e Vida”, do espírito Áureo, edição da Federação Espírita Brasileira, prefaciado
por Francisco Thiesen e publicado em 1979, vamos encontrar, no capítulo VII, “O
Filho do Homem” as ideias que vieram confirmar, de maneira extraordinariamente
bela, o que a obra “Os Quatro Evangelhos” descortinava um século antes. Hernani
Trindade Sant’Anna foi o médium desta e de outras obras publicadas pela FEB. E
Áureo, tudo indica, fez parte da plêiade dos Espíritos da Codificação. Ele foi
Blaise Bascal.
“No seio excelso do Criador
Incriado, nos cimos da evolução, pontificam os Cristos Divinos, os Devas
Arcangélicos, cuja sublime glória e soberano poder superam tudo quanto de
magnificente e formidável possa imaginar, por enquanto, a mente humana. São
eles que, sob a inspiração do Grande Arquiteto do Universo, presidem, no
Infinito, à construção, ao desenvolvimento e à desintegração dos orbes,
fixando-lhes as rotas, as leis fisioquímicas e bio-matemáticas e gerindo seus
destinos e os de seus habitantes.
Os Cristos, Espíritos
Puríssimos, não encarnam. Não têm mais nenhuma afinidade essencial com qualquer
tipo de matéria, que é o mais baixo estágio da energia universal. Para eles,
matéria é lama fecunda, que não desprezam, sobre a qual indiretamente trabalham
através dos seus prepostos, na sublime mordomia da Vida, mas coisa com que não
podem associar-se contextualmente, muito menos em íntimas ligações genéticas.
Eles podem ir a qualquer parte dos Universos e atuar onde lhes ordene a Vontade
Todo-Poderosa de Deus Pai; podem mesmo mostrar-se visualmente, por imenso
sacrifício de amor, a seres inferiores e materializados, indo até ao extremo de
submeter-se ao quase-aniquilamento de tangibilizar-se à vista e ao tato de
habitantes de mundos inferiores, como a Terra; mas não podem encarnar, ligar-se
biologicamente a um ovo de organismo animal, em processo absolutamente
incompatível com a sua natureza e tecnicamente irrealizável.
A possibilidade de violentação
das leis naturais é relativa e não chega até o ponto de permitir que um organismo
celular de matéria densa resista, sem desintegrar-se instantaneamente, à mais
abrandada vibração bioeletromagnética de um Espírito Crístico. Se é
impraticável a um Espírito humano, inteligente e dotado de consciência,
encarnar em corpo de irracional, por completa impossibilidade biológica de
assimilação mútua entre a matriz perispirítica e o óvulo animal de outra
espécie, para não falarmos também das impossibilidades psíquicas de semelhante
absurdo de retrogradação evolutiva, muito menos poderia um Cristo encarnar em
corpo humano terrícola.
A distância evolucionária que
separa um orangotango de um homem terrestre é bem menor que aquela que medeia
entre um ser humano terrestre e um Cristo Divino. Para apresentar-se visível e
tangível na superfície da crosta terráquea, teve o Cristo Planetário de aceitar
voluntariamente intraduzível tortura cósmica, indizível e imensa, ainda que
quase de todo inabordável ao entendimento humano. Primeiro, obrigou-se à
necessidade de abdicar, por espaço de tempo que para nós seria longuíssimo, da
sua normal ilimitação de Espírito Cósmico e ao seu trono no Sol, sede do
Sistema, transferindo-se do centro estelar para a fotosfera, onde lhe foi
possível o primeiro e doloroso mergulho na matéria, através do revestimento
consciente do seu mentespírito com um tecido energético de fótons. Depois, teve
de imergir no próprio bojo do planeta Terra, em cuja ionosfera utilizou vastos
potenciais eletromagnéticos para transformar seu manto fotônico em léptons e em
quarks formadores de mésons e de bárions, estruturando átomos ionizados.
Finalmente, concluindo a dolorosíssima operação de tangibilidade, revestiu esse
corpo iônico com delicadíssima túnica molecular, estruturada à base de
ectoplasma, combinado com células vegetais, recolhidas principalmente (como já
captou a intuição humana) de vinhedos e trigais.”
Uma ideia a ser considerada é a realidade do espírito em si. Segundo a
Doutrina Espírita, no Universo, existe espírito, matéria e fluido cósmico universal.
Não sabemos a constituição do espírito propriamente dito. Derivado do fluido
universal, há de ser algo que possa ser individualizado, claro. Há que ter
estrutura interna, elementos constitutivos muito tênues, de distribuição e
características desconhecidas. O espírito não é corpóreo, tendo a figura humana
graças aos elementos mais densos do períspirito, como o corpo astral. Sem o
períspirito ele é algo mais próximo da condição de energia pura em que a
evolução espiritual individual adquirida ao longo das eras e dos milhões de
anos pelo amor que se diviniza e pelas conquistas em ciência universal, intensifica
a energia de patrimônio individual, irradiadora e constitutiva da mente,
comparável a estrelas ou sóis de grandezas variadas, em que, processos termonucleares
dispendem radiações como luz de diversos espectros, visível ou não, e calor, em
todas as direções, por bilhões incontáveis de anos. São ainda, no entanto,
diferentes uns dos outros ao infinito, compondo as humanidades diversas, no inesgotável
e majestoso cenário da Criação.
Os espíritos de natureza crística, sem nenhuma afinidade com a matéria
densa como conhecemos, vivem, a exemplo de Jesus, nos núcleos das estrelas ou
em departamentos outros dos sóis do Universo. Tanto de orbes estelares identificáveis
e conhecidos pela Astronomia de nosso mundo ainda tão imperfeito, como em
mundos fluídicos, constituídos, talvez, de matéria e energia escura,
antimatéria e campos atratores ainda insondáveis. Sua condição vibratória,
apenas considerando a natureza eletromagnética, diferenciada para frequências
elevadíssimas e sem parâmetros com o que conhecemos na realidade de um mundo de
provas e expiações, pode apenas deixar suas realidades para estabelecerem
relações físicas e psíquicas com os mundos que governam, dentro de limites que
o próprio Universo divino estabeleceu desde a eternidade.
O processo de corporificação em mundo de matéria densa como o nosso,
para conviver com seres desse perfil espiritual, encarnados e desencarnados,
necessitaria, e foi o caso, de uma longa e progressiva adaptação, com
constrangimentos vibratórios tais que, demandariam a incorporação de todos os
tipos de constitutivos cada vez mais materiais, desde a condição de energia
puríssima, passando por aglutinações de quarks e léptons, prótons e nêutrons, confeccionando
as túnicas de íons, átomos e moléculas, até poder atrair o ectoplasma, substância
já da condição do mundo denso, emprestado por Maria, a Rainha dos Anjos, e por
elementos vegetais próprios daqui.
Levando em
conta que, a par das adaptações possíveis, a presença de um Ser Crístico numa
ligação com um óvulo fecundado, seria como se um raio comum, com sua energia
eletromagnética descomunal, pudesse ser contido para se filiar a uma estrutura
de matéria, como a do elemento biológico primordial de um ser humano encarnado daqui.
Para não desfazer o ectoplasma de requintadíssima fonte houve toda a série de
túnicas preparatórias. Mas, ligar-se e manter-se ligado para uma encarnação
comum, sem destruí-lo, seria impossível.
Ainda assim,
somos meros aprendizes de todas as coisas que nos remetem aos mecanismos da
Vida Superior concernentes à Terra e ao Universo Divino, nas questões do Espírito
Imortal. Mas, vivemos, por determinação do Senhor,
nesta época de profundas transformações, em ambiente social e mental do mais
amplo pensamento livre e responsável, dentro do qual, à luz do Espiritismo,
podemos trabalhar e lutar, sofrer e aprender, renovar e aprimorar, concordar e
discordar, dentro do Mandamento Maior – "Amai-vos uns aos
outros".
Anexo
O Evangelho ante
os tempos novos
Francisco
Thiesen
“Reformador”
(FEB), Dezembro de 1972
Já sentimos que o Evangelho é o Código Supremo, o Cristianismo restaurado é a
Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, e Jesus é a Culminância Evolutiva, a
Perfeição Sideral, para nós inabordável de 'dentro' dos limites dimensionais em
que nos movemos. Dessarte, importa que nos habituemos, respeitosamente, com a
infinitude da amplidão da Mensagem e com a invulgar Excelsitude do seu Autor
que, há dois milênios, transpôs todos os abismos, para nós ainda inconcebíveis,
a fim de pessoalmente no Ia entregar, como elo de puro amor à nossa religação
com o Supremo Pai, fim único daquela Religião a que ele serve e nos
convoca a servir com ele.
"Meu amigo, pergunte a cada homem e a cada mulher do seu
caminho o que pensam do Cristo de Deus, e, pelas afirmativas pessoais que lhe
derem, você reconhecerá, de pronto, em que situação íntima se encontra cada um
deles, porquanto a nossa opinião individual sobre Nosso Senhor Jesus Cristo
denota imediatamente a posição em que nos achamos, no território infinito da
Vida Eterna."
Estamos penetrando no limiar dos "tempos novos" exaustivamente
anunciados. "São chegados os tempos ... " Da fronteira entre
duas eras, da linha divisória da materialidade com a espiritualidade, do
"homem velho" com o "homem novo", podemos contemplar duas
realidades que se não substituem simplesmente, mas que, pouco a pouco, de
unidade em unidade, evolutivamente se transfundem, demandando a Jerusalém
Celeste, a Terra regenerada.
Com o auxílio da "visão espiritual" estudaremos o ensinamento do
Cristo, em espírito e verdade, como foi dito. Poderemos estudá-lo, no
Espiritismo, apoiados na sabedoria contida em "O Evangelho segundo o
Espiritismo", de Allan Kardec [2], que é obra vazada na
interpretação de Espíritos Superiores e integrante da Codificação. A rigor,
nenhuma outra deve ser lida antes desta. Mas, como diz o próprio Codificador,
nela não se aborda a totalidade dos textos evangélicos.
Além dessa, muitas obras que estudam temas evangélicos existem editadas pela FEB.[3] São preciosas
joias da Vida Maior, capazes de instruir e encantar a um só tempo, além
daquelas de escritores encarnados dedicados à vivência com os sagrados textos.
"Na consecução da tarefa superior, congregam-se encarnados e
desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, através da qual
a Humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.[4]"
Todavia, para os que aspiram ao conhecimento da integralidade dos ensinos de
Jesus, a abordagem completa de quanto ficou registrado para a posteridade, a
obra indicada, estudada na FEB e por ela editada, integrante do seu
próprio programa, na qualidade de Casa de Ismael, é a intitulada "Os
Quatro Evangelhos", ditada mediunicamente pelos próprios evangelistas,
assistidos pelos apóstolos e por Moisés. Ê conhecida como "obra de João
Batista Roustaing", porque foi ele o incumbido de coordenar e publicar
os trabalhos recebidos do Alto. O Espírito Humberto de Campos [5] (13) situa Roustaing
como um dos integrantes do grupo missionário que veio cooperar na Codificação
Kardequiana, cabendo-lhe a "organização do trabalho da fé".
Os Espíritos que ditaram a obra monumental informaram que ela constitui apenas
o introito de trabalho de maior envergadura, que seria posteriormente
revelado. No entanto, até hoje não tivemos notícias sobre a recepção, em algum
lugar, do que viria a ser o trabalho propriamente dito. Mas, o
"introito" está conosco, graças a Deus. Às vezes ficamos a
pensar sobre a provável confusão que adviria com a recepção e publicação do
trabalho ainda não transferido do Mundo Espiritual para a crosta terrena. É que
o recebido tem causado apreensões em alguns, reservas em outros, conflitos
e desolações em uns poucos, e, por espírito de imitação ou comodismo
(trata-se de obra com mais de 2.000 páginas, em 4 volumes), omissão de muitos.
Até hoje, escreveram-se artigos e livros, pronunciaram-se conferências,
por vezes contundentes, contra essa obra. Porém, como "árvore que o
Pai plantou", ela continua firme, orientando e consolando, ensinando
e aprimorando corações.
A obra em questão contém teses interessantes, além de explicar todos os
versículos evangélicos e os Mandamentos. Uma delas, justo a que tem
causado estranheza e celeuma, é a que versa sobre o Cristo de Deus,
precisamente no pertinente ao "corpo fluídico" ou corpo sideral que o
Divino Mestre utilizou para humanizar-se na Terra. Não abriremos, aqui,
nenhuma polêmica; nem responderemos a quaisquer argumentos dos que se dedicam
ao combate. Nosso escopo é bem mais modesto: coligimos dados para os que
desejam instruir-se, para os que aspiram conhecer as obras edificantes, que
estudam e constroem. Indicamo-las com prazer, transcrevendo-lhes pequenos
tópicos elucidativos.
Infelizmente, há companheiros que recusam toda a obra de Roustaing,
alegando:
1) que muitas coisas contidas nos Evangelhos não são válidas;
2) que não concordam com a tese "do corpo fluídico". Porém, outras
teses, aliás transcendentes, figuram na referida obra, sem que sofram
contestação, inclusive quanto à da evolução em linha reta e dos Espíritos
infalidos.
Aqueles que têm recusado mérito a "Os Quatro Evangelhos"
apoiam, no entanto, toda a literatura mediúnica recebida nos últimos quatro
decênios, literatura essa que confirma as mesmas teses contidas em Roustaing.
"Evolução em Dois Mundos[6]", que esmiúça
detalhes da linha evolucionista da obra em exame, é um exemplo. Como, de resto,
a quase totalidade das recebidas dos Espíritos Emmanuel e André Luiz,
Humberto de Campos e outros.
Importa, porém, oferecer aos leitores a palavra de Emmanuel, quanto à
validade dos registros escriturísticos:
"As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si,
como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus,
Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados,
o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de
revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.[7]"
"Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e
predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor.[8] No referente à questão
do "corpo fluídico", os que não o aceitam pretendem que Jesus
viveu na Terra com um corpo carnal; gerado humanamente, não passando de
Espírito encarnado, conquanto muito elevado. Teria estudado no Planeta (com ou
sem os essênios), tornando-se mais tarde o Sublime Missionário. Já que aceitam
as palavras de Emmanuel, deverão acolher a afirmativa da plena validade
da Escritura, redigida sob a ação direta do Senhor. E, nesse
caso, onde fica a virgindade de Maria? E a ressurreição?
"Desde os seus primeiros dias na Terra, (Jesus) mostrou-se tal qual
era, com a superioridade que o Planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos
do princípio.[9]"
"Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo
e nem poderá ser classificado entre o valores propriamente humanos,
tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção
das coletividades terrícolas.[10]"
"Que é a carne? Cada personalidade espiritual tem o seu corpo
fluídico e ainda não percebestes, porventura, que a carne é um composto de
fluidos condensados? Naturalmente, esses fluidos, em se reunindo,
obedecerão aos imperativos da existência terrestre, no que designais por lei de
hereditariedade; mas, esse conjunto é passivo e não determina por si. Podemos
figura-lo como casa terrestre, dentro da qual o Espírito é dirigente,
habitação essa que tomará as características boas ou más de seu possuidor[11]."
E perguntamos nós: que casa teria sido necessária para as características do Médium
de Deus?
Na obra de Roustaing, os evangelistas, analisando o fato mediúnico do
Tabor - a Transfiguração -, quando Jesus confabula com as personalidades
de Elias e Moisés, revelam que ambos são um só, um único
Espírito, o que é confirmado por André Luiz[12], quando escreve:
"E, além de surgir em colóquio com Moisés (já que Elias é o mesmo
Moisés, o autor simplesmente suprime o nome de Elias) materializado no
Tabor, Ele mesmo é o grande ressuscitado, legando aos homens o sepulcro
vazio e acompanhando os discípulos com acendrado amor, para que lhe
continuassem o apostolado de bênçãos."
"Ê inútil que cristãos distintos, nesse ou naquele setor da
fé, se reúnam para confundir respeitosamente a mediunidade em nome da
metapsíquica ou da parapsicologia - que mais se assemelham a requintados
processos de dúvida e negação -, porque ninguém consegue empanar os fatos
mediúnicos da vida de Jesus, que, diante de todas as religiões da Terra,
permanece por Sol indiscutível, a brilhar para sempre."
Em "Mecanismos da Mediunidade"[14], André Luiz nos
apresenta estudos de rara beleza, em linguagem científica da atualidade, e
entre muitas páginas que corroboram as assertivas da "Revelação da
Revelação" figura esta:
"Médiuns preparadores - Para recepcionar o influxo mental de
Jesus o Evangelho nos dá notícias de uma pequena congregação de médiuns, à
feição de transformadores elétricos conjugados, para acolher-lhe a força e
armazená-Ia, de princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os
recursos."
Logo adiante (págs. 169-170), ele nos revela os nomes de seus integrantes e
prossegue:
"Nesse grupo de médiuns admiráveis, não apenas pelas
percepções avançadas que os situavam em contato com os Emissários Celestes, mas
também pela conduta irrepreensível de que forneciam testemunho, surpreendemos o
circuito de forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí
expandir-se na renovação do mundo."
Isso tudo ocorria com o Divino Mestre presente na crosta planetária. A
realidade, se nos fosse descrita em suas minudências, seria de molde a
causar-nos superlativo assombro, pois os recursos arregimentados e as
técnicas utilizadas pelas Legiões do Infinito, para tornarem possível a estada
do Governador Divino na Terra, ultrapassaram em grandiosidade, e complexidade,
a mais fértil imaginação de que dispusesse a sabedoria terrena. Mais adiante, o
autor acrescenta:
"Em cada acontecimento, sentimo-lo a governar a matéria,
dissociando-lhe os agentes e reintegrando-os à vontade, com a colaboração dos
servidores espirituais que lhe assessoram o ministério de luz."
No estudo de "Os Quatro Evangelhos", de igual modo que no das
obras básicas da Codificação Kardequiana, não prescindiremos da "visão
espiritual", mormente lembrando que foram escritos há mais de um século,
com terminologia bastante pobre ao abordar assuntos científicos, se comparada à
dos nossos dias. Aliás, André Luiz, em alguns de seus livros, deixa
de reproduzir diálogos ou esclarecimentos por ele anotados, em seus contatos
com Entidades Sublimes, por falta absoluta de palavras análogas nos
vocabulários terrenos.
Façamos nós, porém, a substituição de certas expressões, nos estudos sinceros,
nas nossas meditações humildes em torno da portentosa obra, e sentiremos as
claridades espirituais a banharem nossos pobres olhos. Apliquemos, por exemplo,
os conhecimentos mediúnicos transmitidos por André Luiz e por Emmanuel,
em nossos estudos evangélicos, inclusive aqueles pertinentes aos problemas de
voltagem e amperagem no intercâmbio com os invisíveis; e as dúvidas
desaparecerão.
Querendo evitar distorções de interpretação no tocante às nossas palavras,
devemos declarar que o fato de alguém não aceitar esta ou aquela tese da obra
de Roustaing não constitui absolutamente nenhum desmerecimento, desde
que realmente não sintonize com a respectiva onda de luz. E isto é válido
em relação a qualquer obra ou ensino. Entre os que não aceitam Roustaing
temos excelentes, valorosos companheiros, com meritórias realizações no campo
doutrinário. Simplesmente, reclamamos para nós o direito de livremente estudar
e divulgar o Evangelho Integral, em espírito e verdade. Vivemos, por
determinação do Senhor, nesta época de profundas transformações, em
ambiente social e mental do mais amplo pensamento livre e responsável, dentro
do qual, à luz do Espiritismo, podemos trabalhar e lutar, sofrer e aprender,
renovar e aprimorar, concordar e discordar, dentro do Mandamento
Maior – "Amai-vos uns aos outros".
[1] (p.210) -
“Antologia Mediúnica de Natal” , Diversos Espíritos, Francisco C Xavier, 1ª
Ed..
[2] - “O Evangelho segundo
o Espiritismo”, de Allan Kardec, 57ª Ed..
[3] Sinopse de Livros
Espíritas, 8ª Ed..
[4] p. 9 – prefácio de
Emmanuel –“ Missionários da Luz” de André Luiz, por Francisco Cândido Xavier.
8ª Ed..
[5] (p.176) – “Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, Espírito Humberto de Campos,
psicografia de Francisco C Xavier, 9ª Ed..
[6] “Evolução em Dois
Mundos”. de André Luiz por Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, 3ª Ed..
[7] p.158 – “O Consolador”,
de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[8] p.154 – “O Consolador”,
de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[9] (p.96) – “Caminho,
Verdade e Vida”, de Emmanuel por Francisco C. Xavier, 5ª Ed..
[10] (p.158) – “O
Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[11] (p.34) – “Caminho,
Verdade e Vida”, de Emmanuel por Francisco C. Xavier, 5ª Ed..
[12] (p.160) – Nos Domínios
da Mediunidade”, de André Luiz, por Francisco C. Xavier, 7ª Ed..
[13] (p.199/200) -
“Antologia Mediúnica de Natal” , Diversos Espíritos, Francisco C Xavier, 1ª
Ed..
[14] (p.169) “Mecanismos da
Mediunidade”, de André Luiz, por Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, 3ª Ed..
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