A namorada
de Crookes...
por Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Janeiro 1967
William Crookes foi
um sábio inglês de extraordinário valor científico que teve a petulância, a
ousadia de confessar dignamente o que viu, depois de longas, estafantes e
rigorosas experiências, todas submetidas a uma vigilância fora do comum para
que não surgisse o fantasma que mais preocupa os cientistas: a fraude.
Mesmo assim, depois de tudo quanto fez, com a mais
absoluta honestidade, fiel aos preceitos da ciência experimental, William
Crookes não escapou à sanha dos difamadores, dos sectários e da imensa coorte
de misoneístas (que são avessos a tudo que é novo) a serviço dos
próprios interesses e dos interesses de tradições religiosas empenhadas em
conservar as mesmas bolorentas e negativas concepções que, durante séculos,
trouxeram a Humanidade prisioneira da ignorância e do despotismo. Florence Cook
Ora, Crookes nada mais fizera que salientar, como termo
de comparação, talvez, que o Espírito era de invulgar beleza, tanto mais que,
nessas experiências (leia “Fatos Espíritas”, de Crookes, editado pela FEB),
todos os presentes puderam ver esta maravilha: “Durante quase toda a sessão em que o Espírito de Katie ficou em pé
diante de nós, a cortina do gabinete estava afastada e todos podiam ver distintamente
a médium adormecida, tendo o rosto coberto com um xale encarnado, para o resguardar
da luz.”
Não é realmente maravilhoso que fossem vistos a médium e
o Espírito materializado, simultaneamente?
No livro citado, as experiências de Crookes estão minuciosamente
descritas. Mas o maravilhoso se repetiu muitas vezes e numa delas:
“Tendo terminado as
suas instruções. Katie convidou-me (a Crookes) a entrar no gabinete com ela, e
permitiu-me demorar nele até ao fim. Depois de ter fechado a cortina, ela conversou
comigo durante algum tempo, em seguida atravessou o quarto para ir à médium,
que jazia inanimada no soalho, inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe:
“Acorda Florence, acorda! É preciso que você acorde agora!” A médium Cook
acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda: “Minha querida,
não posso!” A minha missão está cumprida, Deus te abençoe!” - respondeu Katie,
e continuou a falar com Cook. Durante alguns minutos elas conversaram juntas
até que as lágrimas da médium a impediram de falar. Seguindo as instruções de
Katie, precipitei-me para suster Cook que ia cair sobre o soalho e que soluçava
convulsivamente. Olhei ao redor de mim, mas Katie, com seu vestido branco,
tinha desaparecido.”
Ora, WilIiam Crookes tivera, pois, ocasiões inúmeras
de comparar os dois semblantes o da médium e o do Espírito, com a frieza do
sábio, do investigador a serviço da verdade. Nada mais natural que notasse ser Katie
bela, tanto mais que a materialização perfeita lhe permitia examinar
detidamente os traços fisionômicos do Espírito manifestado. Foi isso suficiente
para que corresse a perfídia de que o sábio se apaixonara pela médium. Charles
Richet escreveu, na “Revue Métapsychique”,
em 1924, o seguinte, relativamente a esse inqualificável procedimento dos adversários
do Espiritismo com relação a Wiliam Crookes:
“Penso não trair
nenhum segredo dizendo que tive a honra, outrora, de ser recebido por Sir William
Crookes, e a Sra. Crookes me contava com emoção que tinha visto, muitas vezes,
Katie King vir até à mesa da sala de jantar e conversar com seus filhos.
Dir-se-á que Lady Crookes estava apaixonada por Katie King? E ainda que Crookes
tivesse admirado a beleza de Katie, é isto razão para supor que este grande e
maravilhoso sábio tenha perdido o sangue frio? Que o Sr Delmas (este o nome do maledicente, que trocou
Katie por Florence Cook para melhor dourar a perfídia) se dê ao trabalho de
ler a descrição de Crookes e talvez acabe dizendo como o meu caro amigo Ochorowicz
que, arrependendo-se de haver chamado o grande Crookes de iludido, clamava,
batendo no peito - Pater, peccavi” (Pai,
eu pequei) (*)
(*) Os parênteses, nos trechos citados, são de Túlio
Tupinambá.
Podem ver os
leitores a que extremos têm ido e podem ir os inimigos do Espiritismo, muitos
dos quais negam a realidade dos fatos espíritas sem jamais ter tido o trabalho
de estudá-los com honestidade e isenção de ânimo.
Mas, todos os detratores de Crookes estão sepultados no
esquecimento; enquanto que o sábio até boje é reverenciado no mundo científico
e no mundo espírita.
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