sábado, 4 de julho de 2020

A namorada de Crookes




A namorada de Crookes...
por Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Janeiro 1967

            William Crookes foi um sábio inglês de extraordinário valor científico que teve a petulância, a ousadia de confessar dignamente o que viu, depois de longas, estafantes e rigorosas experiências, todas submetidas a uma vigilância fora do comum para que não surgisse o fantasma que mais preocupa os cientistas: a fraude.
            Mesmo assim, depois de tudo quanto fez, com a mais absoluta honestidade, fiel aos preceitos da ciência experimental, William Crookes não escapou à sanha dos difamadores, dos sectários e da imensa coorte de misoneístas (que são avessos a tudo que é novo) a serviço dos próprios interesses e dos interesses de tradições religiosas empenhadas em conservar as mesmas bolorentas e negativas concepções que, durante séculos, trouxeram a Humanidade prisioneira da ignorância e do despotismo.                                                                                                             Florence Cook
           

             Duma feita, no decorrer das famosas experiências com a médium Florence Cook, o célebre sábio declarou ser deslumbrante a beleza do Espirito que se materializava, apresentando-se como Katie King. Logo, os inimigos do Espiritismo passaram a difamá-lo, sob a afirmativa de que se apaixonara pela médium!
            Ora, Crookes nada mais fizera que salientar, como termo de comparação, talvez, que o Espírito era de invulgar beleza, tanto mais que, nessas experiências (leia “Fatos Espíritas”, de Crookes, editado pela FEB), todos os presentes puderam ver esta maravilha: “Durante quase toda a sessão em que o Espírito de Katie ficou em pé diante de nós, a cortina do gabinete estava afastada e todos podiam ver distintamente a médium adormecida, tendo o rosto coberto com um xale encarnado, para o resguardar da luz.”
            Não é realmente maravilhoso que fossem vistos a médium e o Espírito materializado, simultaneamente?
            No livro citado, as experiências de Crookes estão minuciosamente descritas. Mas o maravilhoso se repetiu muitas vezes e numa delas:                                                                                                                                                              
            Tendo terminado as suas instruções. Katie convidou-me (a Crookes) a entrar no gabinete com ela, e permitiu-me demorar nele até ao fim. Depois de ter fechado a cortina, ela conversou comigo durante algum tempo, em seguida atravessou o quarto para ir à médium, que jazia inanimada no soalho, inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda Florence, acorda! É preciso que você acorde agora!” A médium Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda: “Minha querida, não posso!” A minha missão está cumprida, Deus te abençoe!” - respondeu Katie, e continuou a falar com Cook. Durante alguns minutos elas conversaram juntas até que as lágrimas da médium a impediram de falar. Seguindo as instruções de Katie, precipitei-me para suster Cook que ia cair sobre o soalho e que soluçava convulsivamente. Olhei ao redor de mim, mas Katie, com seu vestido branco, tinha desaparecido.”

            Ora, WilIiam Crookes tivera, pois, ocasiões inúmeras de comparar os dois semblantes o da médium e o do Espírito, com a frieza do sábio, do investigador a serviço da verdade. Nada mais natural que notasse ser Katie bela, tanto mais que a materialização perfeita lhe permitia examinar detidamente os traços fisionômicos do Espírito manifestado. Foi isso suficiente para que corresse a perfídia de que o sábio se apaixonara pela médium. Charles Richet escreveu, na “Revue Métapsychique”, em 1924, o seguinte, relativamente a esse inqualificável procedimento dos adversários do Espiritismo com relação a Wiliam Crookes:

            “Penso não trair nenhum segredo dizendo que tive a honra, outrora, de ser recebido por Sir William Crookes, e a Sra. Crookes me contava com emoção que tinha visto, muitas vezes, Katie King vir até à mesa da sala de jantar e conversar com seus filhos. Dir-se-á que Lady Crookes estava apaixonada por Katie King? E ainda que Crookes tivesse admirado a beleza de Katie, é isto razão para supor que este grande e maravilhoso sábio tenha perdido o sangue frio? Que o Sr Delmas (este o nome do maledicente, que trocou Katie por Florence Cook para melhor dourar a perfídia) se dê ao trabalho de ler a descrição de Crookes e talvez acabe dizendo como o meu caro amigo Ochorowicz que, arrependendo-se de haver chamado o grande Crookes de iludido, clamava, batendo no peito - Pater, peccavi” (Pai, eu pequei)  (*)

                (*) Os parênteses, nos trechos citados, são de Túlio Tupinambá.  
 
            Podem ver os leitores a que extremos têm ido e podem ir os inimigos do Espiritismo, muitos dos quais negam a realidade dos fatos espíritas sem jamais ter tido o trabalho de estudá-los com honestidade e isenção de ânimo.
            Mas, todos os detratores de Crookes estão sepultados no esquecimento; enquanto que o sábio até boje é reverenciado no mundo científico e no mundo espírita.


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