quarta-feira, 29 de julho de 2020

Sejamos úteis como as árvores



Sejamos úteis como as árvores
Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)

             No pórtico de Delfos lia-se uma advertência que o homem jamais esqueceu, tanto que vem sendo repetida através dos século: “Conhece-te a ti mesmo.” Estas poucas palavras encerram, um mundo de ensinamentos. Aquele que alcança a plenitude do conhecimento próprio, é forte e sábio. Forte, porque, conhecendo seus defeitos, suas fraquezas, seus pontos vulneráveis, pode e deve trabalhar para corrigi-los. Sábio, porque, ao atingir semelhante situação terá alcançado o domínio das próprias paixões e a capacidade de conservar-se sereno em quaisquer circunstâncias.  

            Se cada um de nós aprendesse desde cedo a realizar rigoroso autoexame, submetendo ao cadinho da crítica severa as ações e os pensamentos de cada dia objetivando impedir a reprodução do mal, o mundo seria melhor, as relações entre as criaturas se tornariam mais elevadas pela sinceridade imanente de suas atitudes e ideias. O egoísmo, causa principal da desgraça humana, cederia terreno ao altruísmo. Nós todos somos joguetes do egoísmo. Cada um de nós cultiva o egoísmo a seu modo e estamos mais propensos a descobrir sentimentos egoístas em nossos semelhantes do que a vê-los em nossos pensamentos e ações.

            A auto educação é difícil, mas necessária. O Espiritismo nos ensina o caminho certo para o futuro. É áspero, íngreme, escorregadio, mas pode ser vencido. Pelo disciplinamento da personalidade podem ser obtidos resultados prodigiosos, benéficos e duradouros em seus efeitos. O homem disciplinado sabe o que quer e quando deve querer. Não é escravo de seus desejos, mas senhor de sua vontade. Para manter-se invariavelmente num clima de autocontrole, trabalhando pelo aprimoramento moral e intelectual de sua personalidade, terá de realizar uma ginástica diária, de todas as horas, de todos os instantes. Quando seu espírito estiver disciplinado e se mostrar obediente a essa ginástica, estará apto a exercer o autocontrole em qualquer circunstância da vida.

            Se conhecermos realmente a posição que ocupamos no mundo, compreenderemos a conveniência de ser úteis, desinteressados e solícitos, qual a árvore. Ela nos dá a sombra, os frutos, o lenho, a resina, as raízes. Alegra-nos, enfeitando-se de flores; abriga o passaredo buliçoso; acolhe sob sua ramagem o homem cansado ou temeroso do sol ardente. É generosa, prestativa, tolerante, amiga, dadivosa e altruísta. Ela simboliza o espírito do Cristianismo primitivo, de que é interprete fiel o Espiritismo de Kardec. Merece respeito, cuidado e veneração.

            Devemos meditar sobre isso. Para sermos como a árvore, temos de destruir a erva daninha da ambição malévola, os insetos perniciosos das ideias egoísticas, as pragas das paixões impuras. No entanto, precisamos ser, simultaneamente, o agricultor da nossa própria árvore, fertilizando o solo dos nossos pensamentos, pelo estudo e pela educação moral, a fim de que, enriquecido o espírito, estejamos em condições de oferecer ao mundo bons frutos, os melhores frutos da seara do nosso sentimento.

            Tudo é possível alcançar pela autoeducação, no esforço para nos conhecermos intimamente, de modo a nos tornarmos compreensivos, tolerantes, prestativos e úteis. Os ensinamentos contidos nas obras de Allan Kardec, Emmanuel, André Luiz, Léon Denis e outros, constituem, por si mesmos, um importante curso de educação moral, mas de uma educação moral objetiva, que constitua um método de ação viva em todos os momentos da vida.

            Tentemos ser úteis como as árvores.

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